quarta-feira, 31 de março de 2021

TV GGN: ditadura militar, página infeliz da nossa história

Saudade da ditadura.

 QUE SAUDADE QUE A DITADURA NOS TRAZ!

contraditorioempauta@uol.com.br
Qua, 31/03/2021 13:42
  •  contraditorioempauta@uol.com.br

Prezados (as),

 

No dia em que o presidente Bolsonaro decide comemorar o seu “movimento” de 64, associo-me a ele e digo: “Que saudade que a ditadura nos traz”.

 

Toda ditadura é uma tragédia, e assim foi a de 1964. Para privilegiar, unicamente, o desenvolvimento econômico (Aumento médio do PIB de 6,3% nos 21 anos), promoveu uma deterioração desumana das condições sociais (Aumento brutal da pobreza e miséria), um elevado endividamento público, uma inflação galopante e incontrolável, uma usurpação dos direitos trabalhistas e outros males socioeconômicos. Isso sem falar na exacerbação dos males implícitos de uma ditadura como o desrespeito às instituições e aos direitos humanos, com torturas violentas e mortes sumárias, opressão aos movimentos sociais, amordaçamento do direito de expressão e tantos outros males. Nem mesmo a corrupção, bandeira que os defensores da ditadura insistem em se orgulhar, foi controlada, como se sabe hoje (Corrupção não revelada não é corrupção controlada).

 

Por tudo isso, os militares, que entraram, com orgulho e galhardia, pela porta da frente, acabaram saindo pelos túneis escavados a partir dos porões das casernas.

 

Mas, pasmem, pouco mais de 2 anos de governo Bolsonaro, muitos já sentem: “Que saudade que a ditadura nos traz”.

 

Justifica-se essa sensação: Além de a maioria dos males anteriores já estarem sendo praticados ou em vias de, exceto as torturas e mortes nos porões, outros não existentes na época se fizeram presentes: Modelo de gestão voltado para os interesses político-partidários e não aos da nação e seus cidadãos, surpreendente falta de patriotismo com alinhamento incondicional e subserviente aos EUA, sem qualquer contrapartida e entrega, gratuita, do patrimônio, riquezas e operações estratégicas nacionais, beligerância exacerbada contra países de relevante parceria comercial, deterioração das relações internacionais com a maioria das nações, perseguições descabidas de natureza ideológica e preconceituosa, apoio explícito às ações de ódio de grupos violentos da sociedade, apossamento dos organismos de controle do Estado para impedir o combate à corrupção dos grupos de interesse, inclusive familiar, associação íntima com elementos pertencentes a quadrilhas contraventoras violentas, como os milicianos do Rio de Janeiro, manifestações rotineiras de transgressões constitucionais, falta de sensibilização humana do presidente diante do sofrimento do seu povo, principalmente no combate à pandemia, apoio às ações de degradação ambiental e, para agravar ainda mais, uma tentativa de golpe que não se concretizou tão somente por falta do apoio militar e da sociedade.

 

Por tudo isso, e por muito mais é que floresce, cada vez mais crescente na mente dos brasileiros, a sensação do “Que saudade que a ditadura nos traz”.

 

Tristeza de uma nação e de seu povo quando o horror do passado se transforma em saudade no presente. Ditadura nunca mais.

 

César Cantu

A elite e sua sutil, camuflada e eficaz luta de classe.

 14. A ELITE E SUA SUTIL, CAMUFLADA E EFICAZ LUTA DE CLASSE

César Cantu <cfocus@uol.com.br>
Ter, 30/03/2021 12:03
  •  César Cantu

Prezados (as),

 

A elite posiciona-se no topo da pirâmide socioeconômica, política e cultural da sociedade. Ela é a verdadeira detentora do poder, suportado pelo mercado, organismos do Estado e pelos próprios segmentos da população, todos controlados e manipulados por ela.

 

A elite, e seus serviçais diretos, representa não mais do que 3% da população que detém 99% da renda da sociedade. O restante 1% é dividido, de forma desigual, entre a grande massa da população remanescente e essa é a verdadeira causa de tanta pobreza e miséria existente. Para manter esse discricionário privilégio, a elite desempenha uma sutil, camuflada e eficaz luta de classes.

 

Com seu poder, e utilizando os mecanismos do sistema capitalista/liberal, pautado no engodo de modelo político chamado democracia representativa, moldados para tal dominação, a elite controla, facilmente, o mercado e o Estado, e os coloca a seu serviço. O mecanismo de controle da população é mais sutil.

