terça-feira, 30 de novembro de 2021

“Noivinha do Aristides” causa excitação e, em meio à Fome, Congresso apr...

XICO SÁ: JORNALISMO BRASILEIRO ESCONDE AS MUTRETAS DE MORO | Cortes 247

A casa da quadrilha da Lava Jato

 

Podemos é a casa da quadrilha da Lava Jato

Num movimento combinado, Moro, Dallagnol e agora Janot invadiram o Podemos. A ação desnuda o caráter quadrilheiro da associação dos três. O alvo é um partido que não pode ser qualificado de desprezível. É a terceira maior bancada do Senado e a 14ª da Câmara

Dallagnol, Moro e Janot
Dallagnol, Moro e Janot (Foto: MP Paraná - Wikipedia)
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Por Mauro Lopes

Em menos de 20 dias, o trio que mergulhou o país no caos saiu das catacumbas e escolheu o Podemos como sede da quadrilha, sua casa. 

O ex-juiz Sergio Moro, considerado indigno e suspeito pelo STF, abriu a fila, assinando a ficha do partido em 10 de novembro. Depois, o ex-chefe da Lava Jato, Deltan Dallagnol, que pediu exoneração do cargo de procurador da República no início do mês antes de iniciarem-se as punições a ele, foi nomeado vice-presidente do Podemos no Paraná - antes mesmo de se filiar ao partido, num estilo que lembra as falcatruas da Lava Jato.Finalmente, neste domingo (28), foi divulgada notícia de que o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também deve se filiar ao Podemos.

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A ação combinada é a confissão clara de que Moro, Dallagnol e Janot constituíram e constituem uma quadrilha.

Durante toda a Lava Jato, os três fizeram questão de esconder da opinião pública, dos Poderes e da polícia o fato de que agiam em conluio - como uma quadrilha, de fato. Posavam aos incautos -e essa pose era disseminada pela mídia conservadora a todo pulmão- de que agiam no estrito limite da lei, sem qualquer tipo de combinação ou arreglo. Mesmo quando foram desmoralizados pela Vaza Jato e posteriormente pelas revelações de Walter Delgatti Neto e, na sequência, pelas informações da equipe jurídica de Lula ao STF a partir das informações da Operação Spoofing, Moro, Dallagnol e Janot continuaram a garantir que não havia combinação nenhuma em suas iniciativas.

O ingresso dos três em menos de um mês na mesma agremiação política com o objetivo de tomar o poder no país nas eleições de 2022 equivale a uma confissão sem retorno de que todo o caminho feito pretendia chegar nisso. 

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Lembremos:  segundo o artigo 288 do Código Penal, o crime de associação criminosa tipifica-se assim: “associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes''. O objetivo é tornar o Podemos num partido que se apresente como a legenda “da lei e da ordem”, herdeira do lavajatismo “traído” por Jair Bolsonaro e se conformar com o “terceira via”, mas não como uma direita tradicional ou liberal e sim como uma vertente da extrema direita nacional.

A casa da quadrilha não é um partido desprezível, apesar de ser praticamente propriedade privada de um clã -não o Bolsonaro, mas o Abreu.

A agremiação teve três donos. O fundador foi Dorival de Abreu, que foi deputado federal por São Paulo nos fim dos anos 1960 e fundou o Podemos com outro nome (PTN) em 1995. Ele passou o partido para o irmão, José Masci de Abreu, que foi deputado federal por São Paulo em duas legislaturas, entre 1995 e 2003. José Masci, por sua vez, passou o bastão para a filha, Renata Abreu, em 2017 - ela é deputada desde 2015. Um partido de pequenas oportunidades, até agora, que tornou-se com os anos, em função de composições de interesses locais e busca de espaço, em uma legenda de alguma expressão. 

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A bancada do Podemos é a terceira maior no Senado, atrás apenas do MDB e PSD. São nove senadores, sendo os mais expressivos Álvaro Dias (PR), um lavajatista de quatro costados e um dos “padrinhos” da armação. Outros dois senadores mais conhecidos são Eduardo Girão (CE) e Jorge Kajuru (GO). Na Câmara, a bancada do partido é apenas a 14ª, com 11 parlamentares sem qualquer expressão, exceto pela presidente, Renata Abreu, que agora sai à ribalta. 

