domingo, 30 de setembro de 2018

Altamiro Borges: Quem botou a cabeça de Bolsonaro pra fora?

Altamiro Borges: Quem botou a cabeça de Bolsonaro pra fora?

POLÍTICA - Tempo de espera.

Janio de Freitas

A chegada da semana final de campanha leva Jair Bolsonaro e Fernando Haddad ao ponto culminante do seu suspense, ambos postos como alvos de possíveis artimanhas eleitoreiras, que já vimos tantas. Pela primeira vez, e com outro motivo, o suspense está disseminado também em grande parte do eleitorado, como receio de uma intervenção golpista, militar ou não. Perdidas as ilusões, em suas ansiedades os candidatos e eleitores dão a medida da distância a que continuamos de um regime eleitoral sério, passados quase 30 anos desde a primeira eleição presidencial pós-ditadura.

Em eleições anteriores, os tribunais se sujeitaram a acusações de omissão, por indolência ou conivência.

A atualidade é mais grave: as hipóteses de transtorno, até que haja a posse, incluem a magistratura e o Ministério Público nas potenciais fontes de complicações maiores. É a consequência lógica do acúmulo de fatos em que o Judiciário se confundiu com as forças políticas, fosse por decisões cabíveis ao Congresso, fosse por agir como parte da competição político-partidária. Difundiu-se a imagem dos tribunais em aliança com forças pouco afeitas ao regime de Constituição democrática.

Agora mesmo, o Supremo Tribunal Federal, por 7 votos a 2, nega o direito de votar aos que tiveram o título cancelado por falta ao recadastramento, que os tornaria identificáveis por biometria (características físicas). São 3,4 milhões de cidadãos retirados da eleição. A maioria no Norte e Nordeste. É dispensável a indicação do candidato mais prejudicado, por desfrutar da preferência naquele eleitorado.

A exigência do recadastramento foi imposta sob formidável bagunça. Não houve publicidade suficiente ao eleitorado. Na argumentação vitoriosa, houve informação incluída em boleto de IPTU — IPTU nas favelas? Nas contas de água e luz nas favelas e pelo interior do Nordeste e do Norte? Ah, em estádios de futebol também, como se todos os eleitores morassem em áreas urbanizadas e frequentassem estádios, para facilitar o voto de sete ministros do Supremo. A diferença de prazos e modos, nas regiões eleitorais, foi um fator de confusão nas cidades onde parte do eleitorado soube da convocação.

Depois de tantos precedentes sugestivos de decisões politicamente influenciadas, o corte de eleitores, onde e como se deu, só pode fortalecer a inclusão do Judiciário na centúria inquietante.

À parte essa face da decisão, é no mínimo incongruente que a falta de recadastramento biométrico casse o direito ao voto quando a outros é possível votar mesmo sem título, só com a carteira de identidade (ou RG). Além disso, a adoção incompleta da biometria submete as eleições a dois sistemas eleitorais, e respectivas fiscalizações.

O visto e o vivido nas eleições anteriores não serviu para aperfeiçoar as vindouras. As deformações foram tomadas como experiência adquirida para ampliá-las.

sábado, 29 de setembro de 2018

Programa Haddad Presidente pela Educação

Altamiro Borges: O perigo mora no suposto “centro”

Altamiro Borges: O perigo mora no suposto “centro”: Por Marcelo Zero A candidatura Bolsonaro sustenta-se somente em três sentimentos básicos: insegurança, ressentimento e ódio. Associ...

Altamiro Borges: Bolsonaro solta a direita e esfarela o PSDB

Altamiro Borges: Bolsonaro solta a direita e esfarela o PSDB: Por Ricardo Kotscho, em seu blog : De onde vieram os votos que garantiram a liderança de Bolsonaro nas pesquisas com índices próximo...

Altamiro Borges: Fux toma decisão típica de ditaduras

Altamiro Borges: Fux toma decisão típica de ditaduras: Por Kennedy Alencar, em seu blog : O ministro do STF Luiz Fux matou no peito, contrariando a Constituição e precedentes legais, afrontan...

Bernie Sanders divulga vídeo em apoio a Lula e contra o fascismo de Bols...

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

E se Bolsonaro não estiver no segundo turno?

PETROBRAS - Mais um crime de lesa-pátria.

