quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

MÍDIA - O fim do jornalismo de esgoto.

No dia 10 de novembro passado, nos desdobramentos do caso William Waack, publiquei o artigo “A defesa do mercado de ódio no caso Waack”.
Nele analisava o que intuía como uma mudança no mercado jornalístico, e um esvaziamento do estilo jornalismo de ódio, que havia marcado a imprensa nos últimos dez anos.
Dizia, então:
Nos últimos anos, abriu-se um mercado de trabalho novo, no segmento do chamado jornalismo de esgoto, do ódio vociferante que acabou contribuindo para a desmoralização da grande mídia.  Até então, era restrito a jornais menores.
Muitos jornalistas veteranos ou desconhecidos mergulharam nessas ondas turvas, de cronistas musicais diáfanos a pessoas com passado jornalístico respeitável, mas que tinham se colocado fora do mercado.
O esgoto saiu dos guetos e entrou em algumas publicações consideradas de primeira linha, disseminando-se, pelo efeito demonstração, por veículos menores.
A grande onda foi estimulada por dois dos veículos mais influentes, Veja e Globo, aqueles que – com exceção da Folha no pós-redemocratização – sempre comandaram as mudanças de vento, no mercado de opinião. Os demais tendem a segui-los.
Agora, a onda está refluindo no jornalismo de 1ª classe.
E identificava essas mudanças justamente nas Organizações Globo:
A próxima reforma das Organizações Globo também deixa claro o desembarque desse modelo de jornalismo, a começar das mudanças anunciadas na revista Época – que pretendeu seguir os caminhos da Veja.
As razões eram claras para mim:
Há uma questão de qualidade do leitor. O tropel dos ignaros acabou expulsando dos veículos os leitores de melhor formação. Agora que as redes sociais invadem todos os poros da sociedade, a única maneira da imprensa tradicional se diferenciar é tentando recuperar um mínimo de seletividade do público leitor. Afinal, se seu público tem preconceito a pobre, mas também às bestas vociferantes.
Finalmente, o vagido dos últimos representantes desse modelo:
A explosão de solidariedade a Waack, por parte de representantes desse estilo, em parte é por solidariedade ideológica. Mais ainda, por pânico com o fim de um modelo que, por mais de uma década, trouxe à tona todos os dejetos acumulados pela mídia.
A cada dia que passa consolida-se essa convicção.
O Globo trouxe duas jornalistas para dirigir a unificação de suas redações: Ruth de Aquino e Daniela Pinheiro. Ruth passou pelo jornal O Dia, na fase em que este tentou peitar o jornal O Globo. Quem conhece acha que o desafio que lhe foi colocado é maior do que sua experiência.
Já Daniela Pinheiro representa uma espécie de arejamento do ambiente jornalístico carioca com a cultura Revista Piauí, sintetizando o perfil do novo personagem político, que já descrevi algumas vezes: liberal nos costumes, amante da boa MPB, conservador na economia, equidistante da polarização de ódio que tomou conta do jornalismo e das redes sociais.
A mudança do perfil dos colunistas é prova clara desse jogo. Sai Guilherme Fiúza, um colunista talentoso, mas que enveredou pelo jornalismo do ódio, entra Bernardo Mello Franco – um dos poucos colunistas da página 2 da Folha que conseguia equidistância dos fatos - e a volta de Joaquim Ferreira dos Santos para a coluna Gente Boa.
Será interessante acompanhar o aggiornamento dos jornalistas – muitos vindos da área cultural – que tentaram ocupar o mercado de ódio visceral, como os sub-Arnaldo Jabor, e os sub-sub-Arnaldo Jabor. Agora que o mercado não demanda mais vômito e esgoto, voltarão a comer com talheres, a escrever sobre seu campo de conhecimento, e se comportar como liberais ingleses, ao invés de monofásicos de Miami.
O jornalismo de ódio ficará, agora, restrito ao portal da Veja, por falta de comando da direção, à Jovem Pan e à IstoÉ.

Plataforma da Petrobras é lançada em meio a incertezas - Portal Vermelho

Plataforma da Petrobras é lançada em meio a incertezas - Portal Vermelho: Mais de 2.400 trabalhadores foram dispensados no RS e não há expectativa de novos projetos.

