quinta-feira, 11 de setembro de 2008

MERCADO ACIONÁRIO - Sobreviventes.

Leandro Modé

O Índice Bovespa despencou mais de 34% entre o pico de 73.516 pontos, atingido em 20
de maio, e ontem (terça-feira). Nesse período, apenas quatro das 66 ações que compõem o termômetro mais importante da bolsa brasileira apresentaram valorização: Nossa Caixa ON, com ganhos de 29,3%, Brasil Telecom Participações ON, com 2,3%, Eletrobrás ON, com 2,07%, e TAM PN, com 2,95%. Não dá para estabelecer uma razão em comum para esses quatro pontos fora da curva.

Líder disparado de valorização no período, o Banco Nossa Caixa deve ser incorporado pelo Banco do Brasil. Os investidores, naturalmente, especulam em cima dessa perspectiva. Eletrobrás e Brasil Telecom têm em comum o fato de atuarem em setores ligados à demanda interna - que vai muito bem, como mostraram os dados do PIB do 2.o trimestre. TAM é um daqueles casos em que a valorização recente tem mais a ver com correções de perdas passadas. O apagão aéreo, somado ao acidente que matou 199 pessoas em Congonhas em julho do ano passado, castigou os papéis da companhia.

Na outra ponta, as empresas que mais sofreram na bolsa de maio para cá foram as que atuam no segmento de commodities. A campeã de perdas foi a Usiminas, cujas ações ordinárias derreteram 53,6% e as preferenciais, 52%.

As duas principais blue chips (empresas de primeira linha, com reconhecimento internacional) do mercado brasileiro, Vale e Petrobrás, vêm a seguir. Os papéis ON da Vale perderam 53,6% e os PNA, 43,07%. Nem as perspectivas (às vezes exageradas, é verdade) para o pré-sal evitaram que as ações da Petrobrás descessem ladeira abaixo. Os papéis PN caíram 45% e os ON, 44%. A siderúrgica CSN, que liderou o ranking de valorização no ano passado, com ganhos superiores a 150%, já perdeu 49%.

Esses dados também deixam nítida a enorme concentração das empresas de commodities no Ibovespa. Segundo analistas, Vale, Petrobrás e as siderúrgicas respondem, sozinhas, por 45% do índice. Em momentos como o atual, em que a expectativa de desaceleração global derruba as cotações de produtos como o petróleo e o cobre, o principal indicador da bolsa brasileira se descola de vez da economia real.
Mesmo fazendo a ressalva de que o PIB é um retrato do passado, não se pode negar que o Ibovespa está totalmente descolado da realidade do País. Apenas para comparar, o Índice Dow Jones, o mais importante da Bolsa de Nova York, releva uma síntese muito mais equilibrada do que ocorre no dia-a-dia da economia americana.

Dos 30 papéis que compõem o tradicional indicador nova-iorquino, há cinco instituições financeiras (AIG, Bank of America, Citigroup, JP Morgan Chase e American Express), duas varejistas (Home Depot e Wal-Mart), duas de alimentos e bebidas (McDonald’s e Coca-Cola), seis relacionadas à tecnologia e telecomunicações (AT&T, HP, Intel, IBM, Microsoft e Verizon), três farmacêuticas (Merck, Johnson & Johnson e Pfizer), duas automotivas (GM e Caterpillar), duas do setor aéreo (Boeing e United Technologies), uma de entretenimento (Walt Disney) e quatro de indústrias diversificadas (3Com, GE, DuPont e Procter & Gamble). De commodities, são três: Alcoa, Chevron e Exxon.
Fonte:Blog do João Paulo Kupfer.

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