segunda-feira, 30 de abril de 2012

POLÍTICA - Brizola Neto e as eleições em SP.

Do blog do Ricardo Kotscho - R7

Brizola Neto, o PDT e as eleições em SP


Brizola Neto Brizola Neto, o PDT e as eleições em SP
Brizola Neto ao lado do ex-ministro do trabalho Carlos Lupi (Imagem: André Dusek/AE)
Quase ninguém se deu conta, a não ser o PDT, é claro, que o país estava faz cinco meses com um ministro do Trabalho interino chamado Paulo Roberto dos Santos Pinto.
Durante este tempo todo, o governo e o partido discutiram nomes para substituir Carlos Lupi, o presidente do PDT afastado do ministério em dezembro, após uma série de denúncias.
A presidente Dilma Rousseff queria desde o início indicar o deputado federal Brizola Neto, do PDT carioca, que ela conheceu durante a campanha presidencial de 2010, mas setores do partido, liderados pelo próprio Lupi, se opunham ao seu nome e defendiam outros.
Em seu blog, o "Tijolaço", o novo ministro do Trabalho defendia Dilma e desmascarava setores da imprensa que apoiavam José Serra sem muita sutileza.
Como Dilma não tem medo de cara feia de político nem da imprensa, ela simplesmente comunicou a Carlos Lupi, em reunião no Palácio do Planalto, na manhã desta segunda-feira, no meio do feriadão de 1º de Maio, que o nome escolhido era o de Brizola Neto.
Por trás da escolha do novo ministro, às vésperas do Dia do Trabalhador, está a disputa eleitoral em São Paulo. Tradicional aliado do PT, desta vez o PDT abriu negociações com os tucanos para apoiar José Serra, e mantém um pé em cada canoa.
No vôo de volta de Brasília a São Paulo, às nove da manhã da última quinta-feira, sentou-se atrás de mim o deputado pedetista Paulinho da Força, que não parou de falar um minuto para relatar ao seu interlocutor as negociações do PDT com "a Dilma" e "o Serra", tendo como pano de fundo a disputa paulistana.
Pela conversa, bastante contrariado com a demora em se chegar a um acordo para resolver a questão do Ministério do Trabalho, Paulinho, também ele anunciado como pré-candidato, parecia mais animado ao falar de Serra.
O problema para Dilma e Lula é que, até o momento, Fernando Haddad, o candidato do PT, ainda não conseguiu fechar nenhuma aliança para aumentar seu tempo de televisão. A nomeação de Brizola Neto pode agora facilitar as negociações com o PDT.
Falta ainda acalmar os "independentes" do PR, outro aliado descontente por não ter recebido de volta o Ministério dos Transportes, que também está com um interino desde o final do ano passado.
Como se vê, está todo mundo com um olho na Esplanada dos Ministérios e outro na disputa eleitoral em São Paulo.

POLÍTICA - O significado da indicação de Brizola Neto.

Do blog Luis Nassif on line


A nomeação de Brizola Neto para o Ministério do Trabalho permite uma leitura objetiva: a presidente Dilma Rousseff não se curvou aos riscos da CPI e vai pagar para ver.

Apesar de originalmente do PDT, Dilma conheceu Brizola Neto apenas na campanha de 2010. E reconheceu desde logo o papel eficiente que desempenhou com seu blog O Tijolaço.

Depois, deu tempo ao tempo, com seu estilo que vai se consolidando: em vez de movimentos bruscos, ações planejadas, lentas porém seguras.

Durante o dia, no Twitter liam-se mensagens de colunistas desdenhando a falta de formação acadêmica de Brizola Neto. Curiosamente, seu Tijolaço tem uma consistência e uma linguagem imensamente superior à da maioria dos colunistas – incluindo seus críticos.

No final da tarde, O Globo se valeu dos expedientes de sempre, dando voz apenas aos críticos de Brizola Neto e sonegando as declarações a favor.

Foi um lance consolidador e repleto de significados. No mesmo momento em que a velha mídia incensa como seu porta-voz  Miro Teixeira, do PDT, Dilma indica Brizola Neto, um dos críticos mais consistentes dos vícios do velho jornalismo, assim como seu avô.

POLÍTICA - A Globo não esquece o Brizola.

BLOG DO MELLO


Globo continua campanha contra Brizola Neto no Ministério do Trabalho. Logo, ele é o melhor nome
A presidenta Dilma deve anunciar agora pela manhã o nome do novo ministro do Trabalho. Uma lista com três nomes do PDT será levada à presidenta, entre eles o do deputado federal e nosso colega na blogosfera Brizola Neto.

O jornal O Globo vem fazendo campanha contra Brizola Neto há tempos. Merval, o Imortal, Pereira dedicou duas de suas colunas para atacar o neto do homem que levou Roberto Marinho e as Organizações Globo a moverem mundos e fundos para impedi-lo de chegar à presidência do Brasil, Leonel Brizola.

Os ataques de Merval foram devidamente respondidos pelo Tijolaço aqui e aqui.

Numa dessas respostas é reproduzido um comentário sobre Merval (e também sobre Ali Kamel), feito por Paulo Nogueira, ex-diretor editorial da Editora Globo:

“Merval é, basicamente, contra tudo que Lula fez, do Bolsa Família às cotas universitárias. Se Lula inventar a cura do câncer, Merval vai atacar. Seu poder de persuasão pode ser facilmente medido nas urnas. Se eu fosse candidato, torceria para que Merval fosse contra mim.

Ao lado de Ali Kamel, ele é um dos mais fiéis reprodutores do ideário da família Marinho. (Esperemos para ver se Kamel não vira futuramente um imortal.)

Numa carta célebre a um editor, o barão da imprensa Joseph Pulitzer disse o seguinte: “Espero que você pense, pense, pense!!! (…) Que compreenda que todo editor depende do proprietário, é controlado pelo proprietário, deve veicular os desejos e as idéias do proprietário. (…) Sua função é pensar, o mais próximo possível, no que você pensa que eu penso.”

Merval – e nem Kamel – teriam que ouvir isso. Lembro que, nas reuniões do Conselho Editorial da Globo das quais participei entre 2006 e 2008, os dois pareciam disputar entre si quem era campeão em pensar como a família Marinho pensa.“


Hoje, reportagem de O Globo sobre a lista para a escolha de Dilma solta o veneno contra o deputado: "Alguns pedetistas afirmam que se a escolha de Dilma recair mesmo sobre Brizola Neto, o nome preferido da presidente, a bancada romperia com o governo".

Como O Globo sempre esteve na contramão do Brasil, ao longo da história, se Brizola Neto é o pior para O Globo certamente é o melhor para o Brasil.

POLÍTICA - A CPI da Santa Aliança.

A Santa Aliança entre a velha imprensa e o crime organizado contra a democracia

by augustodafonseca13
Tudo aquilo que suspeitávamos está comprovado, com bastante precisão, nos documentos da Operação Monte Carlo.
Na verdade, apesar de estar convencido da vocação golpista da velha imprensa, contra as forças democráticas - desde sempre, mas especialmente durante a ditadura militar -, jamais consegui imaginar essa santa aliança com o crime organizado para derrubar os governos Lula e Dilma, eleitos e apoiados maciçamente pela população brasileira.
Esta CPI instalada no Congresso Nacional, por tudo que lemos nos tais documentos, deveria ser chamada de CPI da Santa Aliança, com foco nas relações criminosas e golpistas da Veja com o Carlinhos Cachoeira.
Mas não só a Veja, na medida que o Globo, a Folha e o Estadão, entre outros, utilizavam matérias da Veja, construídas com o apoio do crime organizado, para fustigar o governo Lula e, após (até agora), o governo Dilma e Agnelo (DF).
É uma situação tão absurda que não podemos nos calar, nem podemos deixar de atuar na internet e nas ruas, diante de tudo isso que veio à tona, por conta da Polícia Federal que, nos dois governos petistas, atua de forma autônoma e com o rigor necessário.
Todos ao tuíter com as hastags do dia, como #VejaBandida, #VejaGolpistas e que tais.
E vamos exigir que o Roberto Civita seja convocado a depor, para que a sociedade tenha a esperança de ecoar aos sete ventos: também no Brasil, o crime não compensa!

sexta-feira, 27 de abril de 2012

MÍDIA - Veja tenta escapar da CPI.

Do Blog do Miro
Por Sérgio Cruz, no jornal Hora do Povo:

Começa nesta semana a CPMI do “Cachoeiragate” que vai investigar as conexões do crime organizado chefiado por Carlinhos Cachoeira com o senador Demóstenes Torres (ex-Dem), a revista Veja, o governador tucano Marconi Perillo, além de outras falcatruas.

As gravações autorizadas pela Justiça, feitas pela Operação Monte Carlo, da PF, não deixam dúvidas de que Demóstenes agia politicamente para a organização criminosa de Cachoeira. Já a revista Veja, que tenta desesperadamente desviar o foco das investigações, não conseguirá escapar de explicar na CPMI os 200 telefonemas gravados entre a direção da revista e Cachoeira.

É claro que todas as conexões do Cachoeira serão investigadas. Não adianta Veja se apressar em querer pautar a CPMI dizendo que “o foco da investigações será a Delta”. A CPMI vai investigar a Delta, mas antes dela tem muita coisa grave envolvendo a própria revista, que precisa ser esclarecido. Quem trocou 200 telefonemas e armou “vários furos” com os bandidos, não tem como escapar das investigações. Assim como o Demóstenes, que, segundo as gravações, teria, entre outras coisas, recebido até R$ 1,5 milhão, de uma só vez, do bando de Cachoeira. Aquele mesmo Demóstenes que já integrava a quadrilha e assim mesmo foi brindado com uma capa da Veja, inclusive apresentado como “mosqueteiro da moralidade”. Também não adianta o resto da mídia silenciar sobre o envolvimento da Veja com os criminosos, como faz Globo e a Folha. Tudo vai ter que ser esclarecido.

