segunda-feira, 31 de agosto de 2020

MÍDIA - A Folha da "ditabranda".


A Folha do 'Jair Rousseff', da 'ditabranda', dos carros a serviço da ditadura, em coluna de Janio de Freitas


Janio de Freitas comenta a Folha na própria Folha. Ele a conhece bem, pois pertenceu a seu Conselho Editorial até o ano passado.

A Folha no Erramos; editorial 'Jair Rousseff' trouxe de volta o tratamento de 'ditabranda'

O jornalismo das últimas décadas, entre nós, vem fechando olhos e ouvidos para o leitor, cada vez mais. Com a consequência automática de tiragens em permanente queda livre e apelo ilusório à soma das versões impressas e digital, para socorrer os slogans. Na própria soma, está uma prova do descaso, que lhe deu o preguiçoso nome de audiência, referente a nada mais do que audição, captação de sons.
Da parte dos leitores, os equívocos vêm, em grande parte, de insatisfações e indignações que se retroalimentam porque, aqui, o jornalismo não se ocupa da imprensa como notícia normal. Um caso exemplar se tornou, na Folha, tabu que assumo a responsabilidade de romper, como outros que este jornal no passado me permitiu desrespeitar.
Trata-se do empréstimo, não sei se apenas episódico, de veículos da Folha à repressão na ditadura. Desde a redemocratização, essa colaboração substantiva e indigna é uma tinta pegajosa e indelével lançada contra a Folha, com justos motivos. Como sentença moral restaurada a cada atitude reprovável por determinados segmentos leitores.
À Folha não falta soberba, mas não vem daí a falta de explicação satisfatória para o erro. A impessoalidade do jornal e o seu silêncio levaram o ônus aos dois controladores da empresa, Octavio Frias e Carlos Caldeira Filho.
O primeiro, incumbindo-se sobretudo da atividade editorial; o outro, voltado mais para setores administrativos. A Caldeira credita-se a criação e comando de um modelar serviço de transporte e entrega de jornais, incomparável na imprensa brasileira da época, pela modernidade e dimensão da frota. Da qual saíram os veículos para o serviço sórdido.
Nunca ouvi que alguma vez Caldeira tenha clareado o ocorrido. Frias, muito menos. Mais onerado do que o sócio, dada a maior notoriedade da condução editorial, em 1993 a morte de Caldeira tornou Frias o alvo único. Um equívoco, além de intocado, ampliado. Não tem por que permanecer.
Da ditadura ainda tão presente ao presente ameaçado de sua volta: o editorial “Jair Rousseff”, no sábado (22), trouxe de volta a muitos leitores o tratamento de “ditabranda” certa vez aplicado, também em editorial, aos anos de tortura e assassinato nos quartéis.
Deste erro afrontoso adveio outro equívoco traumatizante nas relações entre o jornal e imensa parte da então centenas de milhares de leitores. Difundiu-se que Otavio Frias Filho, já diretor de Redação, foi o autor do editorial. Ou, em versão mais arriscada, quem determinou o uso do termo.
O que houve não era novidade, um editorialista revestindo com a autoridade do jornal o que, pode-se presumir por outros motivos, era ou é um conceito seu. Do jornal que publicara, e continuou publicando, tantas revelações de crimes de militares e da ditadura em geral, é que tal conceito não era.
A exemplo de Octavio pai, Otavio Filho guardou silêncio a respeito do editorial. Não há dúvida de que a imputação incabível o feriu. E acirrou indisposições suas com algumas figuras públicas e com posições à esquerda. Equívoco contra equívoco. Injustiça contra injustiça.
Para o bem e para o mal, com segurança do ato ou não, é incomum jornalistas ultrapassarem as reais ou presumidas opiniões e posições desejadas para o jornal, a TV e o rádio pelas respectivas cúpulas. Mas há transgressões e transgressões.
Sou, por exemplo, uma prova (ainda) viva, entre muitas, de que censura é inconciliável com os cânones da Folha. Já foi observado por inúmeros leitores, no entanto, que determinados comentaristas não são chamados à Primeira Página, ou o são rarissimamente. Embora possam ter frequente presença entre os mais lidos, no jornal e na internet.
Entre estes autores, em comum, a crítica ao conservadorismo, ao neoliberalismo, às fraquezas morais e à política no Judiciário e no Ministério Público, matéria-prima dos admirados comentários de Conrado Hübner Mendes e Celso Rocha de Barros. A discriminação é censura. É, no caso, autoritarismo clandestino, porque imposto onde é repudiado por princípio. Perde o jornal.
A procedência do editorial “Jair Rousseff” pode ter sido, também, o abuso de função. Como pode ter sido um aprofundamento, no pior rumo, da queda de asa para a direita introduzida ainda por Otavio Frias Filho. Se a Folha não esclarecer, o tempo, e não muito, o fará. Seja como for, não é, não pode ser próprio de um jornal, e deste nem como hipótese, o presente de maquiar a miséria humana de Bolsonaro juntando-lhe o nome ao de uma vida de dignidade que ninguém pôde atingir —Dilma Rousseff.
Por isso, peço licença a Cristina Serra para subscrever o bravo e brilhante artigo em que situa Dilma, Bolsonaro e o editorial nos termos justos e merecidos. Estendo o pedido a Conrado Hübner Mendes e a Nelson Barbosa, que apontou as imprecisões do editorial para servir ao seu título. Assim como o editorial será, são artigos para a história. Aos quais se junta a excelente carta da própria Dilma Rousseff à Folha.
Mas não se pode ignorar —nem entender, creio— o que se passa para que seja o mesmo jornal no erro ignominioso daquele título e na ética impecável da publicação, em suas íntegras, dos artigos de reprovação enérgica e sem concessão.

