sexta-feira, 14 de maio de 2021

Manobras, na surdina, para privatizar o SUS.

 

Vídeos vazados de reunião Ministerial revelam que Governo quer privatizar o SUS em Plena Pandemia. Consulta Pública já esta aberta!

por Luiz Müller

Não faltam só Vacinas. Não há dia que não se ouça a falta de Remédios para esta ou aquela doença nos Postos de Saúde de cada cidade do Brasil. O Ministério da Saúde esta fazendo isto de propósito. Esta minando o SUS por dentro. Ao não adquirir em tempo hábil os remédios, vai criando no Senso Comum a ideia de que o Sistema não funciona e logo depois proporão a privatização.

Para Guedes e o títere bolsonarista Ministro da Saúde, trata-se de distribuir "Woucher Saúde" a população e que os Planos de Saúde privados ofereçam Planos com menos cobertura, que possam ser oferecidos "mais barato" ao povo e a classe média.

O Governo subsidiaria a aquisição destes planos privados para a população, passando os Recursos Públicos, Hoje do SUS, para os Planos Privados.

Este método alias, é o mesmo usado em outras privatizações escabrosas, como o da TAG - Empresa de Gás da Petrobras, que foi vendida junto com todos os seus dutos de gás e agora a Petrobras em 1 ano já pagou em aluguel pelos mesmos dutos para a TAG, agora privada, o mesmo valor pelo qual a empresa e seus dutos foi vendida.

Falo sobre a TAG como exemplo, por que pra esta gente a Saúde e tudo o mais são só "economia". E na economia deles só participa quem tem dinheiro para comprar. Os demais, a grande maioria, que se lasque.

Leia o artigo da Conceição Lemes no VIOMUNDO

Até essa segunda-feira (10/01), a imagem conhecida sobre a tenebrosa reunião do Conselho de Saúde Suplementar (Consu), realizada na Casa Civil, em 27 de abril, era esta foto abaixo.

Nela, é possível ver, os ministros da Casa “Civil”, general da reserva Luiz Eduardo Ramos (sem máscara), Saúde, Marcelo Queiroga (à sua esquerda), e da Economia, Paulo Guedes (na cabeceira da mesa, de costas para a câmera).

Reunião do Conselho de Saúde Suplementar (Consu), na Casa Civil, em 27 de abril. Foto: Eduardo Menezes/Ascom CC

No encontro foi decidida a mais sórdida proposta já feita para privatizar o SUS, começando pelo título enganoso: Política Nacional de Saúde Suplementar Para o Enfrentamento da Pandemia da Covid-19,

“A proposta do governo privatiza o SUS em plena pandemia, e faz a festa dos planos de saúde”, denunciam os professores Lígia Bahia, da UFRJ, e Mário Scheffer, da USP. 

Os grupos de pesquisa que lideram detectaram 18 armadilhas. Vale a pena conhecê-las.

Além de se apropriar dos recursos do SUS (que lasquem os 70% dos brasileiros que não podem pagar saúde privada!), os planos de saúde querem liberação geral dos reajustes e autorização para vender planos baratos de menor cobertura.

Importante: a proposta do governo fica em consulta pública até a próxima terça-feira, 18 de maio. Opine!

Foi nessa reunião também que Guedes, sem saber que estava sendo gravado, usou e abusou de fake news, tão ao gosto dos bolsomínions-raiz.

Disse que o filho do seu porteiro tinha conseguido bolsa do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), mesmo tendo tirado zero nas provas do vestibular.

Disse ainda que, até quem não tinha a “menor capacidade” e “não sabia ler nem escrever” havia entrado na faculdade por esse caminho.

Em artigo publicado no Viomundoo professor Paulo Capel Narvai, titular sênior de Saúde Pública na USP, selecionou outras falas absurdas de Guedes:

“O chinês inventou o vírus da Covid”

“Todo mundo quer viver 100 anos, 120, 130 anos”

Explicitou, prossegue Capel, porque é tão importante para o governo Bolsonaro atacar e, se possível, destruir o SUS: o Brasil gastaria “demais” com o SUS e o governo que ele representa não é capaz de enfrentar a corrupção, nem de gerir bem o dinheiro público…

A solução, segundo Guedes, seria entregar tudo para o setor privado, viabilizando o negócio por meio de vales (“vouchers”) para consultas, procedimentos, cirurgias, medicamentos e outros serviços de saúde, que “o governo” distribuiria à população para “atendimento de saúde na rede privada”.

Fechou o raciocínio com esta frase de “jênio”:

“Você é pobre, você tá doente, tá aqui seu ‘voucher‘. Vai no [hospital Albert] Einstein, se você quiser. Vai aonde você quiser, tá aqui o ‘voucher‘. Se quiser, você vai no SUS”.

Primeiro, a proposta escancara a ignorância monumental de Guedes sobre o SUS e tudo o que diz respeito ao sistema de saúde que está segurando o rojão dos brasileiros na pandemia, apesar de subfinanciado e tão maltratado pelo governo.

Segundo, nem criança acredita que alguém, tendo em mãos um vale, será atendido no hospital citado como exemplo.

A menos que Guedes acredite Papai Noel, fada madrinha e duendes, parece mais desfaçatez.

