sexta-feira, 31 de março de 2023

Mídia brasileira, como em 1964, segue apoiando os golpes.

 Política

Ângela Carrato: A mídia brasileira, como em 1964, segue apoiando os golpes; na volta de Bolsonaro, passa pano nos males que ele causou ao país e seu povo

 Tempo de leitura: 9 min

Sem autocrítica ou pedido de desculpas, mídia brasileira segue apoiando golpes

Por Ângela Carrato*

O que tem a ver o golpe militar, que completa 59 anos, o retorno de Jair Bolsonaro ao país, a mídia corporativa brasileira e o jornal britânico The Guardian?

Aparentemente não há qualquer fato que ligue a mídia brasileira fortíssima no quesito golpismo a um dos considerados melhores jornais do mundo.

As razões de fundo que moveram os golpistas de 1964 e as que movem Bolsonaro são as mesmas.

Já a fundação do The Guardian, no longínquo 1821, e seu comportamento em relação aos concorrentes da época, acabam de ser consideradas tão negativas, que a empresa The Scott Trust Limited, sua proprietária, pediu publicamente, na quarta-feira (28/3), desculpas aos leitores e a todos que se sentirem atingidos.

The Guardian, que sempre se definiu como liberal, foi criado por John Eduard Taylor, graças ao dinheiro do tráfico de escravos africanos.

Vultosas quantias, proveniente desse tráfico, revelaram-se decisivas para possibilitar que a publicação conseguisse, em tempo recorde, derrubar os seis concorrentes que existiam à época em Manchester e se transformar na mais importante da cidade.

Tinha início a trajetória desse jornal. E é seu passado comprometedor o que o aproxima da mídia corporativa brasileira, com significativa diferença a seu favor.

The Guardian pediu desculpas pelos seus atos e propõe reparações, enquanto a mídia brasileira continua escondendo o seu passado e segue firme na defesa de golpes.

Vamos aos fatos.

Em 1964, em 2016 e mesmo agora, sob o argumento de “combate ao comunismo e à corrupção” e defesa de lemas como “Deus, Pátria, Família e Liberdade” os governos progressistas de João Goulart, Dilma Rousseff, os mandatos anteriores de Luiz Inácio Lula da Silva e o terceiro mandato de Lula foram colocados na mira pela classe dominante, com o apoio dos interesses imperialistas, Estados Unidos à frente.

João Goulart pretendia, com suas reformas de base, promover uma série de mudanças, no campo, na educação, nas áreas urbanas, na taxação dos bancos e nas remessas de lucros para o exterior, além de encampar refinarias de petróleo estrangeiras que atuavam no país em detrimento da Petrobras.

Essas reformas eram consideradas fundamentais para trazer a economia brasileira para o século XX e possibilitar não só o desenvolvimento econômico como melhoria significativa na condição de vida da população.

Na época, a Petrobras tinha apenas 10 anos e já vivia sob pesada artilharia da mídia de então.

Uma das principais razões para o suicídio de Getúlio Vargas, como se sabe, foram as pressões internas e externas contra ele por ter instituído o monopólio estatal do petróleo e criado a Petrobras.

A Petrobras e o pré-sal, recém descoberto, estão igualmente no centro do golpe, travestido de impeachment, que derrubou Dilma Rousseff em 2016.

Tanto a queda dela, quanto a perseguição e prisão, sem provas, de Lula, por 580 dias possuem relação direta com a atuação da Operação Lava Jato e do então juiz Sérgio Moro e do seu fiel escudeiro, o procurador federal Deltan Dallagnol.

Isso já está mais do que provado, como está provada a participação de agências de inteligência dos Estados Unidos na prisão de Lula.

Os processos contra Dilma foram extintos e o Supremo Tribunal Federal anulou todas as condenações de Lula pela existência de vícios nos processos.

Apesar disso, a mídia corporativa brasileira, conglomerado Globo à frente, que foi parceira da Lava Jato nas denúncias e na prisão de Lula, continua omitindo esses fatos do seu “respeitável público”.

Pior ainda: possivelmente nem passa pela cabeça dos dirigentes destes veículos que teriam obrigação de vir a público pedir desculpas pelo mal que causaram aos diretamente atingidos e à maioria da população brasileira.

É tremenda, portanto, a responsabilidade da mídia corporativa brasileira na destruição da democracia e da economia brasileira tanto nos anos da ditadura militar quanto no tempo em que Michel Temer e Bolsonaro estiveram no poder.

