terça-feira, 15 de julho de 2014

ECONOMIA - Criação do BRICs para se contrapor à hegemonia americana.


Expectativa é que BRICS se contraponha à hegemonia norte-americana 



Antecedido, nesta 2ª feira (14.07), por encontros e reuniões entre ministros de Estado, autoridades econômicas e empresários dos cinco países do BRICS, hoje, entraram em cena na Cúpula do Bloco que se realiza em fortaleza os chefes de Estado, presidentes Dilma Rousseff (Brasil), Vladimir Putin (Rússia), Xi Jinping (China) e Jacob Zuma (África do Sul), e o chefe do Governo da Índia, primeiro-ministro Narenda Modi. A expectativa geral, agora, é que os BRICS ponham a a cabeça para fora e se torne um bloco mais político e mais soberano, fazendo valer sua força econômica de detentor de 1/4 da economia mundial. Esse, pelo menos, foi o tom da entrevista do presidente russo, Vladimir Putin, à imprensa, defendendo exatamente isso e prevendo a possibilidade de que aconteça, para se contrapor à hegemonia dos EUA. “Temos que participar de forma mais ativa no sistema de decisões do FMI e do Banco Mundial. O próprio sistema monetário internacional depende muito da posição do dólar ou, melhor dizer, da política monetária e financeira das autoridades americanas. Os países do (bloco) BRICS querem mudar essa situação”, afirmou. Banco do BRICS: sede em Xangai, 1º presidente da Índia Putin também destacou a importância do Banco de Desenvolvimento do BRICS: “Esperamos que no futuro próximo sejam acordados todos os assuntos pendentes e nós possamos usar o potencial do banco para realizar grandes projetos em nossos países”. “Tanto o banco de desenvolvimento quanto as reservas cambiais são os passos práticos dos nossos países dirigidos para fortalecer a arquitetura financeira internacional e atribuir a ela um caráter mais equilibrado e justo”, complementou o presidente russo. Na tarde de ontem, depois de muita diplomacia, negociações e intensa disputa de bastidores definiu-se o futuro próximo do banco criado pelo bloco: ele terá sede em Xangai,  na China e seu primeiro presidente será um indiano depois que o Brasil, que também disputava o posto, abriu mão para facilitar o fechamento da negociação. Caráter político do bloco Como fica claro na entrevista do presidente russo, o caráter político do BRICS está, portanto, presente na própria decisão de criar o Banco Novo de Desenvolvimento e o Fundo, e de financiar a infraestrutura e os balanços de pagamentoseus balanços de pagamento dos cinco integrantes do bloco – Brasil, Rússia, Índia e China. Isso leva de forma inexorável à decisão do bloco de exigir reformas nas instituições multilaterais internacionais e de se posicionar sobre problemas políticos. Aliás, a própria direita – mundial e a nossa tupiniquem – está exigindo isso, no conflito da Ucrânia. Neste caso específico da Ucrânia – com uma parte ocupada pelos russos -, precisa ficar claro que sem autonomia ou uma federação, não há como mantê-la unida. Tampouco há como se desconsiderar o fato de que o Leste e o Sul do país e o Oeste são plurais. E, vejam, são plurais não apenas do ponto de vista cultural e étnico, mas, principalmente, por conta de seus interesses contrapostos nas relações sociais, econômicas, políticos e nacionais. A questão ucraniana é um problema e tanto. Ela só pode ser resolvida com diálogo, negociações e concessões mútuas e não da forma imposta pelo Ocidente, pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e pela União Europeia (UE), derrubando o governo ucraniano via uma rebelião em Kiev e criando a atual situação de solução militar que reproduz, no Leste e no Sul do país, os mesmos métodos que usaram para derrubar um governo constitucional, apesar de tudo. Posições comuns Mesmo assim, com este precedente e sem levá-lo em consideração nossa direita em especial aumenta a pressão e a cobrança para que o Brasil se posicione na questão russo/ucraniana. Contra a Rússia, evidentemente, e a favor do Ocidente – dos EUA, da OTAN e da UE. De qualquer forma, em termos de BRICS, a tendência é que via bloco reunido em Fortaleza, ou no G-20, os cinco países adotem, sempre que possível, posições comuns ou se consultem e busquem atuar de forma comum. Mesmo que nem sempre de acordo, em todas as questões. Até porque os governos de cada país nem sempre têm a mesma posição política sobre temas permanentes da agenda internacional – como, por exemplo, as políticas anticíclicas adotadas a partir da crise econômica global de 2008, câmbio e controle de capitais, guerra e paz, ONU, o FMI e o BIRD, a OMC, o combate à pobreza e à fome, as migrações e o racismo. Como se vê, são muitos assuntos e questões para além da agenda comum do BRICS, seu comércio, investimentos e parcerias.

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