sábado, 12 de outubro de 2013

POLÍTICA - Lindbergh e Cabral.

Lindbergh comete mesmo erro de Cabral: ameaçar Dilma Rousseff

Pedro do Coutto
O senador Lindbergh Farias – reportagem de Cássio Bruno e Ludmila Lima, O Globo, edição do dia 8 – admitiu a hipótese absurda de, ao ser candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo PT, em 2014, apoiar tanto Dilma Rousseff quanto simultaneamente Eduardo Campos. Impossível.
Tal ameaça cai no ridículo e, portanto, na prática não causa qualquer efeito. Pode haver palanque duplo para Dilma Rousseff, ser ela apoiada por Lindbergh e Luiz Fernando Pezão. Mas palanque duplo para o ex-presidente da UNE é algo absolutamente fora da realidade. Alguém poderá imaginar o senador do PT abrindo espaço em sua campanha um dia para a presidente da República, no outro para o governador de Pernambuco?
O princípio da fidelidade partidária bloqueia a viabilidade de uma alucinação dessas. Lindbergh Farias só pode ter feito tal afirmação em tom de ameaça. Assim repete o erro cometido pelo governador Sérgio Cabral, antes de constatada a queda de sua popularidade, ao ameaçar a mesma Dilma Rousseff de dar apoio a Aécio Neves, caso o PT não se alinhasse com a candidatura de Luiz Fernando Pezão. Outro absurdo completo, outra prova de alucinação. Sérgio Cabral, inclusive, chegou a  dizer que um de seus filhos tem o sobrenome de Neves. A ameaça não funcionou. A de Lindbergh, tampouco funcionará.
DOIS ERROS COLOSSAIS
Afinal de contas qual o presidente da República que pode gostar de ser ameaçado? Sobretudo, no caso de Dilma, quando encontra-se à  frente das pesquisas do Ibope e Datafolha para a sucessão do ano que vem. O respaldo de Rousseff aos candidatos estaduais é muito mais importante do que os votos que eles podem lhe proporcionar. Não que não sejam importantes, mas não são tão decisivos quanto os votos que ela, presidente, pode liberar para eles.
Dois erros colossais: o de Sérgio Cabral, ontem, o de Lindbergh Farias, hoje. Nenhum dos dois possui voo solo que se compare ao de Dilma no rumo do Planalto, outra vez. Basta citar o peso da máquina federal refletido no caminho das urnas. O programa Bolsa Família é um fato concreto. Os compromissos dos candidatos em suas campanhas constituem esperanças. Esperança por esperança, Rousseff tem, ainda por cima, melhores condições de despertar. A reeleição implantada no Brasil pelo presidente Fernando Henrique Cardoso produz efeitos assim. Num país socialmente carente como o nosso, é muito difícil um governante não se reeleger. Política é também esperança, me disse um dia o presidente Juscelino Kubitschek, numa entrevista para o Correio da Manhã, grande jornal tragado no tempo e pelas contradições dos que o dirigiram em sua fase trágica, como Osvaldo Peralva e Newton Rodrigues.
Agravando a contradição despertada por Lindbergh Farias, que parece estar se defrontando com dificuldades de ter sua candidatura aprovada pelo próprio PT, na mesma edição de O Globo, matéria de Juliana Castro revela que há uma tendência do PSB vir a apoiar a candidatura de Miro Teixeira, que trocou o PDT pelo PROS, para o governo estadual. Assim desaba ainda mais rapidamente a ameaça formulada por Lindbergh Farias.
Pois se o Partido Socialista Brasileiro está tendendo para formar uma aliança com Miro como poderá sequer cogitar de se aliar a Lindbergh? O azar maior do senador do PT está no fato as duas matérias terem saído no mesmo dia e na mesma página. As afirmações de Farias caem no vazio. Se mantiver a dualidade de propósitos, sua candidatura seguirá o mesmo caminho.

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