Para ter ideia de como essa mídia funciona, enquanto o ilegítimo Temer, com apenas 15% de apoio popular, era tratado com pompa e circunstância, Dilma havia sido alvo de todo tipo de ataques machistas e misóginos. Quem se lembra das capas da revista Veja insinuando que ela poderia estar mentalmente desequilibrada?

Quem se lembra das horas e mais horas que o Jornal Nacional dedicou a criminalizar Lula por supostamente ter recebido um tríplex e um sítio como propina, sem nunca apresentar quaisquer provas e sem, jamais, dar-lhe o devido direito de resposta?

Quem se lembra das manchetes da Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo, que, durante anos a fio, martelaram na cabeça dos leitores que o “PT e suas lideranças são corruptas” ou “têm ligações com comunistas”?

Depois de apoiar abertamente Bolsonaro ao longo de quatro anos, de ter evitado relacionar o 8 de janeiro com o golpismo e o discurso de ódio permanentemente estimulados por ele, essa mídia, na maior cara de pau, tratou o retorno do ex-presidente ao Brasil, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Algo como gênero: Bolsonaro foi ali e está de volta.

A observação das manchetes em 30 de março deixa isso patente.

UOL, portal de notícias da Folha de S. Paulo, que se apresenta como o maior da América Latina, trouxe como destaque: “Bolsonaro chega ao Brasil após passar 89 dias nos Estados Unidos”.

A chamada do G1, portal de notícias do grupo Globo, foi exatamente igual: Bolsonaro chega ao Brasil após passar três meses nos Estados Unidos.

Folha de S. Paulo, no alto da página, destacou: “No embarque, Bolsonaro diz que vai depor ‘sem problemas’”, com foto dele em trajes esportivos e carregando uma mochila.

O Globo adotou o mesmo padrão. Em chamada no meio da página, informou que “Bolsonaro retorna ao país, e PF marca depoimento sobre joias”.

Quase igual fez O Estado de S. Paulo, ao noticiar que “Na Véspera da volta de Bolsonaro, PF marca depoimento sobre joias saudita”.

Coincidências? Ao não mencionar que as joias/presentes caríssimos, que ultrapassam o valor de R$ 50 milhões, estão mais para propina do que qualquer outra coisa, a mídia corporativa tenta preservar Bolsonaro.

A título de comparação, só o colar de brilhantes destinado à ex-primeira-dama Michele, vale muitas vezes mais do que o tríplex que, durante anos, foi mentirosamente atribuído a Lula como propina.

Com tamanhas omissões e passadas de pano para Bolsonaro, a mídia corporativa brasileira tenta preservá-lo como alguém funcional na luta que trava contra governos progressistas.

Lula é, de novo, a bola da vez.

Não se pode perder de vista que essa mídia foi a responsável direta por estimular, em 2018, o crescimento da candidatura do ex-capitão à presidência da República, com o objetivo de neutralizar a de Lula.

O plano era possibilitar o surgimento de um nome de “terceira via” capaz de vencer as eleições. Como esse nome não surgiu, o jeito foi prender Lula.

Em 2022, tática semelhante foi repetida, mas Lula conseguiu enfrentar o jogo sujo de Bolsonaro e da mídia e se elegeu.

Longe de se dar por vencida, essa mídia quer agora inviabilizar o terceiro governo Lula.

Neste sentido, Bolsonaro pode lhe ser muito útil, pouco ligando que tenha destruído a democracia, a economia brasileira ou que precise acertar contas com a Justiça.

Mas onde é que entra o bicentenário diário britânico, você deve estar se perguntando.

Considerado raro exemplo de coerência editorial, The Guardian deveria servir como referência para a tosca e entreguista mídia corporativa brasileira nos quesitos respeito ao leitor e assumir erros cometidos.

Na terça-feira (28/3), além do The Guardian publicar o pedido de desculpas pela ligação de seu fundador com traficantes de escravos, a publicação abriu suas entranhas.

Detalhou a consistente pesquisa acadêmica que mostrou que a história cor de rosa atribuída ao fundador John Eduard Taylor e ao grupo de seis pessoas que participaram da criação do jornal, na cidade de Manchester, não passou de mentira.

Nunca houve, naquele começo, sérios e éticos comerciantes! The Guardian foi fundado e derrotou os seus seis concorrentes, com o dinheiro sujo proveniente do tráfico de escravos. Desse dinheiro se beneficiou também boa parte dos empresários do ramo têxtil, através do qual a Inglaterra firmou seu poderio sobre o mundo.

Profundamente envergonhada, a direção do The Guardian anunciou, na mesma notícia, que vai reparar os prejuízos à história, ampliar a contratação de jornalistas negros e destinar recursos para bolsas de estudos de mestrado e doutorado para que essas e investigações afins sejam aprofundadas.

