quarta-feira, 9 de julho de 2008

ELEIÇÕES AMERICANAS - O político das multidões.

O político das multidões
por Bruno Garcez (de Washington, 09/07)

Toda vez em que ele está na cidade é a mesma coisa. Casa cheia, filas gigantescas, gente disputando ingresso a tapa para vê-lo.

Quando ele pisa no palco, a reação é ainda mais intensa. Não se ouvem só palmas, mas também urros. Os bordões de campanha surgem a cada pausa de seu discurso e às vezes se sobrepõem às suas palavras.

Para coroar a sua capacidade de atrair e eletrizar multidões, Barack Obama anunciou nesta semana que vai realizar o seu discurso como candidato oficial do Partido Democrata não na convenção partidária, como reza a tradição, mas sim em um estádio de futebol americano, com capacidade para 75 mil.

Mas seriam as recepções de astro de rock que sempre cercam Barack Obama um sinal de que a eleição está no papo para ele?

Não, absolutamente, não, e ele sabe disso. Por isso, sabiamente, ainda que muitos de seus militantes mais à esquerda tenham se decepcionado com a guinada, Obama vem mais e mais adotando posturas de centro.

Recentemente, ele causou surpresa quando anunciou que não iria se opor a um projeto de lei apresentado ao Congresso e que dava imunidade às companhias telefônicas envolvidas com o polêmico programa do governo Bush de realizar escutas telefônicas sem recorrer a mandatos judiciais.

Outro terreno em que Obama parece estar revendo sua posição é o de retirar tropas do Iraque - um dos principais motes de sua campanha, durante as primárias.

Agora, o senador democrata afirma que pretende visitar o país nos próximos dias e que, uma vez lá, irá ''refinar'' a sua posição a respeito do tema, consultando os comandantes militares americanos e as autoridades iraquianas.

A transição deu munição ao rival republicano John McCain, que vem acusando o democrata de ter virado casaca em diversos temas.

Mas McCain também tem culpa no cartório, visto que mudou de idéia até em relação a seu malogrado projeto de ampla reforma imigratória, que acabou não sendo aprovado no Congresso.

McCain lutou arduamente pelo projeto, mas agora, de olho nos votos da ala direita do Partido Republicano, diz que prefere reforçar a segurança nas fronteiras americanas e que não aprovaria a sua própria proposta se ela fosse a votação.

Por essas e outras, McCain terá uma árdua batalha para reverter a vantagem de Obama.

Quando chama o rival de oportunista, a acusação pode facilmente se voltar contra ele, quando lança mão do argumento de que ele é pouco experiente em política internacional e antiquado em suas posturas econômicas, Obama contra-ataca dizendo que o republicano representa mais quatro anos para as políticas externas e econômicas equivocadas de George W. Bush.

McCain não é o primeiro rival de Obama a ter dificuldades em conseguir deixar o democrata acuado. Mais recentemente, nós vimos Hillary Clinton esbarrar no mesmo desafio. E sabemos muito bem o que acabou acontecendo com ela.

O político das multidões
por Bruno Garcez (de Washington, 09/07)

Toda vez em que ele está na cidade é a mesma coisa. Casa cheia, filas gigantescas, gente disputando ingresso a tapa para vê-lo.

Quando ele pisa no palco, a reação é ainda mais intensa. Não se ouvem só palmas, mas também urros. Os bordões de campanha surgem a cada pausa de seu discurso e às vezes se sobrepõem às suas palavras.

Para coroar a sua capacidade de atrair e eletrizar multidões, Barack Obama anunciou nesta semana que vai realizar o seu discurso como candidato oficial do Partido Democrata não na convenção partidária, como reza a tradição, mas sim em um estádio de futebol americano, com capacidade para 75 mil.

Mas seriam as recepções de astro de rock que sempre cercam Barack Obama um sinal de que a eleição está no papo para ele?

Não, absolutamente, não, e ele sabe disso. Por isso, sabiamente, ainda que muitos de seus militantes mais à esquerda tenham se decepcionado com a guinada, Obama vem mais e mais adotando posturas de centro.

Recentemente, ele causou surpresa quando anunciou que não iria se opor a um projeto de lei apresentado ao Congresso e que dava imunidade às companhias telefônicas envolvidas com o polêmico programa do governo Bush de realizar escutas telefônicas sem recorrer a mandatos judiciais.

Outro terreno em que Obama parece estar revendo sua posição é o de retirar tropas do Iraque - um dos principais motes de sua campanha, durante as primárias.

Agora, o senador democrata afirma que pretende visitar o país nos próximos dias e que, uma vez lá, irá ''refinar'' a sua posição a respeito do tema, consultando os comandantes militares americanos e as autoridades iraquianas.

A transição deu munição ao rival republicano John McCain, que vem acusando o democrata de ter virado casaca em diversos temas.

Mas McCain também tem culpa no cartório, visto que mudou de idéia até em relação a seu malogrado projeto de ampla reforma imigratória, que acabou não sendo aprovado no Congresso.

McCain lutou arduamente pelo projeto, mas agora, de olho nos votos da ala direita do Partido Republicano, diz que prefere reforçar a segurança nas fronteiras americanas e que não aprovaria a sua própria proposta se ela fosse a votação.

Por essas e outras, McCain terá uma árdua batalha para reverter a vantagem de Obama.

Quando chama o rival de oportunista, a acusação pode facilmente se voltar contra ele, quando lança mão do argumento de que ele é pouco experiente em política internacional e antiquado em suas posturas econômicas, Obama contra-ataca dizendo que o republicano representa mais quatro anos para as políticas externas e econômicas equivocadas de George W. Bush.

McCain não é o primeiro rival de Obama a ter dificuldades em conseguir deixar o democrata acuado. Mais recentemente, nós vimos Hillary Clinton esbarrar no mesmo desafio. E sabemos muito bem o que acabou acontecendo com ela.

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