sexta-feira, 2 de abril de 2021

PETROBRAS - Ela aluga ativos que já foram dela.

 Petrobrás compra diesel de empresa que era dela


por Carla Lisboa em 30 de março de 2021



 “Talvez a BR Distribuidora venha a ser a “laranja” da Petrobras”,
afirma ex-diretor





A Petrobrás (PETR3) fechou um acordo de R$ 148,5 milhões para comprar
óleo diesel marítimo da BR Distribuidora (BRDT3). O contrato foi
assinado em 2 de dezembro, com vigência de 1.095 dias, prorrogáveis
por mais 730.





A denúncia é da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet) que,
ao ver a nota no jornal do mercado financeiro, Infomoney, mostrou, de
forma simples, o que o mercado financeiro e os políticos brasileiros
estão fazendo com a única empresa estatal que restou da privataria dos
anos 1990.





Fundador e ex-diretor da BR Distribuidora, o economista Sylvio Massa
Campos, explica que o desmonte da Petrobras ocorre há décadas e que a
compra do diesel é apenas mais um dos absurdos que estão acontecendo
para dilapidar a empresa nacional.





Para Campos, a BR Distribuidora tem de revelar a origem desse diesel
que, provavelmente, foi importado na base do PPI (Preço de Importação
do Derivado). “Com essa importação, provavelmente, a Petrobrás deixará
ociosas o equivalente em suas refinarias. Importo diesel dos EUA e
deixo de refinar na minha refinaria. Talvez a BR Distribuidora venha a
ser a “laranja” da Petrobras”, afirma.





“Isso está acontecendo porque a Shell exporta todos os dias 400 mil
barris de petróleo bruto para as suas bases no golfo mexicano e
norte-americano. Lá ela tem as refinarias dela. E o Brasil importa da
Shell, principalmente da Shell, por dia, 200 mil barris de derivados,
diesel, gasolina etc. A Shell, em 2018, exportando 400 mil barris de
petróleo por dia, apresentou no seu balanço prejuízo e, em 2019,
apresentou um lucro ridículo. Talvez uma inspeção ou uma auditoria da
Receita Federal nesses balanços seja necessária”, alerta Sylvio
Compos.





Ou seja, além de dominar todas as estruturas industriais da área de
petróleo e gás, avança sem barreiras para o domínio completo dessas
mesmas estruturas.





Como se não bastasse pagar para usar gasodutos e oleodutos que eram
seus, a venda de ativos da Petrobrás está forçando a companhia a
comprar diesel da BR Distribuidora, da qual a empresa foi forçada
pelos políticos a abrir mão do controle acionário.





A BR Distribuidora é uma empresa lucrativa, mas entrou no programa de
desinvestimentos, iniciado ainda na gestão de Aldemir Bendine,
iniciada em fevereiro de 2015. A entrega do combustível seguirá a
modalidade Delivered Duty Paid (DDP), em que o vendedor arca com
praticamente todos os impostos e taxas incidentes na operação.







O economista Sylvio Massa de Campos, ex-diretor da BR Distribuidora e
um dos seus criadores, disse, nesta terça-feira (30), ao Jornal Brasil
Popular que este é apena um dos absurdos que tem acontecido nesse
processo de demolição da estatal brasileira.





Demolição da Petrobras







“Essa compra do diesel por uma empresa que era 100% dela não é o único
fato estrutural que está ocorrendo no desmonte da Petrobras. Tem um
antecedente maior, que são quase 4.200 quilômetros de gasodutos
construídos pela Petrobras ao longo de 27 anos e que foram vendidos,
praticamente, a 10% do preço de tudo o que foi investido e, ao mesmo
tempo, essa empresa que comprou esses 4.200 km de gasoduto teve o
privilégio de alugar para a própria Petrobras todos esses dutos porque
só tem a Petrobras para alugar e só tinha a Petrobras para vender”,
denuncia.





Campos explica que agora, com 2 anos e meio a 3 anos, os alugueis que
a Petrobras vai pagar a essa empresa, praticamente, equivale ao que a
empresa pagou para comprar os gasodutos. “Ou seja, enquanto existir
gás, Petrobras, mercado consumidor etc., essa empresa vai receber
alugueis durante 40 anos, 50 anos, 80 anos. Esse foi o primeiro
absurdo da desnacionalização da Petrobrás”.





Depois disso, a Petrobrás vendeu o Complexo Petroquímico do Rio de
Janeiro (Comperj), que seria a grande petroquímica do futuro para a
integração dela. Depois foi vendida a empresa de fertilizantes. Ou
seja, a Petrobras vem sendo desmontada, esfacelada paulatinamente.
Esse desmonte da maior empresa estatal nacional resulta da venda
desnecessária dos ativos industriais rentáveis e que formavam a
necessária integração industrial verticalizada.





Segundo Campos, a Petrobras Distribuidora gerava, na receita da
Petrobras, praticamente 10% da receita. Era a segunda empresa
comercial do Brasil. De uma dimensão fantástica. Foi vendida em Bolsa
de Valores, em papel, sem considerar o direito, praticamente, não da
cotação do papel, mas o direito de propriedade da empresa sem um dólar
a mais.





“Foi vendida para banqueiros e, evidentemente, que os banqueiros não
vão geri-la. Aos poucos a Shell vai assumir a distribuição da BR como
vai assumir, agora, a venda da refinaria na Bahia”, denuncia o
economista.





“Nós levamos 60 anos para construir toda essa estrutura integrada. Uma
estrutura que era do poço – descobrir petróleo a 7 mil metros de
profundidade, numa qualidade excepcional e num custo baixíssimo – ao
refino, do refino à distribuição. Notadamente, grandes reservas do
pré-sal já foram vendidas. Das nove refinarias, uma já foi vendida e
oito está sendo ofertadas. Vai desaparecer o patrimônio nacional sem
que haja uma única reação quer seja da elite, que não é uma burguesia
nacional, quer seja do povo, que está mais preocupado com a fome e com
a desigualdade social”, analisa.





Campos entende que se trata de um momento de diagnóstico dos piores
possíveis da história do Brasil, “como se destrói um patrimônio
nacional sem reação só com o cinismo dos gestores que, se eu pudesse,
cancelaria a certidão de nascimento desses indivíduos”, disse.





Ele explica que há um domínio completo do capital estrangeiro, do
imperialismo em cima dos bens nacionais, daquilo que foi o nosso
esforço em construir para o bem do povo, o bem da nação







Com informações da AEPET e InfoMoney

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