 

Para propiciar o controle da população, e a levar a aceitar, como legítimos, os seus privilégios, a elite fragmenta a sociedade em 3 segmentos: A classe média, os trabalhadores semiqualificados e os despossuídos, cria valores específicos e, de certa forma, antagônicos para cada um deles, e os coloca uns contra os outros.

 

A classe média é a grande guardiã da elite, uma espécie de tropa de choque, e é constituída pelo segmento intelectualizado da sociedade, com formação, regra geral, de nível superior, e com valores culturais, morais e higiênicos bastante diferenciados em relação aos segmentos inferiores. Para atrair a classe média, a elite propicia-lhe efetivas condições diferenciadas de vida, com reais possibilidades individuais de ascensão para o patamar superior dos serviçais diretos da elite, porém, remotas  em termos estatísticos. Para amenizar a aflição mental pelo desempenho de tal função anti-humanitária, a elite propicia, para a classe média, condições para lutas alternativas, efetivamente válidas, como a proteção ambiental, dos animais, o respeito à diversidade, a igualdade de gênero, contra o racismo e outras. Envolvida nessa luta, a classe média relega, a plano secundário, a verdadeira luta, a luta de classe contra a elite. A classe média desenvolve, não de forma individual, mas coletiva, uma grande restrição de classe ao segmento inferior, os trabalhadores semiqualificados, e uma aversão, podendo chegar ao ódio, aos despossuídos.

 

Os trabalhadores semiqualificados, regra geral, com formação máxima de nível fundamental, executam os trabalhos operacionais necessários para a sociedade. Eles possuem baixa cultura própria, regra geral, reproduzem a cultura de massa que lhes é transmitida pelos meios de comunicação, todos voltados para consolidar a dominação da elite. Para dominar esses trabalhadores, a elite criou mecanismos para os manter na fronteira entre a sobrevivência autônoma e a dependência, às custas de longas e penosas jornadas de trabalho, de modo a sobrar-lhes pouco tempo para evoluir intelectualmente e participar de qualquer luta libertadora. A crença religiosa e o circo para o povo servem, também, para essa dominação. Os trabalhadores desenvolvem uma mentalidade de rejeição aos despossuídos para não serem identificados com eles e, também, porque podem representar futuros concorrentes.

 

Os despossuídos são os totalmente desqualificados, tanto profissional como culturalmente, com capacidade ínfima de raciocínio, resultado das precárias condições ambientais em que sempre viveram, e desprovidos de qualquer recurso material. Não possuem a mínima condição de autossuficiência sobrevivendo, precariamente, às custas do assistencialismo egocentrado das pessoas, do Estado e da própria elite. São rejeitados por toda a sociedade, mesmo que de forma disfarçada individualmente. A elite os domina pela opressão direta e violenta promovida pela polícia do Estado, e pela religião sob a égide da utópica bandeira do “Deus salva ou Deus me protege”.

 

É importante identificar a natureza profunda, genética, da elite. Ela trouxe enraizados traços do animal irracional predador. Por isso, não se pode esperar qualquer ato civilizado de socialização por parte dela, exceto dentro do seu grupo consanguíneo ou identitário de classe.

 

Enquanto a elite age de forma orquestrada e individualizada com cada segmento da sociedade para concretizar a sua bem sucedida dominação, a esquerda os mistura, considerando-os com os mesmos valores, os mesmos propósitos e ignorando o ódio de classe que existe entre eles. O lema de luta “colocar o povo na rua” significa colocar tal diversidade lutando pelo mesmo propósito que não existe. Trata-se de uma luta fadada ao insucesso e, por isso mesmo, a elite mantém, há milênios, o seu poder dominador.

        

César Cantu

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A desordem do dia.

 Perfil do Colunista 247

A desordem do dia

"O momento 'realismo fantástico' da ordem-do-dia é a afirmação segundo a qual o 'cenário geopolítico atual apresenta novos desafios, como questões ambientais, ameaças cibernéticas, segurança alimentar e pandemias. As Forças Armadas estão presentes, na linha de frente, protegendo a população". Protegendo a população? Da pandemia? Da fome?", questiona Valter Pomar

General Braga Netto
General Braga Netto (Foto: Anderson Riedel/PR)
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Está na página do Ministério da Defesa a "ordem do dia alusiva ao 31 de março de 1964".

