terça-feira, 29 de novembro de 2016

POLÍTICA - Cunha manda seus sinais.

Cunha manda seus sinais


gentlemen
O comentarista político Kennedy Alencar registra o mesmo que, desde ontem, era possível perceber:
No Palácio do Planalto, a leitura política sobre as perguntas da defesa de Eduardo Cunha a Michel Temer foi a de que o ex-presidente da Câmara fez insinuações a respeito da conduta do presidente a fim de se posicionar publicamente para tentar negociar uma delação premiada com a Procuradoria Geral da República. Nas perguntas apresentadas no processo contra Cunha que tramita sob os cuidados do juiz Sérgio Moro, o peemedebista insinua que conhece segredos de Temer.
Pode ser, mas a atitude de Sérgio Moro, ao vetar ostensivamente todas as perguntas que poderiam colocar Temer em “saia-justa”, não é sinal que a Força Tarefa da Lava Jato, ao menos até agora, estejam mirando o atual ocupante do Planalto e certamente que não com o apetite com que se voltaram para Dilma Rousseff e Lula.
Talvez a situação seja mais próxima do que diz o próprio Kennedy, no título que dá a nota no seu blog: Para Planalto, Cunha faz chantagem e busca delação.
A chantagem sobre Temer, evidente, só poderia partir do princípio de que ele tivesse alguma condição de “pagar” pelos segredos com o alívio da situação judicial do ex-presidente da Câmara e diretor do espetáculo que o levou ao posto presidencial.
Não parece que Temer reúna condições de fazer isso.
Mas os procuradores, estes têm, e cada vez mais.
E não é difícil que peçam uma “amostra grátis” a Cunha para começarem as conversas sobre delação premiada.

POLÍTICA - É isso que a direita sabe fazer.


Identificados os vândalos que agrediram a Embaixada de Cuba. São do MBL

Relatei ontem a cena ultrajante em que meia dúzia de exaltados de direita destruíram as flores e o cenário de homenagem a Fidel Castro criado por admiradores em frente à Embaixada de Cuba. Eles já foram identificados e estão fazendo propaganda de sua própria incivilidade, grosseria e desrespeito ao povo cubano nesta hora.
Felipe Porto, militante do MBL, postou numa rede social fotografia em que aparecem ele, Kelly Bolsonoro, Cristiane Couto e Marcelo Seixas de Araujo brindando à morte de Fidel na porta da Embaixada. Seu texto diz:
“Eu, Kelly Bolsonaro, Criatiane Couto e Marcelo Seixas de Araujo festejando, neste domingo, na porta da Embaixada de Cuba a partida para o inferno do ditador sanguinário Fidel Castro, com muita Cuba Libre, charuto “La Habana”  e fogos de artifício, tocando o Hino Nacional de Cuba e  trombeteando no microfone os crimes e as mais de 100 mil mortes da ditadura na ilha-prisão. A comunistada pira, kkkk...”.
Ele não confessa o vandalismo, a destruição das flores e objetos mas a polícia já os identificou. A comunidade cubana de Brasília está indignada com a manifestação fascista e o desrespeito na hora da morte,  que em todas as culturas é respeitada mesmo quando se trata de adversário.

POLÍTICA - A parcialidade da lava jato.

Moro confirma parcialidade da Lava-Jato

Do site Lula:
Segundo a lei brasileira, o promotor é a acusação, existem os advogados de defesa e um juiz imparcial entre as partes. Mas qualquer um que tiver tempo e disposição para ouvir as audiências de 11 delatores colocados como testemunhas pela acusação da Lava Jato contra o ex-presidente Lula vai ver que o juiz Sérgio Moro se comporta de forma diferente. Ele pergunta como promotor, emite pré-julgamentos e faz questões que não têm relação com o tema do processo: três contratos da Petrobrás, um apartamento no Guarujá (SP) e o armazenamento do acervo presidencial. 


Enquanto mesmo os delatores selecionados pelo MP não indicam nenhuma participação de Lula em qualquer desvio na Petrobras, fica evidente, após uma semana de audiências de testemunhas de acusação na 13ª Vara Federal de Curitiba, a obsessão de Moro em condenar Lula mesmo sem provas, conforme denúncia feita pelos advogados do ex-presidente na ONU.

Depoimentos inocentam ex-presidente e expõem absurdo do Power Point, mas imprensa finge que não vê
A Lava Jato convocou 11 delatores, um time de futebol de campo, uma seleção dos seus mais ilustres réus confessos que negociaram, ou negociam, acordos de benefícios penais no Brasil e também no exterior – Delcídio do Amaral, Augusto Mendonça, Pedro Correa, Nestor Cerveró, Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa, Pedro Barusco, Fernando Soares, Dalton Avancini, Eduardo Leite e Milton Pascowith.

Todos foram unânimes em dizer que jamais discutiram ilegalidades com o ex-presidente Lula, ou souberam de desvios e vantagens indevidas para Lula, ou ter qualquer informação a dar sobre o suposto tríplex do Guarujá. Até o jornal Estado de São Paulo e alguns veículos da Globo reconheceram isso discretamente no meio de matérias. Isso depois de manchetes em letras garrafais e 13 horas de Jornal Nacional dizendo o contrário.

O senador Delcídio do Amaral, por exemplo, disse jamais ter discutido qualquer assunto irregular com Lula. Segundo o senador “ele jamais me deu essa liberdade”, ou seja, Delcídio jamais sequer tocou nesse tipo de assunto com o presidente. As acusações de Delcídio não acompanham nenhuma prova, sendo na palavra do senador uma “delação de político”. Mas, mesmo assim, Delcídio está em liberdade e negociou para sair da cadeia com a Procuradoria-Geral da República, apesar de citado de forma muito concreta pelos depoentes Nestor Cerveró e Fernando Soares como receptor de diversas vantagens indevida desde o governo Fernando Henrique Cardoso, quando era diretor da Petrobras. Delcídio não está sendo investigado por esses delitos cometidos por ele. Ou seja, quem cometeu crimes está livre em troca de acusar sem provas outras pessoas.

Os depoimentos, uma espécie de “retrospectiva” da Lava Jato, indicam também um cenário bem diferente do Power Point simplista apresentado pelo procurador Deltan Dallagnol, ou na denúncia do MP.

Todas as inconsistências da acusação
As invenções do MP vão desde pequenos detalhes, como de que Paulo Roberto Costa era chamado por Lula de “Paulinho” (o próprio negou esse apelido e disse jamais ter sido chamado assim, ter tido uma reunião sozinho ou qualquer intimidade com Lula) até questões maiores sobre os desvios da Petrobras.

Segundo o delator Augusto Mendonça, o “cartel” das empreiteiras, reunindo 16 empresas, perdeu efetividade a partir de 2009, com as obras do Comperj, ou seja, cinco anos antes do início da Operação Lava Jato. Segundo outros depoimentos dados essa semana, isso aconteceu por obra dos próprios diretores da Petrobras, que diante do aumento de investimentos da Petrobrás ampliaram para 40 o grupo de empresas que participavam das licitações.

Todos os depoentes também revelaram que NENHUM dos diversos órgãos de controle da empresa (auditorias internas e externas, Controladoria-Geral da União, Tribunal de Contas e o próprio Ministério Público) havia detectado qualquer irregularidade na Petrobras antes da eclosão da Lava Jato em 2014, ou seja, quatro anos depois de Lula deixar a presidência. Paulo Roberto Costa disse acreditar que isso se dava porque não havia corrupção nas comissões de licitação da Petrobrás, e porque os preços estavam dentro da margem de variação previstos nas licitações (entre 20% acima e 15% abaixo do orçamento do projeto básico).

Ou seja, não era óbvio ou evidente a existência de desvios na Petrobras, tanto que nenhum órgão encarregado de fiscalizar a empresa a detectou, e a corrupção não envolvia muitas pessoas na companhia. Até o senador Delcídio do Amaral expôs que “o fato de haver indicação política não significa que a pessoa é indicada para roubar”, e que não havia desvios em todas as diretorias da companhia. E Nestor Cerveró disse que foi indicado pelo então governador de Mato Grosso do Sul, Zeca do PT, mas que esse jamais lhe pediu qualquer coisa em troca disso.

O pagamento de vantagens indevidas variava entre 1% e 2% (ninguém falou em 3%, como chuta a denúncia do Ministério Público contra Lula), divididos entre funcionários da Petrobras como Pedro Barusco e Paulo Roberto Costa e políticos, como José Janene do PP, partido que controlava a diretoria de Abastecimento. Não haveria vantagem indevida pagas em todos os contratos, embora fosse a regra habitual. Não havia, segundo Barusco, “retaliação” por não pagamento de vantagens indevidas acertadas. O valor saia das empresas para os corruptos quando a Petrobras pagava pelo serviço feito.

