Lula: É “abominável” protestar contra médicos cubanos que vieram nos fazer um favor
POR MARINA DIAS
Eram 22h15 desta quarta-feira (28) quando o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva disse que não leria seu discurso. Durante evento
para comemorar os 30 anos da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em
São Bernardo do Campo (SP), preferiu falar de improviso e defender o
programa Mais Médicos, aposta do governo federal. Lula classificou como
"abominável" protestar contra profissionais da saúde que chegaram ao
Brasil "para fazer um favor" ao país.
"A gente está contratando esses médicos para irem aos lugares onde
os médicos brasileiros não querem ir", defendeu Lula. "Sou totalmente
solidário à companheira Dilma e ao companheiro Alexandre Padilha
[ministro da Saúde], que tiveram a coragem de trazer os médicos
estrangeiros", completou.
Neste momento, Lula aproveitou para criticar a derrubada da CPMF,
em 2007, durante seu governo. Para ele, a solução dos médicos
estrangeiros foi necessária porque "tiraram 50 bilhões de reais por ano
da saúde" com o fim do imposto.
O ex-presidente saiu em defesa da presidente Dilma Rousseff quanto à
crise econômica e afirmou que confia nas respostas de sua sucessora
frente às manifestações de junho em todo o país.
"É importante saber que não estamos imunes à crise. É verdade que o
PIB (Produto Interno Bruto) não está crescendo o tanto que a gente
queria, mas não vai ser vergonhoso como o de muitos países ricos. O
importante é que a massa salarial está crescendo e que o desemprego
chegou a um dos menores índices da história".
Dirceu e Delúbio
Somente quatro cadeiras separavam o ex-ministro da Casa Civil e
condenado pelo Mensalão, José Dirceu, e Lula. Os dois, porém, não
conversaram em público durante o evento e o ex-presidente fez apenas uma
referência rápida a Dirceu enquanto falava sobre o fim da CPMF. O
presidente da CUT, Vagner Freitas, por sua vez, fez uma saudação
especial ao ex-ministro e ao ex-tesoureiro do PT e da CUT, Delúbio
Soares, também condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no
julgamento do Mensalão.
"Queria cumprimentar dois companheiros que iluminam a militância do
PT, não têm medo de fazer política, de sair na rua com a cabeça erguida
e dizer: 'nós mudamos o Brasil'. Zé Dirceu e Delúbio Soares, é orgulho
enorme o que temos de vocês". Os dois, presentes na plateia, foram
bastante aplaudidos.
Durante seu discurso, Lula lembrou a trajetória da central e disse
que teve o "prazer" de ver o que considera o momento mais difícil da
CUT, quando um operário tornou-se presidente da República. "Nunca um
presidente desse país teve o privilégio de ter tido a relação que tive
com os movimentos sindicais".
Manifestações
Lula falou mais uma vez que o povo não deve "negar a política".
"Duro seria se esse povo estivesse na miséria que estava há vinte anos e
não tivesse forças para reivindicar".
Participaram do evento, além de dirigentes e ex-dirigentes da CUT, a
ministra Maria do Rosário (Secretaria Especial de Direitos Humanos), o
presidente estadual e o presidente nacional do PT, Edinho Silva e Rui
Falcão, respectivamente, o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz
Marinho, entre outros petistas. Dilma mandou um vídeo de menos de dois
minutos em que parabenizou a CUT por sua "história" e "realizações".
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