Frei Betto.
Rio - No próximo dia 26, eleitores de várias cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes voltarão às urnas. As eleições de 2008 estão marcadas por características que dão o que pensar aos analistas. Primeiro, a despolitização. Não há debates sobre governabilidade, estratégias de governo, prospectivas para uma sociedade economicamente justa, politicamente democrática e ecologicamente sustentável.
Constata-se ainda que prestígio político não se transfere. Isso ficou provado no fato de Marta Suplicy, que tem Lula como cabo eleitoral, obter menos votos do que Kassab na capital paulista. Em Belo Horizonte, Leonardo Quintão foi para o segundo turno, malgrado todo o peso do pacto eleitoreiro do governador Aécio Neves com o prefeito Fernando Pimentel, ambos bem avaliados em suas respectivas administrações. Não é só o santo que desconfia quando a esmola é demais. O eleitor também, tanto que, no Rio de Janeiro, Marcelo Crivella nem sequer entrou no segundo turno.
A política virou um grande negócio. As campanhas se parecem a currículos, em que o candidato à vaga exalta os próprios méritos e faz promessas descabidas. Uma vez eleito, esquece o que prometeu e prossegue de olho em sua próxima eleição. Ao escolher um candidato, o eleitor reforça esta ou aquela corrente política.
E elas se dividem entre o conservadorismo que distribui bônus para a elite e ônus à população, o reformismo que faz política econômica para enriquecer ainda mais os ricos e angariar o apoio do povo via políticas sociais assistencialistas e os que acreditam depender o futuro do Brasil de reformas estruturais – política, agrária e tributária – que haverão de reduzir nossa gritante desigualdade social.
Nenhum comentário:
Postar um comentário