quinta-feira, 6 de novembro de 2014

POLÍTICA - Fórmula para Dilma vencer o golpismo.

Fórmula para Dilma vencer o golpismo e terminar seu mandato.

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Em setembro deste ano da graça de 2014, a taxa de desemprego medida pela Pesquisa Mensal do Emprego, do IBGE, caiu para 4,9% no conjunto das seis regiões metropolitanas pesquisadas na série histórica daquela instituição. Já o salário médio do trabalhador brasileiro subiu para R$ 2.067,10 – um aumento de 1,5% em relação a um ano atrás.
No fim deste mês, serão divulgados os números da PME referentes a outubro, mas já se pode prever que, como vem ocorrendo há mais de uma década, os números serão ainda melhores. Até porque, no segundo semestre o desemprego sempre cai mais, historicamente.
Quanto à inflação (terceira perna do tripé do bem-estar social), para 2014, 2015 e 2016 a meta central é de 4,5%, mas o IPCA, que serve de referência para medir o aumento dos preços, deve oscilar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
No acumulado de 12 meses até setembro, o IPCA somou 6,75% – acima do teto de 6,5% do sistema de metas brasileiro. Entretanto, a meta de inflação refere-se ao período de janeiro a dezembro de cada ano, não à comparação de cada mês com o mesmo mês do ano anterior, de forma que, como ocorre desde que o PT chegou ao poder, a meta de 2014 deve ser cumprida.
Para fechar esse tópico, a cereja do bolo: o rendimento médio do trabalhador em agosto foi de R$ 2.055,55, o que representa um aumento de 2,5% acima da inflação comparado a agosto de 2013 (R$ 2.005,72).
O que esses números significam, é espantoso. Significam, simplesmente, que não há uma razão lógica para que Dilma tenha tido tanta dificuldade para se reeleger. A população não sente mal-estar. Pelo contrário, com os salários subindo, o desemprego caindo e a inflação sob controle, os brasileiros veem suas vidas melhorarem a cada ano.
Alguns cientistas políticos afirmam que, apesar de a qualidade de vida do brasileiro não estar piorando nem estar estagnada, o ritmo de melhora caiu muito – devido à crise internacional, que nos afeta – e, assim, sob o discurso “certo” esse ritmo mais brando de progresso social pode ser caracterizado como “piora” pelos adversários políticos do governo federal.
Além disso, o combate mais intenso à corrupção a partir do governo Lula – com fortalecimento da Polícia Federal e dos órgãos de controle do próprio governo federal – deram aos adversários do PT a possibilidade de confundir a sociedade caracterizando a divulgação de mais casos de corrupção – decorrentes de mais investigação – com “aumento” da corrupção.
Se os adversários dos governos petistas e do próprio PT fossem apenas os partidos políticos, não seria nada. Tivéssemos, no Brasil, uma imprensa imparcial – ou menos parcial –, que noticiasse de forma equânime os problemas que todos os governos enfrentam, não pareceria que tudo caminha às mil maravilhas nos governos estaduais da oposição enquanto que, no âmbito federal, só há roubalheira e piora da economia.
Composto o quadro socioeconômico atual do Brasil, voltemo-nos à verdadeira rebelião que tomou a base aliada do governo Dilma no Congresso logo após a reeleição, com destaque para o PMDB, assustado com a possível hecatombe que a revelação completa das “delações premiadas” pode lhe trazer.
A rebelião em curso decorre, em grande medida, de declarações que a presidente Dilma deu em entrevistas às tevês logo após a reeleição, quando avisou que, no combate à corrupção, não vai deixar “pedra sobre pedra”, o que foi entendido como ameaça por políticos – sobretudo do PMDB – que têm consciência pesada.
Ciente disso tudo, o PSDB e seu novo “golden boy”, Aécio Neves, fizeram um circo no Congresso, com declarações grandiloquentes do novo “líder da oposição”, que foi recebido no Senado como se tivesse vencido a eleição enquanto prometia oposição sistemática a quem o derrotou nas urnas.
Supõe-se, portanto, que a presidente Dilma e seus conselheiros e assessores devem estar dando tratos à bola para formularem um meio de garantir governabilidade tendo uma base aliada em pé-de-guerra, sedenta de cargos e de proteção contra a política do quarto governo consecutivo do PT de combater sem trégua a corrupção.
Essa fórmula de pacificação da base aliada no Congresso passa, infelizmente, pela aliança formal com partidos como o PMDB e algumas legendas de aluguel. Tal fórmula, porém, desagrada profundamente os partidos de esquerda e os movimentos sociais que ao longo dos governos Lula e Dilma acabaram servindo, involuntariamente, como linha auxiliar da direita.
Desde as “jornadas de junho” e o movimento “não vai ter Copa”, os partidos de esquerda e os movimentos sociais – que, no segundo turno, assustados com a possibilidade de a extrema-direita chegar ao poder correram para debaixo das asas do PT e de Dilma – ajudaram a produzir a situação política que vige hoje no Brasil sobretudo por não quererem aceitar a realidade: o brasileiro é conservador e para fazer um povo assim votar na centro-esquerda, só com alianças à direita.
Costumo repetir sempre essa história: em 2012, a revista Fórum entrevistou, via streaming, o então candidato do PSOL a prefeito de São Paulo, Carlos Giannazi. Este blogueiro foi um dos entrevistadores. Perguntei ao candidato justamente sobre governabilidade.
Disse a Giannazi que o partido dele repelia alianças com partidos de direita ou de centro direita não na eleição, mas para governar. Porém, se fosse eleito prefeito dificilmente o PSOL conseguiria governar, pois teria uma bancada extremamente pequena que não lhe permitiria aprovar nada na Câmara Municipal.
A resposta de Giannazi – uma pessoa séria – foi estarrecedora: disse que governaria com pressão popular nas galerias da Câmara.
Trata-se de uma verdadeira loucura. Nem se “as galerias” invadissem o plenário e espancassem os deputados que votassem contra um hipotético prefeito do PSOL seria possível aprovar alguma coisa. A Polícia prenderia os manifestantes e a vida seguiria.
Contudo, mesmo com todos os equívocos da esquerda a partir de junho do ano passado, partidos como o PSOL, o PSTU, o PCB, o PCO e movimentos sociais como o MTST, o MST e outros que compactuaram com as “jornadas de junho” e o “não vai ter Copa” finalmente perceberam que, à diferença do que diziam, o PT não é “igual ao PSDB”.
Durante o primeiro turno da campanha eleitoral à Presidência, a brilhante Luciana Genro chegou a dizer isso. Passada a primeira etapa da eleição, o partido dela e todos os outros grupos de esquerda supracitados apoiaram Dilma extraoficialmente, convictos de que, não, o PT não é “igual ao PSDB” coisa nenhuma.

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