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Walter Casagrande: O que é democracia? - Portal Vermelho: Hoje, eu não poderia ter feito o que fiz? A manifestação do Corinthians em prol da democracia, assim como os Panteras Negras na Olimpíada de 1968, contribuíram para um mundo melhor.

Por Walter Casagrande*, no GQ

Chomsky de frente com Correa, será primeiro programa do ex-presidente - Portal Vermelho

Chomsky de frente com Correa, será primeiro programa do ex-presidente - Portal Vermelho: O ex-presidente do Equador, Rafael Correa, vai estrear um programa de entrevistas na TV Russa, Russia Today e o primeiro entrevistado será o intelectual norte-americano Noam Chomsky. A pauta essencial do talk show Conversando Com Correa é a geopolítica e a conjuntura atual.

Desemprego em 12,2%: “Estabilizamos no inferno”, diz economista - Portal Vermelho

Desemprego em 12,2%: “Estabilizamos no inferno”, diz economista - Portal Vermelho: Mostra da fragilidade do discurso do governo, que celebra o desempenho da economia, o desemprego segue elevado no país. Após a entrada em vigor da reforma trabalhista - que segundo Michel Temer contribuiria para a criação de vagas -, de novembro a janeiro, a taxa de desemprego ficou em 12,2%. “Há uma situação em que estabilizamos no inferno. O mercado de trabalho está muito ruim, parou de piorar, mas permanece em nível muito insatisfatório”, diz o economista André Calixtre.

Por Joana Rozowykwiat

Por que os bancos lucram muito mesmo quando a economia vai mal? - Portal Vermelho

Por que os bancos lucram muito mesmo quando a economia vai mal? - Portal Vermelho: O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará na manhã da quinta-feira 1 qual foi o crescimento da economia brasileira no ano passado. Economistas, especialistas, integrantes do mercado financeiro e o próprio governo não esperam nada que fuja de uma alta em torno de 1%.

Por Dilmalice Nunes

POLÍTICA - "Fui chamado para fechar história"


Fui chamado na Lava Jato para “fechar história”, diz delator

Depoimento reforça tese de que investigadores estariam com dificuldades de coletar dados confiáveis do Drousys; Ex-diretor da Odebrecht disse que foi chamado por procuradores para procurar valores para validar dados de inquéritos movidos pelo MPF  
 
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(Foto Agência PT / Lula Marques) 
 
Jornal GGN - Em depoimento prestado para a Lava Jato no dia 23 de fevereiro, o ex-diretor da Odebrecht Fernando Migliaccio disse que foi chamado pelos procuradores da operação para "tentar fechar uma história". 
 
A declaração foi feita durante uma série de perguntas de Cristiano Zanin, advogado do ex-presidente Lula, que chegou a ser interrompido por Sérgio Moro. “Doutor, nós vamos chegar a algum lugar com essa inquirição, porque nós estamos rodeando, rodeando e estamos chegando aonde mesmo?”, contra-argumentou o juiz que coordena a Lava Jato. 
 
Zanin perguntou para Migliaccio se sabia da origem dos documentos que avaliou junto ao Ministério Público Federal, no âmbito de seu acordo de delação premiada, se tinham sido extraídos do Drousys, sistema de informática para comunicação do setor de propinas da Odebrecht.
 
“Não, não me disseram. Mas pelo e-mail que eu vi, que eu mexi, tive chance de procurar a informação que eles queriam, eu pude observar que os e-mails eram realmente do Drousys”. Em seguida Zanin questionou se os procuradores pediram informações mais específicas, como quem seria o beneficiário dos valores encontrados na planilha do Drousys. 
 
“Eles queriam que eu achasse alguns depósitos para uma conta no exterior”, respondeu o ex-executivo, quando Sérgio Moro fez a interrupção. Após justificar as questões e dizer que estava finalizando, Zanin se voltou para Migliaccio com a mesma pergunta, tendo como resposta:
 
"A busca foi por uns valores que eles tinham, e que tinham uma confusão ou uma linha de investigação de valor, de parcelas de alguns valores, que a gente tentou descobrir as datas, a correspondência de valor de dólar pra real, pra tentar fechar uma história."
 
