terça-feira, 14 de outubro de 2008

REFLEXÕES DE FIDEL - O fantasma da Casa Branca.

Havana, 14 out (Prensa Latina) O líder da Revolução cubana, Fidel Castro, afirmou que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, entra hoje em seus últimos 100 dias, coberto por uma altíssima impopularidade e uma das crises econômicas mais importantes das últimas décadas.

Num artigo intitulado “O fantasma da Casa Branca”, divulgado pela publicação digital Cubadebate, Fidel Castro destaca que “com a economia mundial em pedaços, o Presidente dos Estados Unidos, levado a esse cargo de forma tão irregular e irresponsável, meteu em apuros a todos os aliados da OTAN e ao Japão, o mais desenvolvido e rico parceiro militar, econômico e tecnológico dos Estados Unidos no Pacífico”.

“As bolsas não caíram mais porque já estavam no chão. Hoje respiravam felizes com as colossais injeções de dinheiro que as voltaram a inflar artificialmente a custa do futuro. O absurdo, no entanto, não pode se manter. Bretton Woods agoniza. O mundo não voltará a ser o mesmo”, assinala.

A Prensa Latina transmite a seguir o texto na íntegra:

Reflexões do companheiro Fidel:

O FANTASMA DA CASA BRANCA

Há três dias, na sexta-feira 10 de outubro, o mundo se estremecia sob o impacto da crise financeira de Wall Street. Perdeu-se a conta dos milhões de dólares em notas de papel que a Reserva Federal injetou nas finanças mundiais para que os bancos continuem funcionando e os poupadores não percam seu dinheiro.

A reunião de ministros de Finanças do Grupo dos 7 acordou aplicar as seguintes medidas:

– “Tomar ações decisivas e utilizar todas as ferramentas disponíveis para respaldar as instituições financeiras importantes para o sistema e prevenir sua quebra.

– “Dar todos os passos necessários para descongelar os mercados de créditos e monetários e se assegurar de que os bancos e outras instituições financeiras tenham amplo acesso à liquidez e fundos.

– “Assegurar que os bancos e outros intermediários financeiros maiores possam, segundo sua necessidade, reunir capital de fontes públicas bem como privadas, em quantias suficientes para restabelecer a confiança e lhes permitir continuar dando empréstimos às famílias e negócios.

– “Assegurar que os respectivos seguros nacionais de depósitos e programa de garantias são robustos e consistentes de forma que os depositantes minoristas continuem tendo confiança na segurança de seus depósitos.

– “Atuar, quando seja apropriado, para relançar os mercados secundários para hipotecas.”

Nesse mesmo dia, o Secretário do Tesouro dos Estados Unidos confirmou que o governo comprará ações dos bancos, somando com isso à iniciativa britânica. Tanto os Estados Unidos como o Reino Unido indicaram que adquirirão ações preferenciais, que são as que recebem dividendos primeiro, mas que não têm direito a voto.

O presidente Bush não considerou necessária sua presença nessa reunião dos ministros de Finanças. Reunir-se-ia com eles no sábado. Onde estava na sexta-feira 10 de outubro? Nada menos que em Miami. Assistia a um ato de arrecadação de fundos para os candidatos republicanos da Flórida. Com a aprovação de só 24 por cento dos cidadãos, era o chefe de Estado com menos apoio em toda a história dos Estados Unidos. Reunia-se com empresários e cabeças da escória cubana de Miami.

Continuava ali com sua maníaca obsessão anticubana durante seu tenebroso período de oito anos à frente do império. Nem sequer pôde contar com o apoio da Fundação Cubano-Americana criada por Reagan em sua cruzada contra Cuba.

Por razões puramente demagógicas, esta lhe havia solicitado publicamente levantar com caráter provisório a proibição de enviar ajuda direta aos familiares e afetados pelos dois destruidores furacões que atingiram ao nosso povo. Raúl Martínez, um ex-prefeito de Hialeah, rival do congressista Lincoln Díaz-Balart, havia feito críticas à atual política de quem fraudulentamente foi eleito o Presidente com menos votos nacionais que seu adversário, em virtude do peso da Flórida na contagem de votos eleitorais, quando na realidade nem sequer ali tinha maioria.

No domingo 12 de outubro a União Européia, sob a presidência da França, concordou solicitar aos Estados Unidos a organização de uma cúpula para “refundar o sistema financeiro internacional”. Assim o declarou o presidente Nicolás Sarkozy, após uma reunião dos países da Eurozona em Paris.

Sarkozy indicou que a Europa deve agora se unir aos Estados Unidos e a outras potências para atacar as causas de raiz da crise financeira que afundou aos mercados bursáteis.

“Devemos convencer aos nossos amigos estadunidenses da necessidade de uma cúpula internacional para refundar o sistema financeiro”, assinalou Sarkozy, presidente de turno da UE. Não será um presente aos bancos, afirmou com ênfase o Presidente da França.

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, entra hoje em seus últimos 100 dias, coberto por uma altíssima impopularidade e uma das crises econômicas mais importantes das últimas décadas.

Por sua vez, o ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, criticou hoje ao FMI por colocar aos países avançados como modelos a seguir, e disse que na futura reforma do sistema financeiro não devem primar as normas dessas nações.

“O mundo assiste incrédulo enquanto a crise atual revela debilidades e erros graves na política de países que eram tidos como modelos, países que eram apresentados como referências de bom governo”, disse Mantega para o Comitê Monetário e Financeiro Internacional, principal órgão diretivo do FMI.

Com a economia mundial em pedaços, o Presidente dos Estados Unidos, levado a esse cargo de forma tão irregular e irresponsável, meteu em apuros a todos os aliados da OTAN e ao Japão, o mais desenvolvido e rico parceiro militar, econômico e tecnológico dos Estados Unidos no Pacífico.

Miami é hoje um pandemônio, e Bush se transformou num fantasma.

As bolsas não caíram mais porque estavam já no chão. Hoje respiravam felizes com as colossais injeções de dinheiro que as voltaram a inflar artificialmente a custa do futuro. O absurdo, no entanto, não pode se manter. Bretton Woods agoniza. O mundo não voltará a ser o mesmo.

Fidel Castro Ruz

Nenhum comentário: