Foto: Reprodução/Nani Humor

Taí uma boa idéia. Lendo um texto do cartunista francês Stéphane Charbonnier, o Charb – assassinado em 2015 no atentado terrorista ao jornal satírico francês ”Charlie Hebdo” – descobri que na Idade Média, os leprosos agitavam uma matraca para avisar que estavam passando. Isso permitia que as pessoas os evitassem pelo caminho. Então, pensei comigo mesmo: ”Olha só, que ideia legal! Se os eleitores do Bolsonaro usassem matracas, logo de cara poderíamos identificar o ‘bolsominion’ e mudar de calçada”.

Apesar de boa, a ideia não é viável. Felizmente, ao contrário da Idade Média, hoje nós temos a Lei do Silêncio, o que torna a ideia inviável. Então, que tal pintar mãos fazendo ”arminha” na altura do peito do bolsominion, como fez Hitler, pintando uma estrela nas vestimentas dos judeus? Nesse caso, seria fácil identificar o ”bolsominion” e teríamos tempo para fugir da conversa com esses chatos.

00:24/03:20Hoje no Rio - 27 de Junho de 2019

Mesmo sem identificação, é fácil identificar um bolsominion. Tente argumentar com um deles. Fale da economia do país, da inflação, do preço do arroz… Se a resposta for ”E o PT?”, é um ”bolsominion”. Fale sobre a ”rachadinha”. Se a resposta for ”E o PT?”, é um ”bolsominion”. Pergunte sobre o cheque de R$ 89 mil da Michelle. Se a resposta for ”Não tem mais dinheiro pra comunista e maconheiro”, é um ”bolsominion”.

Se o sujeito estiver na rua, sem máscara, cuspindo perdigotos em você, e defendendo o uso de armas pela população, é um ”bolsominion”. Se o sujeito estiver num boteco defendendo a cloroquina e remédios para piolho no combate ao Coronavírus, é um ”bolsominion”. Se o sujeito disser que ”rachadinha” não é crime, que crime é roubar a Petrobrás, é um ”bolsominion”. Se o sujeito achar que os filhos do Lula são ladrões e os do Bolsonaro, investidores, é um ”bolsominion”. Se o sujeito achar que não é crime lavar dinheiro em imóveis e loja de chocolate, com certeza, é um ”bolsominion”. Se o sujeito achar normal ter um paraquedista no Ministério da Saúde; um racista na Fundação Palmares; um banqueiro no Ministério da Economia; um colombiano no Ministério da Educação; um ruralista na Fundação Nacional do Índio; uma antifeminista no Ministério da Mulher; um fã do nazista Joseph Goebbels no Ministério da Cultura; é um ”bolsominion”.

Outro dia, intrigado, me aproximei imprudentemente de um ”bolsominion”. Perguntei como ele estava vendo a situação do país: sem um plano de combate a pandemia, sem vacina, sem seringas, sem oxigênio… Ele disse: ”É tudo culpa de vocês da imprensa”. Era um ”bolsominion”. Se o cara tiver um penteado à la Hitler, então, não pense duas vezes: fuja! Não procure saber se é moda ou apenas mau gosto, pois é quase certo ter pela frente um ”bolsominion” qualquer. Você há de concordar, não tem nada pior que um ”bolsominion”.