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Quem quiser ler, pode achar aqui

Ordem-do-dia em ambientes democráticos é uma lista de assuntos que devem ser debatidos.

Já ordem-do-dia em ambientes castrenses é uma lista de ordens que devem ser cumpridas.

No caso, a ordem-do-dia trata da interpretação que a cúpula das forças armadas, através do ministro da Defesa, quer nos impor acerca do golpe militar de 1964.

No manual de instruções da "democracia liberal", o ministro da Defesa deveria ser um civil.

No Brasil, entretanto, desde o final do governo Temer os ministros da Defesa passaram a ser militares.

E o que diz a ordem-do-dia de 31 de março de 2021 acerca do golpe militar de 1964?

Nada.

Pois segundo a ordem-do-dia, não houve golpe militar, não houve golpe de Estado em 1964.

Houve um "movimento".

Segundo a ordem-do-dia, a Guerra Fria trouxe ao Brasil "um cenário de inseguranças com grave instabilidade política, social e econômica. Havia ameaça real à paz e à democracia".

Então os "brasileiros perceberam a emergência e se movimentaram nas ruas, com amplo apoio da imprensa, de lideranças políticas, das igrejas, do segmento empresarial, de diversos setores da sociedade organizada e das Forças Armadas, interrompendo a escalada conflitiva, resultando no chamado movimento de 31 de março de 1964".

"Chamado movimento".... chamado por quem? 

"Chamado" pelos que não querem chamar as coisas pelos seus verdadeiros nomes: genocidas, assassinos, torturadores, ocultadores de cadáveres, ditadores, golpistas.

Nessa história da carochinha, as Forças Armadas, tadinhas, "acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o País, enfrentando os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos".

Os autores da ordem-do-dia estão no ramo errado. 

Deveriam sair das forças armadas e ir trabalhar no ramo de roteiros de ficção sobre realidades alternativas e paralelas.

Afinal, segundo a ordem-do-dia não houve conspiração por parte de militares.

Nem houve o golpe do parlamentarismo, a Operação Popeye da vaca fardada, nem a Brother Sam.

Tampouco ocorreu a farsa que declarou vaga a presidência, quando Jango estava no Brasil.

E as torturas eram assunto dos "porões", não uma política de Estado.

Mas demos um desconto! Afinal o texto da ordem-do-dia é "alusivo", ou seja, não diz respeito apenas a interpretação deles sobre 1964. 

É também a interpretação deles sobre o que ocorreu entre 2016-2021, em que as forças armadas estariam igualmente "assumindo a responsabilidade de pacificar o País" e enfrentando os "desgastes" decorrentes.

Mas ali na frente, como em 1979, virá uma "anistia", um amplo "pacto de pacificação" que desta feita os livraria de responder por mais de 300 mil vidas perdidas.

Este roteiro demonstra que a relação entre as forças armadas e o povo brasileiro é um caso típico de violência doméstica continuada: os caras batem, causam imensos danos, depois pedem desculpas, depois batem de novo, causam imensos danos, depois pedem desculpas outra vez... e perante o tribunal da história, ainda têm a desfaçatez de apresentar este círculo vicioso como um "pacto de pacificação".

O momento "realismo fantástico" da ordem-do-dia é a afirmação segundo a qual o "cenário geopolítico atual apresenta novos desafios, como questões ambientais, ameaças cibernéticas, segurança alimentar e pandemias. As Forças Armadas estão presentes, na linha de frente, protegendo a população".

Protegendo a população?

Da pandemia?

Da fome?

Se é deste jeito que nos "protegem", dá para prever o que nos aconteceria em caso de invasão estrangeira: o Marechal Philippe Pétain pareceria um valente.

O general Walter Souza Braga Netto termina sua ordem-do-dia nos convidando a celebrar os acontecimentos de 31 de março de 1964.

Seu convite será atendido pela totalidade da cúpula militar, inclusive pelos que foram demitidos ontem. Nisto não há a menor diferença entre eles. E aí reside parte essencial do abismo que separa as forças armadas que temos das forças armadas que necessitamos.

ps. por estas e por outras, o programa de reconstrução e transformação do Brasil, aprovado pelo DN do PT, não poderia ter calado acerca do tema forças armadas. Cada dia que passa sem um posição firme a respeito, pior fica.