Zanin reitera a pergunta: "Pra tentar fechar uma história, é isso?", escutando como resposta final um fatídico "sim", do ex-diretor. 
 
O depoimento de Migliaccio também reforça a tese de que os investigadores da Lava Jato estariam com dificuldades de coletar dados confiáveis do Drousys, entregue para a Polícia Federal com adulterações identificadas por um laudo técnico da própria PF.
 
Isso ficou patente quando respondeu às perguntas do advogado de Lula sobre o acesso ao sistema e quais dados teria extraído da plataforma quando selou o acordo de delação premiada com o Supremo Tribunal Federal no âmbito da Lava Jato.
 
"Não, eu não entreguei nada [do sistema Drousys]", respondeu. "Só tive acesso ao Drousys quando fui chamado para esclarecer uma dúvida, aqui no Brasil", explicou completando em seguida que nunca teve acesso direto ao sistema, mas a e-mails apresentados pelo Ministério Público Federal, mesmo após iniciar a colaboração com a Justiça.
 
"Eles [os procuradores] não me deram acesso total pra ficar mexendo, vasculhando ou verificando o ambiente, né? Mas do pouco que eu tive acesso, me parecia também, eu não posso afirmar, me parecia informações extraídas de algum lugar", disse, arrematando mais adiante:
 
"Mas, pelo e-mail que eu vi, que eu mexi, tive chance de procurar a informação que eles queriam, eu pude observar que os e-mails eram realmente do Drousys", completou. 
 
 
Entenda
 
Migliaccio é um dos mais de 70 ex-executivos da Odebrecht que selaram acordo de delação premiada no STF. Ele foi detido em fevereiro de 2006 pelas autoridades da Suíça a pedido da justiça brasileira no contexto da operação Acarajé, a 23ª fase da Lava Jato, que também deteve o marqueteiro João Santana e a esposa, Monica Moura. 
 
Migliaccio atuou no Antígua Overseas Bank (AOB), banco que cuidava das contas da empreiteira fechado em 2010. Logo após liquidar o AOB, o grupo de executivos responsáveis pelo banco comprou 67% da participação societária do Meinl Bank, de Viena, com o objetivo de operar as contas encerradas do Antígua.
 
No depoimento mais recente, do dia 23 de fevereiro, o ex-executivo pontua que todo o material que detinha enquanto estava na Suíça "foi apreendido" pelas autoridades daquele país e enviado ao Brasil.
 
O Ministério Público da Suíça também encomendou uma perícia para a empresa especializada em analisar dispositivos eletrônicos, a Forensic Risk Alliance (FRA), com o objetivo de avaliar a honestidade dos dados então disponíveis no Drousys.
 
Assim como a Polícia Federal no Brasil, a FRA identificou que houve manipulação de arquivos pela Odebrecht antes mesmo de entregar o material para as autoridades suíças.  
 

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POLÍTICA - A história do golpe.