O melancólico velório do ‘vende-pátria’

Faltam três meses para terminar o governo mais rejeitado e detestado pela população desde Sarney, Michel Temer e Moreira Franco consumaram mais um crime de lesa-pátria.
Venderam, para arrecadar R$ 6,8 bi e “fechar o caixa” do Governo, jazidas imensas de petróleo.
Metade foi paga pela Shell e pela Chevron, para levar a área de Saturno com seus  8,3 bilhões de barris estimados em reservas.
Outro tanto, quase, foi o trocado pago pela Exxon e pela QPI, do Qatar, para abocanharem Titã, outra mega-reserva de 4 bilhões de barris.
A Petrobras ficou com a merreca, uma área com estimativas de 1 bilhão de barris, o  Sudoeste de Tartaruga Verde, que provavelmente será unitizada com a área principal, já operada pela empresa desde junho deste ano.
A machete do Valor Econômico resumiu bem suavemente: ” Estrangeiras dominam rodada do pré-sal; Petrobras perde protagonismo”.
Perdeu foi petróleo e dinheiro e nós, brasileiros, perdemos com ela, pelo menos, algo como 4 bilhões de barris,  a preço de hoje  US$ 320 bilhões ou R$ 1,2 trilhão.
Porque, com a regra da partilha revogada pela dupla Temer-Moreira, seriam nossos no mínimo 30 por cento das áreas licitadas.
É inevitável que um novo governo chame estas empresas e negocie, ao menos, a entrada da Petrobras nos consórcios, se não for possível, simplesmente, reaver estas concessões imorais.

ESQUIZOFRÊNICA, A MÍDIA CHOCOU O OVO DA SERPENTE DO FASCISMO NO BRASIL.

Haddad: fim de 13º é o próximo passo da reforma trabalhista

Bob Fernandes/Eleição ainda em aberto, antevéspera de "vésperas de sangue"

POLÍTICA - Uma visita ao acampamento Lula LIvre.

Uma visita ao acampamento dos irredutíveis lulistas em Curitiba

Veja como é o lugar onde estão alojados os defensores do ex-presidente preso, nas proximidades da Superintendência da Polícia Federal

FOTOS: CYNARA MENEZES
Cynara Menezes 
27 de setembro de 2018


   

Há quase 200 dias, desde que Lula foi levado para as masmorras do juiz Sergio Moro em Curitiba, que um grupo de pessoas, a maioria delas do MST (Movimento dos Sem-Terra), se reveza em vigília ao ex-presidente nas proximidades da Superintendência da Polícia Federal. Aproveitei que fui fazer uma oficina para jovens sindicalistas na capital paranaense e visitei o lugar onde estes irredutíveis lulistas esperam seu líder ser libertado.
Na verdade, há vários pontos de apoio a Lula perto da PF, e eu visitei três deles. Bem em frente à Superintendência fica a Vigília Lula Livre, que é onde são dados os bom dias, boa tardes e boa noites ao ex-presidente, com a providencial ajuda do pintor Adinaldo Aparecido Batista, o Batista do Megafone, que partiu para lá de Limeira, São Paulo, no mesmo dia da prisão, em 7 de abril. “Aqui eu tenho tudo, comida, dormida. Só saio daqui quando soltarem o Lula”, diz.
Os famosos que chegaram para visitar o petista, como o prêmio Nobel da Paz Adolfo Perez Esquivel, o linguista e ativista Noam Chomsky, e o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica, foram recebidos ali. O local, alugado pela campanha de resistência para evitar problemas com os vizinhos, é bem simples. Tem algumas cadeiras, um posto de saúde e algumas barraquinhas para venda de camisetas e bonés. O dinheiro obtido é revertido para os gastos com a Vigília, sobretudo alimentação. Tudo está impecavelmente limpo e organizado.

VIRE À ESQUERDA

PAINEL COM AS FOTOS DOS VISITANTES

OS AVISOS NO POSTO DE SAÚDE

A PLACA COM OS DIAS EM QUE LULA PERMANECE PRESO

UMA DAS BARRAQUINHAS DE CAMISETAS

O BORDADO QUE DECORA A VIGÍLIA
A uma quadra dali fica o Espaço Marielle Franco, onde acontecem cursos de formação para os militantes que permanecem acampados apoiando Lula. Lá, os sem-terra ergueram uma casa para alojar o pessoal, já que a construção que havia no terreno estava destruída.

UM DOS CURSOS NO ESPAÇO MARIELLE FRANCO
Chegamos na hora do almoço e subia um cheiro delicioso da cozinha, onde Maria Maciel da Silveira, que mora numa ocupação em Curitiba, cuidava das panelas com o maior apuro: seguindo as normas da vigilância sanitária, ninguém entra na cozinha sem proteger o cabelo.