Tanto em contratos em geral, quanto nos três contratos, das Refinarias do Paraná e Abreu e Lima, que o Ministério Público diz ter saído vantagens para o ex-presidente Lula, todos os depoentes afirmaram não ter qualquer informação sobre isso. Disseram sequer ter “ouvido falar” de vantagens para Lula.

Moro e Ministério Público: um mesmo time que é dono da bola
A condução das audiências pelo juiz Sérgio Moro deixou claro que ele atua como linha principal da acusação no caso, é parcial, e que não faz sentido nenhum deixar um juiz-celebridade, que inclusive já cometeu crimes contra Lula, julgá-lo. Em despacho negando produção de provas para a defesa, Moro deixou bem claro que a denúncia tratava-se apenas de 3 contratos.

Mas, nas audiências, o juiz não só permitiu que as perguntas do Ministério Público fossem amplas, completamente fora desse tema, como ele mesmo fez perguntas fora do papel de juiz, muito além do mero esclarecimento das questões levantadas pela defesa e acusação, como levantando novas questões. A justificativa dada era que se tratava de um “contexto probatório”. As perguntas inclusive invadiram processo que corre na 10º Vara Federal de Brasília, e que corre nessa vara justamente por decisão explícita do Supremo Tribunal Federal de que não cabia a Moro julgar esse caso.

Questionado por tal prática não estar de acordo com a letra do Código de Processo Penal, várias vezes Moro reiterou que quem preside e interpreta o processo é ele, como “dono” do processo. Quatro vezes cortou a gravação para cassar a palavra da defesa. Algumas vezes gritou. Acusou a defesa de “tumultuar”, embora em nenhum momento a defesa tenha se levantado e saído da audiência, como foi feito pelo juiz. E na quarta-feira colocou os supostos “tumultos” em ata, para justificar o encerramento da audiência do dia às 18:30 sem ouvir Nestor Cerveró, remarcado para o dia seguinte. Acontece que na mesma quarta-feira Moro tinha uma palestra às 20:00 para uma plateia que tinha pago ingressos para vê-lo. A defesa não tinha compromisso nenhum que a impedisse de ouvir Cerveró na própria quarta-feira, nem nenhum dos advogados envolvidos fez qualquer pedido ou petição para atraso da audiência.

Moro disse ainda que a defesa “não tinha argumentos”, o que é completamente irreal diante da extensa defesa já apresentada por escrito e dos depoimentos que mostraram que quem não tem provas nem fatos concretos é a acusação, que não consegue estabelecer nenhuma relação entre 3 contratos em refinarias entre 2006 e 2008 e a reforma de um apartamento que não é do ex-presidente em 2014.

Para a Lava-Jato, crime de Lula foi ter sido presidente
Os depoimentos revelaram que ao menos desde a década de 1960, indicar linhas políticas para a Petrobras é parte das atribuições de um presidente da República. É curioso o espanto dos promotores com Lula indicar pessoas para cargos no governo, consequência natural de ser eleito presidente democraticamente, e a tentativa de transformar em algo ilegal o fato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter defendido, por exemplo, a internacionalização da Petrobras como forma de ampliação da presença do Brasil no exterior e aumento da presença da empresa no Nordeste do Brasil.

Tanto Paulo Roberto da Costa quanto Nestor Cerveró, os dois ex-diretores da empresa ouvidos, falaram que só tiveram reuniões com Lula com a presença do presidente e outros diretores da empresa, para discutir projetos de desenvolvimento do país e que era nesse sentido que Lula acompanhava e visitava a Petrobras. Cerveró disse que Lula arbitrou a discussão de em que estado do Nordeste ficaria a refinaria Abreu e Lima, e que não faria diferença para a Petrobrás do ponto de vista de custo, sendo então uma decisão política própria do presidente.

Pedro Correa disse que “no mundo todo” se compõem governos com indicações de partidos. E também foi dito disse que a prática é muito anterior no Brasil ao governo de Fernando Henrique Cardoso.

Augusto Mendonça lembrou que era uma promessa de campanha, registrada em programa eleitoral, a contratação no Brasil de tudo que a Petrobras poderia fazer aqui, gerando no país, e não no exterior, empregos e impostos. Isso era uma política pública defendida em campanha eleitoral, que gerou milhares de empregos no Brasil.

Moro chegou a demonstrar espanto ao ouvir de um depoente que Lula não discutiu aditivos da refinaria Abreu e Lima. “Não?”, reagiu o juiz.

O Ministério Público reiteradamente não tem mostrado o mesmo interesse em investigar a denúncia concreta, que reapareceu nos depoimentos dessa semana por Nestor Cerveró e Fernando Soares, das denúncias de envolvimento de Paulo Henrique Cardoso, filho de Fernando Henrique Cardoso, em um escândalo na época da construção de termoelétricas no começo dos anos 2000, durante o governo do PSDB.

A imprensa cobre “tumulto” para não dar depoimentos que inocentam o ex-presidente
Era de se esperar que depois de tanto barulho em torno do tríplex e Lava Jato, que fosse ampla a cobertura da imprensa sobre a primeira semana de audiências do caso. Mas que nada. Para esconder os depoimentos que não tem provas contra Lula e até o inocentam explicitamente, a mídia foi na tese de Moro de “tumulto” e “bate-boca”, para não ir ao principal: os procuradores podem ter suas convicções, mas não tem provas contra Lula.

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domingo, 27 de novembro de 2016

POLÍTICA - Cuba é a exata medida do gigantesco fracasso do capitalismo brasileiro.


Gustavo Castañon: Cuba é a exata medida do gigantesco fracasso do capitalismo brasileiro




