sábado, 15 de agosto de 2020

POLÍTICA - Se tentarem se explicar, vão se comprometer mais.

Reinaldo Azevedo: “Se o que Messer disse sobre os Marinhos é mentira, por que teria dito a verdade sobre os outros?”

Da coluna de Reinaldo Azevedo no UOL:
Na delação, digamos, paraguaia acertada com a Lava Jato do Rio, o doleiro Dario Messer afirmou que, durante a década de 90, emissários seus entregaram a membros da família Marinho, dona das Organizações Globo, quantias que variavam entre US$ 50 mil e US$ 300 mil. Os destinatários seriam João Roberto Marinho e Roberto Irineu Marinho. Segundo seu depoimento, as remessas eram entregues duas ou três vezes por mês na sede da TV Globo.
Antes que avance, algumas considerações. É mentira que a delação de Messer vá resultar na entrega de R$ 1 bilhão aos cofres públicos. Essa é a avaliação do total de seus bens conhecidos no Brasil e no Paraguai — a maior parte, diga-se, está nesse segundo país. Seu patrimônio encontra-se bloqueado lá e aqui. Reitero: na prática, o doleiro estava sem nada. Quando condenado, os bens seriam certamente sequestrados. O que foi que a Lava Jato lhe deu de presente, com a imprensa brasileira fazendo o trabalho de assessoria para a operação? Em troca de uma lista de pessoas e empresas para as quais operava, ele ficou com uma bolada de R$ 50 milhões — nem R$ 10 milhões nem R$ 3 milhões, como se anunciou por aí.
Como ele estava duro, foi um negocião. Para a Lava Jato, que precisava de um golpe publicitário, sua delação caiu como uma luva. Logo os sites noticiosos foram inundados com a notícia daquela que seria a maior delação da Terra. Tudo papo-furado. Os bens de Messer que estão no Brasil já se encontram sob a guarda do Estado. E os que estão no Paraguai ainda teriam de ser vendidos, convertidos em dinheiro, e só então os valores CHEGARIAM ao Brasil.(…)
Uma boa questão: se o que Messer disse sobre os Marinhos é mentira, por que teria dito a verdade sobre os outros? Se disse a verdade sobre os outros, por que teria mentido apenas sobre os Marinhos? A Lava Jato-RJ só comprou a lista de Messer porque pretende pintar e bordar, certo? Parece que a abordagem noticiosa do grupo se obriga a passar por uma torção nada ligeira. Ou os santos procuradores continuarão a ser tratados como guerreiros contra a corrupção, sempre inspirados em seu juiz?.

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