Ao que tudo indica, os Abreu decidiram entregar o partido à quadrilha lavajatista, mas é bom aguardar, pois os meandros da política são mais misteriosos do que podem parecer à primeira vista, como os sucessivos fiascos de Bolsonaro em busca de um partido o demonstraram -agora, finalmente, ele parece ter um partido para chamar de seu, o PL.

A quadrilha tem apenas a rota bandeira da Lava Jato para oferecer e, como escrevi acima, busca ser a opção da “lei e ordem” em 2022 - a filiação do general bolsonarista dissidente Santos Cruz compõe a narrativa. Com seu discurso, eles sonham avançar sobre a base eleitoral bolsonarista, que foi entusiasta da Lava Jato anos atrás, e sufocar a direita tradicional, atraindo tucanos para criar um movimento de unificação da extrema direita e direita contra Lula.

CYNARA MENEZES: ISSO NÃO É JORNALISMO, É TORCIDA | Cortes 247

Fundos e ampliação da financeirização do agronegócio no Brasil

 Perfil do Colunista 247

Fundos e ampliação da financeirização do agronegócio no Brasil

"O agronegócio brasileiro é cada vez mais parte da engrenagem do circuito financeiro em várias escalas (do nacional ao global, do campo à Faria Lima – Wall Street) e conquistou peso político que hoje contribui para transformar as relações Estado-Mercado-Sociedade", diz o jornalista Roberto Moraes

(Foto: Crédito: divulgação SNA)
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Assim como em outros setores econômicos, a financeirização e o instrumentos dos fundos financeiros estão se ampliando de forma expressiva no Brasil. O caso do agronegócio no Brasil merece uma observação mais atenta.

O controle da produção, circulação e distribuição deste setor é cada vez mais realizada por grandes corporações que são controladas, em boa proporção, por grandes fundos financeiros com enlaces entre o nacional e o global. Vários fundos globais possuem participações em quase todas as grandes empresas de agronegócio no Brasil.

Trata-se de um processo que se desenrola na agricultura, agropecuária e ainda no controle e aquisição de terras (Land Grabing) que servem de base para aquilo que se passou a chamar de agronegócios. São movimentos que levam ao controle financeiro feito por movimentos duplos e simultâneos de valorização e capitalização, onde muito se especula com promessas futuras de valor.

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É um setor que nasceu e ainda tem muito forte o financiamento estatal subsidiado, mas que paulatinamente, vai saindo do controle de pequenos e médios produtores, em direção a grandes corporações (players) que agem de forma articulada e com conexões em plataformas digitais e financeiras globais.

Quanto mais financeirizada é uma empresa do setor, maior é a exploração da produção real e das economias regionais, o que de certa forma expõe a compensação do nível de especulação realizada pelos esquemas de ações (IPO, quota de fundos), mercado futuro e outros.

A capitalização do setor cada vez conta com mais inovações financeiras que em última instância busca capturar mais valor da atividade produtiva. Essa capitalização vem de instrumentos já conhecidos, entre os quais estão os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA). Esta última, muito oferecida a correntistas/investidores médios pelos gerentes de bancos tradicionais.

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Neste processo de “inovações financeiras” – que se traduzem em formas de capitalizar o setor e remunerar ainda mais os donos dos dinheiros -, o Congresso Nacional, atendendo a expectativas e pressões do mercado, aprovou a lei nº 14.130/2021, em 29.03.2021, que instituiu o Fiagro (Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais).

O Fiagro promete a junção de recursos de vários tipos investidores para a aplicação em ativos de investimentos do agronegócio, desde os de natureza imobiliária rural (propriedade) ou de atividades relacionadas a produção do setor.

Após regulamentação feita pela CVM, neste segundo semestre 2021, cotistas e investidores se aliaram a gestoras de fundos e os primeiros Fiagros foram surgindo. O mercado guardava uma expectativa de reunir algo próximo a R$ 1 bilhão até o final do ano, porém foi muito superado.

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Assim, segundo dados da CVM, desde agosto passado, já foram protocolados para análise de oferta, um total de 28 Fiagros que reúnem mais de 9 mil cotistas que podem atingir, até o final do ano, um volume superior a 5 vezes, as expectativas chegando a mais de R$ 5 bilhões de investimentos.

