Uso de drones levará EUA à guerra sem fim
Relatório argumenta que não há nenhuma indicação que o uso de drones tenha refreado o crescimento de grupos extremistas islâmicos
Lauren McCauley, Common Dreams
Recommendations and Report of the Task Force on United States Drone Policy
é um documento resultado de um estudo feito por experts militares e dos
setores de inteligência e política externa, reunidos pelo Stimson
Center.
As
principais conclusões do relatório foram as de que os drones
assassinos, enquanto “pilares da estratégia americana contra o
terrorismo”, permitiram políticas que “não teriam sido adotadas na
ausência de veículos aéreos não-tripulados," particularmente a
interpretação “extraordinariamente ampla” da Autorização para o Uso de
Força Militar (AUMF, em inglês)
Ecoando
as preocupações de muitos grupos anti-guerra, o relatório nota que o
aumento do uso de drones letais “pode ser um caminho sem volta para
guerras contínuas e mais violentas”
O relatório continua:
As
missões aparentemente de baixo risco e baixo custo permitidas pela
tecnologia dos veículos aéreos não-tripulados podem encorajar os EUA a
executá-las mais frequentemente, perseguindo alvos que poderiam não ser
considerados suficientemente importantes se aeronaves tripuladas ou
forças de operações especiais tivessem de ser colocadas em risco.
Os
UAVs também criaram uma espécie de escala de risco mais maleável, a
medida que podem entrar em combate mesmo sem nenhuma espectativa de
resultado satisfatório.
O
relatório argumenta que o uso de drones em uma “guerra sem precedentes e
em expansão” faz crescer as questões estratégicas, legais e éticas.
Entre
os riscos estratégicos, o grupo argumenta que a morte de civis pode
“aumentar o sentimento anti-americano e se tornar uma ferramenta potente
no recrutamento das organizações terroristas.”
Mais
além, o relatório diz que o fato dos EUA estarem criando alvos
individuais dentro de estados soberanos “pode encorajar que outros
estados sigam esta estratégia em suas plataformas militares ou entidades
comerciais.”
Citando
o fracasso por parte do governo americano em executar uma análise
pesando os custos e benefícios de continuar sua guerra de drones, o
relatório admite que “não há nenhuma indicação de que a estratégia
norte-americana para destruir a Al Qaeda tenha refreado o crescimento de
grupos extremistas islâmicos sunitas, dissuadido grupos shias
extremistas ou avançado em direção de um plano de longo prazo dos
interesses de segurança dos EUA.”
Apesar
das críticas feitas à falta de transparência do governo americano em
relação aos riscos inerentes ao uso dos drones, a conclusão do relatório
é de que os drones continuarão a ser uma ferramenta fundamental nas
operações militares.
O
grupo de estudiosos elaborou uma lista de recomendações, colocada à
parte do relatório, para dar formar e guiar os EUA em sua política de
drones:
— Realizar uma revisão estratégica do papel dos drones em ataques contra o terrorismo;
— Aumentar a transparência sobre os alvos dos ataques de drones;
— Transferir da CIA para os militares a responsabilidade geral por ataques letais de drones;
— Desenvolver um mecanismo de fiscalização e contabilidade para ataques fora de campos de batalha;
— Fomentar o desenvolvimento de normas internacionais para o uso de força letal fora dos campos de batalha tradicionais;
—
Avaliar os desenvolvimentos tecnológicos relacionados aos drones e
criar uma agência de pesquisa e desenvolvimento voltada aos interesses
de segurança nacional de maneira consistente com os valores
norte-americanos;
—
Revisar e mudar as regras da FAA (Administração Federal de Aviação) e
do controle de exportação de artigos relacionados aos drones, com o
intuito de minimizar os encargos regulatórios no desenvolvimento da
indústria norte-americana, salvaguardando os interesses da segurança
nacional e assegurando o desenvolvimento e uso responsável das aeronaves
não-tripuladas;
— Acelerar o processo para alcançar os requisitos da FAA
Em resposta ao lançamento do relatório, Steve Vladeck, co-editor do blog just security, e
também parte de um dos “grupos de trabalho” que deram assessoria
informal à força-tarefa que redigiu o relatório, afirmou: “não
concordarão necessariamente com todas as recomendações (ou acharão que
elas vão longe demais), mas dado o bipartidarismo e o alto nível de sua
composição, suas recomendações serão ignoradas pelo perigo que
representam.
Tradução de Roberto Brilhante
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