quarta-feira, 9 de abril de 2014

POLÍTICA - Aécio quer acabar com o Mercosul.

Aécio encampa ideia fixa tucana: extinguir o MERCOSUL




O candidato tucano à presidência da República este ano, senador Aécio Neves (PSDB-MG), foi a Porto Alegre, ontem, pedir com todas as letras a extinção pura e simples do MERCOSUL. Em palestra durante o Fórum da Liberdade, promovido pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE), ele classificou o bloco econômico do Sul do continente como “coisa anacrônica”.
Disse mais, foi taxativo: o bloco “não está servindo a nenhum interesse dos brasileiros”. Parece discurso de José Serra quando candidato a presidente da República (2002 e 2010, perdeu as duas vezes). Sem tirar nem pôr. Na verdade é o discurso dos tucanos, já há longo tempo, em relação ao MERCOSUL.
Aécio fez a proposta em Porto Alegre, uma espécie de capital brasileira do MERCOSUL por sua vizinhança com os dois outros países, Uruguai e Argentina, que formaram inicialmente, nos anos 90, o bloco econômico. Mas, tucano candidato ou não a presidente faz essa proposta pelo Brasil inteiro. Eles pegaram implicância com o MERCOSUL.
Aécio esqueceu o que era a política externa no governo FHC
O senador Aécio, ontem, justificou sua proposta com o argumento de que o Brasil deveria substituir a união aduaneira por uma área de livre comércio que “permita pelo menos fazer parcerias com países com os quais tenhamos complementariedade”. Interessante é que, mesmo em campanha, não lhe ocorreu dizer uma palavra sobre o lado positivo do papel do bloco econômico do Sul, sua  importância na integração dos países do continente e para o fortalecimento da região,  aspectos sempre defendidos aqui pelo ex-ministro José Dirceu.
Ainda bem – para a candidatura dele – que ele não falou nada, também, sobre a política do Itamaraty levada a cabo pelos tucanos durante a década de 90, iniciada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1994-2002), anos e anos em que a política externa do Brasil era da mais completa subserviência. Não repetiram a frase, mas na prática a política externa deles era cópia fiel do que disse o primeiro chanceler da ditadura militar, general Juracy Magalhães, da velha UDN: “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”.
O tucanato de FHC foram anos e anos de uma política externa brasileira recuada e tímida. O país não exercia qualquer papel criativo fora do nosso subcontinente. Prevalecia muito nessa área o complexo de inferioridade, de vira-latas, de que falava Nelson Rodrigues. A linha era: só devem opinar sobre as questões globais as grandes potências, e um país periférico como o Brasil deveria ser no máximo um coadjuvante privilegiado e exercer algum tipo de liderança apenas na nossa região, no máximo na América do Sul.
Só no início do governo Lula adotou-se no país uma uma nova política externa, de fato independente, multilateral, de diversificação de nossos parceiros econômicos e políticos, que teve, inclusive, consequências muito significativas para o comércio exterior brasileiro. E na qual adquiriu extraordinária importância as parcerias, todas firmadas com e via o MERCOSUL

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