E, se depender do deputado Fernando Ferro (PT-PE), Roberto Civita, o dono da revista, será um dos primeiros a ser convocados para prestar esclarecimentos sobre as ligações da Veja com o crime organizado. Em discurso da tribuna da Câmara o deputado afirmou que a revista Veja é “o próprio crime organizado fazendo jornalismo”. O parlamentar garantiu que assim que a CPMI for instalada, vai entrar com uma petição para convocar Civita. Em entrevista à Rede Brasil Atual, ele afirmou que a revista “fomentou, incentivou, financiou esses delinquentes a terem esse tipo de comportamento”, referindo-se à rede ilegal de atuação do contraventor Carlinhos Cachoeira.

“Cabe ao órgão de imprensa trazer esclarecimentos sobre essa relação, o porquê de tantos telefonemas identificados na investigação da Polícia Federal. Independentemente de quem seja, o Civita ou não, os responsáveis pela Veja terão de responder sobre isso”, afirmou Fernando Ferro. “É uma relação estranha, que tem laços de cumplicidade com esse submundo. Na verdade, isso vem lá de trás, em vários momentos. Essas denúncias espetaculosas da Veja, todas elas estão sendo lastreadas por esse processo de espionagem e arapongagem”, denunciou. “Essas ações da Veja têm tudo a ver com crime organizado, não com jornalismo”, disse Ferro.

Ninguém na comissão vai cair nessa história da carochinha, inventada pela revista, de que os telefonemas e os acertos feitos por Policarpo Jr. diretamente com Cachoeira ou com outros integrantes do bando faziam parte de seu “trabalho investigativo”. Além das animadas e comprometedoras conversas entre Cachoeira e o diretor da revista, as ligações flagraram também Policarpo encomendando diretamente os serviços sujos ao capanga de Cachoeira, o ex-agente Jairo Martins. A intimidade entre Jairo e Policarpo era tão grande, que, numa certa hora nas gravações, Cachoeira fica com ciúmes e aparece lembrando ao cúmplice quem era o chefe da quadrilha. “A gente tem que trabalhar com ele em grupo. Porque os grandes furos do Policarpo fomos nós que demos, rapaz”, lembra Cachoeira.

Outro que está na mira da CPMI é o governador tucano de Goiás, Marconi Perillo. A Polícia Federal identificou que o esquema criminoso comandado por Cachoeira tinha influência dentro do Palácio do Governo. Segundo a PF, Cachoeira nomeou vários integrantes do governo Perillo. Suspeita-se que a chefe de gabinete do governador, Eliane Gonçalves Pinheiro, tenha sido uma delas. Em uma das escutas, Cachoeira e Eliane falaram cifrado sobre um tal “maior”. “O ‘maior’ está aqui ao meu lado”, disse ela a Cachoeira, que respondeu: “diga a ele porque ele vai ficar contente com a notícia”. Na conversa, Cachoeira alerta Eliane que a PF vai desencadear uma operação contra algumas prefeituras suspeitas de fraude, entre elas uma cujo prefeito era aliado de Perillo.

Perillo negou de pés juntos que seja ele o “maior”, referido na conversa grampeada entre Eliane e Cachoeira. Ele disse que só esteve com Cachoeira uma vez “socialmente”. Mas depois teve que admitir que se encontrou com Cachoeira para discutir, segundo ele, “isenções fiscais” para a empresa farmacêutica do contraventor. Além do mais, em novas gravações feitas PF vindas a público, o braço direito do contraventor Carlinhos Cachoeira, o ex-vereador do PSDB, Wladimir Garcez, dá a entender que Marconi Perillo (PSDB) pediu para se encontrar com o bicheiro. Estranho é que a secretária de Perillo saiu imediantamente de circulação, demitida logo depois de conhecida a gravação.

Não há dúvida, portanto, que esses casos mais escandalosos terão prioridade nas investigações da CPMI. Nenhuma cortina de fumaça vai impedir os parlamentares de começarem a CPMI desvendando a associação para o crime entre o senador mosqueteiro, a revista Veja e o governador de Goiás. Sem prejuízo do esclarecimento de outras irregularidades.

COTAS RACIAIS - STF derrota a tese de guerra civil.

Do Blog do Miro.

Por Luiz Carlos Azenha, no blog Viomundo:

Eu defendo as cotas raciais. Acredito que devam ser resultado de ações afirmativas adotadas no âmbito de cada instituição como, aliás, tem sido o caso no Brasil.

Respeito todos aqueles que argumentam contra as cotas, mas algumas das “teses” defendidas por eles são claramente risíveis.


Uma delas é de que a implantação de cotas raciais no Brasil causaria uma guerra civil. Considerando o número de universidades que já adotaram as cotas, a essa altura a guerra civil já deveria ter estourado.

A ideia da explosão de uma guerra civil entre brancos e negros, por causa das cotas raciais, resulta da visão distorcida que alguns poucos intelectuais têm da convivência entre os “de baixo”. Desconhecem os laços de solidariedade social e presumem, de forma um tanto elitista, que os brancos pobres não são capazes de reconhecer as injustiças históricas cometidas contra os negros.

É uma tese que desconhece, por conveniência, alguns fatos históricos, como o engajamento de centenas de milhares de brancos na luta pelos direitos civis nos Estados Unidos. Lá, sim, houve uma guerra — e não foi de negros contra brancos, mas de uma coalizão de negros e brancos contra o racismo oficial, institucional.

No Brasil, o argumento falacioso da guerra civil foi brandido, por exemplo, pelo todo-poderoso da TV Globo, Ali Kamel, numa discussão interna com o repórter Rodrigo Vianna. Talvez, aproveitando a decisão histórica do STF que considera as cotas constitucionais, seja o caso do Rodrigo contar de novo o caso. Rodrigo, àquela altura, questionava a postura unilateral da Globo na cobertura do assunto.

A emissora fez campanha aberta e declarada contra as cotas, usando para isso o Jornal Nacional. Podemos dizer, sem medo de errar, que a emissora acabou mobilizando e aglutinando em torno de si os que se opunham às cotas, garantindo a eles visibilidade com o objetivo de convencer a opinião pública das teses gestadas no Jardim Botânico. Neste esforço se engajou o DEM, autor da ADIN que está em julgamento no STF. Sim, sim, é mais uma demonstração da sintonia entre a emissora e o partido de Demóstenes Torres. No que mais atuaram juntos? Nos bastidores do mensalão, por exemplo — como aliás, notou Marco Aurélio Mello?

A questão, portanto, vai muito além da implantação ou não das cotas raciais no Brasil, mas do uso de um bem público — o espectro eletromagnético — por uma empresa privada para promover suas teses junto à sociedade brasileira, de forma distorcida e unilateral.

MÍDIA - Cadê a entrevista com o "Comendador" Arcanjo?

Do Blog do Mello.

Por falar em Cachoeira, cadê a entrevista com o 'comendador' Arcanjo feita pelo Genetton para o Fantástico?
FantásticoEm 2006, o "comendador" Arcanjo era o Cachoeira da vez. O repórter Geneton Moraes Netto teria feito uma entrevista exclusiva com ele (imagine hoje uma exclusiva com o Cachoeira, só para ter um parâmetro) para o Fantástico. A reportagem nunca foi ao ar, conforme denunciei aqui:

É fantástico! Há algumas semanas, políticos tucanos - especialmente do Mato Grosso - ficaram em polvorosa. O jornalista Geneton Moraes Netto teria feito uma entrevista exclusiva para o Fantástico com o "comendador" Arcanjo, o famoso bandido daquele estado. Na reportagem, Arcanjo teria jogado no ventilador aquilo que os atores se desejam antes dos espetáculos, os hipopótamos abanam com o rabo, e não teria sobrado pena sobre pena da ética de certos tucanos.

A possibilidade da veiculação da matéria levou à cúpula da Rede Globo tucanos de alta plumagem, inclusive o ex-presidente FHC. Conseguiram da emissora o compromisso de que o "outro lado" seria ouvido.

Pelo visto, este "ouvido" foi, na verdade, "olvido", porque a matéria sumiu, ninguém sabe, ninguém viu. Não se fala mais nela.

Cadê a matéria com o Arcanjo?


Também perguntei ao Geneton pela matéria. Estou à espera de uma resposta dele. Se vier, posto aqui.

POLÍTICA - CPI do Cachoeira.

Do site Tribuna da Internet

Se governo quisesse (e pudesse) controlar a CPI, ela não teria se formado


Pedro do Coutto

O pensamento contido no título pertence à realidade política, à realidade dos fatos que acontecem e não ao universo das suposições e das teorias que vivem em folhas de papel.As coisas começam numa determinada direção, de repente deslocam-se para outra. Este é o processo eterno, não só do jogo político mas da própria vida humana. Ninguém controla o encadear dos acontecimentos. Como ninguém controla a imprensa escrita, a televisão, o rádio e agora a Internet.
Conheci ao longo de 57 anos de jornalismo muitos farsantes. Desses que bajulam os poderosos do dia, os jornalistas que possuem colunas e os editores. Tentam fazer crer aos outros uma influência que não possuem. As páginas dos jornais, os noticiários da TV e do rádio são incontroláveis. Posso dar meu testemunho aos leitores que não se deixem levar pelas alucinações. São eternas. Não se precipitem. Esperem sempre o quique da bola, como numa partida de futebol.
Escrevo este artigo com base em duas reportagens publicadas quarta-feira 25. De Maria Lima e Cristiane Jungblut, no Globo, com foto de André Coelho. E de Cátia Seabra e Gabriela Guerreiro, Folha de São Paulo. Na FSP a foto é de Alan Marques. Elas destacam que, para controlar a CPI Demóstenes-Cachoeira, o Palácio do Planalto conseguiu emplacar o deputado Odair Cunha, do PT, no posto de relator. Cargo chave, certamente, para o encaminhamento inicial dos trabalhos. Cabe a ele inclusive, junto com o senador Vital do Rego (PMDB), presidente, traçar o roteiro dos depoimentos. O roteiro, não o conteúdo. Daí a confusão entre um plano e outro.
Fácil distinguir, inclusive. Pois se a presidente Dilma Roussef quisesse ou pudesse balizar os rumos das investigações, ela evidentemente teria bloqueado a sua formação. O que as quatro repórteres julgam ser factível, concretamente é uma impossibilidade. Ninguém possui bola de cristal para saber previamente o que os depoentes vão afirmar. Imprevisível. Encontram-se em jogo, além da revolta da opinião pública contra o trio Demóstenes, Cachoeira e Fernando Cavendish, interesses de porte na questão, sem entrar no mérito deles. Por exemplo: interessa diretamente à Odebrecht e à Andrade Gutierrez o desmoronamento já visível da Delta Construtora.
Já saiu do Maracanã, está saindo da Transcarioca. A Petrobrás, matéria de Denise Luna, FSP também de quarta-feira, já está promovendo a saída da Delta das obras de construção do Complexo Petroquímico de Caxias, Rio de Janeiro. Se uma empresa está saindo, claro, outra está entrando.
A política, misto de ciência e arte, é algo como ao longo de suas vidas a classificaram homens como Roosevelt, Churchill, De Gaulle. Trata-se de um jogo de poder extremamente ligado à economia. Mas não se trata de um confronto de uma equipe contra outra. O êxito das partidas, às vezes, não se encontra num campo pré-definido em linhas simétricas. Mas sim, dependendo das situações, em triângulos ou perímetros. Alguns jornalistas que tentavam análises irreais não conseguiam chegar à conclusão alguma. Todos imaginavam primeiro e desenhavam, eles próprios, os contextos. Depois partiam para solucionar, à base da emoção, os enigmas que eles mesmos criavam.
Resultado: todas as equações levavam à Roma, claro. Os autores que propunham problemas propunham as soluções. Elementar, meu caro Watson. Porém tal prática não leva a nada. Porque a realidade política muda a todo momento. E faz dos inquéritos algo imprevisível. Assim caminha a humanidade, para citar o filme famoso de George Stevens. Coisas da vida.