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Estação Sabiá - Entrevista sobre o filme Eduardo Galeano Giramundo

PETROBRAS - Não a privatização da Assistência Médica dos petroleiros.

Marcha da privatização
FUP denúncia tentativa de privatizar plano de saúde dos petroleiros
AAAAAAAAAApetroleirpo
Petroleiros estão em campanha salarial. | Arquivo.
Adiretoria do Sistema Petrobrás iniciou uma votação para que os petroleiros escolham qual associação deve gerir a AMS (Assistência Multidisciplinar de Saúde), atropelando a questão anterior referente a terceirização ou não da execução da AMS. Cabendo, assim, aos petroleiros apenas escolher qual empresa privada gerirá o programa de saúde da categoria. A questão é tão absurda que é comparável a obrigar a vítima de um assalto a escolher qual ladrão é o menos pior.
Dessa forma, mesmo que os petroleiros e seus sindicatos se declarem contra a votação que pretende definir qual empresa privada ganhará a galinha dos “ovos de ouro”, a diretoria da Petrobrás segue em frente com o desmonte. O sindicato da categoria se posiciona contra esta farsa,  já que esta votação é apenas um meio de usar os trabalhadores para legitimar o sucateamento e a privatização dos planos de saúde dos trabalhadores da categoria.
A FUP (Federação Única dos Petroleiros) vem realizando uma campanha de boicote e denúncias à votação
“Os petroleiros e petroleiras, assim como as direções dos sindicatos petroleiros, defendem que a gestão da AMS – patrimônio da categoria petroleira – continue sendo executada pela própria Petrobrás porque é mais barato, mais seguro e eficiente. Criar essa nova entidade gestora da AMS significa transferi-la para uma empresa privada.”
Coincidentemente, a votação começou poucos dias depois do ministro da economia de Bolsonaro, Paulo guedes, anunciar que iria lançar um novo pacote de medidas econômicas para o Brasil, apelidado de “big bang”, que supostamente deveria controlar as medidas públicas e garantir que o país possa reestabilizar sua situação econômica de modo sustentável. Porém, analisando de um modo mais aprofundado pode-se perceber que na verdade, o plano trata de um ataque direto à classe trabalhadora, já que o governo federal visa diminuir ainda mais os direitos trabalhistas, acabar com o auxílio emergencial, restringir o número de beneficiados pelos programas de assistência social, entregar fortunas aos capitalistas, bem como aprofundar seu controle sobre os mecanismos da economia nacional, isso ás custas do dinheiro da saúde, educação e programas sociais.
Um desses programas mais especificamente é a alteração de marcos regulatórios como os do gás natural, lei de falência e navegação costeira, tendo o claro objetivo de diminuir a participação do Estado e ampliar a privatização desses setores, como a própria Petrobras vem sofrendo. Fazendo com que essas áreas fundamentais da vida nacional fiquem cada vez mais distantes do controle público, e acabem por se tornar meros instrumentos de regulação dos interesses capitalistas, em total prejuízo ao interesse nacional.
Essa política que foi jogada contra os petroleiros é consequência direta do sucateamento e das privatizações de estatais, que o governo golpista do presidente fascista Jair Bolsonaro vem implantando para acabar com a riqueza nacional e as entregar de mão beijada aos capitalistas norte-americanos.
Tentar impor aos petroleiros uma nova gestão da AMS é reduzir a qualidade do plano de saúde da categoria, a restrição dos seus atendimentos e por fim um aumento absurdo de seus descontos até a total exclusão dos trabalhadores à AMS.

