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O Jerusalem Post é um jornal conservador de Israel. O Haaretz é um jornal liberal. Se você juntar os dois jornais israelenses das últimas semanas vai encontrar mais críticas a Israel do que na mídia dos Estados Unidos.
O ex-editor chefe do Jerusalem Post, Jeff Barak, escreveu um artigo publicado neste dia 11 em que acusa a ministra das Relações Exteriores, Tzipi Livni, de ter desperdiçado as conquistas das forças armadas de Israel na faixa de Gaza. Ainda que eu não concorde com ele, pois acho que não houve "conquista" alguma, Barak toca num ponto essencial e revelador:
"A rejeição da resolução [da ONU] pelo governo aumenta a chance da operação Chumbo Fundido se tornar uma operação que não se buscava: uma guerra total com o Hamas e uma reocupação da faixa de Gaza. Livni, que ao contrário de Barak e Olmert passou toda a campanha das Forças de Defesa de Israel diante das câmeras e microfones, no que parecia uma tentativa desesperada de impressionar os eleitores do mês de vem de sua relevância, disse ao Washington Post no fim de semana que o governo se opõe ao cessar-fogo porque daria legitimidade ao Hamas e coloca a organização no mesmo nível que Israel".
Revelador? Sim, mesmo que involuntariamente o colunista capturou o aspecto político interno que está por trás da operação: as eleições de fevereiro, pelo que ele diz, influenciam o comportamento da ministra "durona".
No entanto, com raríssimas exceções a mídia ocidental se dedica a repercutir a propaganda que nem mesmo os jornais de Israel engolem 100%: não houve motivação política para a guerra, foi uma reação legítima de Israel aos foguetes do Hamas e ponto.
Hoje um correspondente da rede árabe Al Jazeera notou a diferença na reação internacional: quando a Sérvia foi acusada de violar o direito internacional humanitário foi bombardeada pela OTAN antes mesmo de qualquer comprovação. Hoje, quando o Conselho de Direitos Humanos da ONU decidiu investigar as acusações feitas a Israel, qual foi a reação? Tentativas de desqualificar o conselho, que seria controlado por ditaduras.
Leis internacionais? Proporcionalidade? Descumprimento de decisões da ONU? Israel como força de ocupação? Ninguém discute isso. A não ser em Israel, onde o Haaretz já publicou diversas colunas em que tudo o que acabo de mencionar é dito e discutido.
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