POLÍTICA - Jogar Lula contra Dilma é perder tempo.

Do Blog R7 do Ricardo Kotscho.

Jogar Lula contra Dilma é perder tempo


lula dilma Jogar Lula contra Dilma é perder tempo
BRASÍLIA _ Conversei com a presidente Dilma e o ex-presidente Lula antes e depois da grande festa de lançamento do documentário Pela Primeira Vez, de Ricardo Sutckert (sobre o qual já escrevi neste blog), que narra a despedida do primeiro presidente operário e a posse da primeira mulher presidente, na noite de quarta-feira, no Museu Nacional, em Brasília.
Os dois vieram juntos no mesmo carro, com mais de uma hora de atraso, mas não pareciam preocupados em chegar logo à sala superlotada onde foi exibido o filme, o primeiro produzido no Brasil em 3D. Pararam várias vezes no caminho para conversar e tirar fotos.
Depois de um longo almoço no Palácio da Alvorada, que foi até o final da tarde, do qual participaram os ministros Aloizio Mercadante e Gilberto Carvalho, amigos de ambos, Dilma e Lula chegaram sorridentes e tranquilos ao lançamento do filme de Stuckinha, como é chamado, enquanto o Congresso Nacional fervia com o início da CPI do Cachoeira e a votação do Código Florestal.
São dois mundos diferentes e eles sabem que seus papéis hoje são diferentes: o político, que agita os parlamentares e líderes partidários, caso de Lula, e o econômico, que ocupa a maior parte do tempo de Dilma, mais voltada para a administração do País.
Acima de tudo, porém, à parte os acidentes de percurso do dia a dia da política, o que os une é um projeto político comum e uma profunda admiração mútua, uma identidade de alma que se manifesta na continuidade do governo do PT, que está completando dez anos de Palácio do Planalto.
Emocionado com as cenas do filme que mostram o dia da vitória dos dois, Lula se empolga e fala para Dilma que se o partido não fizer nenhuma grande besteira, o PT vai governar até 2020, quando o Brasil será um país completamente diferente. Animados, eles fazem planos para o futuro.
Lula fica com lágrimas nos olhos quando lhe pergunto qual foi a cena do filme que mais o emocionou. Na verdade, foram duas cenas: o momento em que passa a faixa presidencial para Dilma, "um símbolo da nossa vitória", e a sua conversa com José Alencar no hospital, quando voltou a São Paulo logo após transmitir o cargo, em que os dois fizeram um balanço dos oito anos de governo.
Numa sala reservada, onde encontraram ministros de Dilma e ex-ministros e colaboradores do governo Lula, a presidente e o ex-presidente lembraram- se do seu encontro no Palácio da Alvorada, logo após o anúncio da vitória, em outubro de 2010.
Ainda não tinha caído a ficha da presidente eleita, como ela lembra, com bom humor, porque nunca antes (como Lula costuma dizer), havia sequer sonhado com este cargo."Este plano era teu, não meu...".
Lula brinca ao contar que Dilma foi a última a saber que ela era sua candidata na sucessão. Ao longo de muito tempo, o então presidente foi costurando a candidatura de Dilma meio na surdina, sem falar com a própria, para evitar qualquer disputa interna no partido e temer que ela não gostasse da ideia.
Desde meados de 2005, ainda no primeiro mandato, quando Lula me falou pela primeira vez no nome de Dilma, que tinha assumido pouco tempo antes a chefia da Casa Civil, Lula demonstrava com palavras, olhares e gestos quem seria a sua indicada para disputar a sucessão.
É assim que eles se entendem até hoje e, por isso, perdem seu tempo os que todos os dias tentam jogar um contra o outro _ a última esperança de largos setores da imprensa e da minguada oposição para conter a hegemonia petista.
Talvez não saibam os que defendem o governo Dilma para desconstruir o governo Lula que o ex-presidente e sua sucessora fizeram um trato para evitar intrigas. No comecinho do governo, eles combinaram que conversariam pessoalmente a cada 15 dias, fora os frequentes telefonemas entre Brasília e São Bernardo do Campo.
Ainda na última sexta-feira, os dois conversaram longamente na sede da Presidência da República em São Paulo, e assim não fazia muito sentido a questão levantada pelos repórteres perguntando se a conversa do almoço tinha servido para eles "acertarem os ponteiros", como se eles estivessem em conflito.
Depois de três meses sem vir a Brasília, em função do tratamento do câncer na laringe, Lula mostrou que continua afiado ao enfrentar a selva de câmeras e microfones que seguiram os dois até suas cadeiras reservadas na sala de projeção, lembrando a chegada de algum ídolo de rock.
"Nosso relógio é suíço. Jamais ele vai ter de atrasar ou adiantar. Nunca temos de acertar os ponteiros", respondeu Lula, segundo os jornais desta quinta-feira, já que eu não consegui ouvir nada no meio da confusão.
A confiança de Dilma em Lula e vice-versa é tanta que nem mesmo as diferentes posturas de cada um diante do comportamento da imprensa _ a presidente procurando ser mais conciliadora, e o ex-presidente sempre mais crítico sobre o que é publicado _ será capaz de criar atrito entre eles.
O ambiente estava tão bom que até resolvi fazer uma brincadeira com a presidente Dilma, que há muito tempo não via tão à vontade:
_ A tua aprovação nas pesquisas já está ficando maior do que a minha na família...
_ Por quê? Teu ibope anda tão baixo assim em casa?
Aparentemente de personalidades tão diferentes, os dois têm alguns hábitos comuns, como reparei ao me despedir: eles pegam nas mãos do interlocutor, perguntam da família e mandam lembranças para todos. A vida, afinal, não é feita só de política e economia. No caso desses dois, as pessoas são mais importantes.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

POLÍTICA - Dilma e Lula arrasaram a oposição no país.

Do site Tribuna da Internet

Datafolha: Dilma e Lula arrasaram a oposição no país


Pedro do Coutto

A pesquisa do Datafolha, comentada objetivamente na Folha de São Paulo de domingo 22 por Fernando Rodrigues, revela nitidamente que a aprovação crescente do governo Dilma Roussef e a popularidade mantida pelo ex-presidente Lula estão arrasando a oposição no país.Em consequência, fazendo Dilma cada vez mais independente dos acordos políticos voltados para lhe garantir a maioria no Congresso Nacional. Os números falam por si.
Roussef é aprovada por 64% da opinião pública. Apenas 5% a reprovam. Trinta e um por cento a consideram regular, a meu ver uma forma de abstenção. Pois as afirmações fortes são sempre de ponta. Dois por cento não souberam responder. As pontas são ótimo e bom, de um lado. Ruim e péssimo de outro.
Mas eu disse que arrasaram a oposição. Pois é. Se 64 aprovam e 5 desaprovam, para análise estatística, 69 pontos passam a ser iguais a cem. E se ela alcança 64%, efetivamente, como se estivéssemos lidando com votos úteis, verificamos que o apoio que recebe está na escala de 90%, em números redondos. A parcela de 31 por cento corresponde a uma forma de abstenção.
Podemos comprovar. O Datafolha revela que, em termos de sucessão de 2014, 57% preferem Lula. Trinta e dois por cento Dilma. Temos aí 89 pontos, índice quase igual ao total de 90 a que me referi há pouco, interpretando o quadro através dos números.
Outro fenômeno interessante. Mário Paulino, diretor do Datafolha, dividiu a pesquisa por classes sócioeconômicas, aliás base de qualquer pesquisa política. E mostra que a atual presidente, nos últimos três meses, subiu 17 pontos (de 53 para 70) entre as pessoas que ganham mais de 10 salários mensais.
Sabem os leitores qual a percentagem desse segmento na mão de obra ativa brasileira que é formada por 100 milhões de pessoas? Apenas 4%. A revelação é mais uma a derrubar a tese do professor Marcelo Neri, encampada pela Fundação Getúlio Vargas, de que há no Brasil uma nova classe média, cujo rendimento mensal oscila em torno de três SM. Mas esse é outro assunto.
A pesquisa da empresa da Folha de São Paulo ilumina um outro plano, este de importância eleitoral. A aprovação mais alta de Dilma está entre os jovens de 25 a 34 anos de idade. Exatamente o segmento que mais cresce do eleitorado. O enfoque acrescenta logicamente que a oposição encontra-se na contramão do processo renovador do voto.
Isso não quer dizer que, nas eleições de prefeito, este ano, todos os candidatos da corrente governista vão ser vitoriosos. Aí ingressamos em outro departamento, como se diz popularmente. O da transferência de voto. Depende do desempenho de cada um. Lula conseguiu transferir para Dilma em 2010. Isso não quer dizer que possa transferir de maneira indefinida para qualquer candidatura.