MARIA, A COZINHEIRA
Pergunto para Maria o que ela cozinha, se há algum cardápio diário. “Nós faz o que tem”, ela responde. A maior parte dos alimentos é doada, mas quando falta alguma coisa é preciso usar o dinheiro em caixa, também proveniente de doações, para fazer compras. Mas dá para mandar uma marmita pro Lula na cela? “Não pode, eles não deixam. Mas com certeza o cheiro ele sente.”

O COORDENADOR DO ESPAÇO MARIELLE, TILI CHÁVEZ
O teólogo Tili Chávez (em homenagem ao líder venezuelano) é o coordenador do espaço. Foi dele a ideia de fazer um mural no lugar, com personagens de esquerda. Além de Marielle, estão retratados Chávez, Fidel, Marx, Engels, Lenin, Rosa Luxemburgo, o papa Francisco… “Escolhi os personagens a partir de uma concepção de crítica e autocrítica da atual conjuntura e do pensamento da própria esquerda. Aqui temos não só um espaço de resistência à prisão do Lula, como de formação política, não tem nada de política partidária aqui.”
Tocador de vídeo
00:00
00:30
Os desenhos incrivelmente realistas foram executados pelo artista Tarcísio Leopoldo, do MST paranaense, com aerógrafo. Quando chegamos ele estava terminando o desenho do Che.

O ARTISTA TARCÍSIO…

…E O INACABADO RETRATO DO CHE
Há um canteiro com mudas de árvores nativas. Todos os dias é plantada uma árvore num terreno baldio mais abaixo, ao lado da escola municipal do bairro. Já foram, portanto, mais de 170 árvores até agora, praticamente um bosque do Lula. Uma das mudas foi plantada pela mãe de Marielle quando visitou o lugar.

MAIS DE 170 ÁRVORES FORAM PLANTADAS
A mais ou menos um quilômetro dali fica o Acampamento Marisa Letícia, em outro terreno que estava desocupado. No lugar, há barracas de camping onde dormem cerca de 40 pessoas, entre elas Maria Flor Guerreira, índia pataxó da Bahia. “Me formei em Ciências Sociais na UFMG graças ao Lula”, ela me diz. O grupo promove shows de música, debates e apresentações de teatro para entreter a turma e manter a mobilização.

A ENTRADA DO ACAMPAMENTO
Maria Flor me mostra o local, também muito bem cuidado e capinado, com jardins e horta mantidos por eles. Em volta da horta, ciscam o galo Zé Dirceu e a galinha Carmen Lúcia. Os banheiros estão limpíssimos, assim como os lençóis e colchões das barracas.

OS JARDINS DO ACAMPAMENTO

OS OCUPANTES SÃO CAPRICHOSOS

AVISO NO BANHEIRO

UM DOS BANHEIROS
Apesar da precariedade, tudo parece bem aconchegante. “A gente é pobre, mas é limpo”, brinca Maria Flor.

MARIA FLOR E CARMEN LÚCIA

O GALO ZÉ DIRCEU
Do acampamento já saiu uma candidata a deputada estadual pelo PT, Edna Dantas, que pretende se tornar a primeira negra a se eleger para a Assembleia Legislativa do Paraná, onde 30% da população se declarem pretos ou pardos.

A LÍDER DO ACAMPAMENTO E CANDIDATA EDNA DANTAS
Na frente do terreno onde está o Acampamento Marisa Letícia tem uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, que já estava ali quando eles chegaram. Coincidentemente, Aparecida era a santa de devoção de Marisa…

A APARECIDA JÁ ESTAVA NO LOCAL
Para doar à Vigília Lula Livre, clique aqui.

Bob Fernandes/...E a semente do fascismo desabrochou...

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Ultraliberalismo de Bolsonaro não cabe no Brasil, diz economista - Portal Vermelho

Ultraliberalismo de Bolsonaro não cabe no Brasil, diz economista - Portal Vermelho: O economista Sergio Vale, que comanda a consultoria MB Associados, avaliou nesta quinta-feira, 27, que as propostas econômicas do candidato do PT a presidente, Fernando Haddad, terão peso para derrotar o candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro (PSL).

#EleNão: UBM convoca mulheres para as ruas dia 29 - Portal Vermelho

#EleNão: UBM convoca mulheres para as ruas dia 29 - Portal Vermelho: A União Brasileira das Mulheres (UBM) publicou um vídeo chamando todas as mulheres para irem ás ruas dizer #EleNão neste sábado (29).