Artigo publicado originalmente em 20/11/2011
É curioso como está se processando o xadrez político. Em muitos aspectos, lembra bastante o pré-64 - o que não significa necessariamente que o desfecho será o mesmo.
Dilma assumiu pretendendo acabar com a polarização política dos últimos anos. Fez acenos em direção aos jornais, colocou-se acima dos partidos e do próprio PT, afastou-se dos sindicatos - no início, com imprudência, depois com cuidado - e da blogosfera.
Um dos pontos centrais da sua estratégia foi o de aceitar as denúncias contra Ministros. Fez como o lutador de judô que calibra o golpe aproveitando o embalo do adversário.
Nas primeiras rodadas, acumulou pontos. Na sequência, o jogo está indefinido. Essa estratégia fortaleceu o denuncismo de forma nunca vista desde a campanha do "mensalão". Aparentemente a presidente saiu ilesa, por não estar no centro do fogo que está consumindo seus ministros.
Só aparentemente. O ímpeto redobrado com que a velha mídia coloca os ministros em fila e os vai fuzilando conseguiu criar no seio da classe média midiática o mesmo clima do "mar de lama" de Getúlio e Jango.
Repito: não significa que o desfecho será o mesmo. Significa que o cadinho de cultura para um golpe é o mesmo.
Por que se usa a palavra "golpe" com tanta semcerimônia? Pela relevante razão de que, quando se adota o "denuncismo" como estratégia política única, o caminho democrático só é viável quando se tem um candidato competitivo empunhando a bandeira - como Jânio Quadros, por exemplo. Nas circunstâncias atuais, não existe um Jânio no meio do caminho da oposição.
Assim como em 1964, não há uma oposição política com musculatura, com projetos claros de poder, candidatos competitivos. José Serra é carta fora do baralho. Nos seus primeiros movimentos, Aécio Neves não mostrou estatura política. Geraldo Alckmin não conseguirá avançar além da província.
Candidatos de maior potencial - como Eduardo Campos - estão fora, por enquanto, do leque de alianças da velha mídia, além de ser de um Estado fora do eixo politico do sudeste. Resta o quê, então?
A história, quando se repete em tempo real, permite um estupendo aprendizado. A partir do que ocorre agora, é possível mergulhar no passado, intuir sobre o que foi o dia a dia político de outras crises, como as que tolheram Vargas e Jango, ou mesmo como teria sido a habilidade política de JK, toureando as diversas tentativas de golpes.
A história é um jogador de xadrez caprichoso, que vai utilizando as circunstâncias para redefinir o papel das peças do tabuleiro. Jornalistas, políticos, de história de lutas contra a intolerância, contra o arbítrio, de repente são colocados em um novo papel, intolerante, fora do reino das ideias, para se situar exclusivamente na tática de salientar a corrupção, no "mar de lamas", no perigo Chávez, utilizando o mesmo repertório que o grande Afonso Arinos - um oposicionista civilizado - considerava fora de moda em 1964.
Naqueles tempos, havia as Forças Armadas no fim da estratégia.
E agora? Confesso que não sei.
Numa ponta tem-se o avanço das novas mídias, novos grupos jornalísticos tirando a influência da velha mídia, novos jornais de papel, os portais exercendo um contraponto ao menos no reino da audiência e da publicidade.
Mas é inegável que a ideologia predominante do jornalismo formal ainda é pautado pelo pacto dos quatro - Globo, Abril, Folha e Estadão. E, fora de períodos eleitorais, a opinião pública midiática permanece com inegável influência.
Por seu lado, a blogosfera ainda fala para uma militância. Faz o contraponto, desconstroi factóides, mas não forma opinião ainda, a não ser a dos convertidos.
Na física (ou na química) há determinados corpos em equilíbrio até que ocorre um fato qualquer que provoca o desequilíbrio. Esses movimentos mudam totalmente a força dos agentes internos.
O pilar do equilíbrio atual é o quadro econômico razoavelmente estável. Em caso de crise econômica - uma hipótese por enquanto (felizmente) fora do horizonte - esse cadinho de indignação plantado diariamente pela velha mídia terá desfechos imprevisíveis. Há amplo espaço no horizonte para a ampliação ilimitada da radicalização.
Será um belo desafio para Dilma Rousseff e seu maior aliado, Lula.

POLÍTICA - E a nossa soberania, como é que fica?

Seria importante que o Ministério Público Federal e a própria Controladoria Geral da União abrissem os olhos. A Eletrobrás e o Ministério de Minas e Energia estão nas mãos de uma quadrilha que, se não for detida, imporá ao país prejuízos irreversíveis para as próximas décadas.