O fato é um indicador empírico que mostra as transformações na forma de intermediação financeira e na ampliação da hegemonia do setor financeiro sobre a economia nacional. Os excedentes da poupança das famílias e das empresa não são mais majoritariamente colocados nos bancos tradicionais e na poupança. O Bolsa (B3, ex Bovespa) já possui mais de 4 milhões de investidores pessoas físicas.

Os fundos não são um mal per si, mas o modus operandi desta lógica do capitalismo da gestão de ativos, sim. Essas inovações financeiras amplificadas pelo potencial da tecnologia e plataformas digitais, oferece fluidez e uma hipermobilidade ao capital. Esse movimento em curso leva à expansão de crédito privado, sob controle do mercado de capitais, que paulatina e crescentemente vai substituindo o Estado.

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Assim, a Anbima e as gestoras de fundos financeiros vão assumindo o controle das políticas econômicas (deste e de outros setores econômicos) e se tornando, o centro dinâmico da economia. Uma lógica acionária que extrai valor da produção real oriunda das economias locais, exigindo sempre altas rentabilidades e taxas de lucro de curto prazo, que nos relevam como resultado a precarização do trabalho e perda de direitos progressiva neste capitalismo contemporâneo.

Enfim, processo que segue a lógica neoliberal que deseja um estado máximo para o mercado e mínimo para a maioria, na pretensão de substituir o Estado no controle das políticas em diferentes setores, através do controle do seu financiamento.

É evidente que estes movimentos não podem ser vistos dissociados da política. São causas e consequências da manipulação política e do controle do mercado sobre as relações de poder. Processo que retroalimentam estas relações ao intensificar essas inovações que levam à hegemonia financeira no capitalismo contemporâneo.

No Brasil, em especial, pelo volume e expressão do agronegócio no PIB, esta articulação-relação entre o capital financeiro e este setor precisa ser melhor acompanhada e entendida. No atual estágio, ela vai muito para além daquilo que é exposto pelas representações classistas deste setor junto ao poder político e colorido pela mídia corporativa-financeira.

O agronegócio brasileiro é cada vez mais parte da engrenagem do circuito financeiro em várias escalas (do nacional ao global, do campo à Faria Lima – Wall Street) e conquistou peso político que hoje contribui para transformar as relações Estado-Mercado-Sociedade, alternado o protagonismo em favor do mercado.

Tratam-se de mudanças que vão se aprofundando na sociedade brasileira e que à medida que avançam e reorganiza a sociedade, vão se tornando mais difíceis de serem superadas, em favor de um projeto nacional, autônomo, soberano de inclusão e menos desigual.

Zanin desconstrói livro do canalha Moro.

 

Zanin desconstrói livro de Moro e aponta crime contra a advocacia

"Moro afirma que a interceptação de advogados por 23 dias teria sido um mero 'erro'. Apenas essa passagem configura uma das maiores violações às prerrogativas dos advogados já conhecida", disse o advogado do ex-presidente Lula pelo Twitter

(Foto: Divulgação)
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247 - Advogado do ex-presidente Lula, Cristiano Zanin Martins afirmou pelo Twitter nesta terça-feira (30) que "uma leitura preliminar já foi o suficiente" para identificar "muitas inverdades" sobre a Lava Jato no livro escrito pelo ex-juiz Sergio Moro, declarado parcial pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

"A narrativa de Moro pode ser desconstruída com facilidade. Cito um exemplo, sem prejuízo de outras análises e de um futuro livro. Moro afirma que a interceptação de advogados por 23 dias teria sido um mero 'erro'. A verdade é que as conversas foram ouvidas em tempo real e resumidas em planilhas para que os lavajateiros se antecipassem às estratégias defensivas, como reconheceu o STF ao julgar a suspeição. Apenas essa passagem da atuação de Moro configura uma das maiores violações às prerrogativas dos advogados já conhecida. Portanto, antes de qualquer blá-blá-blá, é preciso deixar claro que Moro realizou uma interceptação ilegal de cerca de 25 advogados e o material foi usado", rebateu Zanin.

Cortes do Tio Rei: Livro de Moro serve como confissão

DISCURSO FOI NA FILIAÇÃO AO PL, QUE OFICIALIZOU A VOLTA DA FAMÍLIA BOLSO...

