Mujica: "Ou prendem Lula ou vão perder as eleições de 2018”
"No Brasil, sabem que ou prendem Lula ou vão perder”, diz Mujica. Além das eleições de 2018 no Brasil, ex-presidente uruguaio falou em nova entrevista dos erros que a esquerda precisa superar e fez uma crítica à atuação das forças progressistas na América Latina
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O ex-presidente do Uruguai e atual senador José Mujica analisou, em entrevista concedida à revista semanal Caras & Caretas, o panorama geral da esquerda na América Latina
e falou especificamente sobre o Brasil e a Argentina. Para ele, em
ambos os países há perspectiva de vitória de candidatos do campo da
esquerda nos próximos processos eleitorais.
“O governo argentino está perdendo prestígio
rapidamente e apela para a repressão. E Cristina (Kirchner) é astuta,
está buscando reunificar o peronismo e, quando conseguir, Macri acaba,
já que ele não ganhou, foi o peronismo que perdeu por suas divisões. Se
isso é solucionado, adeus“, acredita Mujica. “No Brasil, sabem que ou prendem Lula ou vão perder, já estão convencidos disso”, pontua, fazendo referência aos opositores do ex-presidente brasileiro.
Ele reafirma ainda que não será candidato à presidência após o término do mandato de Tabaré Vázquez. “Podem apostar dinheiro se quiserem“, diz. Mujica fez uma crítica à atuação da esquerda no continente. “Temos
de aprender com os erros que tivemos. Confundimos progressismo com
esquerda. E na América Latina começamos a parecer bastante com a
social-democracia europeia, que, de tanto ser pragmática e racional,
deixou de ser esquerda”, reflete.
“Não podemos prescindir da batalha cultural,
perdemos aí. Nós crescemos e nos convencemos de que a mudança das
relações de produção traria como consequência imediata uma humanidade
diferente e melhor. Não, fomos ingênuos. A cultura dura muito mais que a
economia, se prolonga mais, se projeta adiante. Essa mudança é mais
difícil e mais profunda do que qualquer mudança econômica”, pondera o ex-presidente.
Para Mujica, os trabalhadores devem assumir um papel de protagonismo em sua própria trajetória. “O
que a história deixou deve ser estudado. Os trabalhadores nunca
governaram, por mais que tenham sido feitas revoluções em seu nome. E a
burguesia não está capacitada para liderar processos de mudança a longo
prazo”, afirma. “Os trabalhadores devem aprender a governar a
si próprios. E não devem depender do ‘papai’ Estado para se proteger
porque o ‘papai’ Estado estará cooptado pela burguesia e vai se
converter em burocracia. (Isso) Depende da classe que está no comando, e
a classe trabalhadora não está.”
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