O Globo em GOLPE na Argentina? Uma vez golpistas, sempre golpistas!

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VAZARAM PROVAS CONTRA FLÁVIO B0LSONARO E QUEIROZ!!

POLÍTICA - Como diz o Casemiro, todo cuidado é pouco!

O caso Witzel - da ascensão à queda - é um fenômeno que a esquerda, ou melhor, que a sociedade brasileira precisa estar bastante atenta. A Lava-Jato pode até estar com seus dias contados, mas a sua herança, o “lavajatismo” está aí e é algo que deveria nos fazer ligar o sinal de alerta. Essa organização miliciana de justiça cresceu no país em cima da semente da antipolítica verde-amarela espalhada pelo solo dessa nação, em Junho de 2013. A Lava-Jato de figuras como Sérgio Moro e Marcelo Bretas, só se sustentou pois teve o apoio decisivo da mídia, com as Organizações Globo à frente e, de dentro do sistema político, com o PSOL, que atuou com força avassaladora nas redes e nas ruas, dividindo-as com a direita CBF até o dia do fatídico encontro, quando suas principais lideranças deram as mãos aos fascistas na porta da sede da JFRJ.
Hoje, passado esse curto e interminável tempo, o que temos visto é cada vez mais assustador. Depois da prisão criminosa de Lula, juízes cada vez mais se sentem à vontade para fazerem o que bem entendem no sistema político brasileiro. A justiça nesse país, hoje, tem passado a atuar para além dos interesses de classe pra atuar, majoritariamente, pró decisões do Mercado Financeiro e, como uma verdadeira milícia, que manda soltar, manda prender, elege os seus e os retira do caminho para abrir a estrada para outros. E não pensem vocês que aqueles atores que ensejaram a formação da Lava-Jato mudaram do dia pra noite. Não, muito pelo contrário. As organizações Globo continuam operando em parceria com esse sistema miliciano jurídico pró-mercado e os principais quadros e a militância reacionária do PSOL seguem firme nesse moralismo indecente de colocar o "combate à corrupção" como centro da vida política nacional.
Querem ver um exemplo corriqueiro? Toda essa gente que fez coro com a Globo, que se jogou nas ruas contra a corrupção do Cabral no Rio de Janeiro, que levantou placa da Lava-Jato, que abraçou juiz bolsonarista quase o tratando como Deus, enfim, todos esses que, com sua sanha anti-corrupção alinhada à direita golpista, oportunizaram a chegada ao poder de um juiz psicopata como Witzel são os mesmos que andam agora comemorando a varredura dessa “nova organização” que age com métodos milicianos em perfeita (mais uma vez!) sintonia com a Globo. Eu tive que ver, esse fim de semana, uma psolista clássica, dessas que não perde um girassol pra rodar na Folha de SP, cara a cara com Benedita, exaltar aquela mulher de tanta história e luta porque, palavras dela, “ela nunca foi presa”. Ora, isso é comentário que se faça??! Além de um desrespeito a história da Bené, um tremendo alinhamento com essa sanha punitivista alucinada da Globo que vai destruindo o país com Bolsonaro com tudo.
Alguém precisa dizer a essas pessoas que Lula foi preso por BANDIDOS. Que no Rio, por exemplo, Garotinho foi preso por uma quadrilha de juízes de Campos, dessas que hoje formam milícias que a turma do PSOL e a Globo andam mais uma vez amparando na opinião pública. Todo cuidado é pouco!

