14. A ELITE E SUA SUTIL, CAMUFLADA E EFICAZ LUTA DE CLASSE
Prezados (as),
A elite posiciona-se no topo da pirâmide socioeconômica, política e cultural da sociedade. Ela é a verdadeira detentora do poder, suportado pelo mercado, organismos do Estado e pelos próprios segmentos da população, todos controlados e manipulados por ela.
A elite, e seus serviçais diretos, representa não mais do que 3% da população que detém 99% da renda da sociedade. O restante 1% é dividido, de forma desigual, entre a grande massa da população remanescente e essa é a verdadeira causa de tanta pobreza e miséria existente. Para manter esse discricionário privilégio, a elite desempenha uma sutil, camuflada e eficaz luta de classes.
Com seu poder, e utilizando os mecanismos do sistema capitalista/liberal, pautado no engodo de modelo político chamado democracia representativa, moldados para tal dominação, a elite controla, facilmente, o mercado e o Estado, e os coloca a seu serviço. O mecanismo de controle da população é mais sutil.
Para propiciar o controle da população, e a levar a aceitar, como legítimos, os seus privilégios, a elite fragmenta a sociedade em 3 segmentos: A classe média, os trabalhadores semiqualificados e os despossuídos, cria valores específicos e, de certa forma, antagônicos para cada um deles, e os coloca uns contra os outros.
A classe média é a grande guardiã da elite, uma espécie de tropa de choque, e é constituída pelo segmento intelectualizado da sociedade, com formação, regra geral, de nível superior, e com valores culturais, morais e higiênicos bastante diferenciados em relação aos segmentos inferiores. Para atrair a classe média, a elite propicia-lhe efetivas condições diferenciadas de vida, com reais possibilidades individuais de ascensão para o patamar superior dos serviçais diretos da elite, porém, remotas em termos estatísticos. Para amenizar a aflição mental pelo desempenho de tal função anti-humanitária, a elite propicia, para a classe média, condições para lutas alternativas, efetivamente válidas, como a proteção ambiental, dos animais, o respeito à diversidade, a igualdade de gênero, contra o racismo e outras. Envolvida nessa luta, a classe média relega, a plano secundário, a verdadeira luta, a luta de classe contra a elite. A classe média desenvolve, não de forma individual, mas coletiva, uma grande restrição de classe ao segmento inferior, os trabalhadores semiqualificados, e uma aversão, podendo chegar ao ódio, aos despossuídos.
Os trabalhadores semiqualificados, regra geral, com formação máxima de nível fundamental, executam os trabalhos operacionais necessários para a sociedade. Eles possuem baixa cultura própria, regra geral, reproduzem a cultura de massa que lhes é transmitida pelos meios de comunicação, todos voltados para consolidar a dominação da elite. Para dominar esses trabalhadores, a elite criou mecanismos para os manter na fronteira entre a sobrevivência autônoma e a dependência, às custas de longas e penosas jornadas de trabalho, de modo a sobrar-lhes pouco tempo para evoluir intelectualmente e participar de qualquer luta libertadora. A crença religiosa e o circo para o povo servem, também, para essa dominação. Os trabalhadores desenvolvem uma mentalidade de rejeição aos despossuídos para não serem identificados com eles e, também, porque podem representar futuros concorrentes.
Os despossuídos são os totalmente desqualificados, tanto profissional como culturalmente, com capacidade ínfima de raciocínio, resultado das precárias condições ambientais em que sempre viveram, e desprovidos de qualquer recurso material. Não possuem a mínima condição de autossuficiência sobrevivendo, precariamente, às custas do assistencialismo egocentrado das pessoas, do Estado e da própria elite. São rejeitados por toda a sociedade, mesmo que de forma disfarçada individualmente. A elite os domina pela opressão direta e violenta promovida pela polícia do Estado, e pela religião sob a égide da utópica bandeira do “Deus salva ou Deus me protege”.
É importante identificar a natureza profunda, genética, da elite. Ela trouxe enraizados traços do animal irracional predador. Por isso, não se pode esperar qualquer ato civilizado de socialização por parte dela, exceto dentro do seu grupo consanguíneo ou identitário de classe.
Enquanto a elite age de forma orquestrada e individualizada com cada segmento da sociedade para concretizar a sua bem sucedida dominação, a esquerda os mistura, considerando-os com os mesmos valores, os mesmos propósitos e ignorando o ódio de classe que existe entre eles. O lema de luta “colocar o povo na rua” significa colocar tal diversidade lutando pelo mesmo propósito que não existe. Trata-se de uma luta fadada ao insucesso e, por isso mesmo, a elite mantém, há milênios, o seu poder dominador.
César Cantu
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