quinta-feira, 3 de abril de 2014

ANOS DE CHUMBO - Henfil e a ditadura.

Como Henfil driblou a ditadura

Sugerido por Mara L. Baraúna

Do Vermelho

Henfil, o cartunista que driblou a ditadura e enviou recados

Esta foi a forma que Henfil encontrou de contar para a cunhada, Gilse Conseza, presa e torturada durante a ditadura militar, que a filha dela, Juliana Conseza, estava bem. Tudo começa em 1970, quando a então militante da Ação Popular (AP), Gilse Conseza é presa pela ditadura militar e permanece reclusa na Penitenciária de Linhares em Juiz de Fora, Minas Gerais, por mais de dois anos. 

À esquerda do tio Henfil, Juliana, à direita a irmã mais nova, Gilda.
Na época a pequena Juliana tinha apenas quatro meses e foi acolhida pelos tios Gilda Conseza e Henrique de Souza Filho, o Henfil, com quem viveu durante todo o período em que a mãe e o pai estiveram presos.
Na prisão era difícil até para ler os jornais diários, mas eventualmente um exemplar caía na cela de Gilse. Ela conta que todos iam direto ver as notícias e ela corria para ver as tirinhas do Henfil e saber se ele estava bem, desta forma, Juliana talvez também estivesse segura. Chorou e gritou de alegria ao ler num quadrinho com a Graúna e os fradinhos “Juliana, chega de comer sorvete de morango, pois você vai ter caganeira”.

Ela entendeu na hora o recado do cunhado Henfil, que a avisava sobre Juliana estar bem, e soube mais tarde que o tal frase, para muitos sem pé nem cabeça, havia sido publicada em muitas edições, para de alguma forma o recado chegar a ela.

Como forma de agradecimento, se tivesse outro filho, levaria o nome da tia Gilda caso fosse menina, ou do tio Henfil, caso fosse menino. Ainda na clandestinidade Gilse teve mais uma filha a quem deu o nome da irmã.

Hoje com 45 anos, Juliana é grata aos tios por terem cuidado dela enquanto a mãe estava presa. “Tenho uma gratidão sem tamanho por ele e por minha tia. Sem tamanho. Eu devo minha vida a eles”. E lembra do tio como um “um cara extremamente brincalhão”.

A tia Gilda lembra que a pequena Juliana estava muito frágil quando foi recebida pela família, aos quatro meses tinha apenas três quilos. E vê com maus olhos a pouca informação sobre a ditadura militar nos dias de hoje. “É importante falar dessa época para que as pessoas não se esqueçam disso. Assusta-me muito que os jovens não saibam o que foi a ditadura, o que essas pessoas passaram e o horror que foi a tortura”, afirma.

Da Redação do Vermelho,
com informações de O Estado de Minas

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