domingo, 23 de maio de 2021

 

Jornal português destaca conquista do segmento evangélico por LULA: “Mas, não vai ter esse negócio de me batizar em Israel não!”

23/05/2021  Por REDAÇÃO URBS MAGNA
Jornal português destaca conquista do segmento evangélico por LULA: “Mas, não vai ter esse negócio de me batizar em Israel não!”

Mídia sediada em Lisboa abordou Pesquisa Datafolha apontando que 35% dos considerados sustentáculos do governo votam no ex-presidente em 2022 e destacou pensamento de parte dos protestantes sobre ser “impossível ver Jesus em Bolsonaro”

O jornal Diário de Notícias publicou, neste domingo (23), uma longa matéria sobre a liderança de Lula nas pesquisas de intenção de voto divulgadas pelo Datafolha, em que o ex-presidente supera o atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro, até mesmo entre os evangélicos. De acordo com o Instituto, 35% deste segmento, considerado sustentáculo do governo atual, votam no petista em 2022. O DN também destacou fala de protestante que afirmou ser “é impossível ver Jesus em Bolsonaro“.

No texto, o ‎correspondente/jornalista freelancer João Almeida Moreira, relembra que, na prisão da Polícia Federal em Curitiba, Lula afirmou que assistiu por horas a fio aos programas de pastores evangélicos que ocupam boa parte da programação dos canais brasileiros e ficou impressionado com “a capacidade de comunicação” deles. Desde então, o ex-presidente teria dado uma ordem ao partido sobre a necessidade de se investir neste público.

O resultado veio um ano depois: o Datafolha apontou larga vantagem geral de Lula sobre Bolsonaro, com 41% das intenções de voto contra 23% do presidente e vencendo também com os evangélicos por 35% a 34%.

Ao DN, a pesquisadora Christina Vital, da UFF (Universidade Federal Fluminense), autora de Religião e Política: Medos Sociais, Extremismo Religioso e as Eleições de 2014, disse que “vale lembrar que o Lula sempre contou com o apoio dos evangélicos, tanto da base, como do bispo Edir Macedo ou do pastor Silas Malafaia, lideranças que nunca se afastaram do poder desde a redemocratização, porque têm, sobretudo, interesses empresariais, que apenas se misturam com interesses religiosos“. Em seu livro, Vital previu a tomada do poder por evangélicos.

“Essa base evangélica, entretanto, é a classe socioeconómica C e D, com renda per capita baixa, um público que sempre votou PT e Lula e que votou Bolsonaro em 2018 em razão das promessas de segurança, emprego e combate à corrupção, problemas que afetam muito a população mais pobre”, continuou. “Essa população tem sofrido muito com o desgoverno de Bolsonaro, porque não basta o plano da narrativa, as pessoas estão interessadas na melhoria concreta das suas vidas, independentemente de ideologias”.

“E a condução de Bolsonaro na pandemia prejudicou muito a relação dele com a sociedade em geral, não apenas pela ineficiência, mas pelo discurso de provocações, de sarcasmos, de mentiras, logo, a população que mais depende do sistema público de saúde, relaciona a gestão de Bolsonaro ao agravamento das suas condições”, conclui a pesquisadora.

O jornalista e escritor paulista Marcelo Santos também é citado no DN. Evangélico há 30 anos e membro da Comunidade Cristã da Zona Leste, em São Paulo, ele disse que os protestantes “são povo tambémE um povo, na sua maioria, pobre e preto, que sofre com a violência policial, sofre com o desemprego e a falta de moradia“.

“Há um movimento, que ainda é tímido, até porque o bolsonarismo é um conceito novo, historicamente, que entende que o bolsonarismo é o oposto aos ensinos cristãos de justiça, acolhimento, amor, redenção e não violência. Jesus manifestava misericórdia entre os oprimidos. É praticamente impossível ver Jesus nas palavras e nos gestos do presidente Bolsonaro. O bolsonarismo começa a causar cada vez mais aversão entre os crentes, que já não conseguem encaixar ideias como a pregação do ódio, da violência e da mentira, embutidas no bolsonarismo, com a mensagem de Jesus”, disse Santos ao DN.

O jornalista ainda disse que “muitos evangélicos ainda votam em Bolsonaro por acreditar que, ao menos, ele não é de esquerda porque a esquerda representa, no ideário plantado nas igrejas, pessoas que são contra a fé cristã e são contra os dogmas morais, Outra questão muito importante é que os principais líderes das principais igrejas continuam apoiando o governo Bolsonaro. As cinco principais igrejas no país são as Assembleias de Deus, Batistas, Congregação Cristã, Universal e Quadrangular. Dessas, apenas a liderança da Congregação, que possui como regra que lideranças não podem ser candidatos políticos e que nos cultos não se pode fazer propaganda por nenhum candidato ou partido, não expressa apoio explícito à Bolsonaro”.

Marcelo Santos também argumentou sobre a influência de Silas Malafaia – presença constante no Planalto e no Alvorada: “Por mais que pastores como Malafaia consigam amplificar suas vozes através de seus aparatos mediáticos, são cada vez menos relevantesA representatividade do pastor Silas Malafaia está em decadência: em 2016, 58,6% diziam se sentir representados ou muito representados pelo pastor, em 2017, esse número foi para 34,9%“, finalizou citando um levantamento feito pelo grupo de estudos de religião e cultura da Universidade Metodista de São Paulo durante as edições de 2016 e 2017 da Marcha para Jesus, em São Paulo.

Por fim, a mídia portuguesa menciona artigo no jornal Folha de S. Paulo, do pesquisador Mathias Alencanstro, sobre uma reaproximação da IURD com o PT:

“A crise em África pode aproximar IURD e PT – Primeiro presidente eleito com voto em massa de uma comunidade religiosa, Jair Bolsonaro prometera colocar o Estado a serviço de pastores e bispos. A Igreja Universal via no ministério das Relações Exteriores um veículo para ampliar a sua transnacionalização e em Bolsonaro o melhor embaixador para os seus interesses”, diz Alencastro.

“A chegada do ministro Carlos Alberto França, que tem resistido à invasão do ministério por agentes não estatais, praticamente sepultou o projeto de uma diplomacia evangélica, e Edir Macedo já começou a tirar as consequências desse fiasco. Ele sabe que Lula, o único responsável político em condições de reconstruir a ponte entre Brasil e África a tempo de salvar os interesses da Igreja Universal, também é o principal rival de Bolsonaro nas eleições de 2022”, continuou o pesquisador em seu artigo no jornal brasileiro.

Como sublinhou Lula naquela entrevista à Televisão do Trabalhador, “pergunte ao Edir Macedo quem tratou os evangélicos melhor. Mas não vai ter esse negócio de me batizar em Israel não, nunca neguei que sou católico“, pontua o DN.

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