Reforma de condutas

Comentário referente ao post "Os desdobramentos da Operação Lava Jato"

Por Mogisenio

Caro Nassif, demais debatedores, bom dia.

Compartilho do sentimento de indignação que percebi ao ler o seu texto. De minha parte, acrescento aquele sentimento de impotência diante de tanta manobra política maquiavélica no pior sentido. Em suma, pode-se dizer: a lama no jogo político brasileiro tem acento grave.
Você olha para um ladol lá está ele "o" corruptor poderoso em conluio. Trata-se de um "artigo" utilizado no Brasil desde sempre. O patrimonialismo travestido de empreendedorimo meritocrático. O oligopólio em ação que "não existe" para os conservadores ortodoxos. Resta saber qual seria a "guinada" conservadora que se pretende realizar...
Ao olhar para o outro lado, a gente percebe pessoas maiores e capazes - que respondem pelos próprios atos, portanto - driblando o ordenamento jurídico para atender àquele conluio em troca de comissão. São prepostos, preposições do poder, subordinando-se individualmente aos interesses do artigo conluio.
Num dado momento, a crase acontece, no pior sentido do vocábulo.
E quem ganha é o poder econômico transitivo. Aquele que transita, usa, abusa e depois dá um jeito de colocar a culpa nos outros termos da sentença.Mas a sentença não existe!
E não para por ai.
Um depoimento como este, diante do momento como este , só pode se transforma em sentença na mão dos enviesados. Não tenham dúvidas.
Um depoimento que ao ser manejado por "diversos interesses em jogo" será usado para vários outros fins, conquanto só sirva para o ambiente jurídico. Ambiente este que deve ouvir TODAS as partes envolvidas e não apenas UMA para que só depois do due process of law, se chegue a uma decisão justa e correta com as regras de convívio social!
Todavia, o jogo político não respeita isso. E pior. Não respeita em função da ignorância generalizada de uma boa maioria que ao ouvir alguém dizendo já vai logo condenando.
Dando um exemplo extremo, pode-se dizer que matar alguém nem sempre é crime. A legítima defesa não me deixa mentir. Nao basta, portanto, apenas a morte de uma pessoa para se condenar!
Não basta, portanto, apenas um depoimento para se condenar!
Delação premiada e "falar a verdade" não é o mesmo que realmente "falar a verdade"!
A verdade é perseguida e , talvez, NUNCA encontrada! No ambiente jurídico a VERDADE é CONSTRUÍDA criteriosamente, sob pena de invalidar todo o procedimento!
E essa verdade se concretiza na sentença transitada em julgado! É preciso ter isso em mente , caso contrário, estaremos ferindo de morte o próprio Estado democrático de direito!
Nessa esteira, com o devido respeito, caro Nassif, não há falar negativamente da lei 8666/93.
Ora, a lei serve para estabelecer condutas. Se com a lei 8666 já há todo esse CONLUIO econômico em ação pelo brasil, segundo o depoimento, o que aconteceria sem ela, ou mesmo, retocando-a em busca da "flexibilização"?
Esse é o ponto que destrói a crença de que a propriedade pública ou as atividades públicas, devem ter o controle "a posteriori", nos resultados.
Aliás, relembremos, uma espécie de controle introduzida pelo PSDB na década de 1990.
Do tipo, faz a merda para depois limpar. Principalmente aqui, no Brasil, lugar de empreendedorismo, só que em CONLUIO, como citado no depoimento, mas que pode ser também percebido ao longo de nossa história.

Mas, voltemos à indignação e ao sentimento de impotência.
Ao contrário do que alguns pensam, para combatê-los, só nos resta votar na Dilma.
Assim, eis ai o meu voto:
Dilma, continue firme! Proponha, no momento oportuno, a reforma política. Terá o meu apoio!
Reformas de condutas já!