PETROBRAS - Novo leilão.


Novo leilão da Petrobras, maná para as petroleiras


As empresas irão lucrar, estima-se, até 3 trilhões de reais.

Por Eduardo Costa Pinto*

Foto: FUP
  
Na sexta-feira 28, a Agência Nacional do Petróleo realizará a 5ª rodada de partilha para a exploração e produção de petróleo e gás natural no pré-sal.

Serão licitados quatro blocos (Saturno, Titã, Pau-Brasil e Sudoeste de Tartarura Verde) que abrangem uma área de 2.864 quilômetros quadrados e com capacidade de óleo recuperável estimado (in situ não riscados) de 17,39 bilhões de barris. O valor arrecadado com o bônus de assinatura pode alcançar o montante de 6,82 bilhões de reais caso todos os blocos sejam adquiridos. 

Esse volume estimado de óleo recuperável para os quatro blocos representa hoje – considerando o câmbio de 4,10 reais por dólar e o preço do petróleo Brent de 80 dólares por barril – uma riqueza potencial da ordem de 5,7 trilhões de reais (86% do PIB brasileiro em 2017). Mas será viável economicamente extrair essa riqueza enterrada abaixo de 7 mil metros na camada pré-sal?

Há pouco tempo a mídia e alguns especialistas da área de energia questionavam a viabilidade econômica do pré-sal. Em editorial de 20 de dezembro de 2015, o jornal O Globo afirmou que o pré-sal poderia ser um patrimônio inútil. O ex-presidente da Petrobras, Pedro Parente, quando assumiu a empresa, afirmou que “houve certo endeusamento do pré-sal”.

Em menos de três anos, O Globo estampou (em 16 de julho deste ano) na capa do caderno Mercado a seguinte manchete: “Pré-sal de Ouro”. Muitos especialistas passaram a afirmar que o pré-sal se tornou a mais importante região petrolífera do mundo e com custos de exploração decrescente em virtude da alta produtividade dos poços, da melhora na eficiência operacional e da elevada taxa de sucesso na exploração. 

Chama atenção que essa mudança na avaliação do pré-sal somente tenha ocorrido depois do golpe parlamentar de 2016 e das profundas mudanças regulatórias que beneficiaram as petroleiras internacionais (retirada da Petrobras como operadora única, redução da exigência do conteúdo local e ampliação do Repetro, que ampliou a redução de tributos para as importações de máquinas e equipamentos para o setor).

O pré-sal, desde a sua descoberta, sempre foi viável economicamente. Ficou ainda mais evidente com o avanço da exploração e desenvolvimento dos blocos. Em março de 2016, a apresentação do balanço da Petrobras de 2015 deixava muito claro, ao destacar que projetos do pré-sal apresentavam as maiores produtividades mundiais e custos decrescentes. Não por acaso, os projetos atuais no pré-sal são competitivos com os desenvolvidos no Oriente Médio que possui os menores custos de produção.

Com isso, a produção no pré-sal gerará enormes excedente/lucro econômico –a diferença entre o preço de mercado do petróleo e os custos de produção – que estão e serão disputados por diversos segmentos nacionais e estrangeiros.

Ou seja, o argumento que somente com as mudanças regulatórias haveria atração das petroleiras internacionais para investir no pré-sal é uma falácia. Essa abordagem, na contramão dos interesses nacionais, desfrutou de forte apoio dos meios de comunicação e do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, que tem como associados as principais petroleiras internacionais.

No caso específico dos quatro blocos ofertados na 5ª rodada de partilha, o excedente estimado é da ordem 3,7 trilhões de reais a valor presente. Esse montante é obtido pela diferença entre a riqueza potencial (volume estimado x preço do Brent x taxa de câmbio = 5,7 trilhões de reais) e os custos dos projetos com investimentos, operacionais e tributos (volume estimado x break even = 2,1 bilhões).

Para esse cálculo, os seguintes dados correntes foram utilizados: i) preço do Brent de 80 dólares; (ii) taxa de câmbio de 4,10 reais por dólar; e (iii) break even de 30 dólares por barril (preço mínimo a partir do qual a produção é economicamente viável levando em conta os investimentos, custos operacionais e tributação a valor presente) que é o divulgado pela Petrobras para os seus atuais projetos no pré-sal.

Na atual rodada, o modelo de contrato de exploração é o de partilha, cujo critério de decisão do leilão é dado pela parcela do excedente óleo destinado à União.