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Crianças na volta às aulas em Cuba
CUBA: A EXATA MEDIDA DE UM IMENSO FRACASSO
por Gustavo Castañon
Coxa: “Vai pra Cuba!”
Com a morte de Fidel o leitmotiv predileto da direita vai voltar à carga. Esse é a acusação de que a esquerda quer transformar o Brasil numa Cuba, como se essa ilha fosse um imenso fracasso. É uma estratégia tão, mas tão desonesta, que é até difícil explicar o tamanho da desonestidade. Mas vou tentar.
Para começar, Cuba pode realmente ser ruim para mim, que sou de classe média alta, mas é para 100% de seus habitantes melhor do que o Brasil é para 90% dos seus.
Esse não é um chute estatístico, mas uma estimativa conservadora. 75,9% dos brasileiros vivem com menos de U$10.000 ao ano enquanto 10% dos brasileiros abocanham 75,4% da renda nacional (1% abocanha 48%) [1]. A renda per capita em Cuba ajustada por poder de compra é de 20.611 [2] dólares internacionais, enquanto a do Brasil antes da depressão econômica era de 15.893 dólares [3]. O povo daquela ilha rochosa bloqueada é mais rico que o povo do continente Brasil. Essa é uma realidade chocante e geralmente desconhecida.
Ainda assim não quero ir pra Cuba, a não ser a turismo. Porque para mim a quantidade de liberdade é mais importante do que o pão. É claro, eu tenho pão. Bem mais do que isso, eu faço parte dos 10% de privilegiados brasileiros. Logo, sou mais livre aqui do que lá. Mas minha diarista certamente não. Que pena que ela não tem ideia do que realmente significa “Vai pra Cuba!”.
E é também por isso que não posso querer para mim uma sociedade moralmente monstruosa como os EUA, aquela plutocracia onde o último traço de democracia é uma relativa liberdade de expressão.
Mas o Brasil, meu Deus, o Brasil é uma monstruosidade social tão maior, que querer que ele se transforme em algo parecido com os EUA é querer reformas de esquerda. Sim, na maioria dos aspectos, os EUA estão à esquerda do Brasil. No dia em que o Brasil tiver um salário mínimo como o dos EUA (U$7,25 por hora contra U$1,12) [4], uma distribuição de renda como a dos EUA (gini 40,8 contra 54,7) [5] , uma lei de mídia como a dos EUA, a proteção às indústrias e agricultura local como a dos EUA, um estado do tamanho do dos EUA [6] (14,6% da população empregada contra 11,1%), a direita vai poder alertar para o risco de ele virar uma Alemanha. Até lá, em vez de gritar: “A esquerda quer transformar o Brasil numa Cuba!”, deveria gritar: “A esquerda quer transformar o Brasil num EUA!”.
E quando o Brasil ficasse parecido com os EUA, querer um governo de esquerda ia ser querer que o Brasil começasse a ter políticas de salvaguarda social mais parecidas com as da Alemanha [7] , sua saúde pública, sua educação pública, suas políticas ambientais estreitas, sua carga tributária (40,6% contra 34,4% do Brasil) [8], seu imposto progressivo (quanto mais rico, mais imposto). E a direita deveria então gritar, se quisesse ser honesta: “Cuidado, a esquerda quer transformar o Brasil numa Alemanha!”
E então, quando o Brasil ficasse parecido com a Alemanha, a direita poderia alertar para o risco de virarmos uma Dinamarca. Aí, querer reformas de esquerda seria querer que mais da metade da renda fosse para os impostos (50,8%) [9], que os filhos da elite fossem obrigados a estudar em escolas públicas, entre as melhores do mundo, que estado tivesse mais de um terço da população empregada (34,9%) [10], bancasse dois anos de licença para criar um recém-nascido, limitasse fortemente a atuação das grandes corporações, fosse radicalmente democrático.
Finalmente, quando o Brasil ficasse parecido com a Dinamarca, o direitista poderia gritar sem hipocrisia seu terror com a Cuba que se avizinha, a do estado total e economia planificada, e disfarçar melhor sua inveja do funcionário público sob a máscara do ódio ao estado. Provavelmente nesse dia, até eu estivesse protestando a seu lado.
Na estratégia do espantalho cubano o reacionário brasileiro finge ser a favor da liberdade e do mérito, enquanto na verdade é contra. Contra a liberdade do povo, seus direitos trabalhistas, o investimento na educação e universidade públicas, o fortalecimento do SUS e a redução dos juros. Contra o aumento da carga tributária, do salário mínimo, do estado, da remuneração do professor básico, da distribuição de renda e das oportunidades para os excluídos.
Um conservador na Inglaterra é só um conservador. Um conservador no Brasil é um monstro. Um monstro que quer conservar as estruturas de um dos países mais desiguais e injustos do mundo.
Não, Cuba não é o paraíso. É só uma ilha rochosa no meio do Caribe sem recursos naturais de qualquer tipo e bloqueada economicamente há cinquenta anos.
E, no entanto, garante saúde e educação universal para seu povo e tem IDH maior que o nosso, nós, que somos um continente, nós, que temos todos os recursos naturais. Essa é a medida de nosso fracasso. O incrível e gigantesco fracasso do capitalismo brasileiro.
[1]Credit Suisse – Research Institute. Markus Stierli. Outubro de 2015. Tabela 6-5, pág. 149, 17-10-2016.
[2]http://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.PCAP.PP.CD?locations=CU&order=wbapi_data_value_2014+wbapi_data_value+wbapi_data_value-last&sort=desc
[3]http://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.PCAP.PP.CD?order=wbapi_data_value_2014+wbapi_data_value+wbapi_data_value-last&sort=desc
[4]http://www.infomoney.com.br/carreira/salarios/noticia/4073079/veja-quanto-salario-minimo-pago-paises-australia-campea
[5]World Bank GINI index
[6] OCDE http://www.oecd-ilibrary.org/sites/gov_glance-2011-en/05/01/gv-21-02.html?itemId=/content/chapter/gov_glance-2011-27-en&_csp_=6514ff186e872f0ad7b772c5f31fbf2f
[7]http://www.dw.com/pt-br/como-o-estado-alem%C3%A3o-ap%C3%B3ia-as-fam%C3%ADlias/a-2370133
[8]Heritage Foundation (2015).”2015 Macro-economic Data”.and Index of Economic Freedom, Heritage Foundation.
[9] http://ec.europa.eu/eurostat/statistics-explained/index.php/File:Total_tax_revenue_by_country,_1995-2014_%28%25_of_GDP%29.png
[10]OCDE http://www.oecd-ilibrary.org/sites/gov_glance-2011-en/05/01/gv-21-02.html?itemId=/content/chapter/gov_glance-2011-27-en&_csp_=6514ff186e872f0ad7b772c5f31fbf2f

sábado, 26 de novembro de 2016

Blog do Roberto Moraes: A comprovação de que o Brasil voltou para históric...

Blog do Roberto Moraes: A comprovação de que o Brasil voltou para históric...: Quer saber por que o esquartejamento e entrega dos pedaços da Petrobras é nociva à nação? Veja o que disse representantes do governo brasile...

POLÍTICA - Fidel: "A história me absolverá"

Este é o momento que confirma o prognóstico de Fidel Castro sobre si mesmo: “A História me absolverá”, título de seu discurso de defesa no processo que enfrentou  após a fracassada tentativa de assalto ao quartel de Moncada, em 1953, bem antes do triunfo da Revolução.   Os principais líderes políticos do mundo, de todas as tendências, e até mesmo o Papa Francisco, lamentam sua morte reconhecendo sua dimensão histórica. Há sempre os que são mesquinhos mesmo na morte, como os dissidentes que festejaram sua morte nas ruas de Miami ou a Folha de São Paulo, que na edição de hoje o chamou reitera e desnecessariamente de ditador.
A Revolução que ele liderou em 1959, derrubando o ditador Fulgêncio Batista ali mantido como marionete pelos Estados Unidos, foi primeiramente um levante do povo cubano contra a opressão, muito antes da opção pela via socialista. Cuba era então o bordel caribenho dos americanos.  A revolução ainda nem era comunista e já se tornara a inspiração libertária para os jovens de todo o mundo, e especialmente da América Latina,  identificados a força revolucionária de Fidel e seus companheiros de guerrilha, como Che Guevara e Camilo Cienfuegos.  Com a opção comunista, Cuba mostrou que era possível construir uma sociedade mais fraterna e igualitária. A revolução não deu luxo aos cubanos mas o essencial nunca faltou, especialmente educação e saúde universais.    Seu povo muitas vezes deu provas inequívocas de unidade em torno de Fidel e do ideal revolucionário,  como na emblemática expulsão dos que tentaram invadir a Baia dos Porcos,  na mais desastrada operação americana contra  outro país. Excessos houve mas revoluções que hesitam,  fracassam. Revolução nunca foi conciliação e o povo cubano optou pela revolução. 
Mas para além de suas virtudes, bem maiores que suas falhas, a revolução cubana que se confunde com a vida de Fidel representou para a minha e outras gerações a confirmação de que os homens podem mudar o mundo, de que os fracos podem se levantar contra os fortes, de que é possível viver fora da escravidão pelo outro e pelo capital.
Fidel e a revolução cubana foram também, para os povos da América Latina, um farol indicador de que poderiam escolher seus próprios caminhos,  afirmando cada um sua soberania e sua liberdade. Nenhum país latino-americano reproduziu a revolução cubana ou trilhou seus caminhos, apesar do sacrifício de Che e de outros que se levantaram em armas contras ditaduras, contra outros Fungêncios Batista. Cada povo é um, com sua história e suas  condições. Mas Fidel contribuiu imensamente para que a Amèríca Latina tenha deixado de ser o quintal dos Estados Unidos, o grande bananal de ditaduras subservientes.  A revolução cubana foi que soprou e espalhou este sentimento continente afora.   A roda da história girou, Cuba atravessou momentos difíceis, fustigada pelo bloqueio comercial norte americano,  abalada pelo fim da ajuda soviética após a debacle do socialismo no Leste, cobrada mundialmente pelo deficit de democracia interna, isolada diante de um mundo que se globalizou. Fidel soube a hora de passara o bastão a Raul, assimilou a necessidade de abertura e flexibilização e esperou serenamente pelo apagar da chama de uma vida ímpar, dedicada a seu povo.  O julgamento da História começa agora, quando líderes de todo o mundo, dos mais ideologicamente próximos aos mais antagônicos,  o colocam entre os grandes estadistas do mundo.
Fidel morre quando a direita avança no mundo, quando o socialismo virou quimera, quando o retrocesso  encarna em Trump

POLÍTICA - 9 frases célebres de Fidel Castro.

