Trump, a crua face exposta
Donald Trump, o 45° presidente dos Estados Unidos, venceu tudo o que o grande império, ele próprio, vendeu ao mundo como imagem.
Não, os EUA não são uma sociedade aberta, multiracial, democrática, onde o progresso faz parte de cada dia como o alvorecer e o por-do-sol e as oportunidades estão abertas para todos.
O Grande Irmão do Norte não é fraterno e, ontem, mostrou que sequer quer fingir ser.
Donald Trump quebrou a casca de polidez de uma forma que nem mesmo Bush, filho, e Ronald Reagan quebraram.
Não se pode dizer que foi a máquina partidária que o elegeu, como ao primeiro, ou a conjuntura mundial, como ao segundo.
As manchetes do NY Times e do Washington Post, ambos seus adversários, não dizem “Trump venceu” (win). dizem Trump triunfou (triumph).
Contra eles, inclusive, que o recebem com editoriais duríssimos. O NYT diz que ele “colocou os Estados Unidos em um precipício”; o WP, adverte: “O Judiciário, a burocracia governamental, os meios de comunicação e da sociedade civil em geral terão um papel importante a desempenhar” para controlar os ímpetos trumpistas anunciados em campanha.
Trump triunfa.
Além do quase trocadilho com o substantivo trump (trunfo, em inglês), as manchetes descrevem bem o que foi o resultado: a América suburbana, rural, racista, belicosa, provinciana entra triunfante nos grandes centros urbanos da América cosmopolita, cult, com a legião de votos que ela deu ao candidato “antipolítico”, bem-sucedido nos negócios, rico e intelectualmente medíocre.
Em Manhattan, Hillary teve 87,2% dos votos; Trump, apenas 10%.
Claro que os primeiros tempos serão de “água morna”, tentando superar o “choque e pavor” da mídia e das corporações financeiras que se engajaram, sobretudo na reta final, na candidatura de Hillary Clinton, que não “faria marola” no lento processo de recuperação da economia mundial e não reforçaria a imagem negativa dos EUA perante o mundo.
Mas Trump triunfou e, como no reality show que protagonizava, terá de apresentar, para dentro, resultados.
E, para fora, os dentes.
We are the world pode ter ficando conhecida como uma canção humanitária.
Mas é o pensamento colonial.
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