POLÍTICA - Eleições no Rio de Janeiro.

Do blog do Ricardo Kotscho


Eleições/Rio: Freixo vai ao ataque contra Paes

Ainda não há sinais de campanha no Rio de Janeiro, mas o mais animado com as eleições de outubro parece ser o candidato do pequeno PSOL, o professor de História Marcelo Freixo, 45 anos, deputado estadual em segundo mandato, que se notabilizou na área de segurança ao combater as milícias e a corrupção policial.
Mesmo sem ter feito aliança com qualquer outro partido, o que lhe dá apenas um minuto na TV, e contrariando todas as pesquisas, Freixo acredita que o Rio terá segundo turno _ e trabalha para estar nele. Para isso, pretende intensificar o trabalho nas redes sociais e fazer uma campanha de rua com a militância.
Screen shot 2012 04 25 at 11 42 31 AM Eleições/Rio: Freixo vai ao ataque contra Paes
A campanha dele é a mais radical nos ataques ao atual prefeito, Eduardo Paes, do PMDB, candidato à reeleição por uma monumental aliança de 19 partidos e que conta com o apoio dos governos estadual e federal.
"O poder público desapareceu e a prefeitura virou um balcão de negócios para grandes investimentos, principalmente das empreiteiras e dos poderosos que tudo transformam em mercadoria", disparou Freixo, no começo da tarde do dia 18, em seu acanhado gabinete nos fundos de um corredor atulhado de móveis, na Assembléia Legislativa do Rio.
Em entrevista exclusiva ao R7, o deputado afirma que o prefeito Eduardo Paes virou um síndico e despolitizou a política. "Isso gera um processo de cidade-empresa que faz do Rio uma das cidades mais caras do mundo, sem ter qualquer retorno para o cidadão".
Screen shot 2012 04 25 at 11 42 11 AM Eleições/Rio: Freixo vai ao ataque contra Paes
Marcelo Freixo acusa o poder público de ter se transformado numa agência de interesses de grandes empresários e faz ataques diretos ao partido do prefeito e do governador Sergio Cabral, o PMDB:
"Uma boa parte do empresariado carioca se vê massacrada por esta lógica que é muito corrupta, meia dúzia de grandes empresários dominando os interesses públicos, principalmente determinadas empreiteiras. É o exemplo da Delta e das suas relações suspeitas com o PMDB".
As prioridades do candidato são a saúde pública e o transporte, justamente as áreas em que ele concentra suas críticas à atual administração. "Temos a segunda cidade mais rica e o pior atendimento de saúde do país. As pessoas estão morrendo. O transporte do Rio de Janeiro é uma piada, os empresários fazem o que querem. Ônibus não é transporte de massa e o metrô do Rio é uma tripa".
Freixo não está preocupado com a falta de alianças e recursos, e acha isso até bom. "Graças a Deus, não temos uma aliança com 19 partidos para ter que fatiar o Estado entre este bando, que na verdade só quer sugar do estado aquilo que ele pode oferecer em termos de interesses privados".
Para governar, caso eleito, ele pretende convidar pessoas de outros partidos, como Fernando Gabeira, do PV, e Alessandro Molon, do PT. Com seu nome sempre ligado à área de segurança pública, Freixo não teme se transformar no candidato de uma nota só.
Screen shot 2012 04 25 at 11 42 53 AM Eleições/Rio: Freixo vai ao ataque contra Paes
"A segurança pública é um tema importante, mas não é o único. Eu sou professor de História, sempre militei na Educação. Estamos fazendo o programa com a participação de vários médicos, professores, urbanistas e intelectuais".
Freixo nunca pensou em viver noutra cidade, mas se saísse do Rio iria para Friburgo, na região serrana, "na hora em que eu cansar de todas as brigas". Das experiências administrativas de outras cidaes, gostaria de trazer para o Rio as soluções para o transporte coletivo adotadas em Curitiba e o orçamento participativo de Porto Alegre.
Quando lhe perguntei sobre o que a atual administração fez de melhor e pior pela cidade, ele elogiou as afrenas culturais e novamente criticou a situação da saúde: "O que acontece hoje na rede hospitalar, o que acontece na saúde pública do Rio de Janeiro é um crime".
O candidato do PSOL baseia suas esperanças na conquista dos votos da esquerda carioca,inclusive do PT, partido aliado a Eduardo Paes, dados a Fernando Gabeira, do PV, que disputou pau a pau a última eleição com Eduardo Paes.
Considerando-se "absolutamente preparado" para o cargo do prefeito, mesmo diante dos desafios de sediar jogos da Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, Marcelo Freixo está preocupado com o legado que estes eventos vão deixar para a cidade.
"Não tem cabimento o poder público se empenhar para estes grandes eventos e que eles sejam bons só para quem os organiza, deixando um prejuízo enorme, como foi no Pan-americano. Qual o legado que a cidade do Rio teve com os Jogos Pan-americanos, em que o poder público arcou com 95% dos gastos, absolutamente superfaturados?".
Veja a seguir a íntegra da entrevista de Marcelo Freixo, em texto, áudio e vídeo.


Texto: Prefeitura do Rio se tornou um balcão de negócios, diz Freixo

Nas duas quartas-feiras seguintes, serão publicadas as entrevistas com Otávio Leite, do PSDB, e Rodrigo Maia, do DEM. O prefeito Eduardo Paes, do PMDB, não atendeu ao nosso pedido de entrevista.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

MÍDIA -Direito de Resposta contra o Estado de Minas.

Direito de Resposta contra o Estado de Minas (e a Veja)

Por darcy faria

Rogério Correia: O debate sobre a lista de Furnas


Deputado Rogério Correia ganha direito de resposta contra Jornal Estado de Minas
do site do parlamentar

O Deputado Rogério Correia ganhou direito de resposta, em relação às matérias ofensivas à pessoa, à vida social e à sua atividade política, que foram impressas pelo jornal Estado de Minas, sobre a chamada Lista de Furnas. O Acórdão (decisão) do Tribunal de Justiça de Minas Gerais foi publicado nesta segunda-feira, 23/04/2012. E implica multa diária, caso o citado veículo de imprensa deixe de publicar nos mesmos dias da semana e nas mesmas páginas em que foram divulgadas as matérias ofensivas, a resposta apresentada por Correia.
O jornal Estado de Minas, sob pretexto de repercutir fato jornalístico já superado, na celeuma acerca da autenticidade da "Lista de Furnas" requentou como verdadeiras as versões de que a mesma teria sido montada, sob encomenda do deputado petista. Recusando-se a garantir a versão, fartamente documentada, sobre a autenticidade da "Lista", o jornal não só imputou a Correia a cumplicidade na fabricação da mesma, como lhe dirigiu palavras ofensivas e insinuações caluniosas.
Eis alguns registros na sentença prolatada pelo TJMG:
Destaca expressões dos textos publicados que, ao seu juízo, contém "injusta imputação de crimes ao agravante, bem como injuriando o e difamando" (f. 11-TJ), que ora passo a transcrever: "desrespeito e desfaçatez"; "ridícula demonstração de desfaçatez na Assembléia"; "desrespeitando aquela Casa e a inteligência do povo mineiro"; "encenação"; "deformada noção de compromisso com a ética e com o interesse público"; "prática de denúncia irresponsável"; "método de ação eleitoral próprio dos despreparados para vida parlamentar e o exercício do poder político"; "despudor de articular sórdida montagem"; "farsa petista"; "montagem de fraude"; "Rogério Correia (PT), patrono da iniciativa"; "O deputado (...) tentou mais uma vez enganar de boa-fé de seus colegas" (f. 06 e 09-TJ).
O recurso à Justiça seria plenamente dispensável se o jornal em foco adotasse o simples direito ao contráditório. No entanto, pelas expressões acima vê-se que o Estado de Minas nada se preocupou com princípios da imparcialidade e do equilíbrio, que deveriam presidir a atividade jornalística.
Lembre-se que a Lista de Furnas foi considerada autêntica pelo Instituto Nacional de Criminalística, da Polícia Federal. E que foi referenciada positivamente no próprio TJMG, em sentença específica. E mais: que o Minstério Público Federal, no Rio de Janeiro, a tomou como ponto de partida para um inquérito que corre em segredo de justiça. Agora, mais uma sentença judicial reconhece a autenticidade da mesma. Até quando e por qual motivo permanecerá a tentativa de desqualificação dela?
A decisão do TJMG aponta para outras repercussões. Matérias de natureza idêntica, veiculadas pela revista "Veja", contra Rogério Correia, ainda serão objetivo de apreciação judicial. Espera-se que tambem aí seja feita justiça. A condenação de veículos de imprensa que se julgam no direito de imputar a quem que seja, acusações gravíssimas, que lhe causem transtornos políticos, pessoais e profissionais é a afirmação da necessidade de que a atividade de imprensa seja menos partidarizada e mais responsável.
O deputado Rogério Correia, além do pleito de direito de resposta, ainda reivindica indenização pecuniária por danos morais, tanto ao jornal Estado de Minas, quanto à revista "Veja".