Nada foi publicado sobre isso na mídia corporativa brasileira, porque, obviamente, seus velhos e novos “barões” nunca admitiram que pudessem ter que prestar contas a quem quer que seja.

Se acham acima do bem e do mal.

O fundador dos Diários e Emissoras Associados, Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, por exemplo, golpista de primeira hora, jamais pediu desculpas pelas campanhas difamatórias e de ódio que moveu contra Getúlio Vargas e João Goulart.

Logo ele cujo “império” começou graças ao dinheiro que lhe foi “emprestado” por um notório lobista a serviço da empresa canadense Light.

Foi com esse dinheiro que Chatô, como era chamado, adquiriu O Jornal, veículo que deu origem ao que viria a ser o primeiro grande conglomerado de mídia no Brasil.

Em 1924, quando esta compra aconteceu, o Rio de Janeiro, então capital da República, enfrentava crônicos problemas com a falta de energia elétrica. O governo já havia externado a necessidade de se criar uma empresa para enfrentar o problema.

É quando entra em cena Chateaubriand e o seu jornal e tem início o combate a toda proposta de se criar uma empresa nacional para fazer face à situação.

É desnecessário dizer que O Jornal se colocava como defensor em tempo integral da Light.

Enquanto viveu – Chateaubriand faleceu em 1968, aos 75 anos – ele foi a principal pena entreguista na mídia brasileira.

Comparável a ele, na época, talvez apenas Carlos Lacerda. Mas se Lacerda era um tribuno imbatível, Chateaubriand, mesmo quando já bastante doente, tinha a seu favor 36 jornais, 18 revistas, 36 rádios e 18 emissoras de televisão a serviço dos seus interesses.

Chateaubriand morreu em meio à disputa que travava com Roberto Marinho, que veio a sucedê-lo como segundo magnata da mídia brasileira.

Chateaubriand e Marinho haviam conspirado contra João Goulart e apoiado o golpe militar de 1964.

Marinho, numa jogada ilegal, conseguiu que o grupo de mídia estadunidense Time-Life, um gigante na época, apoiasse com milhares de dólares e equipe técnica, trabalhos essenciais para a implantação da sua TV Globo, o Canal 4 do Rio de Janeiro.

Como era a TV Tupi de Chateaubriand que liderava a audiência na época, ele, por intermédio de auxiliares, a começar pelo senador João Calmon, colocou a boca no trombone e denunciou a ilegalidade cometida por Marinho. Ilegalidade que, para Chateaubriand se traduzia apenas em concorrência desleal aos seus negócios, pois há evidências de que sempre quis os dólares da Time-Life.

CPI presidida, em meados dos anos 1960 pelo então deputado federal Saturnino Braga, chegou à conclusão de que a TV Globo tinha efetivamente contado com capital e mão de obra estrangeira.

Eram fartas as provas de que Marinho havia cometido ilegalidade e isso seria suficiente para que perdesse a concessão do canal. A Constituição em vigor proibia presença de capital estrangeiro na mídia brasileira e vedava estrangeiros em sua gestão.

Os militares que estavam no poder com a derrubada de João Goulart preferiram enterrar o assunto. A TV Globo se transformou em porta-voz dos militares, passou a contar com todo tipo de benesse da parte deles e se tornou a maior emissora do país.

Roberto Marinho morreu sem 2003, sem admitir qualquer responsabilidade sobre os 21 anos de ditadura e, menos ainda, esboçar qualquer pedido de desculpas pelos males que causou ao Brasil e ao povo brasileiro.

Quatorze anos depois, seus filhos pareciam dispostos a acertar contas com o passado.

Em editorial publicado no jornal O Globo em 31 de agosto de 2013 e lido à noite por Willian Bonner no Jornal Nacional, eles reconheciam, que “à luz da história” havia sido um erro e pediam desculpas ao povo brasileiro por ter apoiado o golpe de 1964.

No mesmo editorial, O Globo lembrava que “à época concordou com a intervenção militar ao lado de outros grandes jornais como O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil e Correio da Manhã”, acrescentando que fizeram “o mesmo que parcela importante da população”, que havia ido às ruas em manifestações e passeatas “contra o temor de outro golpe, a ser desfechado pelo presidente João Goulart”.

O editorial de O Globo, em 2 de abril de 1964, dia seguinte à tomada do poder pelos militares, tinha como título “Ressurge a democracia”.

