Justiça argentina condena último ditador general a 23 anos de prisão
Estão de parabéns a justiça e a nação argentina pela condenação, ontem, seis pessoas, entre elas o último ditador do país, general Reynaldo Bignone, no julgamento que reconheceu que eles cometeram crimes de lesa-humanidade ao desaparecerem com os restos mortais de 33 operários durante o último regime militar (1976-83) no país. Bignone, já condenado em outros três processos, recebeu uma nova pena de 23 anos. Ele ocupou a Casa Rosada em julho de 1982 e entregou o cargo ao primeiro presidente civil da redemocratização, Raúl Alfonsín, em dezembro do ano seguinte.
No julgamento de ontem a maior pena dessa ação coletiva foi a do ex-general Santiago Omar Riveros – de prisão perpétua. Riveros chefiou o comando militar responsável pelos desaparecimentos dos 33 operários. Os outros condenados — dois militares, um antigo guarda municipal e um ex-policial — receberam sentenças de 9 a 17 anos. Três acusados foram absolvidos.
Os sindicalistas, de estaleiros, fábricas de cerâmica e de uma metalúrgica da província de Buenos Aires. são “desaparecidos políticos”: eles foram sequestrados por milícias ligadas à ditadura e seus corpos jamais foram encontrados. Como as vítimas eram sindicalistas, a Justiça considerou que houve perseguição a um grupo específico, o de trabalhadores organizados.
Defesa agora pede condenação também dos cúmplices
O tribunal condenou os réus por roubo, sequestro, detenção ilegal, tortura e homicídio, com agravante de uso de violência, ameaças com armas e abuso de poder. A decisão faz parte de um processo maior, que julga crimes cometidos por militares e milícias no Campo de Mayo, na capital portenha. Além de abrigar centros de detenção, o local também tinha um hospital onde eram feitos partos de presas políticas e seus bebês eram sequestrados.
O advogado que representa familiares dos operários assassinados requereu à Justiça a continuidade da investigação e a penalização dos civis cúmplices nos crimes. Ele mesmo apresentou uma lista de diretores, gerentes e chefes de departamentos das empresas que teriam compactuado com os militares.
O promotor Marcelo Garcia Berro pediu para que depoimentos e documentos usados nesse caso sejam usados para abrir um novo processo contra “proprietários, diretores, gerentes e todas as pessoas mencionadas”. A Secretaria de Direitos Humanos do governo argentino fez o mesmo requerimento.
No Brasil, até quando essa situação vexatória de não revisão do processo histórico?
Os parabéns que ora damos à Argentina e à sua justiça são também para a todos os países do continente que sofreram ditaduras e iniciaram há muito esse processo de revisão histórica, expiação de seu calvário de desrespeito aos direitos humanos de seus cidadãos e julgamento e condenação dos criminosos que atuaram naquele regime. Foi assim, já com o Uruguai, o Chile, o Paraguai, a Bolívia e tantos outros países sul-americanos que viveram ditaduras.
Só o Brasil, e no caso em comparação com todos os demais países do mundo que viveram aqueles dolorosos processos, ainda não avançou nessa revisão. 35 anos depois de sua sanção, mantém intacta a Lei de Anistia recíproca que beneficia e mantém impunes centenas de torturadores, assassinos e outros criminosos que atuaram durante a ditadura militar. Somos o último país do mundo a viver essa vexatória situação. Até quando?
Estão de parabéns a justiça e a nação argentina pela condenação, ontem, seis pessoas, entre elas o último ditador do país, general Reynaldo Bignone, no julgamento que reconheceu que eles cometeram crimes de lesa-humanidade ao desaparecerem com os restos mortais de 33 operários durante o último regime militar (1976-83) no país. Bignone, já condenado em outros três processos, recebeu uma nova pena de 23 anos. Ele ocupou a Casa Rosada em julho de 1982 e entregou o cargo ao primeiro presidente civil da redemocratização, Raúl Alfonsín, em dezembro do ano seguinte.
No julgamento de ontem a maior pena dessa ação coletiva foi a do ex-general Santiago Omar Riveros – de prisão perpétua. Riveros chefiou o comando militar responsável pelos desaparecimentos dos 33 operários. Os outros condenados — dois militares, um antigo guarda municipal e um ex-policial — receberam sentenças de 9 a 17 anos. Três acusados foram absolvidos.
Os sindicalistas, de estaleiros, fábricas de cerâmica e de uma metalúrgica da província de Buenos Aires. são “desaparecidos políticos”: eles foram sequestrados por milícias ligadas à ditadura e seus corpos jamais foram encontrados. Como as vítimas eram sindicalistas, a Justiça considerou que houve perseguição a um grupo específico, o de trabalhadores organizados.
Defesa agora pede condenação também dos cúmplices
O tribunal condenou os réus por roubo, sequestro, detenção ilegal, tortura e homicídio, com agravante de uso de violência, ameaças com armas e abuso de poder. A decisão faz parte de um processo maior, que julga crimes cometidos por militares e milícias no Campo de Mayo, na capital portenha. Além de abrigar centros de detenção, o local também tinha um hospital onde eram feitos partos de presas políticas e seus bebês eram sequestrados.
O advogado que representa familiares dos operários assassinados requereu à Justiça a continuidade da investigação e a penalização dos civis cúmplices nos crimes. Ele mesmo apresentou uma lista de diretores, gerentes e chefes de departamentos das empresas que teriam compactuado com os militares.
O promotor Marcelo Garcia Berro pediu para que depoimentos e documentos usados nesse caso sejam usados para abrir um novo processo contra “proprietários, diretores, gerentes e todas as pessoas mencionadas”. A Secretaria de Direitos Humanos do governo argentino fez o mesmo requerimento.
No Brasil, até quando essa situação vexatória de não revisão do processo histórico?
Os parabéns que ora damos à Argentina e à sua justiça são também para a todos os países do continente que sofreram ditaduras e iniciaram há muito esse processo de revisão histórica, expiação de seu calvário de desrespeito aos direitos humanos de seus cidadãos e julgamento e condenação dos criminosos que atuaram naquele regime. Foi assim, já com o Uruguai, o Chile, o Paraguai, a Bolívia e tantos outros países sul-americanos que viveram ditaduras.
Só o Brasil, e no caso em comparação com todos os demais países do mundo que viveram aqueles dolorosos processos, ainda não avançou nessa revisão. 35 anos depois de sua sanção, mantém intacta a Lei de Anistia recíproca que beneficia e mantém impunes centenas de torturadores, assassinos e outros criminosos que atuaram durante a ditadura militar. Somos o último país do mundo a viver essa vexatória situação. Até quando?
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