sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Grandes petrolíferas multiplicam lucros.


Grandes petrolíferas multiplicam lucros

As maiores petrolíferas anunciam lucros recorde referentes a 2022. Os ativistas ambientais dizem que o “império” dos combustíveis fósseis “contra-ataca” enquanto os partidos do sistema britânico discutem o imposto sobre lucros caídos do céu e Biden e os republicanos trocam acusações sobre preços dos combustíveis.
Plataforma de exploração de petróleo em alto mar. Foto de Glenn Beltz/Flickr.
Plataforma de exploração de petróleo em alto mar. Foto de Glenn Beltz/Flickr.

Exxon Mobil, Chevron, BP, Shell e TotalEnergies, em tempo de crise climática as maiores companhias petrolíferas mundiais anunciam um lucro combinado de 190 mil milhões em 2022, contabilizam os especialistas da Refinitiv, uma multinacional que faz análise de dados do mercado.

A multinacional europeia Shell é uma das que mais se destaca ao nível do aumento dos lucros do ano passado, tendo-os duplicado e atingido o número mais alto em 115 anos de história da empresa. Foram 39,9 mil milhões de dólares.

O valor expõe as limitações do imposto sobre lucros extraordinários que foi implementado o ano passado pelo governo britânico e que supostamente serviria para baixar as faturas do gás e da eletricidade. A anglo-sueca Shell anunciou na quinta-feira passada que tinha pago 134 milhões de dólares nesse imposto em 2022. A BBC(link is external) explica que este número é tão baixo relativamente ao dos lucros porque a empresa só declara 5% dos seus lucros neste país e porque pode compensar os custos de desmantelamento de plataformas e investimentos em projetos britânicos.

Os trabalhistas alegam que o problema começa na forma como o imposto está concebido. Ed Miliband, o ministro-sombra para as alterações climáticas, defende que “numa altura em que o povo britânico enfrenta um aumento do preço da energia de 40% em abril, o governo deixa as empresas dos combustíveis fósseis que têm estes lucros beneficiem da sua recusa em implementar um imposto adequado sobre os lucros inesperados”. “O Labour impediria a subida do preço máximo da energia em abril, porque é justo que as empresas que têm lucros inesperados beneficiando da guerra paguem a sua justa parte”.

Do outro lado do Atlântico, o cenário repete-se. O Washington Post(link is external) escreve que “as maiores companhias petrolíferas do país fizeram mais dinheiro em 2022 do que alguma vez tinham feito antes, eclipsando os lucros caídos do céu dos anos anteriores”.

O jornal norte-americano dá conta que a ExxonMobil informou esta terça-feira ter tido um lucro anual recorde de 55,7 mil milhões de dólares o ano passado. O valor mais alto a que tinha chegado anterior tinha sido em 2008 com 45 mil milhões. Também a Chevron tinha anunciado pouco antes lucros recorde, no seu caso no valor de 36,5 mil milhões.

Com o preço dos combustíveis a pesar forte nos bolsos dos consumidores, o tema também aí se tornou objeto de disputa entre os dois grandes partidos do sistema. Os republicanos acusam Biden de ser responsável pelos aumentos de preços. Este respondeu via Twitter na passada terça-feira escrevendo que “a única coisa que impede as grandes companhias petrolíferas de aumentar a produção é a sua decisão de pagar milhares de milhões aos acionistas em vez de reinvestir os lucros”, acrescentando que em vez de culpar o governo, os republicanos deviam virar a sua atenção para estas empresas: “eu estou a fazer a minha parte para baixar os preços, é tempo das grandes companhias petrolíferas fazerem a deles”.

"Lucros feitos à custa de empurrar as pessoas para a pobreza"

Os lucros recorde são também contestados por ativistas ambientais. A CNBC(link is external) falou com Mark van Baal, da Follow This, que afirma: “chamei a 2022 o ano em que o Império contra-atacou”. Isto porque “as grandes companhias petrolíferas usaram a alta dos preços do petróleo e a crise energética para convencer os investidores que esta crise energética deveria eclipsar a crise climática – e isto causou um retrocesso”.

O mesmo órgão de comunicação social também refere as declarações de Alice Harrison, do Global Witness, que apela à denúncia das práticas “vergonhosas” que causam estes lucros, dado que “muito deste dinheiro está a ser feito às custas de milhões de pessoas que foram empurradas para a pobreza por causa do aumento exponencial dos combustíveis”. Ela apela à criação de um imposto sobre os lucros excessivos “para ajudar aqueles que têm dificuldade em pagar as suas contas, junto com um incremento significativo nas energias renováveis e no isolamento das casas”. O objetivo final é “acabar com a era dos combustíveis fósseis que está a destruir as pessoas e o planeta”.

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