Nem esse pedido de desculpas meia boca foi suficiente para evitar que o golpismo voltasse a falar mais alto em 2016, quando, junto com a revista Veja, o conglomerado Globo liderou a campanha pelo impeachment de Dilma.

Tal como Chateaubriand, a família Marinho, com suas notórias ligações com os interesses estadunidenses, sempre criticou a Petrobras e se mostrou contrária às empresas estatais brasileiras.

Fato que explica o apoio que deu a Temer e a Bolsonaro seja na entrega do pré-sal para as petroleiras internacionais, seja no desmonte da Petrobras e na privatização, na calada da noite, da Eletrobras.

Os requintes golpistas da mídia corporativa brasileira são tamanhos, que a Folha de S. Paulo, que, nos “anos de chumbo”, emprestou carros para agentes da ditadura transportar presos políticos torturados sem despertar atenção, nem se preocupa mais em dissimular o apoio à extrema-direita.

A entrevista que publicou na véspera do retorno de Bolsonaro ao Brasil, com um dos principais articuladores da extrema-direita mundial, Steve Bannon, não deixa dúvidas.

Ex-assessor de Donald Trump e mentor da família Bolsonaro, além suspeito de estar por trás da invasão do Capitólio e dos atos terroristas de 8 de janeiro, Bannon afirmou que os processos contra Bolsonaro não têm importância e que eles só o fortalecerão.

Para quem conhece como funciona a extrema-direita, Bannon, nesta entrevista, acionou o famoso “apito de cachorro”, fundamental para deixar os bolsonaristas motivados e alertas.

Não por acaso, tuites da Folha replicaram trechos da entrevista para todos os cantos do país.

O curioso nisso tudo é que a mídia corporativa brasileira ainda insiste em tentar convencer o público que manipulações, mentiras, discurso de ódio e estimulo a golpes existem apenas nas redes sociais.

Não pediram perdão. Mas também não há perdão possível para quem sempre agiu e continua agindo contra o Brasil e o povo brasileiro.

*Ângela Carrato é jornalista e professora do Departamento de Comunicação Social da UFMG.

BC, bunker da oposição.

 

Banco Central, bunker da oposição. Por Jeferson Miola

 Atualizado em 31 de março de 2023 às 19:22
Charge: Amarildo

 

É uma grande balela dizer que como o Banco Central [BC] é independente, é natural que tome decisões sobre a taxa de juros com total autonomia em relação ao governo soberanamente eleito.

A alegada independência do Banco Central é mero subterfúgio para camuflar o aparelhamento ideológico do órgão por agentes bolsonaristas e ultraliberais e por tecnocratas das finanças.

Na realidade, o Banco Central funciona como um bunker da oposição ao governo Lula. Suas decisões não se sustentam, em absoluto, em fundamentações técnico-econômicas razoáveis; são escolhas de natureza político-partidária.

O BC é, ao mesmo tempo, um mecanismo de rapinagem e roubo do orçamento público por meio de taxas estratosféricas de juros; e, também, uma arma de sabotagem e terrorismo financeiro para causar recessão econômica e, com isso, asfixiar e debilitar o governo Lula.

Na maior desfaçatez, a diretoria bolsonarista do BC pede que o governo tenha “serenidade e paciência” para com a cortesia pornográfica que faz aos rentistas – principalmente estrangeiros – com o dinheiro Tesouro que é desviado do orçamento sem autorização do Congresso e sem a concordância do Poder Executivo.

A dinheirama adicional para pagar o serviço da dívida aumentada devido aos juros altos do BC não sai dos cofres do Banco Central, mas do Tesouro Nacional. Com um detalhe a mais: é uma despesa extraordinária que não é decidida pelo governo eleito, e tampouco é aprovada pelo Congresso.

E não se trata de pouco dinheiro! São entre 60 e 70 bilhões de reais a mais para cada 1% de juros. Portanto, se os juros estão pelo menos 8 pontos acima do padrão internacionalmente praticado, de taxa de juros reais negativos, abaixo da inflação, isso representa entre R$ 480 e 560 bilhões a mais que são drenados para as finanças se esbaldarem.

É isso que gera desequilíbrio fiscal, não os investimentos em áreas sociais e em obras e serviços para o desenvolvimento do país com geração de empregos.

Já é lugar comum no debate econômico que envolve economistas intelectualmente honestos e confiáveis, de distintas orientações ideológicas, como André Lara Resende, Jeffrey Sachs e Joseph Stiglitz, que esta política do Banco Central, da maior taxa de ganho real do mundo, de 8%, é totalmente descabida.

