terça-feira, 1 de abril de 2014

ANOS DE CHUMBO - A surpresa na lista do IBAD.


A surpresa na lista do IBAD, o Instituto Millenium de 1964: Mário Covas








Da Redação
Dica do Eduardo Prestes, a partir do acervo da Biblioteca Nacional
Existe um descompasso entre a cobertura que a imprensa corporativa dá ao golpe de 64 e os fatos. Pouco se fala, por exemplo, no Ipês e no IBAD, duas ONGs que serviram de biombo para atividades golpistas que envolveram empresários, jornalistas, grandes empresas multinacionais e, com certeza, a Central de Inteligência dos Estados Unidos, a famosa CIA.
Eram antecessores, o Ipês e o IBAD, do Instituto Millenium, que hoje reúne a fina flor do empresariado e seus porta-vozes midiáticos.
Não que as atividades do IBAD eram desconhecidas à época. Pelo contrário, estima-se que através dele foram financiadas 600 campanhas eleitorais em 1962, de senadores a governadores e deputados federais e estaduais. Todos da oposição ao presidente trabalhista João Goulart. Gastou-se, então, cerca de U$ 5 milhões, equivalente à metade de tudo o que John Kennedy gastou em sua própria campanha eleitoral, nos Estados Unidos.
O Correio da Manhã, em 19 de julho de 1963, chegou a publicar uma lista com os nomes de 111 deputados federais que teriam sido eleitos com a ajuda do IBAD.
De onde veio o dinheiro?
No jornal O Semanário, um articulista deu três chutes e parece ter acertado quando fala no embaixador dos Estados Unidos no Rio de Janeiro, Lincoln Gordon, que mais tarde confirmaria a contribuição norte-americana. Documentos mais recentes, divulgados nos Estados Unidos depois de pedidos feitos usando o Freedom of Information Act, deixam claro que a intromissão de Washington começou bem antes do golpe em si. Kennedy falou com o próprio Gordon sobre fazer alguma coisa contra Goulart em 62, na Casa Branca.
O motivo das retrospectivas sobre o golpe pouco falarem do IBAD? As grandes empresas que ajudaram o golpe estão aí! Muitas são grandes patrocinadoras. Além disso, revelar o caráter empresarial da conspiração, que inclui importantes editores e jornalistas, poderia remeter o público aos tempos de hoje.
Nós, golpistas? Jamais!
PS do Viomundo: Na lista dos financiados, notem a presença de Mário Covas, do Partido Social Trabalhista e de Amaral Netto, da UDN, que mais tarde teceria loas à ditadura militar na TV Globo, em longos documentários. Além, obviamente, de Ranieri Mazzili, do PSD, que assumiu provisoriamente a vaga de João Goulart.

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