9 frases célebres de Fidel Castro


Da BBC:
Até os mais críticos admitem que Fidel Castro Ruz, o homem que liderou a Revolução Cubana e que morreu na noite desta sexta-feira, era um grande orador.
É claro que os longos discursos também já foram motivo de muitas piadas, mas nas mais de seis décadas que Fidel esteve na linha de frente da política internacional e entre as reflexões que compartilhou desde que deixou o poder em 2006, o revolucionário cubano disse várias frases memoráveis.
1.”A história me absolverá”
Uma das frases mais conhecidas de Fidel Castro é também uma das primeiras que o público conheceu.
Ele falou isso aos 26 anos, quando ainda era um jovem revolucionário.
Depois do ataque ao quartel Moncada de Santiago de Cuba, em 26 de julho de 1953, e depois de passar 76 dias “preso em uma cela solitária”, como denunciou na época, ele fez a própria defesa no julgamento. E encerrou com estas palavras:
“Sei que a prisão será dura como nunca foi para ninguém, cheia de ameaças, de enfurecimento ruim e covarde, mas não a temo, como não temo a fúria do tirano miserável que arrancou a vida de 70 dos meus irmãos. Condene-me, não importa, a história me absolverá.”
Fidel Castro foi condenado no dia 16 de outubro daquele mesmo ano. Depois de passar 22 meses na prisão, foi libertado graças a uma anistia e partiu para o exílio no México.
2. “Se saio, chego; se chego, entro; se entro, triunfo”
De acordo com os que conviveram com ele durante o exílio no México, estas foram as palavras mais repetidas por Fidel antes de partir, em 1956, no iate Granma com um grupo de 80 pessoas.
Eles estavam indo iniciar a luta guerrilheira em Cuba e derrotar Fulgêncio Batista: “Se saio, chego; se chego, entro; se entro, triunfo”, era o que dizia o revolucionário.
Esse otimismo era uma das suas características marcantes. Fidel sempre disse que, para ser revolucionário, não se pode ser pessimista.
3. “Vou bem, Camilo?”
A pergunta acima foi feita ao companheiro de guerrilha e um de seus colaboradores mais próximos, o comandante Camilo Cienfuegos. Era o dia 8 de janeiro de 1959 e Fidel Castro fazia seu primeiro discurso para o povo cubano depois da vitória da revolução, em sua chegada à Havana.
“Vou bem, Camilo?”, perguntou Fidel em uma pausa do discurso.
“Vai bem, Fidel”, respondeu Cienfuegos, que foi aplaudido pelo público.
4. “Que sejam como o Che!”
Castro e Che se separaram poucos anos depois da vitória da Revolução Cubana
No dia 18 de outubro de 1967, nove dias depois da morte de Che Guevara na Bolívia, Fidel Castro participou de uma vigília em homenagem ao guerrilheiro argentino na Praça da Revolução.
Durante a vigília ele definiu Che como “um exemplo” e o “modelo ideal” para o povo cubano.
“Se queremos falar como queremos que sejam nossos combatentes revolucionários, nossos militantes, nossos homens, devemos dizer sem hesitação de nenhuma espécie: Que sejam como o Che! Se queremos falar como queremos que sejam os homens das futuras gerações, devemos dizer: Que sejam como o Che! Se queremos dizer como desejamos que sejam educadas nossas crianças, devemos dizer sem vacilar: Queremos que sejam educados no espírito do Che!”
5. “Tenho um colete moral (…) que tem me protegido sempre”
Em 1979, antes de viajar para a ONU em Nova York, um jornalista perguntou a Fidel Castro a respeito de um boato de que ele “sempre estava protegido pela roupa”.
“Que roupa?”, perguntou de volta Fidel, já se preparando para abrir a camisa.
“Todo mundo diz que você tem um colete à prova de balas”, disse o jornalista.
“Não. Vou a desembarcar assim em Nova York. Tenho um colete moral que é forte. Este tem me protegido sempre”, respondeu o líder cubano rindo, enquanto abria a camisa e mostrava o peito.
6. “Todos os inimigos podem ser vencidos”
Em 1995, durante uma entrevista na missão cubana das Nações Unidas com a apresentadora de origem cubana María Elvira Salazar para o canal americano Telemundo, Fidel Castro respondeu desta forma a uma pergunta que questionava quem ele considerava seu pior inimigo.
“Meu pior inimigo? Acho que não tenho inimigos piores, porque acredito que todos os inimigos podem ser vencidos.”
7. “Não pretendo exercer meu cargo até os cem anos”
“Que os vizinhinhos do norte não se preocupem, não pretendo exercer o meu cargo até os cem anos”, disse Fidel em Bayamo, no dia 26 de julho de 2006, em um discurso para o Dia da Rebeldia Nacional.
Cinco dias depois, no dia 31 de julho, ele anunciou que deixaria temporariamente o poder por motivos de saúde. Ele tinha se submetido a uma operação e o irmão dele, Raúl, assumia o poder.
8. “Não tenho nem um átomo de arrependimento”
“Cometi erros, mas nenhum estratégico, simplesmente tático. Não tenho nem um átomo de arrependimento pelo que fizemos em nosso país”, explicou Fidel ao jornalista espanhol Ignacio Ramonet, de acordo com o livro Cem Horas com Fidel, publicado em 2006.
9. “O melhor amigo que tive”
Como vinha ocorrendo nestes últimos anos depois que deixou o poder em Cuba, a despedida de Fidel ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, depois de sua morte em 2013, foi feita em uma de suas Reflexões, os artigos publicados pela imprensa estatal cubana.
“Hoje guardo uma lembrança especial do melhor amigo que tive em meus anos de político ativo – que, muito humilde e pobre, formou o Exército Bolivariano da Venezuela – Hugo Chávez Frías.”
“Homem de ação e ideias, um tipo de doença extremamente agressiva o surpreendeu e o fez sofrer muito, mas enfrentou com grande dignidade e com uma dor profunda para familiares e amigos próximos que tanto amou. Bolívar foi seu mestre e o guia que orientou seus pasos na vida. Ambos reuniram a grandeza suficiente para ocupar um lugar de honra na história humana.”
* Texto originalmente publicado em 13 de agosto de 2016, quando Fidel Castro completou 90 anos, e atualizado após sua morte nesta sexta-feira.

POLÍTICA - A carta perdida que Fidel escreveu aos 14 anos.

A carta perdida que Fidel escreveu, aos 14 anos, para Roosevelt


Da Superinteressante:
Fidel disse numa entrevista que, aos 14 anos, tinha mandado uma carta pro Franklin Roosevelt, pedindo uma nota de US$ 10. E que até recebeu uma resposta da assessoria do presidente dos EUA, mas nada dos US$ 10.
Ele revelou isso em 1975. E de fato: dois anos depois, a Casa Branca encontrou a carta, transcrita abaixo, datada de 6 de novembro de 1940.
“Mr. Franklin Roosevelt
President of the United States:
My good friend Roosevelt:
I don’t know very English, but I know as much as write to you.
I like to hear the radio, and I am very happy, because I heard in it, that you will be President for a new (period).
I am twelve years old. I am a boy but I think very much, but I do not think that I am writing to the President of the United States.
If you like, give me a ten dollars bill green american in the letter, because never, I have not seen a ten dollars bill green american and I would like to have one of them.
My address is:
Sr. Fidel Castro
Colegio de Dolores
Santiago de Cuba
Oriente Cuba
I don’t know very English but I know very much Spanish and I suppose you don’t know very Spanish but you know very English because you are American but I am not American.
Thank you very much
Good by. Your friend,
F. Castro (signed)
Fidel Castro
If you want iron to make your ships I will show to you the bigest (mines) of iron in the land. They are in Mayorí, Oriente, Cuba.”
fidel roosevelt

POLÍTICA - A noite em que Fidel cansou de dar autógrafos.

A noite em que Fidel cansou de dar autógrafos.


"Chega! Estão pensando que eu sou o Marlon Brando?"
Tem cenas que a gente não esquece por mais que corra o tempo.
Setembro de 1981, tempos de Guerra Fria, quando o Brasil ainda não havia reatado relações diplomáticas com Cuba e era proibido viajar para lá com passaporte brasileiro.
Na primeira das muitas viagens que fiz a Cuba a trabalho ou a passeio, fui testemunha de um episódio pitoresco na recepção oferecida por Fidel Castro, no Palácio da Revolução, aos visitantes estrangeiros convidados para o Encontro de Intelectuais pela Soberania dos Povos de Nossa América, uma iniciativa de Gabriel García Márquez.
Lembro-me que eu estava quase no final de uma longa fila de cumprimentos ao "Comandante", como todos o chamavam, quando tive a ideia. De bloco de repórter e caneta na mão, enquanto esperava minha vez, achei que podia ser a hora de pedir um autógrafo a Fidel em carne e osso para poder provar a todo mundo na volta que eu estive lá.
O que poderia acontecer? No máximo, pensar que eu era maluco e passar para o próximo da fila, mas Fidel achou engraçado meu pedido de autógrafo, algo a que não estava habituado nas reverentes cerimonias oficiais na ilha. Para não ficar chato, disse que era para uma grande admiradora dele, a minha mulher. E o comandante, sem pressa, caprichou na dedicatória.
Os que estavam depois de mim na fila gostaram da ideia e também pediram a sua assinatura em qualquer papel que pudessem achar para guardar de lembrança. Para todos ali, o revolucionário Fidel era uma lenda viva e não queriam perder esta rara oportunidade.
De repente, formou-se uma roda em volta dele como se o comandante de Sierra Maestra fosse um artista pop, quebrando todas as regras do cerimonial, e ele se tocou que era hora de acabar com aquele oba-oba. Abriu os braços, como se estivesse dando uma bronca, dando por finda a inesperada noite de autógrafos.
"Chega! Estão pensando que eu sou o Marlon Brando?".
Um ajudante de ordens abriu caminho e levou-o para uma sala reservada onde ele queria conversar com algumas pessoas longe do bochicho. Em seguida, mandou chamar meu amigo Frei Betto, um dos integrantes da comitiva brasileira, que no domingo anterior tinha pedido para assistir à missa numa igreja, outro pedido inusitado em Cuba.
Eu tinha ido à igreja junto com ele e, por conta disso, outros membros da comitiva, ligados ao velho Partidão, passaram a nos chamar de "papa hóstia", tirando um sarro da gente. Onde já se viu pedir para ir à missa em Havana?
Resolvi ir à forra quando me perguntavam se eu sabia onde estava o Frei Betto, que demorava para voltar ao salão de recepções. Achavam que era brincadeira quando eu respondia que ele estava numa conversa com Fidel.
Deve ter sido ali que começou o longo trabalho do frade dominicano na reaproximação da Igreja Católica com o governo cubano, que resultou no livro "Fidel e a Religião". Os dois ficaram velhos amigos naquele dia.
E o resto agora é história.
Vida que segue.

teleSUR homenajea a Fidel Castro en su cumpleaños 90

Artistas cubanos le cantan a Fidel Castro por su 90 cumpleños

Fidel Castro sobre el Socialismo y el futuro de la Humanidad

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

POLÍTICA - Temer não pode permanecer como Presidente.