Mas o que é ruim sempre pode piorar, especialmente em se tratando de integrantes do governo Bolsonaro.

VÍDEOS DEIXAM AINDA MAIS A NU GUEDES E GENERAL RAMOS 

Nessa semana, vieram a público dois vídeos da reunião do Conselho de Saúde Suplementar (Consu),  de 27 de abril.

Na segunda-feira (10/05),  uma gravação foi enviada pelo Facebook ao senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI do Genocídio. Ela havia sido apagada e o parlamentar solicitou o seu resgate.

Nela (veja abaixo), não contente em atacar o SUS e propor o tal do “voucher”, Guedes, com aquele ar professoral de sábio de botequim, disparou contra as universidades  públicas e o educador Paulo Freire, revenreciado no mundo inteiro:

“Vocês estão vendo o que está virando a universidade pública. Paulo Freire. Ensinando sexo para criança de 5 anos. Todo mundo… maconha em quantidade, maconha, bebida, droga dentro da universidade. Estado caótico”.

O Facebook disponibilizou o vídeo de uma reunião apagado pelo Ministério da Saúde. Em um trecho, Paulo Guedes critica a educação pública, ao afirmar que crianças de 5 anos aprendem sexo na escola e universidades têm circulação de maconha. Ele imitou um usuário.

🎥@sampancher pic.twitter.com/h012fYOxkv

— Metrópoles (de 🏠) (@Metropoles) May 10, 2021

Na terça-feira, (11/05), vazou o segundo vídeo, este estrelado pelo general Luiz Eduardo Ramos.

Dura apenas 1min21s, mas é o suficiente para ele mostrar o quanto se acha no direito de ter regalias.

Hospital “com pessoas pelos corredores” é para a plebe, para os militares, não.

Ramos (veja o vídeo mais abaixo) usa um exemplo do Equador para criticar o possível uso de leitos vagos de hospitais militares para pacientes civis com covid-19 :

“Minha mulher começou a passar mal às 6 horas da tarde.

Pensei em trocar naquela hora: ‘Essa mulher está dando trabalho’.

Ela começou a passar mal às 6 horas da tarde, no Equador, num local desconhecido.

E, aí, por eu ser general, me acionaram para eu ir para um hospital das forças armadas, como se fosse o HFA aqui.

Qual o testemunho que eu dou? Para o pessoal entender. Estão falando aí de usar os hospitais militares.

Lá no Equador, teve um governo socialista. Então, eles deram ordem, uma coisa bacana, como hoje aqui algum…, né.

“Vamos pegar os hospitais das Forças Armadas, do Exército, e vamos tornar hospital público”

Foi feito isso no Equador. E olha, meus senhores, pensem num hospital, assim, da pior qualidade.

Um troço assim… sessão terror e eu não tinha o que fazer porque não tinha para onde ir.

A minha esposa não foi pelo governo. Então se tivesse que ir para hospital particular em dólar, era 4 mil dólares o atendimento.

E eu joguei ela nesse hospital. Por que eu estou dizendo isso?

Era um hospital de referência. Era um hospital antes do governo Rafael Correa, sei lá, que era socialista… Era um hospital de alto nível e se tornou aquele hospital

Acho que INSS, que as pessoas pelos corredores…

Quando eu olhava aquilo, com alguns militares na entrada, mas o resto tudo igual hospital civil, eu vi que isso não funciona.

O QUE SERÃO CAPAZES DE FAZER ÀS COSTAS DOS BRASILEIROS?

“Na cabeça do ministro, as forças armadas são um feudo cujos privilégios devem ser sustentados com os impostos da ‘turma do INSS’ sem dar nada em troca”, critica o médico Mário Lobato.

“Quem ouve o general, fica com a impressão de que ele conhece apenas hospital militar com ar condicionado, nunca conviveu com os horrores de uma guerra e não sabe o que é hospital de campanha”, atenta o professor Paulo Capel.

“Parece que o general se acostumou a locais com ar condicionado e não prestou atenção à aspereza do cotidiano de hospitais militares, supondo-os tão confortáveis quanto o ambiente do gabinete de assessor parlamentar no gabinete do Comandante do Exército, que ele ocupou”, observa.

“Seus comentários revelam um perfil militar muito diferente de comandantes como o Marechal Rondon – testemunhou o genocídio de povos indígenas e saiu em defesa deles – e o general Mascarenhas de Morais – comandou as forças brasileiras na Itália, lutando contra o nazifascismo na Segunda Guerra Mundial”, salienta.

“Lamentável, portanto, que um ministro de Estado, no comando da Casa Civil de um governo eleito por voto popular no Estado Democrático de Direito pense assim”, acrescenta.

A propósito 1: O preconceito do general externado em relação à esposa não se diz nem de brincadeira – atentem ao sorrisinho dele, quando fala “Pensei em trocar naquela hora: ‘Essa mulher está dando trabalho’.”

Ela deveria ter aproveitado a ocasião e trocá-lo, de fato.

A propósito 2: Embora fosse uma reunião do Consu, Guedes, não contente em acabar com o SUS, colocou na pauta a destruição das universidades públicas federais.

A propósito 3:  Considerando que os ministros Guedes e Ramos vacinaram-se às escondidas do chefe para não chateá-lo, o que serão capazes de fazer às costas dos brasileiros?

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