sábado, 12 de julho de 2008

CRISE ALIMENTAR - A bomba relógio da fome global.


Rio de Janeiro, 11 de Julho de 2008

A BOMBA RELÓGIO DA FOME GLOBAL

A fome em âmbito mundial é uma ameaça muito presente na atual conjuntura. Os líderes do G8 (grupo dos oito países mais ricos do mundo) foram alertados pelo presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, que pode aumentar em 100 milhões pessoas o total de atingidos pela alta da inflação dos alimentos em todo o planeta. Calcula-se que no momento existam mais de 850 milhões de famintos em todo o mundo e que a subida dos preços pode ser uma catástrofe internacional. São muitos capitalistas que estão se beneficiando com este desastre humanitário, como os especuladores e as grandes empresas multinacionais - a Archer-Midland (processadora de grãos) que aumentou seu lucro em 42%, assim como a Monsanto (herbicidas e sementes), a Deere & Co (equipamentos) e a Mosaic Co (fertilizantes). Este tipo de crise é uma forma do capital se livrar das forças produtivas, mais especificamente da força de trabalho excedente, sem promover guerras mundiais com armas de destruição em massa como as nucleares.

Os preços de sessenta produtos alimentícios subiram ao redor de 37%, ao ano, em todo o mundo, sendo que os cereais tiveram uma alta de 70%, como o trigo, a soja e o arroz. As manifestações em diversos países contra a alta da carestia está se tornando uma constante e já afeta mais de 37 nações do mundo. O uso do milho como biocombustível pelos EUA está sendo uma das causas da alta dos produtos de primeira necessidade, uma vez que este grão serve de ração para os animais e para a alimentação humana. Outro grande problema para a agricultura mundial é a oligopolização no setor de fertilizantes, em que empresas como a Cargil, a Bunge e a Yara dominam mais de 70% da necessidade em todo o mundo e assim o custo desta atividade econômica continua em alta e os preços não caem para os consumidores mais pobres, que são as maiores vítimas da alta dos alimentos. Existem várias propostas para mudar este prognóstico trágico, e uma delas é a volta da regionalização da produção de alimentos para baratear os custos com transporte principalmente.

Esta crise alimentar é um dos efeitos da globalização neoliberal, que retira os organismos nacionais das várias fases da escala produtiva e deixa ao mercado a regulação das demandas e da oferta dos produtos. A intervenção estatal é uma tarefa urgente nos países mais pobres do mundo, mas com a privatização dos serviços, os poderes públicos não têm mecanismos para atender este problema urgente da humanidade, com quase 1 bilhão de seres humanos fadados a morte por inanição.

Esta cifra é cientificamente usada pelos capitalistas para queimar o excedente humano no mundo e as teorias malthusianas da destruição do excesso de população vêm a calhar para a análise do atual quadro dantesco do gênero humano. Para Malthus, a produção de alimentos cresceria a uma proporção menor do que a taxa de aumento da população e isso criaria um problema para alimentar os habitantes do planeta, mas esta carestia dos alimentos é uma crise forjada pela especulação dos grandes grupos multinacionais do setor para terem lucros cada vez maiores.

Julio César de Freixo Lobo (jornalista)

Fonte: AEPET.

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