POLÍTICA - O recado de Cachoeira a Perillo,

Do blog Luis Nassif online

Por Mino Pedrosa


EXCLUSIVO: PROPINA DE CACHOEIRA NO PALÁCIO DE PERILLO
Foi no Palácio das Esmeraldas que o governador de Goiás Marconi Perillo (PDSB) recebeu de Carlinhos Cachoeira um pacote de dinheiro no valor de R$ 500 mil. Isto foi parte do pagamento de "negócios" entre o governador e o bicheiro. O contato era feito por Wladimir Garcês, preso na operação Monte Carlo e, apontado como braço direito do contraventor. Cachoeira monitorou a entrega do dinheiro pelo telefone e chegou a brincar com Garcês pedindo pra que tomasse cuidado para não se envolver em acidentes que pudessem incendiar e queimar as notas.
O governador de Goiás Marconi Perillo aguardava no Palácio ansioso. Tudo isso e muito mais está dentro do processo da Operação Monte Carlo. O que é curioso é que o procurador geral da República Roberto Gurgel em nenhum momento pensa em denunciar Perillo. Mas comentou com um dos procuradores do caso que está cada vez mais difícil deixar Perillo fora disso por conta do episódio envolvendo propina. O inquérito que era extremamente sigiloso, hoje circula livremente nas mãos da imprensa e de políticos com interesse em pinçar adversários envolvidos no escândalo.
Demóstenes, Perilo e Cachoeira
Tudo parecia estar sob controle do ex-presidente Lula para se vingar de Perillo e do senador goiano Demóstenes Torres (sem partido), mas o vazamento do processo trouxe à luz a maior empreiteira e fornecedora do Governo. A Delta teve uma ascensão meteórica no Governo Lula. Como disse o presidente da empresa, Fernando Cavendish, políticos se compram, principalmente durante as campanhas, quase todos têm seu preço. As declarações bombásticas de Cavendish foram reveladas na semana passada com exclusividade pelo Quidnovi.
Agora Lula desembarcou em Brasília a fim de tomar as rédeas dessa história novamente para evitar que Cavendish sofra a falência, só que revelando a parceria com os políticos que ajudaram a Delta a crescer.
O mais estranho é que o procurador Gurgel não está rezando na cartilha de Lula e Marconi Perillo diz ao vento que com ele nada vai acontecer. Até agora, não tinha sido revelado o envolvimento de Perillo com Cachoeira falando-se em dinheiro. Mas o inquérito não pode esconder o pagamento de propina que o bicheiro fazia para conquistar espaço no poder e engordar sua fortuna usando empresas de fachada com a conivência das autoridades.
Perillo tem algo a mais para explicar. O ex-governador José Roberto Arruda esteve depondo secretamente no Ministério Público Federal para o procurador criminal Ronaldo Albo e fez revelações bombásticas entregando documentos e mostrando como o governador de Goiás amealhou parte de sua atual fortuna.
É preciso se aprofundar nas relações políticas de Perillo, porque Carlinhos Cachoeira atuava em todo o Brasil, credenciado por Perillo e Demóstenes. O pagamento de propina a Perillo no Palácio das Esmeraldas teve uma ação cinematográfica. O Quidnovi trouxe à tona mais um capítulo da Operação Monte Carlo.
Com a CPI instalada no Congresso e outra na Câmara Distrital em Brasília, que fisgou o governador do DF Agnelo Queiroz, passam a ser três alvos: Demóstenes, Marconi e Agnelo. Não vai sobrar pedra sobre pedra.

terça-feira, 24 de abril de 2012

POLÍTICA - Como .preparar uma crise institucional.

Por Luis Nassif, em seu blog:

No dia 1o de setembro de 2008, os Ministros Gilmar Mendes, Cezar Peluso e Carlos Ayres Britto saíram da sede do STF (Supremo Tribunal Federal) atravessaram a Esplanada dos Ministérios e entraram no Palácio do Planalto para uma reunião com o presidente da República, Luiz Ignácio Lula da Silva.

Foi uma reunião tensa, a respeito da suposta conversa grampeada entre Gilmar e o senador Demóstenes Torres. Os três Ministros chegaram sem nenhuma prova concreta sobre a autoria ou mesmo a existência do tal grampo. Mas atribuíam-no irresponsavelmente à ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) e exigiam de Lula providências concretas.

No auge da reunião, Gilmar blasonou: “Não queremos apenas apuração, mas punição”.

Bastaria Lula ter perdido a paciência e endurecido o jogo para criar uma crise institucional sem precedentes, entre o Supremo e o Executivo. Sua habilidade afastou o risco concreto de uma crise institucional, à custa do sacrifício do diretor-geral da ABIN, delegado Paulo Lacerda, afastado enquanto durassem as investigações.

Tanto no Palácio como na Polícia Federal e no Ministério Público Federal sabia-se que o grampo, se existiu, não havia partido da ABIN nem da Operação Satiagraha, já que nenhum dos dois – Demóstenes e Gilmar – eram alvo de investigação.

Foi aberto um inquérito na PF que concluiu pela não existência de qualquer indício, por mínimo que fosse, de que o grampo tivesse existido.

O país esteve à beira da mais grave crise institucional pós-redemocratização devido a uma conspiração envolvendo Demóstenes Torres-Carlinhos Cachoeira, a revista Veja e, direta ou indiretamente, o Ministro Gilmar Mendes.

Pouco antes do episódio, o assessor da presidência, Gilberto Carvalho, foi procurado por repórteres da revista com a informação de que ele também havia sido grampeado. Descreviam diálogos que teria tido com interlocutores.

A intenção era criar um clima de terror, passar ao governo a impressão de que a ABIN e a Satiagraha haviam saído de controle e estavam espionando as próprias autoridades. E, com isso, obter a anulação da operação que ameaçava o banqueiro Daniel Dantas.

É bem possível que os tais diálogos de Gilberto tenham sido gravados pelo mesmo esquema Veja-Cachoeira que forjou um sem-número de dossiês, muitos deles obtidos de forma criminosa e destinados ou a vender revista, impor o medo nos adversários, ou a consolidar o império do crime do bicheiro.

Durante anos e anos foi um festival de assassinatos de reputação, de jogadas pseudo-moralistas visando beneficiar o parceiro Cachoeira.

A revista tentou se justificar, comparando essas jogadas ao instituto da “delação premiada” – pelo qual promotores propõem redução de pena a criminosos dispostos a colaborar com a Justiça. No caso de Cachoeira, suas denúncias serviam apenas para desalojar inimigos e reforçar seu poder e o poder da revista.

Esses episódios mostram o poder devastador do crime, quando associado a veículos de grande penetração.

É um episódio grave demais para ser varrido para baixo do tapete.

ECONOMIA - Os juros e a "embromation" do JN.


Do Blog do Miro.

Por Helena Sthephanowitz, na Rede Brasil Atual:

A queda das taxas de juros nos empréstimos bancários já caiu na boca do povo, virou a principal notícia econômica popular, e o último telejornal que ainda censurava a notícia era o Jornal Nacional da TV Globo. Não por acaso é patrocinado por um banco privado, que tentou resistir à redução dos juros o quanto pôde.

O JN passou toda a semana passada sem tocar no assunto, mesmo quando os clientes já corriam aos bancos em busca de renegociar suas dívidas em condições melhores, e mesmo após o patrocinador do telejornal aderir (a contragosto) às medidas.

Já estava pegando mal quando, na segunda-feira (23), resolveu noticiar, mas deu uma ênfase completamente enviesada do assunto, a ponto de dar a entender que a corrida aos bancos seria nociva para o cliente, pois aumentaria o endividamento e comprometeria a renda, quando a realidade geralmente é a oposta.

Quem está correndo aos bancos, em sua maioria, está buscando refinanciar dívidas caras, trocando por condições mais baratas, o que alivia o peso da dívida na renda familiar, pois passa a pagar uma mensalidade menor.

O telejornal faltou com o compromisso de informar ao telespectador, o que é do interesse público. Os bancos estão competindo pela conta-salário dos clientes, oferecendo vantagens como taxas melhores. E estão competindo também através da portabilidade dos financiamentos, ou seja, se um cliente tem um financiamento em um banco, ele pode levá-lo para outro banco onde ele pague uma prestação mais baixa.

Curioso é que, se a reportagem mais confundiu do que explicou, nos intervalos comerciais aparecia a atriz Camila Pitanga fazendo propaganda da Caixa Econômica Federal, explicando com uma clareza cristalina a transferência da conta corrente e da dívida em outro banco. Continuou pegando mal para o JN.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

POLÍTICA - Os mesmos 5% do contra.

O prof. Ariovaldo já me declarou que esses 5% são fiéis leitores dele e da Veja e que por isso ele se

sente muito bem representado.


Do  blog do Ricardo Kotscho.


De Lula a Dilma, os mesmos 5% do contra


O número que mais me chamou a atenção no Datafolha divulgado domingo, em que Dilma bate mais um recorde de aprovação e Lula aparece como o favorito para as eleições de 2014, foi o índice de "ruim e péssimo" registrado pela pesquisa: 5%.

Pode chover ou fazer sol, a bolsa e o dólar subirem ou caírem, a economia ir bem ou mal, o País melhorar ou piorar, que este contingente de insatisfeitos com o governo não muda de tamanho.

Dentro da margem de erro, um ponto a mais ou a menos, a turma do contra permanece imutável há anos. Podem até mudar seus integrantes, mas o contingente é o mesmo.

Desde o segundo mandato de Lula, me chama a atenção a permanência deste índice de 5% de "ruim e péssimo", ou seja, dos que desaprovam o governo.

Na primeira vez em que escrevi sobre este assunto, já faz algum tempo, por mera curiosidade jornalística, sugeri que se fizesse uma pesquisa sobre o perfil destes insatisfeitos, saber as razões deles, entender o pensamento de quem acha tudo ruim ou péssimo.

Para quê... Por ignorância ou má-fé, ou as duas coisas juntas, alguns blogueiros neuróticos anônimos me acusaram de "estar chamando a polícia para identificar os que eram contra o governo e apresentá-los à execração pública como os nazistas fizeram com os judeus", absurdos deste tipo.

Confundiram, propositadamente, pesquisa de opinião, que pode traçar o perfil dos entrevistados (por classe social, idade, região), com investigação policial para "identificar, perseguir e banir" os que não apoiavam o governo.

Açulados por estes blogueiros, muitos seguidores das seitas internéticas invadiram o Balaio na época repetindo as mesmas sandices.

A pesquisa até hoje não foi feita por nenhum instituto, mas estou desconfiado de que há uma relação direta entre estes 5% e as pessoas que se informam apenas pelo que lêem nos principais jornais nacionais e nas maiores revistas do País.

