segunda-feira, 9 de novembro de 2015

SAÚDE INFANTIL - Crianças americanas são uma grande fonte de lucros para a indústria farmaceutica.

SAÚDE INFANTIL

Crianças se tornaram a mina de ouro do setor farmacêutico dos EUA

Livro mostra como as crianças americanas com transtornos emocionais ou comportamentais se tornaram uma grande fonte de lucro

Crianças se tornaram a mina de ouro do setor farmacêutico dos EUA
Medicamentos psiquiátricos infantis vendem bilhões de dólares por ano (Foto: Flickr/Jakchat)
Andrew Francesco era uma criança como outra qualquer: agitada, feliz e atlética. Até que aos cinco anos uma psiquiatra  infantil o diagnosticou como hiperativo e orientou seus pais a tratá-lo com ritalina.
Conforme foi crescendo, Andrew continuou a causar agitação em sala de aula, então passou a receber altas doses de antipsicóticos e outros medicamentos com efeitos calmantes. Expulso de uma escola para a outra, ele se tornou um adolescente frustrado, infeliz e às vezes ameaçador. Seus pais chegaram ao ponto de esconder dele as facas de cozinha.
Quando a mãe de Andrew morreu, aos 54 anos, muitos relacionaram o fato ao estresse de criar o menino. O jovem morreu poucos anos depois, aos 15 anos, vítima de complicações no cérebro causadas por um dos medicamentos contra transtornos comportamentais que tomava, o Seroquel.
A angustiante história é relatada no livro Overmedicated and Undertreated, (Supermedicado e Subtratado, em inglês), escrito pelo pai de Andrew, Steve Francesco, um experiente empresário do setor farmacêutico. No livro, Francesco usa sua experiência pessoal e profissional para mostrar como o lucro gerado pela venda de medicamentos é colocado acima da saúde e bem estar das pessoas.
O principal tema do livro é fato de crianças com distúrbios mentais ou comportamentais terem se tornado uma mina de ouro para a indústria farmacêutica. Ele mostra como os medicamentos psiquiátricos infantis vendem bilhões de dólares por ano e como o mercado cresceu de forma alarmante. ´
Nos Estados Unidos, país de origem de Andrew, essa situação é bastante critica. Um levantamento feito em dezembro de 2012, pela Jama Network, organização especializada em pesquisa e artigos científicos, revelou que entre 1993 e 2009, o número de prescrições de antipsicóticos para crianças cresceu sete vezes no país.
E a situação pode piorar ainda mais, pois o setor farmacêutico americano está tentando usar a primeira emenda, sobre liberdades civis, para obrigar a Justiça a liberar a venda de todos esses medicamentos sem a necessidade de prescrição médica.
No livro, Francesco alerta que cerca de 80% dos medicamentos psiquiátricos infantis vendidos nos Estados Unidos já podem ser comprados sem prescrição. Se todos forem liberados, tornará crianças como Andrew ainda mais vulneráveis.
Para Steven E. Hyman, psiquiatra e ex-diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA, a medida mistura ciência e lógica de mercado e pode ter efeitos alarmantes no desenvolvimento das crianças. “As crianças não são pequenos adultos, seus cérebros ainda estão em desenvolvimento”, alerta Hyman, em entrevista ao New York Times.

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