A ANP estabeleceu os seguintes percentuais mínimos: 17,5% para Saturno, 9,5% para Titã, 24,8% para Pau-Brasil e 10% para Sudoeste de Tartaruga Verde. Caso todos os blocos sejam arrematados pelo percentual mínimo, a União irá obter cerca de 700 bilhões, ao passo que as petroleiras obterão 3 trilhões de lucro.

Com o atual preço do petróleo e com a estrutura de custos dos projetos no pré-sal, as áreas arrematadas deverão apresentar um ágio elevado. Mesmo assim ainda garantirá uma expressiva apropriação da renda pelas petroleiras, em especial as estrangeiras.

Além da questão da viabilidade econômica, outro ponto muito debatido entre os especialistas da economia da energia diz respeito à velocidade de exploração do pré-sal e, consequentemente, do cronograma de leilões que foi acelerado após 2016.

Muitos analistas, assim como o IBP, defendem essa estratégia, pois acreditam que ocorrerá a partir de 2030 uma redução contínua da demanda de petróleo (peak oil demand) em virtude do crescimento de energias alternativas para o transporte automotivo (expansão do carro elétrico).

Com isso, os preços do petróleo apresentariam uma tendência de queda, reduzindo a capacidade de geração de excedente nos projetos do pré-sal. Ou seja, quanto mais rápido explorar maiores seriam os ganhos. E como a Petrobras não tem capacidade financeira para explorar o pré-sal de forma acelerada, a melhor opção econômica seria incentivar a entrada de petroleiras estrangeiras.

É evidente que a utilização de fontes alternativas no transporte automotivo pode alterar o consumo do petróleo num determinado momento do tempo, dada uma determinada trajetória tecnológica, economia e institucional/política. A previsão de um peak oil demand para 2030 é, porém, um cenário pouco provável.

Documento da BP (Peak oil demand and long-run oil prices de 2018) afirmou que: i) caso a demanda de petróleo atinja uma pico, é incerto prever quando isso pode ocorrer dada as suposições dos cenários de previsão; e ii) mesmo que a demanda de petróleo alcance esse pico, o mundo continuará consumindo grandes quantidades de petróleo.

Ou seja, o petróleo continuará por um bom tempo como importante recursos estratégico. Nesse sentido, a teoria do peak oil demand para 2030 tem sido utilizada no Brasil como instrumento política para legitimar a ampliação da apropriação dos excedente do pré-sal pelas petroleiras estrangeiras.

Dado o grande potencial atrativo dos leilões do pré-sal (custos de exploração decrescente e elevada taxa de sucesso exploratório), as mudanças regulatórias adotadas após 2016 significaram a seção de enormes massas de excedente para as empresas petroleiras internacionais em detrimento da redução dos ganhos para o Estado que poderia usar esses recursos para obtenção de avanços tecnológico, industrial e social.

Em linhas gerais, a ampliação das petroleiras estrangeiras na exploração do pré-sal está muito mais associada à pressão por elas exercida, desde a descoberta dessas reservas, do que fruto de medidas institucionais e setoriais voltadas ao aumento da concorrência que supostamente provocaria um aumento do bem-estar para todos.

Somente no Brasil, sob profunda crise institucional, a teoria do peak oil demand consegue dar legitimidade para que as petroleiras possam obter até 3 trilhões de reais de lucro em uma única rodada. 

* Professor do Instituto de Economia da UFRJ e pesquisador do INEEP/FUP.

Quem botou a cabeça do Bolsonaro pra fora?

Villa cai na própria casca de banana que jogou em Dilma

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

POLÍTICA - As mulheres na frente.


AS MULHERES NA FRENTE

Elaine Tavares, no seu Blog



Nesse sábado, 29, as mulheres brasileiras mostrarão sua força, manifestando-se em todo o país contra a fascistização da vida representada pela figura do Bolsonaro. Uma mobilização única, original e poderosa, que unifica os contrários e coloca as gentes em luta contra a violência e o ódio ao outro.

Lembro como se fosse hoje a passeata, em Florianópolis, em 20 de junho de 2013. Era o auge dos protestos contra a corrupção - início da batalha contra o governo petista -  e a capital viu saírem às ruas pessoas que sempre jogaram pedra nos manifestantes tradicionais. O protesto juntou mais de 30 mil almas, coisa nunca vista. A RBS, rede catarinense filiada a Globo, transmitia ao vivo. Estranhamente não chamava ninguém de “baderneiro”. Naqueles dias, a classe dominante dava sua bênção para a ocupação das ruas, a Globo chamava ao civismo e  as pessoas acorreram aos borbotões.  