Peça 1 – o caso Cemar e o Ministério Público da Suíça

Para entender a jogada que se arma com a Eletrobras, é bom conhecer seus antecedentes: o caso CEMAR (Centrais Elétricas do Maranhão).
Ela foi adquirida por um grupo norte-americano, um dos muitos aventureiros que vieram bicar as elétricas brasileiras, no processo de privatização do governo Fernando Henrique Cardoso.
Esses grupos montavam empresas em paraísos fiscais, vinham ao Brasil, adquiriam as elétricas privatizadas com financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) dando como única garantia as próprias ações das empresas adquiridas.
Não dispendiam um tostão e não corriam risco algum. Não dando certo – como ocorreu com a Eletropaulo e tantas outras -, entregavam as ações das próprias empresas quebradas como garantia do financiamento. Foi o que ocorreu após o “apagão”.
A CEMAR foi uma dessas empresas. Depois de ter sido devolvida pelo investidor norte-americano, houve um período de intervenção da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) que saneou a empresa.
Na privatização houve uma disputa entre a SVM (do grupo Garantia, o mesmo que controla a Equatorial, principal agente da privatização da Eletrobras) e um fundo norte-americano. Venceu a SVM, com uma proposta substancialmente inferior à do grupo norte-americano. Levou a CEMAR pelo valor simbólico de R$ 1,00. E se comprometeu a investir R$ 30 milhões na empresa.
Com os resultados operacionais do primeiro ano, a SVM conseguiu mais recursos que o dinheiro comprometido com o investimento.
Tudo indicava que, por trás dos negócios, estava a influência do senador José Sarney no recém-constituído governo Lula. Na época, escrevi várias colunas na Folha denunciando a jogada.
O principal concorrente era o Mt. Baker, fundo norte-americano, que inicialmente foi desclassificado sob a alegação não ter cumprido um conjunto de requisitos burocráticos -como a não-apresentação de certidão negativa de falência ou falta de histórico no setor. A empresa foi organizada por Tom Tribone (que trouxe para o Brasil a AES), com recursos do Franklin Templeton Fund (um dos maiores fundos de investimentos dos EUA, com US$ 700 bilhões de ativos) e do Darby Fund, do ex-secretário do Tesouro Nicholas Brady. Só. O grupo entrou com um mandado de segurança para apresentar sua proposta. Conseguiu, mas foi barrado pelas jogadas armadas para garantir a CEMAR para a SVM.
Depois disso, o Ministério Público da Suíça levantou dados sobre a propina paga, que foi depositada em bancos suíços. Logo após a privatização da CEMAR, procuradores suíços convocaram representantes do concorrente americano, para que depusessem sobre o contexto em que se deu a propina. Os depoimentos foram prestados na Embaixada da Suíça em Washington. Bastará uma solicitação da área internacional da Procuradoria Geral da República para receber esse material do Ministério Público da Suíça.
A Equatorial  nasceu dessa operação e hoje é controlada pela Squadra Investimentos, que junta a fina flor do financismo caboclo, egressos do Opportunity, 3G, Pactual.

