Por uma mídia livre
Por Anselmo Massad.
Em um fim de semana na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 600 fazedores de mídia se reuniram no I Fórum de Mídia Livre Rio. A insatisfação com a concentração midiática no país motivou os participantes a debaterem, nos dias 14 e 15 de junho, um leque de questões que abarcou desde a elaboração de políticas públicas até a discussão das rádios comunitárias e as possibilidades das novas tecnologias na luta pela democratização da comunicação no Brasil.O nome do movimento se inspira em uma luta articulada há mais tempo, a das rádios livres e comunitárias. Desde a segunda metade da década de 80, dezenas de emissoras se articulam em defesa de políticas públicas que não se atenham exclusivamente aos interesses dos donos de concessões de radiodifusão ou, para dar dimensão do que está em jogo, para combater a criminalização das rádios comunitárias.
Para Ivana Bentes, diretora da Escola de Comunicação da UFRJ, a grande riqueza do movimento midialivrista é a diversidade. “Não queremos criar uma central única das mídias livres”, avisou na mesa de abertura do evento. O objetivo não é repetir as fórmulas e padrões da mídia convencional, mas construir redes com produtores fora da estrutura tradicional. “Precisamos superar o discurso da falta, de que não temos espaço na mídia e aproveitar a ‘potência de fazer’ existente”, alertou.
O editor da revista Fórum, Renato Rovai, acredita ser preferível que existam diversos veículos de mídia independente para que possa haver maiores possibilidades de êxito no enfrentamento contra o que ele chama de “imprensa grande”. “É grande apenas no tamanho, mas não possui a grandeza real da mídia produzida pelos movimentos sociais e blogues”, sustentou. A luta passa por uma plataforma ampla e complexa para abarcar tanto a radiodifusão quanto as novas mídias. Por isso, é importante garantir mecanismos de distribuição e circulação da produção de mídia, ao mesmo tempo em que se faz o enfrentamento da mídia monopolista que reflete a desigualdade e a injustiça social brasileiras.
“Existe a necessidade de dar uma resposta a essa situação que a imprensa está passando. Isso que acontece no Brasil não é jornalismo, é atendimento a interesses de grupos econômicos”, protesta Joaquim Palhares, diretor da Agência Carta Maior. “A oposição no Brasil é muito ruim e se agarra na imprensa. O governo comete erros e, em cima disso, criam-se situações absurdas”.
Fonte: Revista Fórum.
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