Fiz umas contas e cheguei à conclusão de que o contingente é mais ou menos o mesmo. Os 5% do contra representam uns 10 milhões de brasileiros. Dez milhões é menos do que o total de exemplares destes jornais e revistas somados que circulam durante toda uma semana.

Como a imprensa não fala da imprensa, e parece haver um pacto entre os donos da grande mídia reunidos no Instituto Millenium, raramente um veículo critica ou sequer cita o outro.

O silêncio foi quebrado esta semana pela revista "Época", que citou nominalmente a sua concorrente Veja, em meio à matéria ""Fui afastado pela negociata de uma empreiteira e um contraventor", uma entrevista com o ex-diretor-geral do Dnit, Luiz Antonio Pagot, demitido durante a crise que levou à queda do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, no ano passado.


Trecho da reportagem de Murilo Ramos:

"O afastamento de Pagot, bombardeado por acusações de cobrar propinas, foi comemorado pela turma de Cachoeira. Quase dois meses depois de ter ouvido de Cachoeira que a imprensa recebera material contra a diretoria do Dnit, Abreu (diretor da empreiteira Delta) telefonou para o bicheiro.

Em tom de galhofa, diz durante a conversa que a presidente Dilma Rousseff ordenara ao então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, afastar todos os citados em reportagem publicada pela revista Veja.

 Naquele momento, Abreu e Cachoeira dividiram elogios entre eles e enalteceram a força de sua associação".

Associação para quê? Entre outras coisas, certamente, para plantar notícias na imprensa. De fato, foi uma reportagem da revista Veja que detonou a cúpula do Ministério dos Transportes.

Em sua defesa prévia, a maior revista semanal do País, também na última edição, publica uma espécie de "vacina" sobre as denúncias de Pagot. No meio da matéria "O primeiro round", que trata da CPI do Cachoeira, a revista escreve:

"Na semana passada, Luiz Antonio Pagot, ex-diretor do Dnit demitido no bojo do episódio que levou à queda do ministro Alfredo Nascimento, se disse vítima de uma trama que teria sido tecida contra ele exatamente por ter oferecido obstáculos aos interesses da Delta no órgão.
 Estranha linha de defedsa. Foi na gestão de Pagot que a Delta mais do que dobrou seu faturamento em contratos com o Dnit, alcançando 658 milhões de reais em 2010".

Como escrevi aqui na segunda-feira passada, a imprensa está se empenhando em transformar a CPI do Cachoeira na CPI da Delta, trocando o protagonismo de Demóstenes Torres e seu amigo Cachoeira por Fernando Cavendish, dono da Delta.

Alguns leitores discordaram da minha análise e sugeriram que a CPI do Cachoeira, já chamada "do submundo" ou de "todo mundo", seja também transformada na CPI da Mídia, o distinto quarto poder que pode condenar livremente todos os outros e se acha inimputável como os índios e as crianças.

Afinal, se a presidente da Associação Nacional dos Jornais, Judith Brito, já afirmou publicamente que a imprensa foi obrigada a assumir o papel de oposição ao governo em razão da fragilidade dos partidos, seria bom investigar se, além de divulgar fatos, a imprensa não estaria também criando os próprios fatos, em defesa de interesses políticos e econômicos de uns em detrimento de outros.

Concordo neste ponto com os colunistas da chamada grande imprensa: agora tem que investigar todo mundo, inclusive os bravos homens do "jornalismo investigativo" e seus honoráveis veículos.

ARGENTINA - Ex-ministro de FHC e a decisão soberana da Argentina

A Argentina tem razão
Luiz Carlos Bresser-Pereira
Professor emérito da Fundação Getulio Vargas, ex-ministro da Fazenda (governo Sarney), da Administração e Reforma do Estado (primeiro governo FHC) e da Ciência e Tecnologia (segundo governo FHC)
Adital
Não faz sentido deixar sob controle estrangeiro um setor estratégico para o desenvolvimento do país
A Argentina se colocou novamente sob a mira do Norte, do "bom senso" que emana de Washington e Nova York, e decidiu retomar o controle do Estado sobre a YPF, a grande empresa petroleira do país que estava sob o controle de uma empresa espanhola. O governo espanhol está indignado, a empresa protesta, ambos juram que tomarão medidas jurídicas para defender seus interesses. O "Wall Street Journal" afirma que "a decisão vai prejudicar ainda mais a reputação da Argentina junto aos investidores internacionais". Mas, pergunto, o desenvolvimento da Argentina depende dos capitais internacionais, ou são os donos desses capitais que não se conformam quando um país defende seus interesses? E, no caso da indústria petroleira, é razoável que o Estado tenha o controle da principal empresa, ou deve deixar tudo sob o controle de multinacionais?
Em relação à segunda pergunta parece que hoje os países em desenvolvimento têm pouca dúvida.
Quase todos trataram de assumir esse controle; na América Latina, todos, exceto a Argentina.
Não faz sentido deixar sob controle de empresa estrangeira um setor estratégico para o desenvolvimento do país como é o petróleo, especialmente quando essa empresa, em vez de reinvestir seus lucros e aumentar a produção, os remetia para a matriz espanhola.
Além disso, já foi o tempo no qual, quando um país decidia nacionalizar a indústria do petróleo, acontecia o que aconteceu no Irã em 1957. O Reino Unido e a França imediatamente derrubaram o governo democrático que então havia no país e puseram no governo um xá que se pôs imediatamente a serviço das potências imperiais.
Mas o que vai acontecer com a Argentina devido à diminuição dos investimentos das empresas multinacionais? Não é isso um "mal maior"? É isso o que nos dizem todos os dias essas empresas, seus governos, seus economistas e seus jornalistas. Mas um país como a Argentina, que tem doença holandesa moderada (como a brasileira) não precisa, por definição, de capitais estrangeiros, ou seja, não precisa nem deve ter deficit em conta corrente; se tiver deficit é sinal que não neutralizou adequadamente a sobreapreciação crônica da moeda nacional que tem como uma das causas a doença holandesa.
A melhor prova do que estou afirmando é a China, que cresce com enormes superavits em conta corrente. Mas a Argentina é também um bom exemplo. Desde que, em 2002, depreciou o câmbio e reestruturou a dívida externa, teve superavits em conta corrente. E, graças a esses superavits, ou seja, a esse câmbio competitivo, cresceu muito mais que o Brasil. Enquanto, entre 2003 e 2011 o PIB brasileiro cresceu 41%, o PIB argentino cresceu 96%.
Os grandes interessados nos investimentos diretos em países em desenvolvimento são as próprias empresas multinacionais. São elas que capturam os mercados internos desses países sem oferecer em contrapartida seus próprios mercados internos. Para nós, investimentos de empresas multinacionais só interessam quando trazem tecnologia, e a repartem conosco. Não precisamos de seus capitais que, em vez de aumentarem os investimentos totais, apreciam a moeda local e aumentam o consumo. Interessariam se estivessem destinados à exportação, mas, como isso é raro, eles geralmente constituem apenas uma senhoriagem permanente sobre o mercado interno nacional.
[Fonte: Folha de São Paulo]

PRIVATARIA ARGENTINA - Os desafios da recuperação do petróleo na Argentina.

Queria vêr algum veículo do nosso PIG apresentar uma matéria como a que segue, que pudesse ser confrontado com o que ele publica.


No Resistir.info (site português)

Os desafios da nova YPF

por Claudio Katz [*]

A intervenção na YPF e a introdução de uma gestão estatal da empresa são medidas necessárias para começar a reverter a depredação energética. Mas constituem só um ponto de partida para recuperar os recursos petrolíferos.

Durante uma década a REPSOL liderou o esvaziamento de poços, reservas e instalações pré-existentes. Extraiu o máximo possível sem investir e expatriou lucros de forma escandalosa. Esta conduta não irritou nenhum dos críticos neoliberais da expropriação em curso. Agora questionam a "violação da ordem jurídica", esquecendo o total incumprimento dos contratos por parte da firma. Este duplo critério é congruente com a sua habitual aprovação dos atropelos contra os direitos dos assalariados ou aposentados. Nunca estendem a estes sectores os princípios da segurança jurídica.
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Falácias neoliberais
Os direitistas estão a recriar os fantasmas de 2001-2005 e repetem os mesmos argumentos que difundiram a seguir ao incumprimento (default). Advertem contra as terríveis consequências de "isolar-se do mundo", omitindo o seu recorde de prognósticos falhados.

Alguns desculpam a REPSOL afirmando que sofreu um castigo de preços desfavoráveis. Mas silenciam os sucessivos ajustes dos últimos anos, a autorização para liquidar divisas no exterior e a permissão para exportar a custo do auto-abastecimento. As objectadas retenções móveis às vendas externas foram uma ténue compensação pela terrível drenagem que o país sofreu. Tão pouco recordam que a falta de investimentos remonta aos anos 90, quando o combustível era muito caro em dólares.

Os porta-vozes locais da REPSOL afirmam que a expropriação afugentará os investimentos, que são necessários para recompor a produção. Mas o desenvolvimento petrolífero da Argentina nunca proveio dos capitais estrangeiros. Foi um resultado da propriedade estatal do petróleo bruto e do equilíbrio entre exploração (exploración) e gestão da extracção (explotación) de poços, que se conseguiu mediante um sistema integrado de extracção, refinação e comercialização. Este regime foi demolido com a privatização e deveria ser recomposto para reconstruir o abastecimento.

Qualquer passo nessa direcção é visto pela direita como uma expressão de "populismo, ou demagogia nacionalista". Mas com o seu apoio à privatização já demonstraram como concebem o ideal oposto de condutas republicanas, maduras e responsáveis.

Os defensores mais descarados da REPSOL alertam contra o iminente conflito entre argentinos e espanhóis que provocará a expropriação, como se a firma afectada fosse a representação do povo ibérico. Na realidade é uma empresa privada de duvidosa propriedade espanhola, uma vez que o grosso do seu capital encontra-se distribuído em vários centros financeiros do mundo. Como se especializada, além disso, em localizar sociedades em paraísos fiscais, potencia a evasão tributária que deteriorou as finanças espanholas, precipitando o brutal ajuste que padece esse país.