Peça 2 – a estratégia Eletrobrás

O mesmo grupo Equatorial tenta repetir a operação com as distribuidoras da Eletrobrás.
A jogada consiste em jogar as dívidas na Eletrobrás, deixando as distribuidoras limpas para serem vendidas de graça. Fala-se em R$ 50 mil cada, preço de num carro usado.
Ao mesmo tempo, estão sendo divulgados valores da Eletrobrás, de irrisórios R$ 12 bilhões. Para a maior empresa elétrica do mundo, em capacidade de geração, o mesmo valor conseguido recentemente pela churrascaria Fogo no Chão. E chagaram a esse valor sem avaliação técnica.
A Eletrobrás é mais estratégica do que a Petrobras. Petróleo, se importa; mas energia elétrica é só aqui dentro. O parque elétrico nacional é um sistema complexo integrados, que envolveu três gerações de grandes engenheiros, de Otávio Marcondes Ferraz, Mario Bhering, Mario Thibau entre outros, mais de 150 empréstimos de bancos multilaterais. Agora se pretende transferir todo esse acervo por metade do valor de uma única usina, a de Belo Monte. R$ 12 bilhões foi o preço de uma concessão da velha usina de São Simão, da Cemig, adquirida pelos chineses. Apenas o valor físico da capacidade de geração da Eletrobrás pode chegar a R$ 350 bilhões. Somando-se o custo imaterial das concessões, se chegaria aos R$ 700 bilhões. Empresas elétricas nacionais, de países de parque elétrico muito menor, como Espanha, Portugal e França, valem esse valor.
Em uma Carta que enviou a investidores norte-americanos, a Equatorial  passa duas informações relevantes.
A primeira, sobre a dimensão da empresa.
  • A Eletrobras é uma empresa pública controlada pelo governo brasileiro que opera no áreas de geração, transmissão e distribuição de eletricidade. A empresa possui uma grande base de ativos dentro de uma estrutura corporativa complexa (17 subsidiárias, 178 SPCs e participações minoritárias em 25 empresas) e mais de 23 mil funcionários. 
  • A participação econômica direta do governo na empresa é de aproximadamente 63%. E se adicionamos receitas fiscais, tal participação econômica seria próxima de 75%.
  • A capacidade de geração da Eletrobras, incluindo metade do poder de Itaipu, atinge 47 GW, o que corresponde a 32% da capacidade total brasileira . Essa energia é produzida por 29 usinas hidrelétricas, 20 usinas termelétricas, 6 usinas eólicas, 2 plantas termonucleares 1 planta solar. 
  • Em termos de ativos de transmissão, a Eletrobras possui 70.201 quilômetros de linhas, representando 47% das linhas totais acima de 230 kV no Brasil . 
  • A Eletrobras também opera seis empresas de distribuição no Norte e Nordeste do Brasil.
As avaliações do valor atual de mercado e do valor potencial deveria servir de prova, em um tribunal, para condenar os gestores da empresa por malversação de recursos públicos.
Diz a 3G:
  • O limite de mercado atual da Eletrobras é de apenas R $ 20 bilhões , um valor muito baixo considerando todos os ativos da empresa, e é uma clara indicação da má gestão e dos problemas que tem estava enfrentando. 
  • No entanto, com as medidas de eficiência adequadas e uma melhor governança e regulamentação, esta empresa poderia valer várias vezes o atual limite de mercado - que poderia ser monetizado através de dividendos, vendas de ativos, receitas de imposto de renda, capacidade de investimento ou privatização.
E aí entra o jogo regulatório.
O modelo hidrelétrico é simples. O investimento maior é na construção da usina. Depois, há um longo período em que ocorre a depreciação do investimento – isto é, parte dele é descontada anualmente das receitas operacionais e entra no custo das tarifas. Depois que as usinas estão amortizadas, não há mais razão para o consumidor pagar a taxa de depreciação. E o custo operacional é extremamente baixo.
O que Dilma Roussef tentou foi renovar as concessões por um novo método, pelo qual os concessionários não pagariam pela renovação, mas teriam uma rentabilidade fixa, em relação ao faturamento das usinas. Como os sistemas são interligados, haveria uma redução tarifária.
O projeto falhou devido à seca do Nordeste, que reduziu a oferta de eletricidade contratada, obrigando as distribuidoras a comprarem no mercado livre. Somou-se à seca o fato das três estaduais tucanas – CESP, Cemig e Copel – não aceitarem os valores de indenização. Com isso, reduziram ainda mais a oferta de energia contratada.
O projeto em mãos do MME acaba com a energia contratada, jogando tudo no mercado livre. Liquida com qualquer veleidade de tarifas módicas, acabando de vez com a competitividade da indústria nacional. Resolve também uma série de problemas fiscais internos. O resultado será uma explosão das tarifas que arrebentou com as contas do setor.

