domingo, 25 de fevereiro de 2018

PETRÓLEO - Brasil, superpotência de petróleo da América Latina.

"O mundo está prestes a enfrentar o surgimento de uma superpotência de petróleo da América Latina que terá peso sobre os preços mundiais"

A afirmação foi feita ontem pelo analista-articulista Matthew Smith do site especializado no setor de petróleo e gás, OilPrice.com. no artigo cujo título é: "Quando o boom do Petróleo do Brasil começar ele pesará sobre os preços do petróleo" (Brazil’s Coming Oil Boom Will Weigh On Oil Prices) que pode ser lido aqui.

No texto Smith faz uma série de considerações pelas quais passa o setor de petróleo no Brasil, aos olhos dos investidores globais do setor para chegar à conclusão, pela qual temos repetida vezes batido aqui neste espaço, com as considerações das oscilações de fase que passamos a chamar de ciclo petroeconômico e suas consequências em várias dimensões. 

Com a imensa reserva do pré-sal (ver aqui artigo do blog -19 fev - sobre as reduções de custos da produção offshore) que Smtith chama de "cinturão", o Brasil se tornou um grande player (jogador) entre os países produtores de petróleo passará a interferir nos preços mundiais do barril de petróleo a partir do seu aumento de produção.

Segundo o Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) - que apesar do nome atua favorecendo as petroleiras privadas estrangeiras - até o ano de 2021, o Brasil terá investimentos no setor, da ordem de US$ 95 bilhões. Dinheiro a ser alocado entre outros, em 19 plataformas, que devem entrar em operação neste período. Sendo que 12 já estão contratadas e em fase de construção e outras 7, sendo encomendadas.

Smith, no texto do OilPrice cita a euforia das players petroleiras: Shell, Esso, Statoil e Chevron. Todas ampliam seus negócios e vieram para o pré-sal e estão cada vez mais alvoraçadas e dizem que os"baixos custos operacionais dos campos de petróleo pré-sal são extremamente atraentes para as empresas de petróleo em um ambiente operacional onde o preço do barril (brent) está negociando em torno dos US$70 por barril". 

Mathew detalhas ainda as razões da euforia da Shell que hoje já produz 400 mil bpd no Brasil e caminha para ter até o final do ano, uma produção de meio milhão de barris por dia. Smith confirma que a Shell relata que "no campo de Libra, que começou a produção em novembro de 2017, já esta estimando um custo de produção (break-even /ponto de equilíbrio) de apenas US$20 por barril.

Nos argumentos usados por Smith para reafirmar o potencial do Brasil como "superpotência de petróleo" ele cita "a estimativa da ANP que que só a produção sozinha de petróleo do campo Libra atingirá 1,4 milhão de barris por dia", o que hoje seria metade de toda a nossa produção.
Tudo que cansamos de dizer aqui neste espaço, denunciando a entrega vil destas enormes riquezas, assim como das instalações de infraestruturas já prontas, como a das malhas de gasodutos. 

No Brasil ainda há muita gente colonizada que precisa ouvir especialistas estrangeiros para entender o que aqui se passa. Há pelo menos seis/oito anos, nós repetimos aqui no blog, nos relatórios de pesquisas e em debates, em diversos espaços, que para o bem e para o mal, com a descoberta do pré-sal, o país tinha entrado na rota e nos riscos da geopolítica do petróleo. 

Na ocasião parecia exagero. Porém, hoje, o golpe político e o entreguismo vil de nossas riquezas, com a dilapidação de nossas oportunidades, escancaram aquilo que antes era apenas uma leitura do cenário. Muito de tudo isto que está sendo dilapidado deve retornar aos seus verdadeiros donos. 

Os imbróglios e a luta serão gigantescos, mas como disse, diante do potencial descoberto em 2006 e que começou a ser melhor avaliado e mensurado em 2010/2011, nada ficaria como antes. 

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