Eu lá estava com os companheiros de sempre. E, aturdida, via as pessoas manifestarem seu ódio contra os militantes de partidos políticos e movimentos sociais. Ou seja, nós. A passeata virou uma batalha, na qual jovens vestindo camiseta – doada por partidos de direita – com inscrições contra a corrupção berravam: “sem partido, sem partido”, e enfrentavam os militantes que se agrupavam com suas bandeiras. Exigiam, de forma violenta, que fossem baixadas as bandeiras partidárias e que a passeata seguisse como uma gosma informe. Uma falsa gosma, pois como disse, os partidos de direita estavam ali, distribuindo camisetas e insuflando a massa contra os partidários da esquerda. Apenas não carregavam bandeiras, porque nunca o fizeram. Eles agem nas sombras.

Aproximei-me de umas jovens “encamisetadas”, que gritavam alucinadas, com olhos em brasa, contra as bandeiras de partidos de esquerda. E perguntei:

- Por que vocês são contra os partidos?

- Hã? É, porque é sem partido, ora!

- Sim, mas por quê?

- É sem partido e pronto. Não fazemos política. Tu tem partido? – inquiriram e me encararam, agressivamente.

Naquele dia, uma massa furiosa nos atacou e obrigou que os grupos embandeirados se descolassem da passeata, seguindo na frente. Escancarava-se a luta de classes e o ovo do fascismo que tomou conta do país estava posto. 

Lembro que comentei com vários companheiros sobre o que estava começando ali. No dizer de Adorno, o fascismo é um vírus que existe latente, em cada um. Diz ele que dadas as condições, ele brota, forte, e se espalha incontrolavelmente. Eu via aquilo na passeata. Um ódio irracional na massa, mas extremamente racionalizado nas direções políticas da direita. Um processo de construção de um consenso que foi crescendo, se consolidando e acabou no impedimento da presidenta Dilma. Jogada de mestre.

As atitudes fascistas também se consolidaram e seguiram a todo vapor. Ações truculentas de membros da justiça, total abandono das leis burguesas, agressões a gays, lésbicas, mulheres, estudantes, professores. Qualquer pessoa identificada como “petista” ou “comunista” passou a ser apontada como um mal. E as ameaças de consolidação de um regime de força foram se fazendo sem freio. Eu que vivi a ditadura militar, como criança e adolescente, lembro muito bem o terror vivido pelas famílias que tinham qualquer posição crítica ao regime. Os vizinhos vigiavam e acusavam anonimamente, muitas vezes se aproveitando da denúncia de “comunista” para vinganças pessoais. Era um tempo de vigilância e de medo. Não se podia pensar. Só dizer sim, sim, sim, ao regime. 

O crescimento das atitudes fascistas praticadas por pessoas comuns, gente “de bem” me preocuparam e provoquei amigos, partidos, movimentos, sem resposta. Estaríamos caminhando para um tempo de fascismo? O que poderia acontecer caso tudo isso se fortalecesse e crescesse sem parar?  Pensava que havia que botar freio a essa fascistização da vida ou ela se espalharia como rastilho de pólvora, no fundamentalismo do terror. Acreditava que era preciso juntar forças com as mulheres, os negros, índios, trans, trabalhadores formais, informais, homossexuais, enfim, todos os oprimidos pelo capital e pelo patriarcado. Uma luta de todos nós. 

Mas, naqueles dias era arar no deserto. Nada vingou e a onda foi crescendo.

Agora, às vésperas da eleição, quando essa ameaça iniciada lá em 2013 se concretiza numa candidatura específica, a de Bolsonaro, pronta para assumir o comando do país, fortalecendo ainda mais as práticas fascistas, foram as mulheres que, entendendo a gravidade das coisas, decidiram agir. Uma ação que começou pelas redes sociais, com as brincadeiras de sempre, mas foi crescendo e se fazendo real na vida mesma. A mulherada passou por cima das diferenças partidárias, dos pequenos poderes, de tudo. E, uma a uma, foram dando-se as mãos contra o “coiso” numa demonstração inequívoca de inteligência e numa estratégia perfeita que, sistematicamente, tem conscientizado pessoas e derrubado os índices do candidato.