247 – Não foi só Geddel Vieira Lima que pressionou o ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, a liberar uma obra ilegal em Salvador, que agride o patrimônio histórico da capital baiana.
Em seu depoimento à Polícia Federal, Calero afirmou que Michel Temer também o pressionou a liberar o espigão de 107 metros de altura, onde Geddel tem um imóvel de R$ 2,4 milhões.
Eis um trecho de seu depoimento:
"Que na quinta, 17, o depoente foi convocado pelo presidente Michel Temer a comparecer no Palácio do Planalto; que nesta reunião o presidente disse ao depoente que a decisão do Iphan havia criado 'dificuldades operacionais' em seu gabinete, posto que o ministro Geddel encontrava-se bastante irritado; que então o presidente disse ao depoente para que construísse uma saída para que o processo fosse encaminhado à AGU [Advocacia-Geral da União], porque a ministra Grace Mendonça teria uma solução (...) Que, no final da conversa, o presidente disse ao depoente 'que a política tinha dessas coisas, esse tipo de pressão'".
Apesar de todas as evidências de que Geddel agiu em interesse próprio, Temer decidiu blindá-lo.
Hoje, o jornal O Globo, um dos principais responsáveis pelo golpe parlamentar de 2016, pediu a demissão de Geddel (leia aqui), o que deixa no ar uma dúvida: pedirá de Temer também?

terça-feira, 22 de novembro de 2016

ECONOMIA - Artigo do Leonardo Boff.



Sigo com atenção as análises econômicas que se fazem no Brasil e pelo mundo afora. Com raras e boas exceções, a grande maioria dos analistas são reféns do pensamento único neoliberal mundializado. Raramente fazem uma auto-crítica que rompa a lógica do sistema produtivista, consumista, individualista e anti-ecológico. E aqui vejo um grande risco seja para biocapacidade do planeta Terra seja para a subsistência da nossa espécie. O título do livro de Jessé Souza “A tolice da inteligência brasileira”(2015) impirou o título de minha reflexão: “A tolice das análises econômicas atuais”.
Meu sentido do mundo me diz que se não tomarmos absolutamente a sério dois fatores fundamentais, podemos conhecer cataclismas ecológico-sociais de dimensões dantescas: o fator ecológico, de teor mais objetivo e o resgate da razão sensível de viés mais subjetivo.
Quanto ao fator ecológico: em sua grande maioria a macroeconomia ainda alimenta a falsa ilusão de um crescimento ilimitado, no pressuposto ilusório de que a Terra dispõe de recursos igualmente ilimitados e que possui ilimitada resiliência para suportar a sistemática exploração a que é submetida. A maldição do pensamento único mostra soberano desdém aos efeitos negativos em termos de aquecimento global, devastação de ecossitemas, escassez de água potável e outros, tidos como externalidades, vale dizer, dados que não entram na contabilidade das empresas. Esse passivo é deixado para o poder estatal resolver. O que deve ser garantido de qualquer forma é o lucro dos acionistas e a acumulação de riqueza em níveis inimagináveis que deixaria Karl Marx enlouquecido.
A gravidade reside no fato de que as instâncias que se ocupam com o estado da Terra, por parte dos organismos mundiais como a ONU ou mesmo nacionais que denunciam a crescente erosão de quase todos os ítens fundamentais para a continuidade da vida (uns 13), não são tomados em conta. A razão é que são anti-sistêmicos, prejudicam o crescimento do PIB e os ganhos das grandes corporações.
Os cenários projetados por sérios centros de pesquisa são cada vez mais perturbadores. O aquecimento, por exemplo, não cessa de aumentar como se afirmou agora em Marrakesch na COP 22. A temperatura global de 2016 ficou 1,35 C acima do normal para o mês de fevereiro, a mais alta dos últimos 40 anos. Os próprios cientistas como David Carlson da Organização Meteorológica Mundial, uma agência da ONU, declarou: “isso é espantoso…a Terra certamente é um planeta alterado”.
Tanto a Carta da Terra quanto a encíclica do Papa Francisco Laudato Si: como cuidar da Casa Comum alertam sobre os riscos que a vida corre sobre o planeta. A Carta da Terra (grupo animado por M. Gorbachev, do qual tenho participado) é contundente: ou formamos uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscamos a nossa destruição e a da diversidade da vida”.
Nos debates sobre economia, em quase todas as instâncias, os riscos e o fator ecológico sequer são nomeados. A ecologia não existe, mesmo nas declarações do PT, nas quais a palavra ecologia sequer aparece. E assim, gaiamente, poderemos trilhar um caminho sem retorno, por igorância, irresponsabilidade e cegueira produzida pela volúpia da acumulação de bens materiais.
Donald Trump declarou que o aquecimento global é um embuste e que cancelará o acordo de Paris, já assinado por Obama. Paul Krugman, Nobel de economia, já alertou que tal decisão poderá significar um grave dano aos USA e ao planeta inteiro.
Conclusão: ou incorporamos o dado ecológico em tudo o que fizermos, ou então nosso futuro não estará garantido. A estupidez da economia só nos cega e nos prejudica.
Mas esse dado científico, fruto da razão instrumental analítica, não é suficiente, pois ela friamente analisa e calcula e entende o ser humano fora e acima da natureza que pode explorá-la a seu bel-prazer. Temos que completá-la com o outro fator, o  resgate da razão sensível, a mais ancestral em nós. Nela reside a sensibilidade, o mundo dos valores, a dimensão ética e espiritual. Ai residem as motivações para cuidarmos da Terra e nos engajarmos por um novo tipo de relação amigável com a natureza, sentindo-nos parte dela e seus cuidadores, reconhecendo o valor intrínseco de cada ser, e inventando outra forma de atender nossas necessidades e o consumo com uma sobriedade compartida e solidária.
Temos que articular os dois fatores: o ecológico (objetivo) e o sensível (subjetivo): caso contrário dificilmente escaparecemos, mais cedo ou mais tarde, da ameaça de um colapso do sistema-vida.
Leonardo Boff escreveu: Cuidar da Terra, proteger a vida: como escapar do fim do mundo, Record 2010.

