Da militarização das escolas à desqualificação de nossas riquezas, a Globo está presente. Se tivéssemos vergonha, nos negaríamos a assistir a esse grupo por um tempo, até o término da concessão dessa turma, exigindo ainda a imediata quitação de suas dívidas com o erário público.
Aliança pelo Brasil
A Globo usa ONG suspeita para denegrir a Petrobrás
por J. Carlos de Assis
Que os pretensiosos fiscais da corrupção no mundo, a Transparência Internacional, emitam juízos de valor sobre a Petrobras, não deve admirar a ninguém. Afinal, estamos num sistema democrático e todo mundo pode dizer o que lhe dá na telha, independentemente de responsabilidade. O que é repugnante é assistir a Tevê Globo, por seus principais locutores, dar um longo tempo e manifestar evidente satisfação por ver nossa principal empresa, vitoriosa em todos os campos técnicos e de produção, denegrida por uma instituição internacional discriminatória.
Nem a Transparência Internacional, nem a Tevê Globo anunciaram ao mundo, com estardalhaço equivalente ao dedicado à Petrobras, que o Bank of America e o Citigroup foram obrigados a pagar 20 bilhões de dólares em multa, cada um, por conta de sua manipulação no mercado imobiliários norte-americano, sendo diretamente responsáveis pela maior crise financeira mundial de todos os tempos. Vinte bilhões de dólares é dez vezes mais do que se especula como o grande golpe que alguns bandidos deram na Petrobras.
Nem a Transparência Internacional, nem a Tevê Globo anunciaram ao mundo, com o devido estardalhaço, a manipulação da Libor por parte dos 12 maiores bancos internacionais do planeta. Soube-se disso a boca pequena, mas cuidaram logo de esconder o tamanho da falcatrua, o qual, se revelado, implicaria indenizações bilionárias no mundo inteiro. Para quem não sabe, Libor, a taxa interbancária arbitrada em Londres, é referência para todos os contratos de financiamento dentro e, alguns, fora do euromercado.
Nem a Transparência Internacional, nem a Tevê Globo anunciaram ao mundo, com o devido destaque, as falcatruas do Deutche Bank, o maior banco alemão, e do UBS, o maior suíço, no mercado mundial de câmbio, dando bilhões de dólares em prejuízo à clientela. Também nesse caso, depois de menções sumárias de pé de página nos jornais, sumiram com o tema na grande imprensa, em proteção ao sistema financeiro corrupto internacional. Para quem não sabe, o Deutche responde por 60% das operações de câmbio do planeta.
Estou citando casos de memória, sem uma pesquisa sistemática. Os casos reais de corrupção no primeiro mundo, sobretudo por parte de bancos, são numerosos e proporcionais à riqueza dos países. A maioria deles deixa a Petrobrás no chinelo. Entretanto, como a Petrobrás se tornou um alvo da cobiça internacional, muito especialmente tendo em vista um assalto coordenado ao pré-sal, organizações como Transparência Internacional prestam o serviço de contribuir para destruí-la, com a ajuda prestimosa da Globo.
Atribuir corrupção em larga escala à Petrobras depois da faxina por que está passando em processos judiciais, os mais implacáveis da história brasileira, tem óbvia motivação política. O capitalismo é um sistema corrupto pela própria natureza. Portanto, não é a corrupção em si que deve surpreender, mas a impunidade. Alguém pode falar em impunidade no caso da Petrobrás? Pessoalmente, tenho criticado os excessos da Lava Jato, não as insuficiências. É possível que, no caso, haja mais inocentes punidos que culpados impunes.
A Transparência Internacional, como tantas outras ONGs “ocidentais”, é um instrumento do capitalismo especulativo e do intervencionismo imperialista no mundo. E a Globo tem-se tornado um instrumento dela. Como são organizações extremamente poderosas do ponto de vista econômico, só serão retiradas de cena pela força de um furacão político. Como a história não para, vem aí um no horizonte. Chama-se Bernie Sanders, apresenta-se como socialista democrático e concorre com alguma chance à Presidência dos EUA, com a bandeira de atacar a especulação financeira. Acho que devemos pensar em engatar na sua locomotiva os vagões da Aliança pelo Brasil.
J. Carlos de Assis - Economista, doutor pela Coppe/UFRJ, autor de mais de duas dezenas de livros sobre economia política brasileira.
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