Agora, nesse sábado, dia 29, toda essa intensa mobilização internética se expressará nas ruas, na luta concreta contra a fascistização da vida que é o que representa a candidatura Bolsonaro. Em Florianópolis, o encontro será em frente a Catedral, às 15 horas. E as mulheres se juntarão para dizer que “ele, não”. Cada uma terá lá no seu coração o seu candidato, de centro, de esquerda, e talvez até de direita, mas cada uma sabe que algumas coisas precisam ser banidas da face da terra. Tais como o racismo, o preconceito e ódio pelo diferente. 

Nesse sábado, em todo o Brasil as mulheres marcharão. Estarão juntas, e mostrarão sua força. Tenho esperanças que nas eleições essa proposta seja derrotada. E creio que será. Mas, ainda assim será necessário seguir juntas, no mesmo movimento, porque o fim do pleito não colocará fim nessa serpente insidiosa que já vive entre nós. Um grande estrago foi feito e há ainda um longo trabalho por fazer. Trabalho real, para além das eleições. Que a unidade feminina permaneça, porque está sendo uma bela lição. 

Bob Fernandes/...E a semente do fascismo desabrochou...

O MEDO DA VITÓRIA DE HADDAD ATIÇA O TERRORISMO DO MERCADO

Safatle: "Há um golpe militar em marcha no Brasil hoje"

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Altamiro Borges: A força de Lula. E agora, Moro?

Altamiro Borges: A força de Lula. E agora, Moro?: Por Ricardo Kotscho, em seu blog : A maior prova de que a batalha eleitoral está sendo vencida pelo PT, como mostrou o novo Ibope, é o d...

Altamiro Borges: Os heróis da Globo morreram de overdose

Altamiro Borges: Os heróis da Globo morreram de overdose: Por Fernando Brito, no blog Tijolaço : Quatro horas atrás, o colunista Ricardo Noblat postava no Twitter (veja aí em cima) a “quase premon...

"Ele parou de crescer", diz Reinaldo Azevedo sobre desempenho de Bolsonaro

domingo, 23 de setembro de 2018

POLÍTICA - Possíveis armações na véspera das eleições para prejudicar o PT.



Luis Nassif


Indício 1 – a manipulação recorrente na véspera das eleições


Na véspera das eleições de 2014, a revista Veja produziu uma matéria falsa, de capa, com supostas informações de que Lula e Dilma teriam participado dos esquemas de propinas para financiamento de campanha. Foi uma jogada articulada em que, adicionalmente à revista, foram impressas e distribuídas milhões de capas da revista.
Tratava-se claramente de um crime eleitoral. No jantar da posse de Dilma Rousseff, compartilhei uma mesa com o Procurador Geral da República Rodrigo Janot. Indaguei se não seria tomada nenhuma providência em relação ao vazamento. Dois crimes teriam sido cometidos: o suposto vazamento de uma delação mantido sob sigilo; e a manipulação da declaração.
Janot tirou o corpo, alegando que provavelmente o vazamento foi produzido pelos advogados do réu. E ai? Cometeu crime do mesmo modo. O MPF não iria apurar? O PGR mudou de assunto.
Há um histórico de manipulações midiáticas nas vésperas de cada eleição. Relembrando as mais notórias
  1. Sequestradoras de Abilio Diniz aparecendo nas fotos com camisas do PT, enfiadas neles pela Polícia.
  2. Armação da Lunnus, que acabou com a candidatura presidencial de Roseane Sarney, envolvendo José Serra, procurador da República, delegado da Polícia Federal e Globo.
  3. Episódio dos aloprados nas eleições de São Paulo, envolvendo Polícia Civil, José Serra e Globo e valendo-se do mesmo cenário, de notas arrumadas em pacote servindo de fundo para a gravação.
  4. Bolinha de papel, na encenação grotesca de José Serra, envolvendo Serra e Globo..
  5. Operações com estardalhaço na AP 470 e na Lava Jato, sempre em fases decisivas do período eleitoral, aí mostrando a participação direta do MPF e da PF, e não mais ações isoladas, como a da Lunnus.
Portanto, tem-se um padrão claramente definido, nas eleições brasileiras, possível dentro de um ambiente de cartelização da mídia, de criação de factoides visando interferir indevidamente nas eleições.