Peça 3 – os homens da jogada

Assim como na Caixa Econômica Federal e na Petrobras, o primeiro passo foi colocar no Conselho de Administração e na presidência pessoas alinhadas com a jogada.
A figura-chave desse processo é Paulo Pedrosa,  Secretário Executivo do Ministério de Minas e Energia, em campanha para suceder o Ministro, Paulo Pedrosa ficou com o comando geral da área da energia elétrica.
Pedrosa é egresso do mesmo grupo Equatorial que armou a jogada da CEMAR.
Na presidência do Conselho da Eletrobras colocaram José Monforte, ex-diretor de fundos do Citibank e do Bank of America Marryl Linch, vice-presidente da Asssociação dos Bancos de Investimentos e também do Conselho da Petrobrás, indicado pelos minoritários estrangeiros chefiados pelo fundo inglês Aberdden. Tem fama de truculento, mas tem um lado vulnerável, com o fundo AGENCO, que deu prejuízo de R$ 1 bilhão no mercado, queimando sua reputação.
Pela primeira vez em 55 anos a União abriu mão da presidência do Conselho de Administração.
Enquanto isto, Pinto Junior, representante da Equatorial  vendia a ideia da ineficiência da Eletrobras.
Para isso, tiraram da cadeira da presidência José Luiz Alqueres, de passado polêmico no setor, que, em que pese sua atuação no setor no governo Itamar, é egresso do setor e demonstrava responsabilidade, uma âncora de bom senso contra o desmonte.
No período FHC, em que pese o erro da desmontagem do modelo histórico - que assegurava tarifas competitivas - pelo menos se cuidou da definição de valor, com as avaliações e modelagens sendo conduzidas por consultorias internacionais. Agora se anuncia o valor sem qualquer referencial independente.
O papel do 3G
As jogadas não param aí.
Segundo análises produzidas por técnicos críticos da operação, outra jogada consistiu em Fato Relevante, divulgado pela Eletrobrás no dia 29/11/2017. Nele, menciona o recebimento do Ofício no 817/2017 do MME, onde o Senhor Ministro de Minas Energia Fernando Coelho Filho apresenta esclarecimentos a respeito da proposta de privatização da Eletrobrás, fazendo questão de destacar que fora sugerida por Wilson Pinto Júnior (3G) tendo como base “contribuições” de estudos realizados pelos analistas do próprio Grupo 3G.
Segundo as denúncias, tratou-se de mera encenação, montada em comum acordo pelo Ministro e pela Eletrobrás. O Ministro mandou o Ofício, a Eletrobrás transformou em comunicado ao mercado. O primeiro objetivo foi pressionar o Congresso e o presidente.
O segundo objetivo é mais danoso. Segundo as denúncias, seria uma tentativa de imputar à própria Eletrobras os custos, multas e processos judiciais, com o uso de informação privilegiada, principalmente se a privatização der para trás, quando o TCU, o Ministério Público e a CVM oficializarem os gestores da Eletrobras.
Assim, os processos voltar-se-ão contra a própria Eletrobras e não contra a União ou contra os CPF’s do Ministro, do Paulo Pedrosa e do presidente da Eletrobras.

Peça 4 – as perdas para o país

Com a privatização da Eletrobras, a Chesf perde a totalidade de sua capacidade de geração. Furnas perde metade e a Eletronorte, com a perda de Tucuruí, fica sem 90% da capacidade de geração.
Mais: sem a energia contratada dessas empresas, haverá uma explosão das tarifas das distribuidoras.
Esse modelo de descontratação foi aplicado em diversos países europeus. Quase dobrou as tarifas em euros constantes em diversos países, incluindo Alemanha, Dinamarca e Grã-Bretanha.
Custou 300 bilhões de euros na Alemanha em 20 anos. Mais de 3 bilhões por ano na França. Taxas que representavam 18% do preço ao consumidor na França há 10 anos, hoje representam 35%.
Por isso mesmo, há uma revisão desse modelo nos principais países do mundo.
No Brasil, é tudo questão de negócios.
Seria conveniente que o Ministério Público Federal e o próprio Supremo Tribunal Federal montassem audiências com técnicos independentes, antes que os prejuízos para o país se tornam irreversíveis.

Nando Moura me processou e perdeu.

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terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Ex-ministro de FHC diz que 'São Paulo é uma grande praça de lavagem de dinheiro'

Ex-ministro de FHC diz que 'São Paulo é uma grande praça de lavagem de dinheiro': Da Rede Brasil Atual: O cientista político Paulo Sérgio Pinheiro, ministro de Direitos Humanos do governo de Fernando Henrique Cardoso, é o convidado desta terça-feira (27) do programa Entre Vistas, na TVT. O programa, apresentado pelo jornalista Juca Kfouri, vai ao ar às 21h. Pode ser visto no canal digital 44.1, nos canais da emissora no Youtube e Facebook. …

O cantar das calopsitas e a caixa de Pandora. Por Mauro Santayana

O cantar das calopsitas e a caixa de Pandora. Por Mauro Santayana: PUBLICADO NO FACEBOOK DE MAURO SANTAYANA Dizem os proprietários de passarinhos – entre os quais não me incluo, já que não prenderia ninguém a não ser que fossem esgotados definitivamente todos os recursos de defesa – que as calopsitas, quando começam a gritar e a se agitar, ou estão chamando o dono, ou tentando dizer alguma coisa. …

Jandira: o comando do tráfico não está nas favelas!

General do Exercito divulga as medidas da Intervenção Federal no Rio de ...

POLÍTICA - O velho estilo militar.