Altamiro Borges: Cadê os deputados que invadiram hospitais?

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Lava Jato podre: Messer confessou em delação crime que os procuradores d...

Lula e Assange, líderes no nossa tempo, vítimas de lawfare: haverá justiça?

30.08.2020 | TV GGN 20h: O caso BTG Pactual e a liberdade de imprensa

Nassif fala da censura ao seu site e deputado inocentado no STF fala da ...

�� RESISTÊNCIA contra BOLSONARO em RISCO!!! Nassif SILENCIADO!

MÍDIA - Censura ao Luis Nassif.



CENSURA: Quando a gente para de gritar de horror, a gente aceita tudo. Por Laura Capriglione

 
Publicado originalmente no Jornalistas Livres
Por Laura Capriglione
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Acensura ao JornalGGN e ao jornalista Luis Nassif está naquele rol de obscenidades a que o Brasil se acostumou. Se nem Deus mais se respeita (olha o padre e a evangélica que gabaritam em todos os pecados), se nem médico mais se respeita (veja as invasões de hospitais insufladas por Bolsonaro), se advogado agora leva socos na boca quando vai a presídios (e quem os dá são os policiais), se uma criança estuprada de 10 anos é xingada de “puta” e querem obrigá-la a levar a gestação a termo, mesmo que ela morra… Se num dia é uma patroa praticamente jogando um menino das alturas de um prédio e, no outro, é o surgimento instantâneo da Máfia dos Respiradores (enquanto o País sufoca com cento e picos mil mortos). Se morrem cento e picos mil e o presidente que perguntou “E daí?” está praticamente reeleito… Se tudo isso é verdade, por que não censurar o JornalGGN e o jornalista Luis Nassif? O que é, diante de tanto horror, um juiz mandar apagar as matérias que mencionem o BTG Pactual, não por acaso o hiper-banco de investimento de onde emergiu o atual ministro Paulo Guedes, antes de se consagrar como o maior criminoso do País? Só para dar uma idéia do tamanho, em julho de 2014, o BTG Pactual alcançou a marca de US$ 200 bilhões em ativos totais. Mais de R$ 1 trilhão.
É que, se eles conseguirem censurar o JornalGGN e o jornalista Luis Nassif, se eles conseguirem censurar a imprensa, eles também serão capazes de suprimir todas as notícias que foram mencionadas acima. Bastará um juiz decidir que quer que seja assim. Cancelam-se as matérias. Cancela-se o jornalismo. Cancela-se o que é inconveniente para os amigos do Presidente.
E por que o BTG Pactual quer censurar o mais importante jornalista de economia do País, Luis Nassif?
Essa é fácil: para que ele não possa contar a todos que o Brasil está sendo esquartejado e vendido como lavagem para porcos, para ser comprado em seguida por bancos como o BTG Pactual, o hiper-banco de investimento de onde emergiu o atual ministro Paulo Guedes — antes de se consagrar como o maior escroque do País (é sempre bom lembrar).
Follow the money (“Siga o dinheiro”) é um bordão que foi popularizado pelo filme “Todos os Homens do Presidente” (EUA, 1976). É assim: se você está investigando um escândalo de corrupção, o primeiro aspecto a considerar é quem vai ganhar com isso. Quem vai ganhar na loto.
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Luis Nassif, porque é o mais importante jornalista de economia do País, estava fazendo exatamente isso. Mostrando os grandes fluxos de dinheiro que permitem provar os esquemas de corrupção graúdos. Censurar Nassif e o JornalGGN é calar o jornalismo, impedir as reportagens. É cassar da população o direito de se informar. É tornar os entes financeiros absolutamente fora de qualquer controle social, sob o argumento de que, estando nas bolsas de valores, não podem sofrer qualquer vibração na opinião pública. Absolutamente fora de qualquer controle social.
Pense nisso. Bancos livres para fazer o que quiserem…
Por tudo isso, os Jornalistas Livres solidarizam-se com o mais importante jornalista de economia do País, Luis Nassif. E colocam-se à disposição para republicar em nossas páginas os conteúdos censurados.
Pela liberdade de imprensa!
Pela liberdade de expressão!
Abaixo a censura

domingo, 30 de agosto de 2020

Inaugurando obras de Dilma e Lula, Bolsonaro faz campanha e aproveita su...