Indício 2 – os factoides de 2018


Há dois factoides possivelmente sendo guardados para a reta final das eleições: ou do 1º turno ou do 2º turno, tal a confusão de possibilidades.
Um, é a undécima repetição da delação de Antônio Palocci, agora pelo Ministério Público Federal do Distrito Federal, o mais partidarizado depois de Curitiba. O STF (Supremo Tribunal Federal) já havia começado a questionar o escândalo de delações declaratórias, sob pressão, sem a apresentação de provas.
A Lava Jato cozinhou o  “espertíssimo” Palocci em banho-maria. Fê-lo dar declarações autodesmoralizantes, seguindo o script de um brilhante roteirista curitibano – que incluiu até um “pacto de sangue” entre Emilio Odebrecht e Lula na conversa. Palocci pagou na frente e não levou. Os procuradores já tinham obtido o que queriam – manchetes jornalísticas contra o adversário político
Agora, repete-se o jogo. Palocci entrega na frente, procuradores e delegados atropelam os regimentos e divulgam para a mídia, o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) aceita de forma complacente e atinge-se novamente o objetivo.
O segundo factoide é Adélio Bispo de Oliveira, o estaqueador de Bolsonaro.
Há uma série de fatores que conduzem a narrativas opostas, ambas perigosas:
Fator 1 – seu isolamento na cadeia, inclusive longe do contato com seus advogados.
Fator 2 – ainda não se saber quem banca os advogados e como apareceram no local em cima do fato.
Fator 3 – a atuação do delegado Francesquini (maior representante da ala barra-pesada da PF) pretendendo impedir entrevistas agora.
Fator 4 – a informação de que o juiz autorizou entrevista de Adélio à revista Veja na 6ª feira anterior ao dia da eleição.
Fator 5 – a primeira etapa das investigações constatou que Adélio agiu sozinho, tem problemas mentais e todos os indícios confirmam sua versão, a maneira como soube da visita de Bolsonaro a Juiz de Fora, seu aprendizado com facas em açougues etc. Em suma, nenhum indício de participação de outras pessoas. Mas, agora, anuncia-se o encerramento da primeira parte da operação e a abertura de uma segunda rodada, visando apurar a existência ou não de uma ação articulada.
A alegação do delegado Francesquini , para impedir a entrevista agora, foi a de não permitir que Adélio fale alguma coisa que prejudique Bolsonaro. Pode ser que sim.
Mas pode ser também para que não comprometa ou tire o impacto da última entrevista, onde poderia apresentar outra versão, em desenvolvimento até 6ª que vem, visando incriminar o PT e Lula. Do mesmo modo, o republicanismo exemplar das investigações da PF, até agora, pode ser apenas uma estratégia de despiste para o lance seguinte.
Em 2014, depois de intensa discussão, o Jornal Nacional não bancou a capa da Veja.
Agora, se tem a mesma revista, esvaindo em sangue, com dificuldades enormes em caixa, e com a possibilidade de interferir novamente nas eleições.
Para a última edição antes da votação do 1º turno, a revista tem dois materiais:
  1. A delação de Antônio Palocci aos procuradores do Distrito Federal. Esse material está há algumas semanas com ela. A demorar em divulgar ou se prende a negociações com alguns dos atingidos (BTG Pactual) ou visando soltar em cima das eleições.
  2. Na 6ª feira, a entrevista com Adélio, sabendo-se da histórica  capacidade da revista de manipular fatos.
Junto a isso, uma grande dificuldade financeira.

As saídas possíveis


No seu período de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Ministro Luiz Fux ameaçou as fakenews com os dardos do Olimpo. Envolveu ABIN, Polícia Federal, Ministério Público em uma equipe destinada a combater “antecipadamente” os boatos. E garantiu que eleição que fosse conquistada com notícias falsas seria anulada.
Deixemos as jactâncias de lado para analisar o que se apresenta.
Há a possibilidade concreta de um enorme fakenews espalhado pela mídia na véspera das eleições e, portanto, sem dar condições para que sejam desmentidos.
Há sinais concretos de que o principal instrumento de fakenews da última década, a revista Veja, está se preparando para abordar dois temas potencialmente explosivos.
Nos últimos dias, Ministros do STF passaram a criticar abertamente vazamentos e uso político das delações.
Para preservar um mínimo de seriedade dos tribunais superiores e dos Conselhos corporativos, duas medidas se fazem necessárias:
1ª Medida – a Procuradoria Geral da República (ah, bobagem!), digo o Conselho Nacional do Ministério Público expedir  uma notificação alertando para a proibição de divulgação de inquéritos ou delações, insistindo na possibilidade de crime funcional qualquer vazamento com implicações políticas.
2ª Medida – uma medida cautelar, impedindo a entrevista de Adélio na 6ª feira, devido ao pouco tempo antes da votação para que elas sejam checadas.