China dificulta o acesso à internet durante os Jogos.
A iminência dos Jogos Olímpicos de Pequim suscitou uma leva de notícias sobre a internet desde junho. A China tornou-se o país que mais utiliza a rede mundial. São 253 milhões de cidadãos on-line, segundo estatísticas divulgadas pelo Centro de Informações da Rede de Internet da China (CNNIC). O país ultrapassa os Estados Unidos, que tem 223 milhões de usuários, segundo o instituto de pesquisas Nielsen.
A inclusão digital não deve parar de crescer. Enquanto 71% dos domicílios americanos possuem acesso à internet, menos de 19% dos chineses têm essa facilidade. De acordo com o CNNIC, o número de usuários chineses avançou 56% desde 2007. A taxa de crescimento anual deve manter-se em 18% ao ano e atingir 490 milhões de usuários até 2012. O que mais impressiona: 95% dos acessos são feitos com banda larga.
Em termos de quantidade, portanto, a China é líder. O problema parece ser o conteúdo. Jornalistas que chegaram ao país para cobrir os Jogos reclamaram de problemas para acessar alguns sites, embora o país tenha prometido total liberdade de janeiro até outubro. O bloqueio foi descoberto quando computadores no centro de imprensa foram usados para obter um relatório publicado pela Anistia Internacional, que criticava o governo chinês por não honrar algumas promessas em relação aos direitos humanos.
“É com pesar que informo que o comitê organizador anunciou que devem existir limitações ao acesso de certos sites durante os Jogos”, disse Kevan Gosper, chefe de imprensa do Comitê Olímpico Internacional. “Soube que algumas autoridades do COI negociaram com os chineses que alguns sites sensíveis seriam bloqueados, com base no entendimento de que eles não têm qualquer relação com o evento”, acrescentou. Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês esclareceu que alguns sites poderiam de fato ser banidos, se contrários à lei nacional.
A conexão providenciada também é alvo de críticas. Além de considerada lenta, é cara. Um especialista em redes contratado pela organização dos Jogos disse ao site Slashdot que os preços de acesso à internet no Media Village (onde os repórteres ficam alojados) são extorsivos. Uma conexão de 512k custa 1.130 dólares. De 1M, 1.300 dólares, e de 2M, 1.700 dólares, durante o decorrer do espetáculo.
A mídia presente em Pequim também pode sofrer espionagem por parte de autoridades locais. Especialistas sugerem cautela nas entrevistas com chineses sobre assuntos sensíveis. Rebecca MacKinnon, ex-chefe da sucursal da CNN em Pequim e professora de Novas Mídias da Universidade de Hong Kong, disse à Wired que os correspondentes deveriam ter o cuidado de usar conexões seguras para enviar matérias sobre o evento. MacKinnon também aconselhou entrevistas pessoalmente e ter extremo cuidado na hora de citar e traduzir o que o cidadão disse, pois poderia colocá-lo em apuros no caso de eventuais erros.
Fonte: Revista Carta Capital.
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