Especialistas discordam da tese de extinção do Senado e adoção do sistema unicameral, mas são unânimes em dizer que a crise atual explicita a necessidade urgente de reformas tanto no funcionamento da Casa quanto no sistema eleitoral brasileiro.
— Não gosto dessa ideia de sistema unicameral. Para mim, isso é ideia de paulistas. O Senado representa a federação. O fato de que o Senado está ocupado por figuras deletérias da política brasileira não justifica sua extinção — disse o cientista político Francisco de Oliveira, professor emérito da Universidade de São Paulo (USP).
A reportagem é de Ricardo Galhardo e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 09-08-2009.
Para Oliveira, um país das dimensões geográficas e com a diversidade cultural, humana e econômica do Brasil necessita de uma câmara legislativa que equilibre a representatividade entre os estados federados:
— O Senado serve para reequilibrar o jogo político em um país tão grande.
Para Oliveira, a solução para a crise no Senado é de médio prazo e depende dos partidos políticos:
— Se os partidos não qualificarem o debate político e adotarem critérios mais rigorosos para a escolha dos candidatos, não vai melhorar nunca.
O coordenador do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral e fundador do Fórum Social Mundial, Francisco Whitaker, defende uma reforma política de iniciativa popular como saída para o baixo nível de ocupantes do Congresso. Para ele, os políticos eleitos no atual sistema não têm interesse em mudar as regras de um jogo que estão ganhando.
— Esse tipo de iniciativa já comprovou que dá resultados.
Mais de 700 políticos já foram cassados graças à lei que proíbe a compra de votos, que é de iniciativa popular — disse Whitaker, que não tem opinião formada sobre o sistema unicameral.
Fonte:IHU
Nenhum comentário:
Postar um comentário