POLÍTICA - O Temer deverá escapar no julgamento do TSE,


Última pauta agendada para esta terça, TSE discute relatoria da investigação que pode cassar PT
Jornal GGN - Está marcada para esta terça-feira (22) a decisão sobre quem será o relator da investigação das contas de campanha do PT pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O resultado pode ser determinante para os caminhos da ação de cassação contra a chapa Dilma Rousseff e Michel Temer. No andamento das duas ações, o GGN traz a previsão de que Temer já garante a maioria da Corte para se ver livre da perda de mandato.
A iniciativa da ação que será discutida hoje partiu do presidente do Tribunal, Gilmar Mendes, em agosto deste ano. No dia 5 daquele mês, o ministro encaminhou à Corregedoria-Geral eleitoral um pedido de abertura de representação contra o PT, com base nas informações em andamento de delatores da Operação Lava Jato, nas investigações tramitando no Supremo Tribunal Federal (STF).
Gilmar considerou que havia indícios de que o PT recebeu dinheiro desviado de contratos da Petrobras, pelo menos desde 2012 a 2014. Apesar de as contas de 2014 do partido terem sido aprovadas pelo TSE, justificou-se no artigo 35 da Lei dos Partidos Políticos (Lei nº 9.096/1995), para pedir o reexame das contas.
A ação, segundo ele, deveria ficar sob a responsabilidade da Corregedoria, então ocupada pela ministra Maria Thereza de Assis Cavalcanti. Tendo em vista a abrangência da investigação - não somente restrita ao ano de 2014, o caso não seria o mesmo que movimentava a Ação de impugnação de mandato eletivo (AIME) e as ações de cassação da chapa Dilma e Temer. 
A nova frente de investigação foi interpretada como uma segunda tentativa de Gilmar para garantir que o impeachment de Dilma não apenas representaria o afastamento da petista do posto maior no Planalto, como também todos os membros do partido carregariam a pena da eliminação do registro da sigla no TSE - o fim do PT da política nacional.
Mas, conforme revelou o GGN em outubro, o objetivo de Gilmar era outro, aparentemente menor do que o fim em si do partido, mas com impacto de governabilidade maior, possível de visualizar apenas nos meses seguintes: a absolvição de Michel Temer. 
Assim, duas estratégias foram delineadas no Tribunal Superior Eleitoral, capitaneadas por Gilmar, desde a saída de Maria Thereza de Assis: com o afastamento da ministra que tentou atuar, desde 2014, para a paridade de investigações entre todos os partidos (leia aqui e aqui), o novo corregedor Herman Benjamin seria o foco do ministro para uma condenação do partido. A outra estratégia era evitar que o novo presidente, Michel Temer, fosse levado à condenação junto com Dilma, daí a tentativa de separar a responsabilização de ambos na cassação da chapa, detalhada pelo GGN nos últimos meses.
Neste cenário de instabilidades, em que qualquer relatoria não esperada poderia atrapalhar o avanço dessas estratégias, o julgamento previsto para hoje é determinante. Isso porque a ação de investigação das contas de campanha do PT poderá revelar duas informações: o posicionamento dos ministros sobre ilegalidades no financiamento do partido para as campanhas eleitorais e quem será o condutor desta ação.
Antes de deixar o TSE, Maria Thereza discordou que o caso deveria ficar sob as mãos da Corregedoria. Naquele momento, Gilmar e todos os ministros já sabiam que a ministra sairia da Corte em pouco tempo, passando os seus processos de herança a Herman Benjamin, até então sem posicionamentos definidos ou previsíveis.
Em fevereiro deste ano, o então presidente da Corte era Dias Toffoli. Em um de seus despachos, determinou que o relator das contas de campanha de Dilma, em ação do diretório nacional do PSDB, deveria ficar sob o comando da Corregedoria. 
Seguindo esta linha de argumentação, de que casos relacionados a contas deveriam ser relatados pelos corregedores do TSE, Gilmar pediu à Maria Thereza a condução da investigação. A ministra discordou. Argumentou logo no dia 9 de agosto, quatro dias após o pedido de abertura da ação por Gilmar, que a ação não deveria ser "distribuida por prevenção", ou seja, que todos os casos relacionados a contas de campanha não tivessem que ficar sob sua responsabilidade. Devolveu a Gilmar e pediu que fosse redistribuído entre todos os ministros.
Conscientemente ou não dos próximos desdobramentos, Maria Thereza sairia do TSE e o novo sucessor de suas pautas seria Herman Benjamin. O GGN mostrou aqui como o ministro mostrou mudanças de posicionamento sobre a ação de cassação contra a chapa Dilma e Temer, após articulações de Gilmar Mendes, revelando a possibilidade de separar as condenações entre os candidatos de 2014.
No caminho da ação de cassação da chapa e da investigação contra o PT entre 2012 e 2014, o GGN revela agora as previsões de que a maioria dos ministros já aderem à ideia de responsabilizar isoladamente Dilma Rousseff, mantendo o mandato de Michel Temer.
Em reportagem recente, o Valor confirmou que três ministros do Tribunal estavam dispostos a aceitar o pedido da defesa do peemedebista de separar as investigações. Dois deles sinalizaram publicamente: Luiz Fux e Gilmar Mendes. Se o terceiro posto viria com Herman Benjamin, uma opção ainda não certificada, mas que já mostrou cartas favoráveis a concordar com Gilmar, o quarto voto e que completa a maioria do jogo de vitória a Temer é de Henrique Neves.
No andamento da ação 36322, essa que será analisada hoje pela Corte do TSE, Neves foi um dos que pediu vista para decidir sobre de quem é a competência para julgar. Segundo informações obtidas pelo GGN no Tribunal, Neves reforçou os argumentos de Gilmar ao considerar que Benjamin deveria se manter com o caso.
Henrique Neves argumentou que a investigação em curso é mais ampla do que a simples prestação de contas de campanha já julgadas pelo TSE em 2014 e agora de novo apurada na AIME 761 que prevê a cassação da chapa, e concordou que o caso atinge atividades ordinárias de 2012 a 2014 e deveria ser relatado pelo corregedor da Corte, atualmente Herman Benjamin.
A decisão de uma simples relatoria nesta terça-feira (22) poderá confirmar a posição de Neves, e possivelmente de outros ministros, sobre a estratégia de cassar Dilma, isolando a responsabilidade sobre o PT e livrando Temer de uma condenação com perda de mandato.

EUA - "Hail Trump"

Nos Estados Unidos, o novo “normal” já inclui saudações nazistas em público e gritos de “hail Trump”; veja o vídeo

22 de novembro de 2016 às 18h19
Da Redação
Na sede do National Policy Institute, em Washington, Richard Spencer faz um discurso abertamente xenofóbico e racista.
Ele é um dos líderes dos supremacistas brancos dos Estados Unidos, foco de um documentário da revista Atlantic Monthly.
Durante todo o discurso, apoiadores de Spencer e de Donald Trump fazem a saudação nazista. No final, Spencer saúda o presidente eleito com “hail Trump”.
“A América foi, até a geração passada, um país branco, desenhado por nós e para nossa posteridade. É nossa criação, nossa herança e pertence a nós”, afirmou Spencer na fala.
Donald Trump divulgou uma nota denunciando o racismo e se distanciando do grupo.
Porém, isso pouco importa.
O fato é que o novo “normal” nos Estados Unidos é este, tanto quanto no Brasil o “novo normal” engloba apoiadores de uma intervenção militar — alguns deles fãs do juiz Sergio Moro — invadindo o Congresso e pedindo “general”.
Qual é o papel da mídia oligárquica brasileira neste fenômeno?
Quantos editoriais condenaram aqueles que querem a volta da ditadura?
É óbvio que, no Brasil, os barões midáticos silenciaram mesmo diante de atos de agressão física e vandalismo: a extrema direita foi muito importante na demonização do PT em particular e da esquerda em geral, demonização que abriu espaço para o impeachment, a campanha de destruição do ex-presidente Lula e as medidas do governo usurpador de Michel Temer que implodem a soberania popular.
Mas… cuidado.
Nos Estados Unidos, um dos focos de ataque dos neonazistas é a mídia corporativa, chamada por Spencer no vídeo, em alemão, de lugenpresse, mídia mentirosa — termo originalmente utilizado pelos nazistas, trazido de volta pelos neonazistas alemães na campanha contra os imigrantes e agora abraçado por apoiadores de Trump.
Como se diz no popular, quem pariu Mateus que agora o embale

POLÍTICA - Quem conhecia o Geddel era o ACM...


Por Renato Rovai, em seu blog:

Em 2001, após três anos da morte do seu filho Luiz Eduardo, o então presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), comprou uma briga com Jader Barbalho, que queria sucedê-lo na presidência da Casa, e ambos acabaram tendo que renunciar aos seus mandatos tamanha a beligerância da quizumba.
Mas a luta campal acabou fazendo estragos na vizinhança. Na ocasião, ACM divulgou uma fita cujo título era: “Geddel Vai às Compras”. E a distribuiu tanto à imprensa quanto para deputados e senadores.

Na fita, ACM acusa o então líder do PMDB na Câmara dos Deputados de enriquecimento ilícito, juntamente com alguns de seus familiares.
ACM afirmava que a família de Geddel havia comprado 12 fazendas na Bahia e seis apartamentos em Brasília sem ter recursos para tais operações. E chegou a dizer que o único pecado de seu filho, o falecido Luis Eduardo Magalhães, foi ter salvado Geddel, quando este “havia sido fisgado” pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou desvio de verbas públicas no orçamento da União.

ACM falava do escândalo que ficou conhecido como a CPI dos Anões do Orçamento, em que parlamentares foram acusados de manipular emendas com a participação de empreiteiras no desvio de verbas. Muitos deles acabavam lavando a grana em apostas na Loteria Esportiva.

Na ocasião, segundo ACM, por influência de Luis Eduardo, Geddel escapou.

Geddel ainda é um dos nomes que estaria citado na Operação Lava Jato por atuar em favor da OAS dentro da Caixa Econômica Federal e também na Secretaria de Aviação Civil, além da Prefeitura de Salvador, que é governada, vejam como o mundo da voltas, pelo seu neo-aliado, ACM Neto.

Temer, muito provavelmente, não sabe de nada disso. Por isso que não levou em conta a declaração do ex-ministro da Cultura, Marcelo Callero, sobre o crime que seu ministro chefe da Secretaria de Governo teria cometido, o de tráfico de influência para benefício próprio.

