Policiais viram réus por tortura de Rodrigo Pilha, que estendeu faixa “Bolsonaro genocida”
17/09/2021
Rodrigo Grassi, conhecido como Pilha, detido em 18 de março em Brasília, com base na Lei de Segurança Nacional, por estender faixa com a frase “Bolsonaro genocida”. Ele foi levado para a Polícia Federal onde permaneceu detido por quase quatro meses. O ativista detalhou ao TJ todas as torturas que sofreu de policiais bolsonaristas que chamavam-no de “vagabundo do PT”
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PROGRESSISTAS POR UM BRASIL SOBERANO
O ativista detalhou ao Tribunal de Justiça todas as agressões que sofreu dos agentes bolsonaristas em sua cela e acrescentou que ocorriam mais com ele, que era chamado de “vagabundo do PT”, do que com os outros presos
Policiais acusados de tortura por Rodrigo Pilha viram réus. O ativista que estendeu faixa “Bolsonaro genocida” permaneceu preso por quase quatro meses e detalhou ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios todas as agressões que sofreu dos agentes que segundo ele eram bolsonaristas que o humilhavam em sua cela junto com outros presos por que ele era o “vagabundo do PT”.
Rodrigo Grassi, que é filiado ao Partido dos Trabalhadores, foi detido em Brasília, com base na Lei de Segurança Nacional, e junto com outros manifestantes foi levado à Polícia Federal em 18 de março, após estender faixa com a frase “Bolsonaro genocida”.
Com exceção de Pilha, todos foram liberados no mesmo dia, mas o petista foi acusado de outros crimes e permanceceu detido.
De acordo com o portal Metrópoles, Rodrigo Pilha declarou ao TJDFT que a tortura aconteceu no Centro de Detenção Provisória II, onde no primeiro dia um policial o teria chutado e perguntado se ele era o “vagabundo do PT”. Por ele ter ficado em silêncio, o agente prisional o teria chutado novamente e ordenado a responder. Diante da agressão, o ativista teria respondido “sim” e, insatisfeito com a resposta, o policial o teria agredido novamente e falado “Aqui é ‘sim, senhor’ e ‘não, senhor’”.
O mesmo policial penal teria perguntado a idade do ativista, quando ele respondeu que tinha 43 anos, o policial teria dito: “E ainda não arrumou emprego decente? Fica com cargo comissionado, é? É para isso que o Bolsonaro veio, para acabar com essa mamata do PT”.
Além disso, o ativista descreve sessões de espancamentos de todos os presos no pátio em que acontece o banho de sol e uso de gás lacrimogêneo na cela em que ele estava com outros 10 internos.
Um outro policial, de acordo com o relato de Pilha, teria entrado nesta mesma cela e agredido cada um dos presos porque um deles estava assobiando. O ativista teria sido o último e recebeu uma cacetada na cabeça e na mão direita. Depois, teria despejado um saco com sabão em pó apenas em Rodrigo, depois um balde de água e gritou para os outros presos: “O inferno de vocês está só começando; ficam dando moral para este petista aí que volto mais tarde”.
Por fim, depois de uma consulta médica, os dois policiais que o agrediram perguntaram o que era o roxo no braço dele e ele respondeu que havia sido agredido pelos dois. Os policiais, então, teriam dito: “Não, foi você que se bateu”.
De acordo com o presidente do Sindpol, Paulo Rogério da Silva, o sindicato está do lado dos policiais. “Não existe tortura; o cara tá forçando a barra e quer pagar de preso político. Ali na cadeia existe uma disciplina, obviamente que ninguém defende o excesso e, se ocorrer, a gente defende que se apure”, afirmou.
“Estive conversando com os colegas, mas eles negam. Se há a denúncia, tem de ser investigado, mas que sejam garantidos o direito de ampla defesa, porque senão vira moda. Acredito na lisura dos colegas”, garantiu Paulo. Para o presidente, muitas vezes os presos se automutilam para culpar os policiais.
“O preso pratica a autolesão, a gente tá acostumado a ver isso ai, é corriqueiro. O detento começa a se debater, se joga no cubículo da viatura. Ou seja: mesmo que esteja constatada a lesão, tem de ver se foi o policial que bateu”, argumentou.
Para o advogado de Rodrigo Pilha, Thiago Turbay, a denúncia do cliente é uma oportunidade para aperfeiçoar o sistema de Justiça criminal, “em especial, reforçar os deveres civilizatórios e humanitários para com o tratamento penitenciário e o processo de ressocialização”.
“A Polícia Penal certamente receberá com entusiasmo a possibilidade de punição de maus policiais, valorizando os bons e íntegros”, ponderou.

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