O Banco Central (BC), no meu entender, não deveria comprar as carteiras de crédito dos bancos comerciais pequenos e médios. Isso quem deveria fazer são os grandes bancos, que há muitos anos vêm ganhando muito dinheiro, cobrando juros exorbitantes, auferindo com isso, lucros imorais.Acho também que o BC não deveria queimar nossas reservas, deveria é reduzir os juros como os BCs de todo mundo fizeram hoje, e aumentar o crédito.
Inexiste o risco de inflação de demanda, e a tendência da curva inflacionária é ficar dentro da meta. O Banco Central tem feito leituras erradas da conjuntura econômica para justificar sua política monetária de arocho ao sistema produtivo ou real da economia.Será que o nosso BC só sabe aumentar os juros? Nada de ajudar empresas como a Sadia e a Aracruz, que ao invés de se preocuparem com suas atividades fins, resolveram participar do cassino. Especularam e 'quebraram a cara". A primeira perdeu 760 milhões e chamou de volta o Furlan, que estava afastado da empresa há 6 anos. Já a Aracruz, teve um prejuízo superior a 1,2 bilhão. Uma delas demitiu seu diretor financeiro. O pior é que circulam informações de que outras grandes empresas resolveram apostar no mercado virtual. Daqui a pouco a Globo e cia, vão chamar seus "especialistas de plantão" e não será surpresa que venham culpar o Lula por isso. A Mirian Leitão está doida para que a crise americana baixe por aqui.
Devemos continuar apoiando o crescimento da construção civil e, particularmente, os investimentos públicos na infra-estrutura do país (PAC), que não pesam na nossa balança comercial.
Temos nosso mercado interno com milhões de brasileiros que estão sendo incorporados ao mercado de consumo.O Brasil diversificou seus mercados e está menos vulnerável do que aqueles mais dependentes do mercado americano.Se tem uma coisa boa com a crise americana é que as políticas neoliberais que foram postas em cheque e suas consequências são visíveis. O Brasil cujo prestígio está em alta no cenário internacional, deveria convocar os países que constituem os chamados BRICs (Rússia, Índia e China) e que tb possuem um imenso mercado interno, e os emergentes, para a realização de uma conferência mundial para exigir a regulação do sistema financeiro mundial e redesenhar as instituições falidas que surgiram no século passado, tipo FMI,Banco Mundial, etc, que cansaram de impor políticas furadas para os países da periferia do capitalismo mundial.E o que dizer das agências de risco? O fracasso dessas políticas neoliberais pode ser medido pela exclusão - de acesso a bens essenciais de consumo e direitos da cidadania, como alimentação, saúde e educação de 2/3 da humanidade. Nos dias de hoje,após 30 anos de políticas neoliberais, 4 bilhões de pessoas sobrevivem entre a miséria e a pobreza, com renda diária inferior a U$ 3. Segundo a FAO,o número de famintos no mundo passou de 854 para 950 milhões nos últimos dois anos. Essa crise, que foi uma crise anunciada mas negligenciada,representa a agonia do carácter neoliberal que hipertrofiou o sistema financeiro do centro do capitalismo mundial. Esta crise está derrubando uma série de dogmas como o da auto-regulação dos mercados, da "mão-invisível" , da falta da necessidade de um Estado forte para regular a economia do Estado mínimo e outras baboseiras que há muito tempo vinham sendo repetidas pelos nossos "colonistas" como verdades absolutas.Falar em Estado mínimo num país com a dimensão continental como o nosso, com uma imoral desigualdade social, é brincar com a nossa inteligência. Essa financeirização da economia, modelo em que predomina a especulação em detrimento da produção, facilitada pela modernidade das tecnologias de informação e comunicação, foi posta à prova agora.
Carlos Dória
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