Mas Temer podia ao menos perguntar a Geddel como ele comprou seu apartamento no prédio que estaria sendo construído de forma irregular. É uma pergunta boba, mas pelo que dizia ACM e pelo que sugeriu o ex-ministro Juca Ferreira, faria todo sentido.

POLÍTICA - Entrevista da Dilma.


Do 247:
A presidente Dilma Rousseff concedeu uma entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, diretor do 247, na tarde desta segunda-feira 21 em Porto Alegre.
Na conversa, ela falou da situação de crise no País, do ambiente que foi criado para se consolidar o impeachment contra ela e faz críticas à imprensa e ao “governo ilegítimo” de Michel Temer. Dilma afirmou que “prometeram, com o golpe, uma situação cor de rosa” no País, “venderam gato por lebre” ao defender o impeachment, mas que a crise só tem se acentuado. Ela condena o discurso de Temer de que recebeu uma herança maldita, mesmo depois de seis meses no governo. “Esse discurso não se sustentará”.
A presidente demonstra estar estarrecida com o ambiente em que “pessoas se sentem autorizadas a invadir o Congresso por esse clima criado pelo senador Aécio Neves”, principal articulador do golpe de 2016. “O golpismo está entranhado na sociedade brasileira. E o maior representante disso é Aécio Neves”, completou.
Dilma fez críticas às prisões preventivas da Lava Jato antes de os investigados serem condenados. “Eu não vou defender a prisão do Eduardo Cunha, se eles não prenderam antes… tem que explicar por que estão prendendo agora”, disse. “E mais: se a pessoa não tem meios para prejudicar a investigação, tem que responder em liberdade”.
Ela fez duras críticas à imprensa – “age como um partido político, e prega a despolitização” – e ainda ao presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes. “Perdeu todas as condições de me julgar”. Dilma anunciou que poderá entrar com uma ação contra o ministro, ao lembrar: “já me julgou fora dos autos”.
Em referência à denúncia de tráfico de influência contra o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, Dilma diz que “a ambição do grupo que tomou o poder é do tamanho de um apartamento na Bahia”.
Ela declarou que não defende o “golpe dentro do golpe”, e é contra a eleição indireta para mudar o governo. “Acredito em saída por eleição direta, não por eleição indireta, e tem que ter reforma política”, defendeu, fazendo duras críticas ao atual sistema político.
Dilma defendeu o movimento dos estudantes, que ocupam mais de mil instituições de ensino no País. “Os estudantes estão nos ensinando, e não nós a eles”. Ela diz olhar para os jovens das ocupações hoje “com muita esperança” e definiu como “algo fantástico, de uma lucidez imensa” o discurso da estudante Ana Júlia na Assembleia Legislativa do Paraná.
Incitada a definir Michel Temer, Dilma Rousseff disse que ele “está aquém do Brasil, aquém do povo brasileiro”. “Não é só que ele não lidera, ele não representa”, disse. “O brasileiro médio está além dele, o brasileiro pequeno está além dele”, concluiu.

POLÍTICA - O juiz "doutor".

O juiz “doutor” que ressuscitou Garotinho, mandando investigar até cirurgia

laudo
O comportamento do juiz Glaucemir Oliveira que determinou a prisão de Anthony Garotinho é algo que consegue superar até mesmo a rejeição que  o ex-governador tem na sociedade.
O primeiro ato, embora já seja motivo de estranheza jurídica reconhecido pela insuspeita Eliane Cantanhêde, verbalizando os comentários que recolheu no Supremo Tribunal Federal, como pode ser visto aqui ainda teve acolhida, por conta do desgaste de Garotinho e da onda do “prende todo mundo” a que insuflaram a sociedade.
Mas quando, contra a orientação médica, o juiz mandou arrancar o ex-governador do Hospital Souza Aguiar e levá-lo para Bangu. as pessoas mais lúcidas começaram a perceber-lhe o abuso, tal como percebeu a ministra Luciana Lóssio, do TSE, mandando desfazer a ordem e internar o acusado em hospital.
A cirurgia angioplástica a que ele foi submetido comprovou o acerto da decisão e o risco de morte absurdo a que o juiz submeteu Garotinho,  o que é algo inaceitável para qualquer raciocínio que não esteja transformado no de um monstro.
A reação do Dr. Glaucemir foi uma estranhíssima denúncia de que, há um mês (!!!), houve duas tentativas de suborno a ele pelo político e por seu filho. Mas nenhuma explicação de porque não prendeu o subornador ou porque não pediu para a Polícia instalar câmaras e gravadores que captassem as tentativas e produzido provas da oferta escusa. Só depois de revogada sua ordem é que resolveu falar?
Mas Sua Excelência não parou por aí. Mandou uma equipe de peritos do Ministério Público ir investigar se a cirurgia não era “de mentirinha”, como se o corpo técnico de um hospital fosse uma quadrilha de atores teatrais e uma cirurgia cardíaca fosse uma “brincadeirinha”.
Desculpe o linguajar, mas Sua Excelência quebrou a cara.
O médicos do  MP – imagino o constrangimento dos profissionais que se submeteram a patrulheiros de seus colegas – encontraram um laudo que indicava uma obstrução de 60% numa das coronárias de Garotinho – que já não é tão garotinho assim – e puderam assistir o vídeo da cirurgia, onde o cateter captura e faz gravar o estado obstrutivo dos vasos cardíacos.
O juiz agora vai investigar os médicos que investigaram os médicos?
Isso, porém, não é o mais chocante.
Inacreditável é que um homem possa ter estes arreganhos autoritários protegido pela sua condição de juiz sem que nada lhe aconteça.
Se isso não é abuso de poder, o que será? Entrar lá com a pistola que diz portar e gritar “teje preso, com catéter e tudo“?
Então um juiz pode decidir qual é o estado de saúde e uma pessoa e, inconformado com os laudos médicos, mandar investigar os médicos?
Garotinho, que merece mil críticas, sai muito mais saudável deste episódio, pelo menos politicamente.
Porque ele pode ser demagogo.
Mas seu perseguidor é um tirano.

POLÍTICA - Temer se abraça a Geddel.

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

A rapidez com que a Comissão de Ética Pública da Presidência da República decidiu analisar o caso de Geddel Vieira Lima, incluindo o assunto na pauta da reunião de hoje, forneceu o pretexto a Michel Temer para adiar (e se possível evitar) a demissão de seu ministro do peito no Governo. A decisão palaciana de aguardar a decisão já começa a aparecer nas falas de líderes governistas como Aloysio Nunes Ferreira. Um pedido de vistas, porém, adiou a decisão para dezembro. Abraçando-se a Geddel, mantendo-o na frigideira com fogo alto, Temer receberá os respingos no rosto. Os próprios aliados do golpe não concordam com tal desmoralização: precisam de um governo que consiga pelo menos manter as aparências, preservando a compostura mínima para se manter de pé.

A semana que hoje começa traz um aumento das complicações para a sobrevivência do governo. A combinação entre a crise moral e a derrocada econômica pode ser devastadora daqui para a frente. A situação do Rio e dos estados em geral, todos a caminho da quebradeira, exige uma medida federal. Na semana passada a proposta palaciana de destinar ao socorro federativo parte dos R$ 100 bilhões que o BNDES foi obrigado a devolver antecipadamente ao Tesouro foi vetada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Este dinheiro já foi usado nominalmente para reduzir o déficit. Valer-se dele aprofundaria o déficit primário de R$ 170 bilhões estimado para este ano. Se nada for feito, virá o efeito dominó. As delações esperadas para dezembro farão o resto. Em outra frente, empresários e agentes econômicos se impacientam com a falta de medidas para descongelar a econômica. Mas cada medida do governo, como esta desidratação do Banco do Brasil, aponta para mais recessão.

Daqui para a frente, mesmo a contragosto, a Lava Jato está compelida a avançar sobre o PMDB, enquanto poupa os tucanos. A percepção de suas roubalheiras combinadas com a desastrosa política econômica que aprofunda a recessão e o desemprego, em condições normais, produziria agora uma onda de “Fora PMDB”. Mas onde andam os indignados que há poucos meses gritavam “Fora PT”?

Se o computador do procurador Deltan Dallagnol funcionar, a montagem do power-point de Temer no centro do esquema peemedebista, nos moldes do que foi feito para Lula, sairá automaticamente, escreveu hoje o colunista da Folha de S.Paulo Celso Rocha de Barros. Aqui vai um primeiro exercício sobre o Power Point do Temer, ligado por setas a uma teia de peemedebistas presos, investigados ou denunciados: Jucá, Geddel, Eduardo Cunha, Sergio Cabral, Valdir Raupp, Renan Calheiros, Sergio Machado, Moreira Franco e outros tantos. Brinque você mesmo. Neste site você pode editar como quiser o Power Point que Dallagnol fez para Lula.

POLÍTICA - Mais uma "coxinha arrependida".


