“Resistência”: Das ruas frias de Curitiba durante a prisão de Lula ao ‘salão de beleza’ com Janja em SP

08/06/2021  Por REDAÇÃO URBS MAGNA
“Resistência”: Das ruas frias de Curitiba durante a prisão de Lula ao ‘salão de beleza’ com Janja em SP

Janja Lula Silva postou a última foto da mascote das vigílias realizadas em favor do ex-presidente, no Paraná. A cadelinha de olhar tristonho está mais confiante, conquistou corações e ganhou estrelas – Conheça as histórias publicadas sobre Resistência

“Muito petista essa Resistência!! Ela voltou do Pet toda cheia de estrelas. Tô aqui fazendo milhares de selfies!”, disse Janja em seu perfil no Twitter:

O portal Fórum publicou, nos últimos dias do ano de 2019, a história de Resistência: “Chovia e fazia menos de 15 graus quando uma pequena vira-lata preta cruzou a tumultuada Via Rápida do bairro Santa Cândida, um dos mais altos e mais gelados de Curitiba. Desviando entre os carros e assustada pelo barulho das buzinas, a pequena filhote tremia e se encolhia quando dois homens que passavam pelo local finalmente a acolheram.

Era abril de 2018 e os dois não eram dali. Marquinho e Cabelo, metalúrgicos de São Bernardo do Campo, não pensaram duas vezes e, assim, a cachorrinha batizada de Resistência tornou-se a primeira mascote do então Acampamento Lula Livre.

As ruas que cercavam a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba estavam tomadas por barracas de lona preta colocadas, sem sucesso, para tentar conter o frio que cortava e deixava ainda mais difícil a missão de resistir. E a pequena Resistência, com pouco mais de dois meses de vida, passou a emprestar calor e alegria aos novos moradores da capital do Paraná.

De residência fixa na barraca dos Metalúrgicos do ABC, Resistência foi caindo nas graças de toda a Vigília. Sem saber quantos dias permaneceriam ali, decidiram o futuro da pequena mascote. Ela voltaria com Lula livre para São Bernardo do Campo.

Abrigada por uma bandeirinha do PT, a cachorrinha comunitária passeava por todo acampamento. Latia e rosnava para quem ameaçava hostilizar o local, tirava foto com artistas e lideranças que se somavam à Vigília, até o dia em que adoeceu e precisou ser internada.

Na Vigília, diziam que a vira-lata refletia o humor das coisas, o estado de humor da resistência como um todo, e àquela altura o inverno tornava quase insalubre a permanência das centenas de pessoas que insistiam em denunciar a prisão política de Lula ao mundo.

Resistência foi então acolhida pela então namorada do presidente, Janja, e adotada pelo casal. Sem saber quando finalmente conheceria seu ilustre dono, a cachorrinha seguiu emprestando energia aos companheiros”.

O site DCM também postou, em nome de Renan Antunes, a história de como Resistência foi encontrada: “Eu a conheci em Curitiba, numa noite gelada do outono paranaense, em abril de 2018. Ela estava na rua. Era uma cadelinha preta toda trêmula, encarangada de frio, enrolada apenas num lenço vermelho. Foi na primeira semana de Lula na cadeia. O nome dela era Resistência.

Ela circulava entre as barracas da vigília do Lula, sem um lugar fixo pra ficar – mas todo mundo dava um carinho nela. Eu a notei. O fotógrafo Ramiro Furquim também e fez uns cliques dela, que posava sem saber que iria ao estrelato – não das estrelas da fama, mas a das bandeiras do PT.

Eu sentei com um pessoal que viera do Oeste para a vigília e perguntei se ela tinha dono. Era de todo mundo. Me consta que teria vindo num ônibus, embarcada em algum ponto entre Chapecó e Curitiba. Alguém dos metalúrgicos disse que ela foi recolhida nas ruas do bairro Santa Cândida, onde corria o risco de ser atropelada numa via rápida.

Sua origem não importa. A pituquinha era dócil. Não latia e nem rosnava para ninguém no acampamento, ciente de seu papel de mera coadjuvante na cena dos humanos. Seus olhos tristes me diziam que ela queria mais. Queria alguém para chamar de seu. Queria um canto quente para dormir protegida e duas refeições ao dia.

Dividi uma bolacha d’água com ela, que não se fez de rogada. A vida dela seguiria na mesma toada por mais de um ano, em seu protesto silencioso em defesa de Lula, que ela  não conhecia, mas que se tornaria seu dono. Terminei minha reportagem e no dia seguinte fui embora, deixando Rê pra trás – eu sou cachorreiro, mas não posso trazer pra casa todo vira-latas que encontrar nas ruas ou teria que abrir um canil.

Não voltei mais ao acampamento. Ela? Foi crescendo na estima dos acampados. Foi lá pelo fim de 2019 que Rê conheceu Janja, hoje a mulher do presidente Lula. Janja se apaixonou pela bichinha. Levou-a para Sampa, deu um trato em veterinário e banho de pet shop, até deixá-la nos trinques – nada mais de lenço vermelho, mas sim uma estrelinha, tipo jóia, presa nos pelos da cabeça.

Resistência só viria a conhecer Lula depois que ele foi libertado. Paixão à primeira vista, os dois se deram muito bem. Dias atrás eu vi umas fotos dos dois num jornal, Lula com Resistência no colo, ele usando um computador. Tratei de descobrir a raça dela. Segundo a veterinária Sarita Marie Cavalcante de Souza, Resistência tem pedigree de Tomba-Latas. É uma legítima SRD – sem raça definida, com alguma mistura de Poodle.

Sarita e sua irmã Sued me disseram que se sentiram honradas em identificar a cadelinha de Lula, de quem são admiradoras. Resistência é calejada nas ruas. Teve sorte. Conseguiu não um, mas dois humanos, casa, comida, caminha limpa, carinho e se precisar de tratamento vet seus donos pagam as despesas.

O pessoal do acampamento gostava de dizer que com o tempo ela passou a identificar os bolsonaristas e rosnar pra eles  – mas deve ser exagero, seria a primeira cadela com “viés ideológico” da história. Por todos os relatos, hoje os três vivem felizes em São Bernardo – Janja, Lula e Rê. É certo que dias de tormenta estão no horizonte, mas nada que Resistência não consiga enfrentar”.

Após mais de 1 ano desta publicação, e depois de um dia quase ter morrido em uma avenida qualquer do bairro curitibano de Santa Cândida, aí está a mascote de Lula, em junho de 2021, em São Bernardo do Campo, na casa do ex-presidente, para matar a saudade dos que a conheceram nos tempos de vigília. Dizem que ela tem trazido justiça e sorte. Imagine então onde poderá estar Resistência daqui a quase dois anos.