A REPSOL, naturalmente, é defendida por uma monarquia e um governo reaccionário, que continuam a exibir soberba neo-colonial com crescente descaramento. A repetição local dessa diatribe é particularmente chocante. Como a firma recorrerá a seus aliados da Europa e ao G20 para gerar um conflito jurídico internacional, é imperioso que a Argentina se retire do CIADI . Esse tribunal já tem preparada uma sentença a favor daquela petrolífera.

Empresa mixta ou estatal?

Os principais problemas da nova YPF não estão no flanco externo. É evidente que o governo decidiu a expropriação por necessidade e não por convicção. Estava aguilhoado pela queda da produção e consequente obrigação de financiar importações com os poucos recursos que dispõe a Tesouraria. Pressionados por essas circunstâncias efectuou uma volta de 180 grau no seu idílio anterior com a empresa afectada. Negociou sem resultados um compromisso de maior investimento e finalmente optou pelo choque com os seus velhos sócios. A expropriação não faz parte de uma estratégia prevista, nem obedece ao grande volume de votos conseguido nas últimas eleições.

A reconstrução da YPF encontra-se agora em mãos daqueles que participaram na sua destruição. Grande parte da elite actual de funcionários tomou parte no sucateamento da empresa durante o governo Menem e no remate das suas acções. Sua responsabilidade no descalabro energético dos últimos oito anos é inocultável. De Vido é a antítese de Mosconi. Pelo seu gabinete passaram todas as autorizações requeridas para validar o aniquilamento da YPF.

A iniciativa da expropriação é positiva, mas seus efeitos reais dependerão das próximas medidas. Uma decisão chave joga-se no manejo da indemnização. Não se pode pagar pelo que é nosso, nem premiar com maiores fundos aqueles que descapitalizaram a empresa. Ainda há que averiguar quais foram os lucros reais que a REPSOL acumulou com a distribuição de lucros à custa dos activos energéticos e com a expansão internacional da companhia, utilizando os recursos do subsolo nacional.

Antes de falar de qualquer avaliação da empresa (por cotação na bolsa, contabilística ou patrimonial) há que ver os resultados de uma auditoria, que esclareça o estado dos poços e dos danos ambientais. Se se utilizam os fundos do ANSES, as reservas do Banco Central ou a emissão de nova dívida para pagar a REPSOL, repetir-se-á a velha história de um estado bobo que se encarrega das perdas provocadas por ex concessionários.

A nova YPF é concebida como uma sociedade anónima, seguindo um modelo de empresa mista muito distante da velha companhia inteiramente estatal. Esta decisão é errada e conspira contra o projecto de reconstrução energética. Não é casual que existam tantos exemplos internacionais de manejo totalmente público de um recurso vital. Esse modelo de propriedade pública manteve a taxa de exploração requerida no passado para um país como a Argentina, que tem reservas limitadas e de extracção custosa.

A necessidade de um longo processo de investimento não é compatível com os esquema idealizados de companhias mistas, que já foram ensaiados na primeir etapa de privatização da YPF. Um teste próximo dos problemas que este modelo enfrentará verificar-se-á quando tiver de ser resolvida a situação do grupo Eskenazi. Esta família ficou como sócia minoritária da nova YPF, depois de haver perpetrado uma fraude superior às tropelias cometidas pela REPSOL. Comprou a sua participação sem por um só peso, recorrendo a um crédito a pagar com a distribuição de lucros. Sua permanência está em dúvida, a partir do momento em que terá de cancelar esse empréstimo com o seu próprio dinheiro. Se se concretiza a sua deserção; Quem se encarregará desse pacote? O estado mediante perdas adicionais? Ou haverá uma transferência para outros "capitalistas amigos" (Bulgheroni, Cristóbal López, Lázaro Báez, Eurekian), que já ficaram com várias áreas sem realizar nenhum investimento?

O perigo da sociedade mista não reside só nesses favoritismos. A forte presença do capital privado dentro da companhia exige que se opere com critérios de rentabilidade imediata, que obstruem a prioridade investidora. Este modelo induz, além disso, ao aumento dos preços na boca do poço pela pressão para alcançar maiores lucros, gerando um encarecimento adicional do combustível.

Gestão, legislação e propriedade

O governo promete uma administração profissional da nova YPF. Mas esta meta exige não só conhecimentos técnicos como também grande independência do lobby petrolífero. Se as firmas privadas participam do directório, aumentará o perigo de repetir os vícios do passado (endividamento desnecessário da companhia) ou incorrer em novos desacertos (uso dos recursos para financiar o buraco de importações). É evidente que a transcendência de definir como se administrará a companhia e a ENARSA é um mau antecedente imediato. Torna-se imprescindível dotar a YPF de um genuíno controle social, popular e dos trabalhadores.

Mas o maior problema está no sucederá com os 70% da actividade petrolífera que actualmente é desenvolvida fora da YPF. O governo não definiu que tipo de modificações serão introduzidas, num sector regido por princípios neoliberais de livre disponibilidade do petróleo bruto por parte dos concessionários.

A revisão dos contratos subscritos com essas normas mal começou e na sua grande maioria afectou poços marginais. O projecto de lei em curso não esclarece o que ocorrerá com o marco legal que permitiu a atomização do sector e a proliferação de uma grande variedade de convénios gravosos. Impõe-se aqui a imediata recuperação da atribuição do estado para controlar toda a comercialização interna e externa, fixando as condições e os preços de extracção e processamento.

A propriedade provincial do subsolo constitui outro impedimento para alcançar essa meta. Mantém o poder discricionário dos governadores no manejo de um recurso de toda a nação. O compromisso da sindicatura comum [de accionistas] que se estabeleceu com as províncias para o manejo da YPF não se estende ao resto do sector e só adia a necessidade de reintroduzir a propriedade nacional. Marginalizar as províncias não petrolíferas da nova condução da YPF não contribui para essa recomposição.

Com a expropriação abre-se um novo capítulo da história petrolífera. Há condições nacionais e internacionais muito favoráveis para reconstruir nosso cimento energético, avançando rumo a uma empresa totalmente pública. Só este esquema permitirá equilibrar os custos de extracção com os preços requeridos para o desenvolvimento industrial. Este manejo é indispensável para diversificar a matriz energética, reduzir a dependência dos hidrocarbonetos e evitar uma maior deterioração do meio ambiente.

O alcance destes objectivos exige que se afecte os interesses capitalistas que até agora o governo protegeu e adoptar uma atitude soberana frente às pressões externas. A mobilização popular com bandeiras próprias é o grande instrumento para esta acção.

ECONOMIA - A redução de juros e o lobby contra.

Do blog Luis Nassif online

A tese da redução de juros e o lobby contra

Por JB Costa
 
Comentário no post "Dilma implantou a tese da redução de juros"

É.....Dez em nove analistas econômicos da economia brasileira elencam o chamado "custo Brasil" como um dos entraves para o desenvolvimento dos negócios no país. Lembram da infraestrutura precária, da alta carga de impostos, da insegurança jurídica,e por aí vai.
São poucos os que sobrelevam essa questão pertinente a que alude o articulista: O Custo do Capital das Empresas. O esquecido custo de oportunidade, que advém pelo carreamento do capital que deveria ser empregado na ativa produtiva buscam o refúgio seguro e rentável dos títulos públicos, relativo a baixa taxa de investimentos que por sua vez gera empregos e alavanca a economia como um todo.
Por outro lado, à falta de uma cultura de financiamento de capital via mercado de ações ou de debentures, os entes produtivos obrigam-se a recorrer ao sistema financeiro encarecendo sobremaneira sua estrutura de capital e de custos. Ou seja, além da queda, coice.
p>A "briga" que a presidenta Dilma "comprou" é, provavelmente, a maior das tantas que disputará ao longo desse primeiro mandato. A insaciedade dos rentistas, mais a bocarra ávida por lucros da indústria bancária juntarão forças para sabotar esse projeto titânico.
O lobby na mídia já começa a estrebuchar. O editorial do vetusto Estadão de 20 do corrente mês já alega ser difícil os bancos prosseguirem nesse viés de baixa de spreads tendo em vista que na busca de adequação às normas de Basiléia 3 terão que aumentar muitos seus ativos, especialmente num período em que maiores taxas de inadimplência, decorrentes da elevação do volume de crédito e redução dos juros, aumentarão os risco do sistema financeiro.
Entenderam a "lógica" embutida nesse raciocínio?

POLÍTICA - Aceita, não amada.

Carlos Chagas

O importante na pesquisa divulgada ontem pelo Datafolha é que o Lula tem 57% das preferências populares para ser o candidato presidencial em 2014 e Dilma, 32%. Para complicar, ela dispõe de mais popularidade do que ele, no primeiro ano e três meses dos mandatos dos dois. O ex-presidente tem repetido que não será candidato, nem em 2014 nem em 2018 ou 2022, enfatizando que a vez pertence a Dilma. A sucessora, por enquanto, não abriu a boca para dizer se pretende a reeleição.
Quem fica em dificuldades com esses números é o PT, que maciçamente apoiaria o Lula, se ele aceitasse concorrer, mas jamais negará a candidatura a Dilma, se for ela a disputar. Mesmo assim, pela primeira vez, ambos foram colocados em confronto.
Ainda ontem o Lula apressou-se pela milésima vez em afirmar que não é nem será candidato. Só que a pesquisa revelou o que vai no recôndito da maioria dos companheiros: gostariam que ele fosse, sentimento oculto a demonstrar o oposto, ou seja, que ela não fosse. A conclusão é de que a atual presidente pode ser aceita pelo partido, constituindo-se até na solução possível, mas amada, nem pensar.
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SEMANA QUENTE
Dados os últimos retoques no fim de semana e hoje, instala-se amanhã a CPI mista do Cachoeira, com o senador Vital do Rego na presidência e, é quase certo, o deputado Paulo Teixeira como relator. Tudo se concentra no depoimento do próprio, ou seja, do Cachoeira. A Justiça Federal não criará empecilhos para ele comparecer, agora que se encontra a quinze minutos de carro do prédio do Congresso.
O advogado Márcio Thomas Bastos tem certeza de que protelar a oitiva de nada adiantará. A dúvida é saber se o bicheiro se mostrará disposto a repetir mais do que a sua inocência. Nem por milagre reconhecerá ligações espúrias com políticos, governantes e empresários, mas se confirmar encontros, doações e interferências, deixará muita gente mal.
Seu depoimento será comparado ao relatório da Polícia Federal sobre a Operação Monte Carlo, podendo servir para o alinhamento de discrepâncias e contradições. Se possível, a convocação de Cachoeira será pedida na quarta-feira, quando começarem os trabalhos, esperando-se seu comparecimento nas próximas duas semanas.
Fonte: Tribuna da Internet.

