Carlos Dória
15/07/2008
Operação Satiagraha
O antididático afastamento
de Protógenes Queiroz
O combate ao crime, sobretudo aos crimes dos ricos e poderosos, deve – ou deveria - ser, antes de tudo, didático.
Explico: é só através do uso de exemplos de que delinqüir não compensa, ao menos no Brasil, que se poderá convencer os criminosos do “colarinho-branco” a pensarem duas vezes antes de cometerem crimes – hoje, não pensam nem uma vez.
Ao pobre, a necessidade de exemplos do custo de delinqüir, é menor. Cansei de ver jovens favelados – alguns ainda imberbes – dizerem que preferem uma vida criminosa curta, mas com os “confortos” da vida moderna, a viver honestamente até a velhice como seus pais e avós, levando uma vida de privações do começo ao fim.
Num momento em que as instituições viram-se ameaçadas pela libertação ilegal, inconstitucional, extemporânea e suspeita de Daniel Dantas pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, e, num momento em que os que a Polícia Federal e o juiz Fausto de Sanctis qualificaram como “organização criminosa” parecem rir da lei enquanto dizem que, no Brasil, rico não paga por seus crimes, sustentar tanto o juiz quanto o condutor da operação Satiagraha teria sido primordial para provar que o processo contra Dantas é para valer, saiba ele do que souber e sobre quem quer que seja que saiba de fatos comprometedores.
O afastamento do delegado Queiroz sob o pretexto de que irá fazer um “curso programado anteriormente” pode até não ser, de fato, um afastamento do policial por pressões daqueles que incomodou – Daniel Dantas, o STF, o PT, o PSDB e, como se não bastasse, a própria mídia. Mas que parece, parece. E jamais poderia parecer – é como aquela história da mulher de César...
O afastamento do diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, que, segundo dizem, tinha sido um obstáculo às investigações contra Dantas, agora com a desculpa ridícula, absurda, estapafúrdia de que ele “saiu de férias”, pretende ser uma decisão salomônica, ou seja, a de causar baixas ao lado que quer investigar Dantas e ao lado que supostamente não quer.
Nada disso importa. O que importa é que, para todos os cidadãos honestos e desonestos do Brasil, por conta desse ato esdrúxulo e irresponsável – que, queiramos ou não, deve ser debitado ao governo Lula – todos dormiremos hoje – ao fim do dia desse absurdo – com uma única certeza: rico, no Brasil, não paga por seus crimes.
Todo o trabalho republicano, decente, emocionante mesmo da PF durante o governo Lula, foi posto em xeque. Recuperar esse prejuízo tornou-se um acréscimo de trabalho enorme na já tão dura tarefa de convencer aos criminosos ricos, conscientes – porque bem formados intelectualmente e, portanto, sabedores do que fazem – e que não precisam cometer crimes, a andarem na linha.
Fonte: Blog Cidadania
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