domingo, 24 de agosto de 2014

POLÍTICA - Marina adere ao bolivarianismo?

Marina adere ao bolivarianismo?

Autor: Miguel do Rosário
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Quando Dilma assinou o decreto que institui a Política Nacional de Participação Social, os jornalões protagonizaram uma reação histérica, como se estivéssemos em vias de aderir a um bolivarianismo radical.
O Globo publicou um editorial ultra-agressivo, intitulado: “Decreto agride democracia representativa”. Estadão, Veja, Olavo de Carvalho, Folha, todos se juntaram num grito uníssono de repúdio: como assim ampliar a participação popular? O povo? O povo que se dane!
Nada como um dia após o outro.
O programa de governo de Marina Silva acaba de encampar a proposta da presidenta. Aliás, encampa todas as propostas que a presidenta ofereceu à sociedade, após as manifestações de junho, contra as quais a mídia se insurgiu com enorme violência editorial: conselho de participação social, mais plebiscitos, mais consultas populares.
Comprem pipocas, a mídia vai entrar em parafuso! Será coerente e baterá na Marina?
E o que fará o PSB? Sem uma base militante considerável, e com pouco tempo de TV, Marina precisa da mídia para crescer eleitoralmente. O mais provável é que recue, infelizmente.
Enfim, o tema promete fortes emoções. E o melhor: politiza o debate.
Infelizmente, duvido que o esforço do PSB para ouvir a “voz das ruas” das jornadas de junho chegue ao ponto de atender aquela que, possivelmente, tenha sido a única bandeira em comum dos milhões que saíram às ruas: questionar o poder da mídia. Se o fizesse, seria interessante, porque constrangeria a campanha de Dilma Rousseff, que até o momento decidiu não fazer nenhuma proposta concreta neste sentido. Até agora, há apenas um discurso duro do ex-presidente Lula, chamando a imprensa de principal partido de oposição.
Ou já se esqueceram que, nas jornadas de junho, um dos refrões mais cantados era “a verdade é dura, a rede globo apoiou a ditadura”?
CONVERGÊNCIA ENTRE DILMA E MARINA TESTARÁ IMPRENSA
Assim como fez a presidente Dilma, que lançou uma proposta que amplia os canais de participação popular no setor público, o plano de governo de Marina Silva defenderá as mesmas ideias, incluindo ainda a maior realização de plebiscitos e consultas populares; em relação a Dilma, a reação da imprensa foi um massacre, com reações histéricas ao que seria uma guinada bolivarianista do governo; será que Marina, vista por setores da imprensa como esperança mais viável de derrotar o PT em outubro, despertará as mesmas reações?
24 DE AGOSTO DE 2014 ÀS 13:02
247 – O programa de governo de Marina Silva, que será lançado na sexta-feira 29, encampa uma proposta que foi lançada pela presidente Dilma Rousseff, há pouco mais de dois meses, como resposta às manifestações de junho do ano passado. Assim como o governo do PT, a candidata do PSB também pretende ampliar canais de participação popular e reforçar a democracia direta, com mais plebiscitos e consultas populares.
Essa convergência de posições será um teste para a imprensa brasileira, que reagiu de modo histérico à proposta apresentada pelo PT. De acordo com mídia familiar, o PT estaria implantando “sovietes” no setor público, numa clara guinada bolivariana. Mas, e agora: qual será a reação, no momento em que Marina parece representar a possibilidade mais viável de derrotar o PT nas eleições de outubro?
Eis, abaixo, um trecho da manchete do portal Uol, do grupo Folha, que foi titulada de modo frio (“Programa de governo de Marina defende a ampliação da democracia direta”):
Com lançamento oficial previsto para sexta-feira, 29, o programa de governo acertado entre Marina Silva e Eduardo Campos defende a ampliação dos canais de democracia direta, como plebiscitos e consultas populares, e o controle das atividades dos políticos por conselhos sociais.
Segundo o texto do programa, que ainda pode sofrer alterações substanciais, de acordo com integrantes da campanha, essas mudanças pretendem ser a resposta da candidatura às manifestações populares ocorridas em junho do ano passado. “Elas revelaram ao mesmo tempo o distanciamento entre governos e população e o desejo de mudança na forma de administrar”, diz o texto prévio.
Em junho deste ano, um ano após as manifestações, a presidente Dilma defendeu praticamente as mesmas ideiais. Leia abaixo:
Dilma defende participação popular na reforma política
Durante a convenção nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), realizada neste sábado (21), em Brasília, a presidenta Dilma Rousseff afirmou a importância da reforma política para haver uma transformação democrática e política no País. “Não vejo uma reforma política sem participação popular”, ressaltou a presidenta.
A campanha de Dilma à reeleição apresenta como um dos seus principais pontos a necessidade de realização de profundas mudanças no processo político e eleitoral no País, que visa proporcionar uma maior participação do cidadão , melhorar o sistema político brasileiro, fortalecer a democracia e dar mais transparência ao processo eleitoral. (…)

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