POLÍTICA - Erundina como vice de Haddad

Se isso se concretizar, será ótimo para a candidatura petista.

Do Blog do Rovai

Erundina é cotada para vice de Haddad

O acordo entre PT e PSB para as eleições paulistanas está quase fechado. E já há gente trabalhando para que isso resulte num acordo com Erundina de vice de Haddad.
Até onde esse blogue pôde apurar tanto ele quanto ela gostam da ideia, mas não topam tratar do assunto.
O PT tem receio de que essas especulações possam vir a criar constrangimentos ao possível novo aliado, já que Erundina não faz parte da cúpula dos socialistas.
Mas há muitos petistas que gostam da ideia e que consideram que Erundina traria experiência e apelo popular à chapa. O que na visão deles, soma ao perfil de Haddad.

Nos próximos dias o assunto deve vir à baila com mais força, porque um movimento suprapartidário de apoio a essa chapa estaria sendo organizado.

domingo, 22 de abril de 2012

POLÍTICA - "Enquanto os cães ladram, a caravana passa".

Gosto sempre de citar esta frase do Ibrahim Sued toda vez que sai uma pesquisa do DataFolha.

Se a oposição, (a política e a midiática) não mudar seu discurso e continuar brigando com os fatos, o cenário abaixo lhe será sempre desfavorável para alegria de nós petistas.


Do blog "Leituras do Favre"


Apoio a Dilma bate recorde, mas eleitor quer Lula em 2014

Capa Folha de S.Paulo - Edição São Paulo
Dilma tem aprovação recorde, mas Lula é favorito para 2014.

Presidente atinge novo pico de popularidade, com 64% de ótimo ou bom.

Questionados quem preferem ver como candidato do PT, 57% citam ex-presidente, contra 32% para a atual.

FERNANDO RODRIGUES

DE BRASÍLIA

A presidente Dilma Rousseff bateu mais um recorde de popularidade, mas seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, é o preferido dos brasileiros para ser o candidato do PT ao Planalto em 2014.
Esse é o resultado principal da pesquisa Datafolha realizada nos dias 18 e 19 deste mês com 2.588 pessoas em todos os Estados e no Distrito Federal. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

O governo da petista é avaliado como ótimo ou bom por 64% dos brasileiros, contra 59% em janeiro.
Trata-se de um recorde sob dois aspectos: é a mais alta taxa obtida por Dilma desde a sua posse, em 1º de janeiro de 2011, e é também a maior aprovação presidencial com um ano e três meses de mandato em todas as pesquisas até hoje feitas pelo Datafolha.

Para 29%, Dilma faz um governo regular. Outros 5% consideram que a atual administração é ruim ou péssima. Em janeiro, essas taxas eram de 33% e 6%, respectivamente.

Como a curva de popularidade positiva de Dilma tem sido ascendente desde o início, o Datafolha incluiu desta vez uma nova pergunta no levantamento sobre a eleição de 2014 -quem deveria ser o candidato do PT a presidente: Dilma ou Lula?

As respostas foram bem mais favoráveis a Lula. Ele é o predileto de 57% dos brasileiros para disputar novamente o Planalto daqui a dois anos e meio. Outros 32% citam Dilma. Para 6%, nenhum dos dois deve concorrer. E 5% não souberam responder.

“A presidente Dilma vem tem tendo curva crescente de popularidade e pode reduzir essa desvantagem em relação a Lula se mantiver essa trajetória”, diz Mauro Paulino, diretor do Datafolha.

Dilma, entretanto, está tecnicamente empatada com o antecessor, dentro da margem de erro, quando se observam grupos considerados formadores de opinião.

Por exemplo, entre os eleitores com renda acima de dez salários mínimos, Dilma tem 48% contra 45% de Lula. Situação de empate técnico.

O mesmo entre os que têm escolaridade de nível superior: 42% para atual presidente e 41% para seu antecessor.

A ATUAL E OS EX

A comparação com os dois últimos presidentes é muito favorável a Dilma e seus 64% de aprovação. Nesta época, em seu primeiro mandato, Lula tinha 38%. O tucano Fernando Henrique Cardoso tinha ainda menos, só 30%.

Mesmo no segundo mandato, Lula tinha 55% de aprovação com um ano e três meses de governo. Ou seja, nove pontos menos que Dilma.

A alta da petista foi em quase todas as faixas de renda, idade e escolaridade.

Grupos socioeconômicos nos quais Dilma não ia tão bem agora mostraram forte reação. É o caso dos brasileiros com renda familiar acima de dez salários mínimos -4% da população. A petista subiu 17 pontos nesse grupo, passando de 53% para 70%.

Outra alta significativa foi entre a população mais pobre, com renda até dois mínimos por mês -uma massa de 48% dos brasileiros. Nesse grupo, Dilma saiu de 59% para 64% de aprovação.

O atual levantamento foi feito já sob o impacto da queda da taxa de juros de bancos e da redução da taxa básica de juros do país, que passou de 9,75% para 9% na quarta.

A aprovação pessoal da presidente também evoluiu. Para 68%, o desempenho de Dilma é ótimo ou bom; 25% dizem que é regular; 4% avaliam como ruim ou péssimo.


Se 2º turno fosse hoje, petista teria 69% dos votos

DE BRASÍLIA

O segundo turno da eleição presidencial não foi assim um passeio para Dilma Rousseff. A candidata do PT teve 56,05% nas urnas contra 43,95% do adversário do PSDB, José Serra.

O Datafolha investigou o que ocorreria se a mesma disputa se desse agora. Aí sim Dilma venceria por larga margem, com 69% contra 21% de Serra.

Se esse hipotético embate se repetisse, 6% dos eleitores não votariam nem em Serra nem em Dilma. Outros 4% se declararam indecisos.

Chama a atenção que 26% dos eleitores que votaram em Serra agora declaram voto em Dilma. E 8% dos que votaram nela hoje dizem preferir o tucano.

Para analisar essa simulação de disputa eleitoral é necessário considerar que Serra está há algum tempo sem a mesma exposição de mídia que tem a presidente da República. Ou seja, não existe de fato uma situação de embate real entre ambos.

Feita a ressalva, vale registrar que o tucano teria seu melhor desempenho entre eleitores com mais 60 anos (23%) e entre os que têm renda de cinco a dez salários mínimos (24%).

Já Dilma aparece com sua taxa de intenção de voto mais favorável entre os eleitores de 25 a 34 anos (74%) e nos grupos de homens e pessoas apenas com o ensino fundamental, ambos dando a ela 71% da preferência. Ela nunca chegou a esse patamar em 2010.
(FR)

Brasileiro está mais otimista com economia

Parcela que acredita que inflação vai subir diminuiu, e fatia que espera um aumento do poder de compra cresceu.

Para 49%, situação econômica do país em geral vai melhorar, e só 13% enxergam piora; para 34%, nada muda.

Os brasileiros estão mais otimistas com o desempenho da economia sob a administração de Dilma Rousseff.

Vários indicadores mostram que aumentou a sensação de melhora financeira, segundo pesquisa Datafolha.

Logo no começo do mandato da petista houve expectativa de crescimento da taxa de inflação e de diminuição do poder de compra. Hoje, essas curvas se inverteram.

No caso da inflação, a curva descreve forte mergulho. Em junho do ano passado, 51% achavam que os preços iam subir. O percentual caiu para 46% em janeiro passado. Agora, chegou a 41%.

Ou seja, a população percebeu que os preços perderam fôlego. O Planalto tem respondido forçando uma queda dos juros. E a soma dessas conjunturas tem rendido mais popularidade para a presidente da República.

Já a curva da expectativa do poder de compra tem uma trajetória ascendente desde junho de 2011. Naquela época, o Datafolha havia apurado que apenas 33% achavam que o poder de compra iria aumentar. Em janeiro, a taxa foi 41%. E agora está em 45%.

Inflação e poder de compra são indicadores clássicos para avaliar a sensação de bem-estar dos cidadãos.

Mas há alguns sinais amarelos no horizonte. Por exemplo, a respeito da oferta de empregos. Para 35% dos brasileiros o desemprego vai diminuir nos próximos meses. Mas outros 31% acham que vai aumentar. E 29% acham que tudo fica como está.

Essas taxas a respeito de desemprego estão no mesmo patamar desde junho de 2011.

Sinal de que os brasileiros não têm muita certeza sobre a ampliação do mercado de trabalho, o que provoca um ruído a respeito da sensação geral -embora não suficiente no momento para abalar a popularidade presidencial.

O saldo quando os brasileiros refletem sobre a economia é que as coisas estão indo mais bem que mal, para o país e para eles próprios.

Segundo o Datafolha, 49% afirmam que a situação econômica do país de forma geral vai melhorar.

Em janeiro, esse percentual era de 46%. Outros 34% dizem que a economia ficará como está. Só 13% enxergam uma piora.

Essa mesma abordagem otimista é registrada na análise das finanças pessoais. A grande maioria (62%) afirma que sua situação econômica melhorará nos próximos meses. Essa taxa era de 54% em junho do ano passado.

Apenas 8% afirmam que sua situação irá piorar. E 27% dizem que ficará como está (eram 30% há três meses, e 28% em março de 2011).

A curva da situação econômica pessoal é um indicador que antecede um pico de popularidade. Foi assim com Luiz Inácio Lula da Silva em 2009 e 2010. Quando a taxa desse indicador chegou ao patamar de 60%, a aprovação do petista aproximou-se dos 80%.
(FERNANDO RODRIGUES)