Ex-ativista pró-impeachment entrega toda a farsa do MBL e do Vem Pra Rua, além das relações desse grupos com o PSDB

Um plano encabeçado e financiado por Aécio Neves e Ronaldo Caiado; eleições indiretas são para salvar FHC; movimentos pró impeachment como o MBL são fantoches.
Quem afirma é Daniela Schwery, uma das primeiras manifestantes a conclamar a população a ir para as ruas ‘contra a ditadura comunista que seria a reeleição de Dilma’, cujos vídeos atingiam 70 mil views.
Dizendo-se enganada pelo PSDB, hoje Schwery desfiliou-se do partido e ganha a vida como assessora do humorista Juca Chaves. Ela conversou com o DCM na última sexta-feira. A seguir, os principais trechos da entrevista.




DCM: Esses grupos sempre se disseram independentes, espontâneos, apartidários que não recebiam dinheiro de partidos ou de políticos. Mesmo quando todo mundo já sabia que o Vem Pra Rua, por exemplo, tinha dinheiro do Jorge Paulo Lehmann, sócio da cervejaria Ambev.
Schwery: Espontâneo o cacete. Eu fui a uma reunião quando o Vem Pra Rua estava querendo surgir no cenário com o Rogerio Chequer. Era gente que não queria aparecer, sempre ficou escondida, não subia nos carros de som. Essa turma é PSDB.
DCM: Você diz que MBL, Vem Pra Rua e afins não são movimentos sociais? O que são então?
Schwery: Eles são profissionais da comunicação. Eles estudam as massas e tal. Rogério Chequer é um profissional da comunicação. Quando ia a eventos ele orientava até na hora de tirar fotos. A Carla Zambelli é amiga do Augusto Nunes. A cúpula do PSDB é toda ligada ao Reinaldo Azevedo. Eles foram se infiltrando e forjando ser algo espontâneo. Mas nós nunca reconhecemos nenhum desses grupos como liderança. A gente criticava o Lula por não ter estudo e daí vem o Kim Kataguiri? Me poupe.
Mas você não fazia parte? A todo momento usa termos como ‘nós’ e ‘eles’. Quem são os ‘nós’ e os ‘eles’?
‘Eles’ são essa turma liberal. Eles caíam matando em cima de mim porque eu era do PSDB e para eles PT é igual PSDB. Eu também acho isso, mas eles são uns hipócritas porque fazem esse discurso enquanto a cúpula deles… Humm.




Tudo encenação?
O que foi aquela marcha a pé até Brasília? Ridículo. Saíam da marcha, comiam bem, dormiam em hotéis e voltavam para a estrada para fazer fotos. A Carla Zambelli é amicíssima do Danilo Amaral do ‘Acorda Brasil’, um cara que ia para manifestação contra corrupção mas que foi citado 18 vezes na Lava Jato.
Quem então é a cúpula, quem puxou todo esse processo?
Aécio e Caiado. No começo houve um acordo ‘todo mundo com todo mundo’ para unir forças, ignorando nossas diferenças. Mas a cúpula dessa galera não era clara pras pessoas. E quem conduziu dessa maneira foi o Aécio junto ao Caiado, que fizeram um acordão para que o pedido de impeachment produzido pelo Helio Bicudo fosse adiante numa grande jogada. Caiado pagou a Carla Zambelli para liderar esse processo todo de empurrar o impeachment do Bicudo, por isso queremos CPI desses ‘movimentos’.
Mensagem de celular de Carla Zambelli, dos Nas Ruas
Mas impeachment não era o desejo de vocês?
A gente queria novas eleições, derrubar o Temer também, mas depois começaram a fantasiar a coisa toda, separar as contas da Dilma e do Temer, do PT e do PMDB. Pegaram a pior argumentação, que era a das pedaladas. Nós ficamos putos.
As coisas que vocês (referindo-se ao DCM) criticam, nós concordamos. Temos a autocrítica de que tudo que serviu para Dilma serviria para o Alckmin também. Nós sempre alertamos que se o PT fosse derubado a Lava Jato iria chegar no PSDB também. Repare que no começo o PSDB se dizia contra o impeachment.




Havia vários pedidos de impeachment. Por que brigaram para fazer valer o capitaneado por Helio Bicudo, Janaína Paschoal e Reale Junior?
O primeiro pedido de impeachment quem fez foi o Bolsonaro. Tinha fundamentação para derrubar os dois, a chapa. Apoiamos. Não se tratava de ser pró Bolsonaro ou não. Mas já tinha um pedido lá, então que fosse aquele. Mas a cúpula depois entrou com outros pedidos para retardar o processo enquanto construía o marketing todo. Foi então que apareceram a Carla Zambelli, a Janaína Paschoal, para fazer toda essa engrenagem em torno do pedido do Helio Bicudo.
Tudo ficou aparelhado. Conseguiram o ‘aval’ de 43 ‘movimentos sociais’ e pronto. Mas que movimentos? Alguém que tinha uma página no facebook com 600 curtidas era um ‘movimento’. Um grupinho de WhatsApp era um ‘movimento’, tinha um nome, assinaram lá e pronto. Muita gente foi enganada, não concordou depois de ter assinado, mas a Carla dizia ‘agora já era, sua assinatura já foi’.
Tudo isso com qual a intenção?
Eleições indiretas. A gente alertava sobre isso. O FHC, se você perguntar ele vai dizer que não, mas ele aceita voltar. Deve estar com o c… na mão com o avanço da Lava Jato e já fez as continhas de que antes de 2018 a operação chegaria nele. Então o Xico Graziano [um dos principais assessores do ex-presidente, autor do artigo “Volta, FHC”] já veio arquitetando isso, visando o foro privilegiado.
Quando então a ficha caiu? Há uma mensagem entre vocês de Heduan Pinheiro de um tal Movimento Brasil Melhor instruindo como fazer para a mobilização ‘parecer’ democrática, que deveria ‘parecer’ espontânea perante a mídia… termos explícitos revelando que tudo sempre foi uma farsa. Por que demorou tanto para perceber?
É difícil. Eu era uma idiota, iludida. Essa turma de Aécio Neves, Ronaldo Caiado, eles iam enfiando os assessores de imprensa nos grupos de WhatsApp. A gente não sabia quem era quem.
O DEM aos poucos ‘contratava’ essas lideranças dos grupos como assessoria de comunicação, mas era pagamento pois eles não podiam falar claramente: “Vou te dar uma grana para você fazer o que eu quero”. Mas somos umas formigas contra o poderio. Eu tentava alertar as pessoas. Dizia: “O populismo mudou de lado, gente. Vamos tomar cuidado, vamos raciocinar”, poucos percebiam. Eu fiquei tomando porrada e agora muita gente me dá razão.
Em meu artigo sobre a rixa atual entre os movimentos, creditei a falta de vaga no camarote como um dos motivos. Argumento que você concorda em sua réplica. Você diz que o pessoal da Movimentomania conseguiu o que queria. Quem conseguiu o quê?
Não está vendo que agora todos são pró Temer? O Kim Kataguiri não conseguiu a coluna dele na Folha? Jornalistas sem emprego e aquele menino vazio escrevendo na Folha, não é uma conquista? Do Vem Pra Rua, nove pessoas conseguiram cargos na FIESP. O tal Forum Internacional da Carla quem financiou foi o DEM.
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Só o DEM?
Tem dinheiro da Companhia Suzano também, os Feffer.
Neste domingo ocorrerá uma manifestação puxada pelo Vem Pra Rua em defesa da Lava Jato e das 10 Medidas Contra a Corrupção. É mais uma mentira então?
Sobre eles eu concordo quando você diz que posam de indignados. Eles são profissionais. Sentam com o pessoal do PSDB e começam a contar prazo, eles sabem quando irá acontecer tal coisa e se mobilizam previamente para as datas ficarem próximas. Eles fazem uma coisa bem trabalhada, com profissionalismo, com marketing.
Esse negócio das 10 Medidas é tudo palhaçada, Onyx está sendo populista. Quem não gosta de ouvir aquilo? Se querem reconhecer caixa 2 como crime agora é porque querem deixar todo um passado para trás. Só agora é crime? Isso é para salvar o rabinho deles. Por isso o pessoal da intervenção militar entrou de sola na última quarta-feira e a gente entrou para defendê-los.
Defendê-los?
Eu os admiro porque são resilientes. Pode ser que o mote deles não seja o mais adequado, mas para quebrar essa estrutura que está aí, eles são loucos o suficiente. É um desespero. A gente vê que a Lava Jato está murchando e que o PSDB vai sair ileso e ainda mais fortalecido disso tudo… não é de ‘emputecer’? Sei que não é ideal nem adequado, mas é desespero.
Tem recebido ameaças?
Sim, já foram atrás até da minha mãe. Sinceramente, tenho mais medo do pessoal do PSDB que do pessoal do PT. Eles são ardilosos, são requintados na maldade.