sexta-feira, 2 de março de 2012

ANOS DE CHUMBO - "Eu era o Adriano".

Vieira Muniz revela fatos sobre caso de Rubens Paiva


O Globo traz, hoje, a matéria 'Rubens Paiva foi torturado e não me entregou', que detalha em que condições o deputado Rubens Paiva foi capturado e torturado no início de 1971. O parlamentar – ainda que torturado – jamais revelou quem era um certo Adriano, procurado pelas forças repressoras.

A reportagem revela que Adriano, na verdade, é Carlos Alberto Vieira Muniz, vice-prefeito e secretário de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, à época integrante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro, o MR-8, de Carlos Lamarca.

“Eu era o Adriano. Sou um sobrevivente. Rubens foi barbaramente torturado e não me entregou. Ele não era pombo-correio, não pertencia a grupo armado, não conhecia Lamarca. Rubens era uma referência, por sua grande experiência política”, resume o vice-prefeito.

Testemunha de tortura



O jornal revela, ainda, o relato escrito por Cecília Viveiros de Castro, uma professora companheira de cárcere de Rubens Paiva, que afirma tê-lo visto e ouvido durante as bárbaras sessões de tortura a que foi submetido. E reproduz, por fim, uma prova física que desmente a afirmação, sustentada até hoje pelos militares, de que não sabem o que houve com o deputado, tido apenas como “desaparecido”: um recibo com carimbo do Exército comprova que o carro do deputado estava na Polícia do Exército.

Muniz iria visitar Paiva no dia em que foi preso e lhe telefonou para confirmar o encontro. Quem atendeu a ligação foi sua mulher, Eunice. “Ela, sempre afetuosa, atendeu nervosa e disse: "Não, Rubens não está", e me passou a sensação de que algo estava acontecendo. Era a polícia dentro da casa”, diz Muniz.

Segundo o relato do jornal, àquela altura, “homens da Aeronáutica mantinham Eunice e filhos sob a mira de metralhadora, ouvindo os telefonemas pela extensão”.

Via crucis

O parlamentar passou pela 3ª. Zona Aérea, do brigadeiro João Paulo Burnier. Foi, ainda, conduzido para a Polícia do Exército da rua Barão de Mesquita. Seu nome hoje consta da lista de 183 desaparecidos políticos listados pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. E foi homenageado, ontem, na abertura dos trabalhos da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo.
Blog do Zé Dirceu

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