terça-feira, 21 de junho de 2022

"Escravidão", volume III

 

2 d 
O jornalista Elio Gaspari pública hoje nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo uma primeira e generosa resenha do meu novo livro “Escravidão”, volume III. A seguir, alguns trechos:
“Chegou às livrarias o terceiro e último volume de “Escravidão”, de Laurentino Gomes. Vai “Da Independência à Lei Áurea”. Retrata o apogeu e declínio do regime escravocrata que sustentou o Império, amarrando o Brasil ao atraso. Até 1850, a elite nacional não só vivia às custas da escravidão, estava também associada ao contrabando de negros escravizados trazidos d’África. O tráfico negreiro fazia fortunas ofendendo as leis do país e os tratados internacionais firmados pelo Império. O Brasil era ao mesmo tempo o maior produtor de café do mundo e a maior nação negreira. O andar de cima e seu poder assentavam-se na escravidão e no contrabando. (...) O tráfico era ilegal, mas Manoel Pinto da Fonseca, responsável por um terço dos desembarques clandestinos, jogava cartas com o chefe de polícia do Rio.
Laurentino compôs um magnífico painel mostrando esse tempo. Baseado na bibliografia de quatro continentes, valeu-se da argúcia de repórter para jogar luz sobre grandes personagens. Em 1822, aos 18 anos, Joaquim José de Souza Breves estava na comitiva do príncipe Pedro às margens do Ipiranga, fez fortuna e foi o Rei do Café. Teve noventa propriedades, frota negreira e seis mil negros escravizados. Morreu em 1889, um ano depois da abolição e 46 dias antes da proclamação da República. Do outro lado do Atlântico, Laurentino mostrou Francisco Félix de Souza, o baiano Chachá, que no Daomé se tornou o maior traficante de escravos da época. Ou ainda Ana Joaquina dos Santos Silva, a Rainha do Tráfico de Angola, com seu palacete de 22 janelas em Luanda. Numa visita ao Rio, ela gastou o equivalente a 40 quilos de ouro. Em onze anos, a frota negreira de Joaquim Pereira Marinho, que tem estátua em Salvador, transportou 11 mil negros.
Esse volume da trilogia de Laurentino pode ser lido por quem não passou pelos dois outros. Nele está a vida do Brasil do século XIX, com seus barões e senzalas. Entre a independência e 1850, quando a frota inglesa impôs ao Império o fim do tráfico, o país atolou.”

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