Dr. Moro se vende como salvador do Brasil

 

LEONARDO SAKAMOTO

Moro nega culto à sua personalidade, mas se vende como o salvador do Brasil

Um boneco inflável de 20 metros que mistura a imagem do ministro Sergio Moro com o Super-Homem - Reprodução
Um boneco inflável de 20 metros que mistura a imagem do ministro Sergio Moro com o Super-HomemImagem: Reprodução
Leonardo Sakamoto

Colunista do UOL

30/11/2021 19h57

O ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro de Jair Bolsonaro Sérgio Moro afirmou que nunca incentivou "qualquer culto à sua personalidade" em entrevistas ao jornal Folha de S.Paulo e à revista Crusoé por ocasião do lançamento de seu livro de memórias aos 49 anos. O boneco gigante dele vestido de super-herói é testemunha inflável disso.

Diz que a sua candidatura é "um chamado, uma missão" e que colocou seu nome à disposição "para liderar um projeto que pretende ser de muitos". Após afirmar que Lula e Bolsonaro se apresentam como uma "ideia" ou um "mito", ele avalia que seu discurso "apela muito mais à racionalidade do que a esse aspecto emocional".

Não foi isso que aconteceu em 30 de junho de 2019. "Eu vejo, eu ouço", tuitou ele em meio a manifestações em defesa da Lava Jato convocadas em diversas cidades do país. A declaração faz referência à passagem do livro de Êxodo, capítulo 3, versículo 7, em que diz que Deus estava acompanhando o sofrimento dos judeus no Egito. Que, por um acaso, era seu povo escolhido entre todos na Terra. Na época, o detalhe foi captado pela reportagem da Jovem Pan.

Já tratei disso aqui antes, mas vale retomar. O Êxodo tem pragas e recompensas, leis e punições, e um povo sofrido e humilhado que não é libertado por sua própria ação, mas que precisou de um líder que o retirasse da escravidão - ação que contou com intervenção divina. Cabe especular se Moro, ao parafrasear o versículo, via a si mesmo como Moisés ou como Jeová.

O culto à personalidade pode passar pela ação da própria pessoa - atendendo a um desejo de poder ou por pura vaidade - mesmo que ela não reconheça isso. Naquele domingo, no ato que ocorreu na avenida Atlântica, no Rio, uma faixa dizia a Moro: "O senhor nos livrou das trevas", segundo registro da Folha de S.Paulo. O senhor não era o Deus cristão, mas Moro.

"Eu vejo, eu ouço."

O general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, chamou o ex-juiz e hoje ministro Sérgio Moro de "herói nacional", durante o ato em Brasília.

"Eu vejo, eu ouço."

Vale lembrar que heróis não recebem auxílio-moradia. Não são chamados de "doutor", nem ficam irritados se interpelados por jornalistas. Não encaram a si mesmos como infalíveis, nem aceitam infláveis, pois sabem que esse tipo de julgamento não lhes cabe, mas à História. Pedem desculpas, reconhecem seus erros, creem que são menos do que são e não o contrário. Não vazam conversas obtidas de forma ilegal para ajudar no impeachment de uma presidente, não mandam botar escutas em escritórios de advogados, não divulgam conteúdos de processos que podem ajudar o candidato que depois lhe dará um emprego de ministro.

Sabedoria, portanto, está no livro de Eclesiastes. Já no capítulo 1, versículo 2, ele joga a real: "vaidade de vaidades, tudo é vaidade".

O catador de material reciclável Luciano Macedo foi assassinado, em abril de 2019, ao tentar ajudar a família do músico Evaldo Santos Rosa, executado quando seu carro ser fuzilado por militares, no Rio - eles teriam sido confundidos com bandidos, mas estavam indo a um chá de bebê.

Se Luciano fosse juiz, militar ou político seria chamado de herói. Mas não se encaixava no perfil exigido para o panteão. Ao final, cada sociedade merece os heróis e mitos que constrói para si. Incluindo aqueles que se dizem imbuídos de uma missão para salvar o restante de nós, convocando a sociedade para segui-los.

Quando percebermos que os grandes exemplos e as histórias que realmente inspiram estão ao nosso lado e não acima de nós, o país vai deixar de acreditar na fábula de que precisa de alguém que o salve.