segunda-feira, 18 de agosto de 2014

POLÍTICA - O morde e assopra da FSP com Marina Silva.

O morde e assopra da Folha com Marina Silva


Jornal GGN - A edição da Folha de S. Paulo desta segunda-feira (18) dá um beliscão em Marina Silva, para depois afagá-la (ou confortá-la, digamos assim). O periódico manchetou o desempenho superior de Marina em relação ao de Eduardo Campos (PSB), na primeira pesquisa Datafolha feita após a morte do ex-governador de Pernambuco. Mas, no editoral, o jornal crava Marina como incompetente por não ter conseguido criar a Rede Sustentabilidade e virar presidenciável em função de uma tragédia.
Além de destacar esse obstáculo na trajetória de Marina, o jornal projeta o cenário em que a ex-senadora será inserida, classificando Marina como dona do discurso de terceira via cheio de "contradições" e incertezas. Nesse quadro, para a Folha, Aécio Neves (PSDB) e até mesmo Dilma Rousseff (PT) apresentam discursos mais consistentes.
Para a Folha, com base nos resultados da pesquisa de opinião, Marina aparece como potencial herdeira dos votos da parcela dos brasileiros que se mostrou insatisfeita com a política tradicional. O jornal alerta, entretanto, que apesar de Marina ser a candidata de circunstância, "será preciso mais do que a intervenção do imponderável. O adversário imediato da ex-ministra do Meio Ambiente, senador Aécio Neves, conta com melhor estrutura partidária e está enraizado no coração demográfico e econômico do país, o Sudeste."
Desde o acidente áereo que vitimou Campos no litoral paulista, Marina é tida como substituta natural na cabeça de chapa do PSB. A grande mídia, à sua maneira, tem insistido para que isso aconteça. O motivo é que, com Marina, o segundo turno com Dilma Rousseff é certo - algo que, com Campos, as pesquisas de opinião não sentenciavam. Mas com Marina, Aécio Neves pode acabar em terceiro lugar.
O retorno de Marina
Editoral da Folha
18/08/2014

O súbito desaparecimento de Eduardo Campos exerce o efeito que se antevia sobre a corrida presidencial. Pesquisa Datafolha publicada nesta edição mostra que Marina Silva, sua vice e agora substituta pelo PSB, faz quase triplicarem as intenções de voto na chapa.
Marina aparece empatada com Aécio Neves, o candidato do PSDB (21% x 20%). Num provável segundo turno da eleição, porém, a candidata ambientalista teria leve vantagem (47% x 43%) sobre a própria presidente Dilma Rousseff (PT), até aqui favorita em todas as sondagens.
Como se a confirmar certo clima de misticismo em redor da ex-senadora, a brutalidade de um desastre aéreo a recolocou no caminho da Presidência da República, do qual fora arredada pela própria incompetência e pela Justiça Eleitoral, quando não reconheceu as assinaturas suficientes para o registro partidário de sua Rede.
Seu nome parece o mais identificável com o desejo de mudança, latente, mas poderoso, que as pesquisas de opinião têm constatado desde as maciças manifestações de protesto em junho do ano passado. Seu respaldo é maior nos setores que multiplicam influência eleitoral: os mais jovens, mais escolarizados e habitantes das grandes cidades brasileiras.
Ainda assim, será preciso mais do que a intervenção do imponderável. O adversário imediato da ex-ministra do Meio Ambiente, senador Aécio Neves, conta com melhor estrutura partidária e está enraizado no coração demográfico e econômico do país, o Sudeste. Conta, ainda, com o dobro do tempo reservado a Marina na TV (enquanto a presidente tem quase o triplo do que dispõe o tucano).
Além disso, Dilma e Aécio parecem formular mensagens mais claras do que as ensaiadas pela "terceira via", cheia de contradições que o discurso um tanto vago de Marina mal oculta.
Como conciliar o anticapitalismo de muitos ambientalistas com o liberalismo econômico dos conselheiros da candidata? Como combinar sua filiação evangélica com o liberalismo comportamental de tantos de seus simpatizantes? Como manter-se impoluta tendo de manobrar as famigeradas engrenagens da baixa política?
Um líder com as qualidades de Eduardo Campos fará falta, sobretudo, pelo muito que poderia ter feito. Sua ausência torna a competição ainda mais acirrada, e o resultado, mais imprevisível.
Ocasionada pelo pior dos motivos, a recandidatura de Marina Silva é ainda assim reconfortante, por representar uma parcela importante no espectro das opiniões e ampliar o leque de escolhas viáveis à disposição do eleitor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário