Rejeitar a economia de guerra significa lutar pela Paz na Europa
PORJOÃO VASCONCELOS
A construção de uma verdadeira Europa de paz, tolerante e respeitadora dos direitos humanos só será possível com menos NATO e até com a sua dissolução, e não com a sua ampliação e reforço militarista.
Precisamos e devemos defender, de forma acérrima, uma Europa ecológica, solidária, uma Europa que defenda os direitos económicos e sociais dos trabalhadores, uma Europa dos Direitos Humanos, que defenda os imigrantes e as minorias, uma Europa de paz e não de guerra, uma Europa dos Povos e Socialista.
Nos dias de hoje assistimos aos avanços dos populismos de extrema-direita, movimentos retrógrados e anticivilizacionais, um pouco por toda a Europa, incluindo em Portugal. A principal responsabilidade cabe aos governos que têm ocupado o poder nesses países, governos dominados por partidos social-liberais (ditos socialistas e social-democratas), liberais e conservadores de direita. É um ponto assente que falharam nas respostas que deram e não deram aos problemas e reivindicações das populações.
Até em países em que tivemos governos supostamente de esquerda, apoiados, integrando, ou dominados por partidos progressistas e anticapitalistas, esses governos capitularam e sucumbiram, lamentavelmente, perante os interesses dos mais poderosos e também não responderam às aspirações das massas trabalhadoras e populares. No geral, todos esses governos ficaram completamente manietados e subjugados aos ditames e ao garrote das políticas de Bruxelas e de Berlim, tal como ao diktat dos E. U. A. e da NATO, que funciona como a mão armada desta superpotência imperialista. Os interesses dos povos ficaram esquecidos ou foram relegados para as calendas. E em política não há espaços vazios.
É um facto que, nos dias de hoje, a União Europeia está a ser destruída pelo belicismo e, mais do que complacente com o genocídio em Gaza, está a incentivar esse genocídio tal como os E. U. A., pelo apoio e armamento que fornece a Israel. A UE não só desistiu dos direitos humanos, como está a atentar contra os próprios direitos humanos. O horror, o massacre e o extermínio do povo palestiniano em Gaza, assim como na Cisjordânia, embora em menor grau, perpetrado pelos genocidas do governo de Israel, é comparável ao extermínio nazi da II Guerra Mundial. Aqui, a Europa e o seu suserano americano já não impõem sanções ao Estado judaico, como o fazem à Federação Russa pela criminosa agressão e destruição da Ucrânia e do seu povo. São dois pesos e duas medidas que caracterizam a hipocrisia, o cinismo e o belicismo dos governantes da UE, incluindo de Portugal, pois nem tão-pouco demonstram a mínima coragem em reconhecer o Estado Palestiniano como um Estado livre e soberano e integrante da ONU, de pleno direito. Em teoria, alardeiam a política de dois Estados, mas na prática sabotam-na.
A construção de uma verdadeira Europa de paz, tolerante e respeitadora dos direitos humanos só será possível com menos NATO e até com a sua dissolução, e não com a sua ampliação e reforço militarista. A guerra de agressão na Ucrânia, iniciada por Putin, está a ser incentivada pela NATO, pelos Estados Unidos e pela União Europeia. Se a Rússia for derrotada o futuro grande confronto que a NATO terá pela frente será com a China. Todavia, antes que se consuma uma derrota estratégica da Rússia nuclear o mundo entrará, inexoravelmente, numa nova conflagração mundial, de terríveis e trágicas consequências. Basta que a NATO envie tropas para combater no interior da Ucrânia, como advoga o insensato e ridículo Macron.
Devemos, assim, exigir que a Europa não enverede por uma economia de guerra, como estão a apelar muitos dos seus dirigentes. Recentemente, o eurodeputado “socialista” francês Glucksmann declarou que a Europa se deve “preparar para uma economia de guerra”. A pretexto da guerra e da ameaça russas os governos da UE/NATO estão a reforçar os seus orçamentos no setor da defesa e a escalada armamentista. Devemos exigir, cada vez mais alto, uma Conferência de Paz, parando a guerra já, impedindo mais mortes e destruição e que salvaguarde a paz, a autodeterminação e a soberania da Ucrânia independente. Rejeitar a economia de guerra significa lutar pela Paz na Europa.
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