Joseph Stiglitz, Nobel de economia, criticou a taxa básica de juros do Brasil. Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo

A continuidade desta política, inclusive com a perspectiva irresponsável de “manutenção da taxa básica de juros por período prolongado”, não faz absolutamente nenhum sentido fiscal e econômico, porque é uma escolha puramente político-partidária.

A direção bolsonarista do Banco Central promete complicar ao máximo a vida do governo Lula durante os dois anos de mandato de Roberto Campos Neto na presidência. Esta estratégia de sabotagem e asfixia encontra defensores poderosos.

Ainda durante a campanha eleitoral, o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, afiançava a uma seleta platéia do banco que, mesmo com a eleição do Lula, a vida boa dos rentistas-saqueadores não seria abalada. Afinal, disse ele, “ainda teremos dois anos de Roberto Campos Neto” no Banco Central “independente”.

Vale lembrar que o BTG Pactual de Esteves/Paulo Guedes é uma sinecura que alberga vários agentes que serviram e se serviram do governo fascista-militar e que, sem nenhuma cerimônia e, menos ainda, ética, giraram a porta giratória e passaram para o outro lado do guichê – Fábio Faria, Bruno Bianco, Marcelo Sampaio e quejandos.

O bunker da oposição conta, ainda, com o obstinado apoio do chefe da deputadocracia, deputado federal Arthur Lira, que não vê “nenhuma possibilidade de mudança em relação à independência do Banco Central no Congresso Nacional”.

Apesar, no entanto, da tripla blindagem de Roberto Campos Neto – pelas finanças, pelo chefe da deputadocracia e pela mídia neoliberal –, é preciso se cumprir a própria Lei de independência do Banco Central, que eles tanto defendem, e demitir o bolsonarista da presidência do BC por “comprovado e recorrente desempenho insuficiente para o alcance dos objetivos do Banco Central do Brasil” [inciso IV do artigo 5º da Lei 179/2021].

Quem foram Cabo Anselmo e Soledad Barrett? | Urariano Mota

O que pensa o Intercept.

 

Sexta-feira, 31 de março de 2023O que pensa o Intercept

A principal liderança do neofascismo brasileiro voltou.

Não há nenhuma possibilidade da volta de Bolsonaro ao Brasil significar qualquer coisa relacionada à política democrática de fato. Ele não é "oposição", não voltou para "liderar" parlamentares ou "dar vigor à política brasileira". Ao utilizar esses termos brandos e dar espaço para o discurso do ex-capitão, a imprensa tradicional de novo, mais uma vez, normaliza o neofascismo brasileiro. Foram quatro anos, uma pandemia, uma tentativa explícita de golpe, ataques sangrentos aos povos indígenas, política clara de armamento descontrolado da população civil e a imprensa brasileira parece que não aprendeu nada. A volta de Bolsonaro é o que é e só não enxerga assim quem o apoia ou é cínico. É o retorno da principal liderança do neofascismo brasileiro. Ele retornou para assumir seu posto de líder de um movimento cujo foco não é campanha política alguma. O foco é dar continuidade à marcha rumo ao obscurantismo, ao desmonte do Estado brasileiro, à pilhagem desse mesmo Estado, à destruição das instituições democráticas e ao fortalecimento de grupos armados civis, paramilitares e dentro das polícias. Eles não se esforçam para esconder. Mas, aparentemente, a imprensa brasileira faz questão de dar um verniz de banalidade às ações do ex-capitão e sua trupe. Não há nada de trivial no retorno de Bolsonaro, cuidadosamente planejado para ocorrer às vésperas do aniversário do golpe de 64. A resposta da sociedade brasileira precisa ser firme e contundente. E ela deve ocorrer em duas frentes:

  1. É importante que ele seja investigado e responsabilizado pelas centenas de irregularidades que o cercam. Das violações desumanas ao povo Yanomami às joias milionárias afanadas da Presidência da República. 
  2. É urgente lidarmos de maneira mais inteligente com o discurso neofascista que infesta a sociedade brasileira. A imprensa precisa rever seu trabalho e a sociedade precisa criar mecanismos que obriguem as gigantes da tecnologia a trabalhar para o interesse público, e não contra ele.

Isto não é um editorial. Mas poderia ser. Fizemos questão de nos posicionar, porque é assim que queremos ser lembrados daqui a 50 anos. Intercept não se omite e não se cala. Fazemos jornalismo independente que não tem medo de investigar, nem de se posicionar. Isso é muito valioso no tempo presente. Por isso, a nossa comunidade não para de crescer. Não é tempo de medo, de omissões, nem de normalizar o que precisa ser combatido. É a hora de juntar forças com quem realmente luta pelos seus valores. E você, concorda?

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