"O mundo está prestes a enfrentar o surgimento de uma superpotência de petróleo da América Latina que terá peso sobre os preços mundiais"
A afirmação foi feita ontem pelo analista-articulista Matthew Smith do site especializado no setor de petróleo e gás, OilPrice.com. no artigo cujo título é: "Quando o boom do Petróleo do Brasil começar ele pesará sobre os preços do petróleo" (Brazil’s Coming Oil Boom Will Weigh On Oil Prices) que pode ser lido aqui.
Com a imensa reserva do pré-sal (ver aqui artigo do blog -19 fev - sobre as reduções de custos da produção offshore) que Smtith chama de "cinturão", o Brasil se tornou um grande player (jogador) entre os países produtores de petróleo passará a interferir nos preços mundiais do barril de petróleo a partir do seu aumento de produção.
Smith, no texto do OilPrice cita a euforia das players petroleiras: Shell, Esso, Statoil e Chevron. Todas ampliam seus negócios e vieram para o pré-sal e estão cada vez mais alvoraçadas e dizem que os"baixos custos operacionais dos campos de petróleo pré-sal são extremamente atraentes para as empresas de petróleo em um ambiente operacional onde o preço do barril (brent) está negociando em torno dos US$70 por barril".
No texto Smith faz uma série de considerações pelas quais passa o setor de petróleo no Brasil, aos olhos dos investidores globais do setor para chegar à conclusão, pela qual temos repetida vezes batido aqui neste espaço, com as considerações das oscilações de fase que passamos a chamar de ciclo petroeconômico e suas consequências em várias dimensões.
Segundo o Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) - que apesar do nome atua favorecendo as petroleiras privadas estrangeiras - até o ano de 2021, o Brasil terá investimentos no setor, da ordem de US$ 95 bilhões. Dinheiro a ser alocado entre outros, em 19 plataformas, que devem entrar em operação neste período. Sendo que 12 já estão contratadas e em fase de construção e outras 7, sendo encomendadas.
Mathew detalhas ainda as razões da euforia da Shell que hoje já produz 400 mil bpd no Brasil e caminha para ter até o final do ano, uma produção de meio milhão de barris por dia. Smith confirma que a Shell relata que "no campo de Libra, que começou a produção em novembro de 2017, já esta estimando um custo de produção (break-even /ponto de equilíbrio) de apenas US$20 por barril.
Nos argumentos usados por Smith para reafirmar o potencial do Brasil como "superpotência de petróleo" ele cita "a estimativa da ANP que que só a produção sozinha de petróleo do campo Libra atingirá 1,4 milhão de barris por dia", o que hoje seria metade de toda a nossa produção.
Tudo que cansamos de dizer aqui neste espaço, denunciando a entrega vil destas enormes riquezas, assim como das instalações de infraestruturas já prontas, como a das malhas de gasodutos.
No Brasil ainda há muita gente colonizada que precisa ouvir especialistas estrangeiros para entender o que aqui se passa. Há pelo menos seis/oito anos, nós repetimos aqui no blog, nos relatórios de pesquisas e em debates, em diversos espaços, que para o bem e para o mal, com a descoberta do pré-sal, o país tinha entrado na rota e nos riscos da geopolítica do petróleo.
Na ocasião parecia exagero. Porém, hoje, o golpe político e o entreguismo vil de nossas riquezas, com a dilapidação de nossas oportunidades, escancaram aquilo que antes era apenas uma leitura do cenário. Muito de tudo isto que está sendo dilapidado deve retornar aos seus verdadeiros donos.
Os imbróglios e a luta serão gigantescos, mas como disse, diante do potencial descoberto em 2006 e que começou a ser melhor avaliado e mensurado em 2010/2011, nada ficaria como antes.
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