quarta-feira, 5 de junho de 2013

POLÍTICA - Com a ajuda das esquerdas, calaram as esquerdas.



Carlos Chagas
                                                       
Mesmo com  número considerável  de companheiros sonhando com a candidatura do Lula, o sentimento no PT é de apoio à reeleição da presidente Dilma. Ruim com ela, pior sem ela, constatam, exceção para a inviável inclusão do ex-presidente na disputa.
Ainda assim, registra-se no partido uma sensação de mal-estar diante dos rumos adotados pelo atual governo, aliás, oriundos do anterior: cada vez mais o modelo econômico aproxima-se do neoliberalismo. Cada vez menos ouvem-se protestos pela adesão surda à estratégia  imposta pelo capital diante do trabalho. Será essa a marca que o PT deixará incrustada na crônica futura?
As privatizações caminham a passos largos. O petróleo, que um dia foi nosso, agora passa a ser  deles, na medida em que concessões e leilões de províncias petrolíferas são sempre  mais oferecidas e mais  adquiridas por empresas estrangeiras. Dentro e fora do pré-sal, diga-se.  Aeroportos, portos, rodovias e ferrovias são concedidas ao capital privado. Os bancos predominam como nunca, a atividade especulativa supera de muito a atividade produtiva.
As ironias dos tucanos a respeito de estarem os donos do poder rezando pela cartilha deles  atingem menos o  espírito petista do que as   prováveis acusações de algum ainda desconhecido candidato capaz de trazer a ideologia para as campanhas eleitorais. Aquilo que os generais-presidentes não conseguiram parece agora conquistado  pelos seus antigos adversários:  com a ajuda das esquerdas, calaram as esquerdas.
Cegos, surdos e mudos, os companheiros não atentam para o que vai acontecendo na Europa, onde o povo ganha as ruas em   protesto  contra o  aumento de impostos, demissões em massa,  desemprego crescente, supressão de investimentos sociais e de direitos trabalhistas -a fórmula cruel dos neoliberais para enfrentar crises econômicas por eles mesmo provocadas.
Senão passando ao largo, ao menos o Brasil ainda não foi atraído para o olho do furacão desse impasse que assola os países europeus, mas é inevitável que seus efeitos nos atinjam, como estão atingindo os Estados Unidos. Nessa hora, surgirá o debate ideológico, mas muito tarde, incapaz de  evitar explosões. Tudo porque o PT abriu mão de seus princípios  quando existiam condições para limitar o neoliberalismo e apontar caminhos pacíficos para o aprimoramento social.
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