POR RODRIGO RODRIGUES
 
Membro do núcleo moderado do PT – que age às pressas como bombeiro, para tentar diminuir a temperatura na cozinha da base governista na Câmara, o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) disse nesta segunda-feira (10) que a crise entre os dois aliados é real, mas que é fruto de uma radicalização de um grupo minoritário, que sempre pregou o rompimento da aliança nacional entre as duas legendas dentro do PMDB.
 
Segundo o petista, as recentes reuniões da presidente Dilma Rousseff com os líderes do PMDB na Câmara e no Senado mostram que a presidente está em constante diálogo e, portanto, deve aparar as arrestas entre os dois partidos em breve. 
 
Para Zarattini, a briga tem se agravado não só por conta da ambição dos aliados pelo sexto ministério, mas por conta do ingrediente eleitoral em estados chaves como Maranhão, Rio de Janeiro e Ceará e que, portanto, deve esticar em mais alguns dias dias o bate-boca público entre as duas siglas.  
 
Confira a entrevista do deputado federal Carlos Zarattini ao Terra Magazine
 
Existe um perigo real de rompimento do PMDB com o PT ou é apenas chantagem, como já se viu do PMDB em outros governos?
Existe dentro do PMDB um setor que é contrário à aliança com o PT desde sempre. Esse setor está aproveitando um descontentamento que é real, por conta de uma série de fatores, para tentar forçar um rompimento. A presidente Dilma está desde sempre tentando dialogar, no sentido de manter a aliança. São vários deputados descontentes, de vários Estados. Mas é um grupo pequeno, basicamente comandado pelo líder Eduardo Cunha. Mas que fique claro de novo: é a crise de um grupo radicalizado, que nunca quis a aliança com o PT. 
 
Nos bastidores se fala em crise na liberação de emendas. Ela existe?
Sim. É uma questão central, porque é ano eleitoral e o deputado precisa chegar na base de apoio e mostrar que realmente trabalhou pela causa que foi eleito. É o combustível que está gerando todo esse barulho.  
 
Mas há setores dentro do próprio PT que também defendem o rompimento com o PMDB. É uma radicalização dos dois lados? 
Discordo. Acho que temos que fazer uma aliança com o PMDB por inteiro, compreendendo os problemas internos deles e as divergências regionais para formação de palanques. São 27 Estados. Cada lugar tem uma característica. É muito difícil acertar de uma hora para outra todas as alianças. Mas nós temos que tentar compor o máximo que pudermos, dentro desse quadro de divergências. 
 
Então é uma crise que tem mais relação com a eleição do que com cargos na atual administração?
Sim. Existem lugares onde o PMDB quer apoio e o PT não tem condições de dar nesse momento. Afinar a viola nos 27 estados é muito difícil. Mas, na verdade, o PMDB está querendo discutir mais a participação no futuro governo do que neste. Eles querem garantir os ministérios agora, para no próximo governo ter um ponto de partida maior, sem chances de retroceder. 
 
A solução para a presidente Dilma qual é? Ceder às pressões dos radicais?
O que a presidente Dilma precisa fazer não sou eu que tenho que dizer. Ela tem procurado dialogar. Não sei o resultado das reuniões de hoje ainda, mas o perigo de rompimento com o PMDB é real. O que precisa é diálogo e disposição dos dois lados para negociar e aparar as arrestas. É um noivado que está prestes a virar casamento. Por isso que tem tanta discussão.  
Fonte: Terra Magazine.