Militares: Brasil se encontra com o passado na sombra de um governo indecente. Por Joaquim de Carvalho

 
O interventor federal Braga Netto: não demora muito e ele já estará mandando jornalista calar a boca
Não poderia ser pior o reencontro dos militares com a imprensa, para tratar de assuntos que dizem respeito à vida civil: a segurança pública. O interventor militar Walter Souza Braga Netto encerrou a entrevista com uma repreensão aos jornalistas que, por dever de ofício, faziam mais perguntas:
“Senhores, no grito não funciona.”
Não havia grito, apenas o interesse por respostas, mas, pelas regras impostas pelo general para a entrevista, não houve tempo para todos os esclarecimentos.
A entrevista durou 30 minutos, houve número determinado de perguntas e algumas foram feitas por escrito.
Foi como ser obrigado a rever um filme ruim.
Em alguns momentos, lembrou o triste episódio de 1983, em que um repórter, depois de desistir de uma entrevista em que o general Newton Cruz não respondia às suas perguntas, desligou o gravador e saiu. 
O general o perseguiu, o segurou pelo braço e, diante de todos, o obrigou a pedir desculpas (vídeo abaixo). Eram os últimos meses da ditadura militar, diferentemente de agora, quando se inicia um ciclo estranho, do tipo em que todos sabem como começa, mas ninguém sabe exatamente como termina.
O general Braga Netto disse que a intervenção no Rio é um laboratório — sim, local onde se faz experiência. Se der certo, se espalha pelo Brasil.
Houve reação foi imediata. “Cada vez mais preocupante para a democracia. A militarização avança sem pudores”, disse Guilherme Boulos, através do Twitter.
O general, com sua grosseria e aparente incapacidade de se relacionar com a imprensa, foi para um dos assuntos mais comentados do Twitter na manhã de hoje, ao mesmo tempo em que, em Brasília, tomava posse do Ministério da Defesa o general Joaquim Silva e Luna, o primeiro militar a assumir a pasta desde que ela foi criada, em 1999.
O Brasil assume outra cara, e ela feia, e preocupante.
O que estava ruim piorou.
O Ministério da Defesa foi criado no governo de Fernando Henrique Cardoso como uma tentativa de alinhar as forças armadas ao interesse estratégico do País, e em sua concepção a ideia era manter um civil para chefiá-lo.
O diplomata Ronaldo Sardenberg, então ministro dos Assuntos Estratégicos, participou da criação do Ministério, mas não pode assumi-lo, como era esperado, em razão da oposição dos militares.
“Recebi o Sardenberg, pessoa de quem gosto, homem ponderado, ele seria um bom ministro da Defesa, os militares não querem. Querem Élcio Álvares, porque é mais negociador e eles vão ter mais margem de manobra”, observou Fernando Henrique Cardoso em seu diário.
No dia em que assinou o decreto que criava a pasta, em 21 de novembro de 1999, enfrentou a cara feia dos chefes da Aeronáutica, Exército e Marinha.
“Assinei uma lei complementar para a criação do Ministério. Não estavam contentes, embora as informações que recebi do Clóvis tenham sido de outra natureza. Houve convergência, mas não me pareceu tanta alegria assim. Depois conversei com Sardenberg, que também estava na reunião, e ele disse que ele e o Clóvis, mais este do que ele, cederam muito e que não via razão para os ministros se preocuparem. A preocupação tem a ver, naturalmente, com esse fato histórico e importante que é a criação do Ministério da Defesa para substituir os ministros militares”, afirmou.
A rigor, os militares brasileiros sempre tiveram dificuldade de se submeter a um comando que não fosse militar.
Da revisão da lei de anistia à criação do Ministério da Defesa, sempre colocaram obstáculos, como se fossem uma casta intocável numa república.
Inadmissível.
O Brasil se encontrou com seu passado na sombra de um governo cujo melhor definição é: indecente.
O governo Temer não é fraco, é imoral, na justa medida da imoralidade: faz qualquer negócio para se manter.
E para se manter, abriu as portas da caserna, para colocar de volta nas nossas vidas servidores públicos que se comportam como se estivesse acima do bem e do mal, acima das leis.
E que se acham em condições de impor regras para prestar esclarecimentos:
“No grito, não funciona”, bradou o general.
Não demora muito e logo ele mandará jornalistas calar a boca.