Vozes da Quebrada, com Laura Sabino, Chavoso da USP e Audino Vilão

POLÍTICA - Artigo do Antonio Prata na FSP.




Nazistas, assassinos, abusadores, corruptos e milicianos estão no poder -
Caso Flordelis é um resumo perfeito do Brasil sob Bolsonaro
A cantora, deputada e pastora evangélica Flordelis não podia se separar do filho adotivo com quem havia se casado —ex-marido de uma de suas filhas também adotadas— porque um divórcio escandalizaria a Deus: então, obviamente, decidiu matá-lo. Com a ajuda dos filhos, claro. Essa lógica tão cristalina quanto um bloco de granito é um resumo perfeito do bolsonarismo.
Nas eleições de 2018, Bolsonaro se apresentou como anti-establishment e antipolítico, embora tivesse passado as últimas três décadas bundando na Câmara dos Deputados. Durante os anos em que bundou em Brasília, Bolsonaro mantinha um apartamento funcional, pago por nós, embora contasse com um imóvel próprio. Quando questionado, disse que o apartamento funcional, pago por nós, era “pra comer gente”. E quem mama nas tetas do Estado, segundo ele e seu asseclas, é o coreógrafo, o ator de teatro, o aluno cotista, o pesquisador da Capes, do CNPq que contam, ou, em grande parte, contavam, com incentivos estatais.
Este velho político que usava o nosso dinheiro “pra comer gente”, que está no terceiro casamento, que elogia publicamente o músico espancador da namorada, coloca-se como “defensor da família”. É uma defesa da família bem parecida com a da deputada Flordelis. Um duplo twist carpado na lógica já torta do Maluf, “estupra, mas não mata”: é o “mata, mas não desquita”.
Os cruzados da família não vão atrás do tio pedófilo que violentava a criança dos seis aos dez anos, vão atrás é da menina no hospital para fazer um aborto legal depois de ser engravidada pelo estuprador. A criança teve que entrar no hospital dentro do porta-malas de um carro, enquanto os defensores da família gritavam “assassina!”. A neonazista Sara Winter (leiam o perfil na última Piauí) divulgou os dados da criança em suas redes, de forma a garantir que ela siga sendo para sempre abusada, agora não mais pelo tio, mas por todos os cidadãos e cidadãs “de bem”.
“Brasil acima de tudo, Deus acima de todos." Quando eu ouvi pela primeira vez o slogan inconstitucional com que Bolsonaro batizou nosso Estado laico, lamentei profundamente. Hoje em dia, diante da demolição moral, institucional, ambiental, enfim, da implosão civilizacional a que estamos assistindo, lamento profundamente é que não tenhamos no lugar deste herege um presidente “profundamente evangélico”.
Ao contrário do presidente, que não leu sequer a bula da cloroquina, li a Bíblia de cabo a rabo. Não encontrei nos Evangelhos um versículo sequer que justifique ter como braço direito da família um miliciano assassino suspeito de organizar rachadinhas no gabinete do filho e repassar dinheiro para a mulher do pai. Tampouco encontrei nos Evangelhos —o Velho Testamento é outra coisa, ali El Shadai bota pra quebrar— nada que embase o extermínio de 30 mil ímpios. Porrada na boca. Rato na vagina. (Uma tara do ídolo do Bolsonaro, Brilhante Ustra). Jesus fez-se conhecido principalmente por curar doentes. Não por dar as costas a leprosos dizendo que era “só uma micosezinha” e deixar morrer 120 mil em poucos meses.
Jesus sacrificou-se para salvar a humanidade. Bolsonaro sacrifica a humanidade para salvar o próprio rabo. Não é um bundão, é um serial killer. Quando a crise econômica bater feio, ele dirá como Pôncio Pilatos, algoz de Cristo: “Lavo minhas mãos”. As mãos de Pilatos estão sujas até hoje, 2020 anos depois.
Nazistas, assassinos, abusadores de crianças, corruptos, delinquentes e milicianos estão no poder, hoje, no Brasil, em nome da família, de Deus e da liberdade. Amém.
Antonio Prata
Escritor e roteirista, autor de “Nu, de Botas”.
folhasp 300820